Autor Tópico: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV  (Lida 8282 vezes)

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Offline Fabi

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #25 Online: 15 de Julho de 2010, 16:16:41 »
É por aí, Fabi. Este é um dos pontos dos quais partem meus questionamentos.

Do entendimento que tenho, o termo vacina só é cabível no caso de agentes etiológicos para os quais o sistema imunológico seja capaz de criar defesa autonomamente. Do meu ponto de vista só faria sentido falar em vacina para uma doença como a AIDS se, eventualmente, for alcançada uma "engenharia" *do* sistema imunológico capaz de permitir a resposta imune (ampla e definitiva) do mesmo para esta doença.
Mas é +ou- isso que a notícia fala. Os cientistas descobriram uma pessoa (um sistema imunológico humano) que foi capaz de produzir um anticorpo que neutraliza o vírus da aids.

É aqui que me questiono se o uso de anticorpos provenientes do organismo de outro indivíduo pode ser categorizado como vacina. Ficariam estes anticorpos na memória imunológica do receptor, por exemplo?
É que do jeito que a notícia foi escrita ficou parecendo o filme Eu sou a Lenda. Não é tirar o sangue do Doador 45 e separar os anticorpos e injetar em todas as pessoas do mundo. E sim descobrir como esse anticorpo apareceu, o porque, como ele age e etc. Para, aí sim, descobrir um jeito de estimular o sistema imunológico do resto das pessoas, para produzir tal anticorpo.
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Offline Derfel

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #26 Online: 15 de Julho de 2010, 17:11:20 »
Se você aceitar algumas colocações minhas...


1 - No texto está escrito: "A produção de uma vacina é considerada pelos cientistas o "Santo Graal" das pesquisas para a cura da aids."

Há sentido em se falar de "cura" (individual) por meio de vacina ou o correto *num sentido amplo* seria dizer *erradicação*, como está mencionado, no próprio texto, logo em seguida?

Sim e não. Pode-se falar em cura tanto individual quanto populacional da doença, ainda que, nesse último caso, coubesse mais "controle". Vacina, ao contrário do que foi dito aqui, não serve apenas para prevenir a doença, mas também para tratá-la. No post da Fabi isso está visto isso (no segundo post), mas pode não ter ficado muito claro. O propósito de uma vacina é estimular o sistema imune para a produção de anticorpos e células de memória. Quando se faz isso em indivíduos sãos, servem como uma barreira imunológica aos antígenos, porém, quando se faz em indivíduos já contaminados, servem como estímulo para o sistema imune identificar e neutralizar o agente agressor. Isso pode significar que o indivíduo não estará "curado" definitivamente, mas será um portador são (é claro, pode também gerar uma resposta exacerbada do sistema e haver uma hipersensibilidade). Isso, contudo, exige que haja um tempo para a resposta do sistema imune e a produção de anticorpos, daí utilizar-se de soros (que são os anticorpos já prontinhos) em casos que exigem urgência, ou o paciente pode vir a óbito antes que seu sistema imune reaja. Exemplo de vacina que se utiliza quando o indivíduo está contaminado é a anti-rábica, que se usa quando o indivíduo foi exposto ao agente infeccioso (dependendo do momento, contudo, usa-se também o soro, dependendo do protocolo). No caso da AIDS, os linfócitos T helper são os contaminados e por isso não conseguem identificar a infecção (e também, principalmente, devido à alta mutabilidade do HIV) e com isso não disparam a cascata da resposta imunológica. Uma vacina em um HIV+ faria com que linfócitos T não contaminados ainda identificassem a infecção e com isso haveria uma resposta imune contra o vírus. Isso não o eliminaria, mas reduziria a carga viral a um ponto em que o indivíduo teria uma vida normal, como portador são.
Com relação à erradicação da doença, eu, pessoalmente, acho muito improvável acontecer. O único patógeno erradicado até hoje foi o vírus da varíola e não foi uma tarefa fácil, foi um esforço que envolveu os agentes da OMS no mundo todo em um período de tempo considerável e com uma mãozinha do próprio vírus, já que, or ser um vírus de DNA, possuía uma taxa muito pequena de mutação, o que não é o caso do HIV.

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Há, em alguma circunstância, utilidade no uso de vacina para quem já está contaminado? Ainda faria sentido o uso do termo vacina para um produto usado em algum método terapêutico, nesta circunstância (com contaminação já estabelecida)?

Vide acima. A próposito, há a pesquisa também de uma vacina para o HSV, que contamina 95% da população, com a finalidade de usar como profilático e terapêutico.

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2 - Um epítopo *isolado* de um vírus determinaria resposta imune (por meio de anticorpos específicos para aquele epítopo) em um indivíduo e um vírus *inteiro* não? Há alguma especificidade, tropismo ou, mesmo, aleatoriedade do sistema imunológico, neste sentido?
Um vírus inteiro também e é o que ocorre naturalmente. Por exemplo, quando você é contaminado com um vírus da gripe, você fica imunizado contra aquela cepa. Vírus inteiros inativos também são utilizados como vacina, uma das vacinas da pólio é assim, por exemplo, e também a antirrábica. Existe uma certa aleatoriedade na resposta, causada por mutações em genes que geram os receptores TCR ou BCR, são selecionados através uma espécie de seleção natural (ou nem tanto já que há mediação de órgãos como o timo e a medula óssea) que acabam gerando uma ligação antígeno-anticorpo para uma determinada infecção. No caso do HIV existem dois problemas: o primeiro é a alta mutabilidade do vírus, assim o organismo não tem como prever qual proteína deve ser o antígeno; em segundo lugar é o ataque específico dos linfócitos T e são eles que identificam que há uma infecção, através da quantidade de citocinas, e iniciam a resposta imune, através de outras citocinas.

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3 - Por que as células do "Doador 45" produzem estes anticorpos e as de outros indivíduos, não? Se forem introduzidos apenas os epítopos isolados determinantes destes anticorpos em outro indivíduo, suas células passarão a sintetizar estes anticorpos?

Eu gostaria de fazer outras perguntas mais mas, por ora, paro.
Por mutação. Não são TODAS as células que foram efetivas sobre as 91% das cepas do HIV. Os pesquisadores selecionaram aquelas que obtiveram melhores resultados. Para chegar a uma vacina ainda resta um longo caminho.

Bem... isso é o pouco que lembro das aulas de imunologia (que estavam dentro de patologia geral, por sinal, já que não tínhamos naquela época uma disciplina isolada)

Offline Cientista

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #27 Online: 16 de Julho de 2010, 02:49:42 »
É por aí, Fabi. Este é um dos pontos dos quais partem meus questionamentos.

Do entendimento que tenho, o termo vacina só é cabível no caso de agentes etiológicos para os quais o sistema imunológico seja capaz de criar defesa autonomamente. Do meu ponto de vista só faria sentido falar em vacina para uma doença como a AIDS se, eventualmente, for alcançada uma "engenharia" *do* sistema imunológico capaz de permitir a resposta imune (ampla e definitiva) do mesmo para esta doença.
Mas é +ou- isso que a notícia fala.
Esse "+ou-" foi um ato de sábia prudência sua pois a notícia (que mais me pareceu como *mais uma grande xaropada de muitas do tipo* que são veiculadas com frequência maior que o mínimo aceitável pela dignidade humana -- tempos atrás, tinha até um brasileiro *liderando* uma pesquisa "promissoríssima" para a obtenção de uma "vacina" já "praticamente pronta", se alguém não se lembra) não soou assim pra mim.


Os cientistas descobriram uma pessoa (um sistema imunológico humano) que foi capaz de produzir um anticorpo que neutraliza o vírus da aids.
Maravilhoso, mas pelo que entendi essa pessoa (suas células -- de fato, uma quantidade ínfima delas) determina e produz esse anticorpo naturalmente; sem precisar de nenhuma vacina; só dos vírus mesmo. Parece-me que as células "responsáveis" de pessoas "normais", simplesmente, não produzem este anticorpo. Ou produzem? Ou *podem* produzir? Como isso passaria a acontecer (especialmente a partir de pedaços especificados dos vírus)?

Acho que, por fim, o que eu quero é, então, saber por meio de que mecanismos uma vacina pode fazer melhor do que o próprio agente etiológico ("antígeno natural") 'in natura' no mister de desencadear a resposta imunológica. Se é possível induzir, por algum meio, a maquinaria celular à produção protéica de anticorpos específicos, num organismo, por que uma "vacina" seria necessária, especialmente, no caso de uma doença com uma incubação tão prolongada (aqui, ainda insisto no entendimento que sempre tive de vacina como, unicamente, uma estratégia de "antecipação ao adversário")? Ou esta "vacina" faria isto? Como? Entende o porquê de eu ter perguntado a alguém "realmente versado"?*

Além do mais, pelo que sei, é notória a existência de pessoas imunes à AIDS (há muito tempo, desde quase o início da "história conhecida" do HIV). Em que estes seriam diferentes desse "Doador 45"? Esta notícia encerra alguma novidade especial? Qual?

Também, não sei se estou bem me lembrando, mas ou há grupos inteiros de europeus ou 10% da população européia (alguma coisa assim) é totalmente imune (não há cepa alguma que os acometa) ao vírus da AIDS (deixo, até, como mais uma pergunta: isso, ou algo parecido, é fato?).

*Por favor, Fabi. Espero que não entenda mal esta pergunta que marquei. Noto que você não é exatamente uma "PhD" (assim como eu, que tenho conhecimentos muito basilares de biologia e, especificamente de imunologia, nem se fale -- ainda que o "Ph" me deprima) no assunto mas não a estou discriminando, *muito menos* a afugentando por sua participação que está sendo muito proveitosa de qualquer forma. Algumas pessoas (na verdade muitas) neste forum passaram a me ver como uma espécie de bicho-papão a partir do momento em que eu disse uma "coisa proibida" (que nem tenho coragem de mencionar aqui, novamente). Mas, *por favor*, não me veja assim porque não sou. Garanto que as pessoas que me conhecem pessoalmente me consideram muito amável até. Só não aceito que ultrapassem a linha do (des)respeito comigo, ainda mais, inúmeras vezes.


É aqui que me questiono se o uso de anticorpos provenientes do organismo de outro indivíduo pode ser categorizado como vacina. Ficariam estes anticorpos na memória imunológica do receptor, por exemplo?
É que do jeito que a notícia foi escrita ficou parecendo o filme Eu sou a Lenda.
Não assisti a esse filme (é aquele com o Will Smith, não?) ainda e nem sabia que o roteiro segue, exatamente, essa linha mas, se é assim, ficou parecendo mesmo.

Não é tirar o sangue do Doador 45 e separar os anticorpos e injetar em todas as pessoas do mundo. E sim descobrir como esse anticorpo apareceu, o porque, como ele age e etc. Para, aí sim, descobrir um jeito de estimular o sistema imunológico do resto das pessoas, para produzir tal anticorpo.
Neste caso, então, trata-se da "engenharia" que mencionei. Mas, se por meio de uma engenharia imunológica for possível desenvolver a capacidade imunológica de sintetizar anticorpos como o mencionado ou, até, melhores (mais eficientes e variados para várias cepas, por exemplo), pergunto: por que alguém com esse sistema imunológico precisaria de uma vacina contra AIDS? Qual é a utilidade de se saber em que parte do vírus o anticorpo atua para que se possa descobrir esse "jeito de estimular" o sistema imunológico de outras pessoas a produzir o anticorpo? Existe tecnologia para isso ou é "sonho distante"?

Offline Cientista

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #28 Online: 16 de Julho de 2010, 03:40:11 »
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja. Eu as deixo para aqueles que as apreciam. Ofereça a eles. Mas, já que você é um jovem "insistente", aplicarei um pouco mais que isso em você.

Deixe-me ver se consigo sintetizar minha questão fundamental ainda mais, agora. Podería-se dizer que, *de uma certa maneira e/ou por razões definidas ou não*, o sistema imunológico é "falho" não em potencialidade, mas em efetividade, e que pode-se, em consequência disso, usar uma "tática" de aplicação do antígeno diversa da natural para efetivar a resposta imune e que não seria necessário atuar (modificar) nos mecanismos intrínsecos (engenharia) *do* sistema imunológico para essa finalidade? Como (detalhes) isso é feito? Ou não é isso?


3 - Por que as células do "Doador 45" produzem estes anticorpos e as de outros indivíduos, não? Se forem introduzidos apenas os epítopos isolados determinantes destes anticorpos em outro indivíduo, suas células passarão a sintetizar estes anticorpos?

Eu gostaria de fazer outras perguntas mais mas, por ora, paro.
Por mutação. Não são TODAS as células que foram efetivas sobre as 91% das cepas do HIV. Os pesquisadores selecionaram aquelas que obtiveram melhores resultados.
É claro que foi por mutação que as células do indivíduo adquiriram essa propriedade. Eu quero saber é como os epítopos (específicos e isolados) poderão induzir essa mutação nas células de outros indivíduos. Sabe responder isso ou não?


Para chegar a uma vacina ainda resta um longo caminho.
Isto não é novidade nenhuma e mais parece uma daquelas desculpas religiosas dadas por "cientistas" quando só deveriam, ou dizer *não sabemos* ou explicar as circunstâncias (aliás, não é o que a notícia dá a entender; por ela parece que esse longo caminho deu uma encurtada tremenda -- no final, normalmente acabam apelando para o "isso tudo é relativo") mas suscita outras questões em mim:

1 - Até o final desse looooongo caminho, quantas cepas mais surgirão?
2 - Até o final desse looooongo caminho, os 91% mudarão para quanto?


Bem... isso é o pouco que lembro das aulas de imunologia (que estavam dentro de patologia geral, por sinal, já que não tínhamos naquela época uma disciplina isolada)
Nooooooossa, rapaz!!! Um cara que "conhece mais sobre vácuo" (e física, de um modo geral -- *já  trabalhou/estudou  num  laboratório  de  física  de  plasma!!!!*) que eu e ainda é "estudado em imunologia" (patologia geral!). Agora você me intimidou, cara! Peraí, deixa eu me esconder bem atrás do meu murinho porque tô com vergonha de mim mesmo na sua frente. Me faz lembrar de um senhor que conheço (já deve ter uns 70 e poucos anos). Ele já "trabalhou" (ele diz que) em, simplesmente, *TODOS* os ramos da atividade humana e não tem reservas em dizer que *conhece (pensa que) tudo*. Só para que todos que o conhecem riam e se perguntem como ele não se toca de ser tão ridículo.


Não se iluda. Eu sei bem quem (o que) você é. Não esqueço. E continuo desejando a maior distância possível entre nós dois.

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #29 Online: 16 de Julho de 2010, 08:18:37 »
Qual é mesmo a razão de tanto azedume?

Offline Geotecton

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #30 Online: 16 de Julho de 2010, 08:37:03 »
A causa é TR!
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Offline SnowRaptor

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #31 Online: 16 de Julho de 2010, 09:02:04 »
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja. Eu as deixo para aqueles que as apreciam. Ofereça a eles. Mas, já que você é um jovem "insistente", aplicarei um pouco mais que isso em você.
[...]

Nooooooossa, rapaz!!! Um cara que "conhece mais sobre vácuo" (e física, de um modo geral -- *já  trabalhou/estudou  num  laboratório  de  física  de  plasma!!!!*) que eu e ainda é "estudado em imunologia" (patologia geral!). Agora você me intimidou, cara! Peraí, deixa eu me esconder bem atrás do meu murinho porque tô com vergonha de mim mesmo na sua frente. Me faz lembrar de um senhor que conheço (já deve ter uns 70 e poucos anos). Ele já "trabalhou" (ele diz que) em, simplesmente, *TODOS* os ramos da atividade humana e não tem reservas em dizer que *conhece (pensa que) tudo*. Só para que todos que o conhecem riam e se perguntem como ele não se toca de ser tão ridículo.


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Offline Derfel

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #32 Online: 16 de Julho de 2010, 14:23:17 »

Offline Geotecton

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Offline Derfel

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #34 Online: 16 de Julho de 2010, 15:57:23 »

Deixe-me ver se consigo sintetizar minha questão fundamental ainda mais, agora. Podería-se dizer que, *de uma certa maneira e/ou por razões definidas ou não*, o sistema imunológico é "falho" não em potencialidade, mas em efetividade, e que pode-se, em consequência disso, usar uma "tática" de aplicação do antígeno diversa da natural para efetivar a resposta imune e que não seria necessário atuar (modificar) nos mecanismos intrínsecos (engenharia) *do* sistema imunológico para essa finalidade? Como (detalhes) isso é feito? Ou não é isso?
Com "detalhes" eu terei que dar uma estudada, já que eu vi isso há 17 anos, mas vou tentar dar uma esclarecida. Primeiro, esse complexo antígeno-anticorpo é apenas uma das barreiras de proteção do sistema imune, mas é o que está em foco aqui. O outro problema é a característica do HIV, que ataca justamente a célula que desencadeia a resposta imune, o linfócito-T helper. Então uma coisa é falar da infecção por qualquer outro vírus e outra é falar sobre o HIV. Quando há uma infecção e o linfócito T foi ativado, outras barreiras de proteção já foram para as cucuias e isso acaba por avisar o linfócito T, através de mediadores químicos produzidos pela lise celular, por exemplo, chamados citocinas. O linfótico T então utiliza-se de outros mediadores (outras citocinas) que fazem com que os linfócitos B atuem (diferenciando em plsamócitos, por exemplo) e estimulando a ação dos fagócitos.
Isso é uma coisa, a outra é que o antígeno (seja ele uma bactéria, um vírus ou uma célula alterada pela ação viral), ao passar em certos órgãos onde se concentram linfóticos B, vai acabar provocando uma ação com a formação de anticorpos para ele (inicialmente IgM, mas depois IgG, IgMs, IgA...). Essa formação é através de uma modificação de receptores que ocorrem por mutação nos genes que produzem essas proteínas (ou famílias delas). Sendo aleatória, o receptor fica específico para um dado epítopo que, se houver grande variação por mutação do vírus, o receptor se torna inútil. É o que ocorre no HIV. Em uma infecção por HIV também são produzidos anticorpos e são eles que são utilizados nos testes anti-HIV, como o Elisa. O problema é que isso deveria desencadear uma resposta do Linfócito T helper, que não ocorre porque ele é o infectado. Células de defesa, contudo, sempre estão sendo produzidas, assim como linfócitos T helper, havendo sempre células sadias, mas que logo são infectadas pelo vírus, ainda mais se a carga viral for muito alta.
Sendo assim, respondendo sua pergunta, não há a necessidade de engenharia do sistema imune (mesmo porque nem sabemos completamente como ele funciona), ainda que deva haver alguns direcionamentos nessa área, mas sim descobrir uma porção do vírus ou de uma proteína secretada pela célula infectada que seja constante e assim possa ser produzida uma vacina.
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É claro que foi por mutação que as células do indivíduo adquiriram essa propriedade. Eu quero saber é como os epítopos (específicos e isolados) poderão induzir essa mutação nas células de outros indivíduos. Sabe responder isso ou não?
Quando quis dizer mutação foi no sentido que esse é o mecanismo de produção dos receptores para produção dos anti-corpos. Espero ter ficado mais claro acima. Acho que a pergunta tabém foi respondida acima.
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Isto não é novidade nenhuma e mais parece uma daquelas desculpas religiosas dadas por "cientistas" quando só deveriam, ou dizer *não sabemos* ou explicar as circunstâncias (aliás, não é o que a notícia dá a entender; por ela parece que esse longo caminho deu uma encurtada tremenda -- no final, normalmente acabam apelando para o "isso tudo é relativo") mas suscita outras questões em mim:
Claro que deu uma encurtada, mas existe um protocolo para pesquisas nessa área (principalmente quando envolve seres humanos) que precisa ser seguido.
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1 - Até o final desse looooongo caminho, quantas cepas mais surgirão?
Não sei. Pode estar surgindo uma agora, neste instante.
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2 - Até o final desse looooongo caminho, os 91% mudarão para quanto?
Entre 10% e 100%, dependendo do curso que o vírus tomar. Se surgir uma cepa extremamente virulenta, por exemplo, que cause a morte em poucos dias ou horas, então pode ser que aumente as chances para 100%. Se, por outro lado, a tendência for de uma virulência menor (como é hoje) com um longo período de incubação, então há maior possibilidade de mutação do vírus e aparecimento de novas variantes. Não há como saber.
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Nooooooossa, rapaz!!! Um cara que "conhece mais sobre vácuo" (e física, de um modo geral -- *já  trabalhou/estudou  num  laboratório  de  física  de  plasma!!!!*) que eu e ainda é "estudado em imunologia" (patologia geral!). Agora você me intimidou, cara! Peraí, deixa eu me esconder bem atrás do meu murinho porque tô com vergonha de mim mesmo na sua frente. Me faz lembrar de um senhor que conheço (já deve ter uns 70 e poucos anos). Ele já "trabalhou" (ele diz que) em, simplesmente, *TODOS* os ramos da atividade humana e não tem reservas em dizer que *conhece (pensa que) tudo*. Só para que todos que o conhecem riam e se perguntem como ele não se toca de ser tão ridículo.

Imunologia eu estudei na graduação (no período básico) dentro da disciplina de Patologia Geral. Não somente eu, mas qualquer um da área de saúde estuda isso na graduação. Depois a gente afunila mais, no meu caso com Patologia Oral em outro semestre, em Medicina acho que são 3 ou 4 patologias (como disciplinas). Não entendo qual o espanto com isso.
Na questão do vácuo e do meu trabalho com reator a plasma, isso merece uma explicação, já que talvez você não esteja familiarizado com o mecanismo da pós-graduação. Depois que você termina uma graduação, você pode fazer uma pós, como mestrado ou doutorado, não necessariamente na área em que você se formou. Basta que o programa permita, seja uma área correlata e o seu projeto esteja dentro das linhas de pesquisa do programa. Assim,você pode ter um médico estudando Biologia Evolutiva ou Física Nuclear no doutorado ou no mestrado (ainda que no último caso seja mais improvável). Eu fui fazer doutorado em Ciências e Engenharia de Materiais e trabalhava na alteração da superfície (mais tarde mudado para sinterização) de materiais de titânio em reator de plasma para serem utilizados para cultura de células-tronco, com o objetivo de diferenciação em osteoblastos, para serem utilizados como dispositivos de implantes dentários. Por causa do doutorado tive que pagar algumas disciplinas que não tinham a ver com minha formação inicial como Termodinâmica e Introdução à Ciência dos Materiais, onde tive noção, mas sem grande aprofundamento, de Física Moderna. Por causa disso também tive que estudar genética (mas não sei nem 1% da Nina) e biologia celular (das células-tronco, especificamente). No grupo de pesquisas do programa existiam dentistas, biólogos, físicos, engenheiros de materiais, engenheiros têxteis e estatísticos. Infelizmente, por motivos outros, tive que desistir do doutorado. mas o conhecimento ficou.
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:ok:

Offline Derfel

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #35 Online: 16 de Julho de 2010, 15:58:44 »
Fabi e Nina, se puderem dar uma revisão no exposto, sintam-se a vontade.

Offline Derfel

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #36 Online: 16 de Julho de 2010, 16:26:53 »
Tem um médico por aqui também, não me lembro se é o Luiz souto, Felippe Jarbas ou o Fernando (ou os três :) ), que pode dar a sua opinião também.

Offline Nina

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #37 Online: 16 de Julho de 2010, 20:21:32 »
Derfel, admiro sua paciência, mas para mim debater é um momento de descontração. Se fica desagradável por causa dos debatedores, eu paro.

Dei aula sobre evolução dos lentivírus esse semestre, e posso dizer que há muita informação sobre isso na net. O Cientista poderá achá-la facilmente. Deixemos que ele tente.
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Derfel

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #38 Online: 22 de Julho de 2010, 18:03:15 »
Nina, aproveitando o gancho, porque o corpo humano não reconhece suas células haploides? Estive conversando com um urologista e ele estava me dizendo que era por isso que, após um período, os homens se tornavam inférteis depois de vasectomizados, mesmo se o canal deferente for religado.

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #39 Online: 30 de Maio de 2011, 03:16:43 »
Nina, aproveitando o gancho, porque o corpo humano não reconhece suas células haploides? Estive conversando com um urologista e ele estava me dizendo que era por isso que, após um período, os homens se tornavam inférteis depois de vasectomizados, mesmo se o canal deferente for religado.
O que ele falou exatamente? Que por causa de o ser humano passar a reconhecer suas células haplóides ele se tornar infértil, ou por causa de ele não reconhecer ele se torna infértil?

Se for o último caso, eu diria que é porque as células haplóides não deixam de apresentar HMC de classe um do organismo da pessoa, assim, não faz sentido o corpo reagir contra elas (graças à seleção no timo e baço). De qualquer forma, é um assunto interessante, por que padres não são estéreis?
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #40 Online: 30 de Maio de 2011, 14:30:45 »
muito bom esse progesso.          :ok:
"O que me preocupa não é o grito dos maus,

é o silêncio dos bons."

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #41 Online: 02 de Junho de 2011, 23:29:56 »
TR  :histeria:

Eu achando que era alguma discordância envolvendo a Teoria da Relatividade....

Sinceramente,  eu não consigo entender estas "inimizades" na internet (nã estou falando por causa especificamente dessa, mas por ser recorrente). Acho que valeria uma tese de doutorado!!!!  :)

Ou então é uma consequência da falta de Jesus no coração  :hihi:

Abs
Felipe

Offline gilberto

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #42 Online: 02 de Junho de 2011, 23:42:25 »
por que padres não são estéreis?
onanismo meu filho ... onanismo ...

Offline gilberto

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Re: Descoberto anticorpo que anula 91% das cepas de HIV
« Resposta #43 Online: 03 de Junho de 2011, 00:37:53 »
Putz, agora que eu vi o que tá acontecendo neste tópico ...
Cientista, não estou envolvido na discussão aqui, mas não leve tão a sério a conversa aqui. É um fórum informal. Um dos objetivos principais é ter um ambiente amistoso para trocarmos idéias ... eu tb já tive uma conversa mais acalorada quando iniciei aqui, mas logo vi que o pessoal na net é tranquilo (apesar de uns arranca rabo amistosos ... hehe).
Mas tranquilo, o pessoal aqui pode ser meio doido, como eu, mas são gente boa ... aproveite e divirta-se por aqui.

 

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