Autor Tópico: NAFTA e o México  (Lida 9317 vezes)

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NAFTA e o México
« Online: 25 de Julho de 2005, 17:19:40 »
A NAFTA foi boa/ruim para o México?

O que acham desse texto?
http://www.consciencia.net/2003/08/09/nafta.html

Offline Claudio Loredo

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Re: NAFTA e o México
« Resposta #1 Online: 26 de Julho de 2005, 12:02:25 »
Citação de: Ricardo M
A NAFTA foi boa/ruim para o México?


Apesar da integração da economia mexicada com a norte americana, a disparidades entre os dois países permanecem. A produtividade industrial do México aumentou, mas salários baixaram.

A integração dos países em blocos regionais tem sido positiva para todos os participantes do bloco. Mas, para que haja ganho para todos os envolvidos é necessário que haja uma boa simetria entre as economias envolvidas. No caso da economias mexicana e norte-americana a assimetria é gritante.

Exemplo dessas assimetrias são as diferenças no PIB, nas taxas de crescimento, no mercado de trabalho, na política fiscal e na taxa de inflação. Todas  essas diferenças dificultam a integração econômica entre os países.

Seria mais vantajoso para o México aderir ao Mercosul e se integrar mais com as economias da América do Sul, pois essas economias são mais parecidas com a mexicana. Evitando assim os choques assimétricos. Choques esses que tiram fatores produtivos, em excesso, de um país para colocar em outro. Dai, o ideal seria que o México se integrasse mais a economias mais semalhantes a sua. Para possibilitar um crescimento conjunto e harmônico dessas economias.
Claudio Loredo

Offline Rodion

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Re.: NAFTA e o México
« Resposta #2 Online: 26 de Julho de 2005, 13:51:34 »
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Mas, para que haja ganho para todos os envolvidos é necessário que haja uma boa simetria entre as economias envolvidas. No caso da economias mexicana e norte-americana a assimetria é gritante.

de modo algum. se fosse assim os países do leste europeu/turquia nunca desejariam passar perto da UE. como eu disse n'outro fórum, os alemães prostestam muito pra não perderem empregos pra poloneses. os americanos deviam fazer o mesmo, em relação à alca. mas não precisam, já que agente tem medo de livre comércio.
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Seria mais vantajoso para o México aderir ao Mercosul e se integrar mais com as economias da América do Sul, pois essas economias são mais parecidas com a mexicana.

o mercosul vai pro buraco. o chile já saiu dessa encrenca, o méxico acho que nem entra também.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

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Re: Re.: NAFTA e o México
« Resposta #3 Online: 26 de Julho de 2005, 13:55:24 »
Citação de: passarinho
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Mas, para que haja ganho para todos os envolvidos é necessário que haja uma boa simetria entre as economias envolvidas. No caso da economias mexicana e norte-americana a assimetria é gritante.

de modo algum. se fosse assim os países do leste europeu/turquia nunca desejariam passar perto da UE. como eu disse n'outro fórum, os alemães prostestam muito pra não perderem empregos pra poloneses. os americanos deviam fazer o mesmo, em relação à alca. mas não precisam, já que agente tem medo de livre comércio.


Mas o medo deles era mais em função da livre circulação de pessoas. Roubo de empregos no próprio território. A NAFTA e a ALCA não querem abertura de fronteiras para pessoas.

Offline Rodion

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Re: Re.: NAFTA e o México
« Resposta #4 Online: 26 de Julho de 2005, 14:05:14 »
Citação de: Ricardo M
Citação de: passarinho
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Mas, para que haja ganho para todos os envolvidos é necessário que haja uma boa simetria entre as economias envolvidas. No caso da economias mexicana e norte-americana a assimetria é gritante.

de modo algum. se fosse assim os países do leste europeu/turquia nunca desejariam passar perto da UE. como eu disse n'outro fórum, os alemães prostestam muito pra não perderem empregos pra poloneses. os americanos deviam fazer o mesmo, em relação à alca. mas não precisam, já que agente tem medo de livre comércio.


Mas o medo deles era mais em função da livre circulação de pessoas. Roubo de empregos no próprio território. A NAFTA e a ALCA não querem abertura de fronteiras para pessoas.


não só. país que oferece melhores condições para o investimento leva empresas embora. apesar da nossa instabilidade política, dá pra oferecer algumas garantias e benefícios.
intercâmbio comercial sempre vai bem. estivemos fechados ao livre-comércio desde nossa colonização, e a prosperidade não veio ainda. não tá na hora de tentar algo diferente?
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Re.: NAFTA e o México
« Resposta #5 Online: 26 de Julho de 2005, 14:41:04 »
falei de livre-mercado mas não falei de nafta.
http://www.consciencia.net/2003/08/09/nafta.html
bom comentário sobre essa reportagem aqui.
sei que é no midia sem mascara, mas nem todos artigos lá são esdruxulos como os do olavão. esse (ao contrário da reportagem) indica as fontes....

à respeito da reportagem inicial, tem aquele ditado manjado: "quem mente não são os números, mas quem os manipula..."
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Re.: NAFTA e o México
« Resposta #6 Online: 26 de Julho de 2005, 15:09:20 »
e mais:
http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/id01=1338&lay=pde
o idh só cresceu nos últimos dois anos, mas estou procurando o índice de 93 (antes da nafta). quando achar posto aqui.
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Re.: NAFTA e o México
« Resposta #7 Online: 26 de Julho de 2005, 15:10:26 »
Lembram da propaganda da Folha, "é possível contar um monte de mentiras só com verdades"?  :)

Offline Claudio Loredo

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Re.: NAFTA e o México
« Resposta #8 Online: 26 de Julho de 2005, 16:56:17 »
A principal razão pela qual o Mercosul não está dando certo é o sistema tributário brasileiro que é extremamente complexo e caótico e totalmente diferente dos sistemas tributários dos outros países do Mercosul. Para que o Mercosul dê certo e´ necessário uma reforma tributária no Brasil. Pois, os tributos influem na economia. Só que nossos políticos corruptos não querem essa reforma porque querem continuar usando politicamente os tributos.

Fora isto, a integração econômica de todos os países sul americanos é necessário para o aumento do comércio entre eles. O aumento do comércio enriquece as nações que dele participam. Para incrementar este comercio entre as nações e necessário também uma aproximação das legislações comerciais e tributárias. Pois, ambas influem nas trocas comerciais. Mas isto está difícil de acontecer por culpa do Brasil.

Todos os países que aderiram a União Européia foram obrigados ter as taxas de câmbio, inflação, déficit público e crescimento econômico semelhantes aos dos países que já faziam parte da EU para poder fazer parte do bloco. Por isso o bloco não é composto de países muitos diferentes do ponto de vista econômico. Ele é composto de países com semelhanças econômicas.

Não basta apenas a proximidade geográfica para que um bloco econômico dê certo. É necessário semelhança nas economias e na política.

A Turquia ainda não faz parte da União Européia. Para fazer, ela terá que antes aproximar seus indicadores econômicos dos exigidos pelo bloco.
Claudio Loredo

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Re.: NAFTA e o México
« Resposta #9 Online: 26 de Julho de 2005, 17:02:13 »
A Turquia não faz parte da UE mais por diferenças religiosas do que por diferenças econômicas.

Offline Claudio Loredo

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Re: Re.: NAFTA e o México
« Resposta #10 Online: 02 de Agosto de 2005, 10:37:29 »
Citação de: cínico

o mercosul vai pro buraco. o chile já saiu dessa encrenca, o méxico acho que nem entra também.


Errado. O Mercosul tende a se fortalecer. Principalmente se Brasil e Argentina fizerem as reformas necessárias.

O Chile tem progradido porque já fez há decadas atrás as reformas economicas, políticas e fiscais necessárias ao desenvolvimento e sucesso numa economia globalizada. Brasil e Argentina ainda não fizeram essas reformas. Portanto o sucesso do Chile nada tem a ver com sua não entrada no Mercosul.

O que mais afasta o Chile do mercosul no momento é o pouco comercio que ele tem com os países envolvidos. Principalmente devido a cordilheira dos andes que isola um pouco o chile. Havendo estruturas físicas possibilitando o aumento do comercio do Chile com o Mercosul, certamente o Chile fará parte deste bloco.

O México tentou formar bloco com países desenvolvidos. Mas, estamos vendo que não dá certo. O exemplo do México mostra que os acordo sul-sul são preferiveis aos acordos comerciais norte-sul para a formação de blocos economicos.

O Mercosul não irá fracassar porque é através dele que as economias no cone sul podem se inserir melhor no mercado globalizado. Trabalhando em conjunto, essas economias tem mais força e representatividade junto a outras economias.

O Brasil como país lider do mercosul deve realizar as reformas necessárias para uma maior integração do bloco.
Claudio Loredo

Offline Rodion

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Re.: NAFTA e o México
« Resposta #11 Online: 02 de Agosto de 2005, 13:26:27 »
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O México tentou formar bloco com países desenvolvidos. Mas, estamos vendo que não dá certo. O exemplo do México mostra que os acordo sul-sul são preferiveis aos acordos comerciais norte-sul para a formação de blocos economicos.

por que, sendo que o déficit comercial virou superávit de longe, e o pib que era metade do brasileiro antes do nafta está hoje maior que o nosso?
se tem algo que mostrou que esse papo de sul-sul está errado é o sudeste asiático, china inclusa.
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O Brasil como país lider do mercosul deve realizar as reformas necessárias para uma maior integração do bloco.

se queremos nos inserir, devemos é fazer parte da alca.
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Offline Claudio Loredo

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Re.: NAFTA e o México
« Resposta #12 Online: 02 de Agosto de 2005, 18:04:31 »
O Brasil não está bem inserido no comércio global. Nossas importações e exportações representam muito pouco do comércio mundial. Para o Brasil se inserir melhor neste comércio é necessário um incremento de sua produtividade. Ele conseguirá isto através de sua inserção primeiro no Mercosul, para depois no comércio mundial.

Não é proveitoso para o Brasil se inserir na ALCA,pois a ALCA significa o dominio dos Estados Unidos. Será este pais que ira mandar neste bloco. Com a ALCA os EUA tomam conta de toda a América Latina que não tem como competir com a economia americana. Nossa economia será destruida se ingressarmos na ALCA.

Além disso, a Alca é apenas um acordo de livre comercio. Precisamos de muito mais do que isto para fortelecer nossa economia. Precisamos formar pelo menos uma União Aduaneira com nossos vizinhos, onde haja livre circulação de capital, bens, serviços e pessoas. Assim estará garantido o aumento da competitividade da economia brasileira.

A ALCA não permite a livre circulação de pessoas. O que é uma injustiça. Olhe para o México, onde as empresas americanas entram a vontade, para lá exportam matérias-primas americanas, que são manufaturadas pelos trabalhadores mexicanos, que ganham mal, e depois, reexportam para os EUA as mesmas matérias primas só que industrializadas com mão de obra barata do México. Mão de obra esta que está proibida de entrar em território americano.

Se as exportações mexicanas aumentaram foi devido a essas empresas maquiadoras. A agricultura mexicana foi drasticamente penalizada pelo NAFTA, pois as exportações agricolas mexicanas cairam. O desemprego no México continua o mesmo de antes do NAFTA e a população está mais pobre.

Por isso, tomando o exemplo mexicano, a melhor saida para o Brasil, para melhor se integrar a economia mundial, é primeiro se integrar com seus vizinhos. Deixando assim de lado seu passado colonial de relacionamento exclusivo com as metropoles do mundo desenvolvido. Depois, que os paises do cone sul estiverem fortalecidos por esta ajuda mutua, ai sim eles terão condições de fortalecidos participarem da economia global com toda força.
Claudio Loredo

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Re.: NAFTA e o México
« Resposta #13 Online: 02 de Agosto de 2005, 18:42:58 »
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Não é proveitoso para o Brasil se inserir na ALCA,pois a ALCA significa o dominio dos Estados Unidos. Será este pais que ira mandar neste bloco. Com a ALCA os EUA tomam conta de toda a América Latina que não tem como competir com a economia americana. Nossa economia será destruida se ingressarmos na ALCA.

alca não significa domínio norte-americano, significa livre-comércio. a economia mexicana não foi destruída pelo nafta, muito pelo contrário.
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Além disso, a Alca é apenas um acordo de livre comercio. Precisamos de muito mais do que isto para fortelecer nossa economia. Precisamos formar pelo menos uma União Aduaneira com nossos vizinhos, onde haja livre circulação de capital, bens, serviços e pessoas. Assim estará garantido o aumento da competitividade da economia brasileira.

não, o livre-comércio é o primeiro passo. não se tem uma união aduaneira sem antes um acordo de livre-comércio. um passo de cada vez...

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A ALCA não permite a livre circulação de pessoas. O que é uma injustiça. Olhe para o México, onde as empresas americanas entram a vontade, para lá exportam matérias-primas americanas, que são manufaturadas pelos trabalhadores mexicanos, que ganham mal, e depois, reexportam para os EUA as mesmas matérias primas só que industrializadas com mão de obra barata do México. Mão de obra esta que está proibida de entrar em território americano.

injustiça ou não, não importa. não precisamos de que brasileiros possam ir morar lá sem restrições, nem queremos isso (eles, muito menos!). precisamos vender nossos produtos pra eles sem barreiras e comprar os produtos deles a preço baixo também. o méxico depois que ingressou na alca só viu superávit.

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Se as exportações mexicanas aumentaram foi devido a essas empresas maquiadoras. A agricultura mexicana foi drasticamente penalizada pelo NAFTA, pois as exportações agricolas mexicanas cairam. O desemprego no México continua o mesmo de antes do NAFTA e a população está mais pobre.

o que vi foram agricultores norte-americanos se dando mal.
você tem fontes provando que o desemprego aumentou e que a população está mais pobre? porque eu tenho fontes do contrário.

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Por isso, tomando o exemplo mexicano, a melhor saida para o Brasil, para melhor se integrar a economia mundial, é primeiro se integrar com seus vizinhos. Deixando assim de lado seu passado colonial de relacionamento exclusivo com as metropoles do mundo desenvolvido. Depois, que os paises do cone sul estiverem fortalecidos por esta ajuda mutua, ai sim eles terão condições de fortalecidos participarem da economia global com toda força.


engraçado, algumas décadas atrás predominava um raciocínio parecido no brasil. "devemos nos fechar e desenvolver indústrias e mercado interno.". a tal da política de substituição de importações. resultado? mercado fechado gerou empresas ineficientes que não sofriam concorrência e baixo padrão nos nossos produtos. taí porque os coreanos tem a samsung e nós temos a ... cce.
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Offline Claudio Loredo

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Re.: NAFTA e o México
« Resposta #14 Online: 03 de Agosto de 2005, 09:02:07 »
Uma possibilidade da ALCA sair, é termos no Brasil um governo, muito, mas muito entreguista mesmo. Felizmente, devido ao avanço da democracia, ainda não temos no Brasil um governo assim.

Outra possibilidade é termos nos EUA um governo bastante benevolente para com os países pobres. O que não é o caso do governo atual norte-americano, que já disse que só aceita participar da ALCA caso ela seja de acordo com os interesses norte americanos. Incluindo ai a continuidade da política de subsidios à agricultura local, protecionismo agrário e a proibição  de entrada de latinos americanos pobres em seu território.

Portanto, a ALCA é inviável para as próximas décadas. Trata-se de um acordo onde irá predominar uma relação EUA-Resto das Américas. Com pouco relacionamento dos países latinos entre si. Ganham os EUA que poderão dividir para melhor dominar. Ganham também os pequenos países latinos que  comercializam majoritariamente com a potência do norte. Mas, perde o Brasil que tem relações comerciais diversificadas com o resto do mundo.

Há gigantescas diferenças entre os países que participam dos estudos  sobre a ALCA. O Brasil não terá vantagens nem na produção de produtos com alta tecnologia e nem  no oferecimento de mão-de-obra barata. Pois, há países com menores salários, como a Bolívia e o Paraguai e países mais desenvolvidos tecnologicamente: EUA e Canadá.  Devido a essas diferenças, a ALCA será um tratado injusto, principalmente para o Brasil, com uma desigual distribuição de custos e beneficios.

O livre comércio só contribui para o desenvolvimento dos países se todos os envolvidos estiverem dispostos a compartilharem condições iguais. Os EUA não estão dispostos a darem condições iguais para seus vizinhos do sul.
Claudio Loredo

Offline Luis Dantas

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Re.: NAFTA e o México
« Resposta #15 Online: 03 de Agosto de 2005, 09:18:19 »
É impressionante como até hoje nós brasileiros vemos o mundo com olhos de monarquia imperialista - e achamos que todos os outros países fazem o mesmo.
Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Rodion

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Re: Re.: NAFTA e o México
« Resposta #16 Online: 03 de Agosto de 2005, 13:49:05 »
Citação de: Claudio Loredo
Uma possibilidade da ALCA sair, é termos no Brasil um governo, muito, mas muito entreguista mesmo. Felizmente, devido ao avanço da democracia, ainda não temos no Brasil um governo assim.

Outra possibilidade é termos nos EUA um governo bastante benevolente para com os países pobres. O que não é o caso do governo atual norte-americano, que já disse que só aceita participar da ALCA caso ela seja de acordo com os interesses norte americanos. Incluindo ai a continuidade da política de subsidios à agricultura local, protecionismo agrário e a proibição  de entrada de latinos americanos pobres em seu território.

Portanto, a ALCA é inviável para as próximas décadas. Trata-se de um acordo onde irá predominar uma relação EUA-Resto das Américas. Com pouco relacionamento dos países latinos entre si. Ganham os EUA que poderão dividir para melhor dominar. Ganham também os pequenos países latinos que  comercializam majoritariamente com a potência do norte. Mas, perde o Brasil que tem relações comerciais diversificadas com o resto do mundo.

Há gigantescas diferenças entre os países que participam dos estudos  sobre a ALCA. O Brasil não terá vantagens nem na produção de produtos com alta tecnologia e nem  no oferecimento de mão-de-obra barata. Pois, há países com menores salários, como a Bolívia e o Paraguai e países mais desenvolvidos tecnologicamente: EUA e Canadá.  Devido a essas diferenças, a ALCA será um tratado injusto, principalmente para o Brasil, com uma desigual distribuição de custos e beneficios.

O livre comércio só contribui para o desenvolvimento dos países se todos os envolvidos estiverem dispostos a compartilharem condições iguais. Os EUA não estão dispostos a darem condições iguais para seus vizinhos do sul.


ah.. se a mentalidade continuar essa no brasil, acho que vou parar de ser reclamão e dar um jeito de me mudar para o chile.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

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Re: Re.: NAFTA e o México
« Resposta #17 Online: 03 de Agosto de 2005, 17:34:02 »
Citação de: cínico
por que, sendo que o déficit comercial virou superávit de longe, e o pib que era metade do brasileiro antes do nafta está hoje maior que o nosso?
se tem algo que mostrou que esse papo de sul-sul está errado é o sudeste asiático, china inclusa.


O PIB mexicano cresceu desde 1994, mesmo com a crise a partir de 2001. Mas, o PIB é a soma de todas atividades do país. Atividades nacionais e externas. Já a renda nacional per capita, que é calculada em cima das atividades nacionais diminuiu desde 1994. O incremento do PIB foi devido a ação das maquiladoras que não são empresas mexicanas. Se tirarmos as maquladoras de cena, veremos que o Produto Nacional Mexicano diminuiu. Note também que o crescimento populacional do México é maior do que o crescimento econômico nacional

O México deu uma lição para a América Latina, principalmente para os países do Mercosul: não façam acordos de livre comércio com os Estados Unidos. É fria! E olha que eles fazem fronteira. Imagina se não fizessem.

Desde a criação do NAFTA em 1994, o Mexico ganhou 500.000 postos de trabalho no setor manufatureiro. Isto devido à instalação de maquiladoras americanas. Mas, perdeu 1,3 milhões de postos de trabalho no setor agrícola.

As maquiladoras são empresas de origem estaduniense instaladas no México, que recebem matéria-prima e produtos semi-elaborados dos EUA, transformam essas importações em produtos industrializados e o exportam novamente para os EUA para lá serem vendidos após usar mão-de-obra barata mexicana. As maquiladoras são responsáveis pela metada das exportações mexicanas.

O México não conseguiu diversificar seu comercio exterior. Ao contrário, aumentou sua dependencia  dos EUA. Fato este verificado após a crise ocasionada pelo 11 de setembro que colocou o México em grave crise.

Outros problemas: A elevação das exportações mexicanas não trouxe aumento do Produto Nacional Bruto. A desigualdade da distribuição de renda ainda é grande e aumentou após o NAFTA. Houve modernização no parque industrial , mas os salários são menores. Hoje, os salários da maioria dos mexicanos é menos do que em 1994. A entrada ilegal deles nos EUA continua.

Uma das desvantagens do NAFTA é a falta de mecanismos institucionais para reduzir as disparidades de riqueza entre os parceiros desiguais.
Claudio Loredo

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Re: Re.: NAFTA e o México
« Resposta #18 Online: 03 de Agosto de 2005, 17:59:20 »
Citação de: cínico
alca não significa domínio norte-americano, significa livre-comércio. a economia mexicana não foi destruída pelo nafta, muito pelo contrário.


A economia mexicana se transformou em exportadora de serviços de mão de obra barata. O Mexico não tem condições de competir de igual para igual com os EUA da mesma forma como a Bolivia não pode competir com o Brasil.

Citação de: cínico

não, o livre-comércio é o primeiro passo. não se tem uma união aduaneira sem antes um acordo de livre-comércio. um passo de cada vez...


Ocorre que os EUA não querem uma união aduaneira com a América Latina. Eles querem que a América latina seja apenas uma área de livre comercio para que eles possam exportar para esta região seus produtos sem tarifas alfandegarias e importar dessa região o serviço da mão-de-obra barata que eles precisam. Mas, o que eles mais querem é dominar a região politicamente.

Citação de: cínico

o que vi foram agricultores norte-americanos se dando mal.
você tem fontes provando que o desemprego aumentou e que a população está mais pobre? porque eu tenho fontes do contrário.


Dê uma lida neste artigo:
Nafta beneficiou pouco o México, diz estudo
http://www.marcoscintra.org/blocos/materia.asp?Materia=504

Leia também os relatórios do World Bank Indicators sobre o México de 1994 para cá.
www.worldbank.org/data

Tudo o que estou falando está baseado nas estatisticas do Banco Mundial.

Citação de: cínico

engraçado, algumas décadas atrás predominava um raciocínio parecido no brasil. "devemos nos fechar e desenvolver indústrias e mercado interno.". a tal da política de substituição de importações. resultado? mercado fechado gerou empresas ineficientes que não sofriam concorrência e baixo padrão nos nossos produtos. taí porque os coreanos tem a samsung e nós temos a ... cce.


Graças a política de substituição de importação, hoje o Brasil tem um gigantesco parque industrial. Esta política foi adotada na década de 50. Antes dela, o Brasil não produzia nem um alfinete. Era um pais puramente agricola. Se não fosse por ela, hoje o Brasil não teria industrias e seria uma imensa Bolívia.

É claro que hoje não podemos nos fechar. A história é outra. O mundo também. Mas, podemos usar o Mercosul como etapa de integração no comercio mundial. Ou seja, o Mercosul é um passo intermediário para que o Brasil possa se lançar na globalização. Assim, teremos tempo de aumentar nossa competitividade e adquirir experiência e aprendizado. A história mostra que a formação de mercados internacionais é mais proveitosa entre países com cultura , economia e políticas semelhantes. Este é o caso dos países do Mercosul. Juntos eles se fortalecem para poderem se capacitar ao comércio global.

O que fez a Coreia ser o gigante que é foi EDUCAÇÃO. Mas, isto é outra história. Pois, afinal de contas, o comercio internacional não é o único fator que leva um país a se desenvolver. Ele é apenas mais um instrumento para atingir este objetivo.
Claudio Loredo

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Re: Re.: NAFTA e o México
« Resposta #19 Online: 03 de Agosto de 2005, 18:05:33 »
Citação de: cínico

ah.. se a mentalidade continuar essa no brasil, acho que vou parar de ser reclamão e dar um jeito de me mudar para o chile.


O Chile é um exemplo de pais que não se subordinou aos Estados Unidos. Suas exportações e importações são extremamente diversificadas com dezenas de países ao redor do globo. Principalmente os do oceano pacifico.

Juntamente com a Argentina, o Chile esta construindo uma infraestrutura para poder superar a barreira da cordilheira dos andes que o separa do Mercosul e assim poder se integrar a esse bloco. Hoje ele é apenas um associado, mas há planos de até 2014 ele estar plenamente integrado.
Claudio Loredo

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NAFTA e o México
« Resposta #20 Online: 03 de Agosto de 2005, 19:23:34 »
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Ocorre que os EUA não querem uma união aduaneira com a América Latina. Eles querem que a América latina seja apenas uma área de livre comercio para que eles possam exportar para esta região seus produtos sem tarifas alfandegarias e importar dessa região o serviço da mão-de-obra barata que eles precisam. Mas, o que eles mais querem é dominar a região politicamente.

não querem por motivos óbvios, haveria um intenso fluxo de migração e as cidades norte-americanas ficariam inchadas e sofreriam todos os problemas de crescimento desordenado. o livre comércio é o primeiro passo. depois, com o livre comércio, se os países latino-americanos desenvolverem uma boa situação socio-econômica, pode-se pensar em uma união aduaneira, já que a emigração daqui não seria muito justificada.

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Dê uma lida neste artigo:
Nafta beneficiou pouco o México, diz estudo
http://www.marcoscintra.org/blocos/materia.asp?Materia=504

então 500 mil empregos só foram criados na indústria e 1,3 milhões foram perdidos na agricultura?
não é desonestidade (não sua, mas do artigo em questão), apontar 500mil empregos criados e 1,3 perdidos?
veja só:
"O comércio, segundo Mateo, ajuda na produtividade e na criação de empregos. “Metade dos empregos criados nos últimos anos foram gerados nas empresas exportadoras, que pagam melhores salários”, argumenta.

Pelo menos 1,2 milhão de empregos foram gerados a partir da criação do Nafta, mas o desemprego ainda é de 4% no México e os salários continuam baixos, estimulando a imigração. "

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2003/11/031113_alcamexicors.shtml
ou seja, 1,2 empregos foram gerados, mas metade (600 mil) atribui-se ao nafta. quantos destes 1,3 mi perdidos podem ser atribuídos ao nafta?

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Graças a política de substituição de importação, hoje o Brasil tem um gigantesco parque industrial. Esta política foi adotada na década de 50. Antes dela, o Brasil não produzia nem um alfinete. Era um pais puramente agricola. Se não fosse por ela, hoje o Brasil não teria industrias e seria uma imensa Bolívia.

muita especulação.

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O Chile é um exemplo de pais que não se subordinou aos Estados Unidos. Suas exportações e importações são extremamente diversificadas com dezenas de países ao redor do globo. Principalmente os do oceano pacifico.

o maior parceiro comercial do chile de exportação são os eua. 20% das exportações chilenas vão pra lá. depois dos eua, só o japão com 10%.

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O PIB mexicano cresceu desde 1994, mesmo com a crise a partir de 2001. Mas, o PIB é a soma de todas atividades do país. Atividades nacionais e externas. Já a renda nacional per capita, que é calculada em cima das atividades nacionais diminuiu desde 1994. O incremento do PIB foi devido a ação das maquiladoras que não são empresas mexicanas. Se tirarmos as maquladoras de cena, veremos que o Produto Nacional Mexicano diminuiu. Note também que o crescimento populacional do México é maior do que o crescimento econômico nacional

epa.. que eu saiba, o pib diz respeito ao que é criado no país, por isso Produto Interno Bruto. o que diz respeito às atividades externas é o pnb, produto nacional bruto. estou errado?

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O México deu uma lição para a América Latina, principalmente para os países do Mercosul: não façam acordos de livre comércio com os Estados Unidos. É fria! E olha que eles fazem fronteira. Imagina se não fizessem.

Desde a criação do NAFTA em 1994, o Mexico ganhou 500.000 postos de trabalho no setor manufatureiro. Isto devido à instalação de maquiladoras americanas. Mas, perdeu 1,3 milhões de postos de trabalho no setor agrícola.

pelo contrário. pelo que sondei, o maior problema do nafta é justamente a falta de livre-comércio. parece que o acordo é cheio de buracos... o protecionismo
norte-americano ainda não acabou.

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Outros problemas: A elevação das exportações mexicanas não trouxe aumento do Produto Nacional Bruto. A desigualdade da distribuição de renda ainda é grande e aumentou após o NAFTA. Houve modernização no parque industrial , mas os salários são menores. Hoje, os salários da maioria dos mexicanos é menos do que em 1994. A entrada ilegal deles nos EUA continua.

como não trouxe aumento do pib? já disse um pouco pra cima do grande aumento do pib mexicano nos ultimos 10 anos....
sobre a desigualdade social mexicana, concordo que é ainda é alta (ainda que, imagino, menor que a nossa). mas que aumentou da criação do nafta pra cá, isso precisa de fontes, não precisa?
e sobre a queda dos salários reais... não devemos nos esquecer da crise do peso em 95.

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A economia mexicana se transformou em exportadora de serviços de mão de obra barata. O Mexico não tem condições de competir de igual para igual com os EUA da mesma forma como a Bolivia não pode competir com o Brasil.

o objetivo de dois países num livre-comércio não é a competição de um com o outro, mas a mútua cooperação.
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Ocorre que os EUA não querem uma união aduaneira com a América Latina. Eles querem que a América latina seja apenas uma área de livre comercio para que eles possam exportar para esta região seus produtos sem tarifas alfandegarias e importar dessa região o serviço da mão-de-obra barata que eles precisam. Mas, o que eles mais querem é dominar a região politicamente.

não querem por motivos óbvios, haveria um intenso fluxo de migração e as cidades norte-americanas ficariam inchadas e sofreriam todos os problemas de crescimento desordenado. o livre comércio é o primeiro passo. depois, com o livre comércio, se os países latino-americanos desenvolverem uma boa situação socio-econômica, pode-se pensar em uma união aduaneira, já que a emigração daqui não seria muito justificada.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Claudio Loredo

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Re.: NAFTA e o México
« Resposta #21 Online: 04 de Agosto de 2005, 08:42:05 »
Para quem quiser saber mais sobre a experiência do México na NAFTA, indico o seguinte documento, muito bem escrito e rico em dados, preparado por diversos autores importantes.

La Promesa y laRealidad del TLCAN
LECCIONES DE MÉXICO PARA EL HEMISFERIO SUL
www.carnegieendowment.org/pdf/files/NAFTA_Spanish_fulltext.pdf
Claudio Loredo

Offline Roberto

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Re: Re.: NAFTA e o México
« Resposta #22 Online: 04 de Agosto de 2005, 09:16:01 »
Citação de: Claudio Loredo
O que fez a Coreia ser o gigante que é foi EDUCAÇÃO. Mas, isto é outra história. Pois, afinal de contas, o comercio internacional não é o único fator que leva um país a se desenvolver. Ele é apenas mais um instrumento para atingir este objetivo.


O comércio exterior é o principal, e eu diria que é o melhor, instrumento por meio do qual um país pobre pode se desenvolver. De nada adiantaria a Coréia do Sul investir em educação, formar mão-de-obra altamente qualificada, se não tivesse pra quem vender os produtos produzidos por essa mesma mão-de-obra.
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline Rodion

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Re: Re.: NAFTA e o México
« Resposta #23 Online: 04 de Agosto de 2005, 13:32:46 »
Citação de: Claudio Loredo
Para quem quiser saber mais sobre a experiência do México na NAFTA, indico o seguinte documento, muito bem escrito e rico em dados, preparado por diversos autores importantes.

La Promesa y laRealidad del TLCAN
LECCIONES DE MÉXICO PARA EL HEMISFERIO SUL
www.carnegieendowment.org/pdf/files/NAFTA_Spanish_fulltext.pdf


não tem em inglês?
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Claudio Loredo

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NAFTA e o México
« Resposta #24 Online: 04 de Agosto de 2005, 19:25:17 »
Citação de: cínico

não querem por motivos óbvios, haveria um intenso fluxo de migração e as cidades norte-americanas ficariam inchadas e sofreriam todos os problemas de crescimento desordenado. o livre comércio é o primeiro passo. depois, com o livre comércio, se os países latino-americanos desenvolverem uma boa situação socio-econômica, pode-se pensar em uma união aduaneira, já que a emigração daqui não seria muito justificada.



Como você vê, os EUA não podem estabelecer livre circulação de pessoas com o México. O que mostra que são parceiros totalmente desiguais. Impedindo, inclusive, que o NAFTA avance mais.

Numa negociação, quando um lado é muito mais forte do que o outro, este lado tende a impor suas condições. Por isso, no NAFTA quem manda são os EUA, pois o México não consegue se impor. Tendo que se subordinar aos interesses norte americanos que são: exportar seus serviços para lá (seguros, bancos, escolas etc.), obter mão-de-obra barata e realizar investimentos diretos (implantação de fabricas e maquiladoras). O que interessa para os EUA é reorganizar a região de acordo com os seus interesses.

Os países atualmente se integram uns com os outros e formam blocos econômicos. Nesses blocos os países agem de comum acordo para o desenvolvimento de todos. Mas para isto é necessário haver convergência de suas economias. O que demanda livre circulação de pessoas, para que haja equilíbrio no bloco. No Nafta não existe isto.

Não há como um país pobre como o México competir com uma superpotência nos setores industriais e de serviços. Por isso, não dá para pensar numa melhoria da situação econômica a partir de um livre comércio do tipo norte-sul. Sempre haverá assimetria entre as economias o que sempre impedirá a livre circulação de pessoas.

O México até poderia competir com os Estados Unidos no setor agrícola. Mas, os EUA mantém protecionismo aos produtos agrícolas e paga subsídios aos agricultoras que possuem grande lobby no congresso americano e esperneiam por qualquer perda possível.



Citação de: cínico

então 500 mil empregos só foram criados na indústria e 1,3 milhões foram perdidos na agricultura?
não é desonestidade (não sua, mas do artigo em questão), apontar 500mil empregos criados e 1,3 perdidos?
veja só:
"O comércio, segundo Mateo, ajuda na produtividade e na criação de empregos. “Metade dos empregos criados nos últimos anos foram gerados nas empresas exportadoras, que pagam melhores salários”, argumenta.

Pelo menos 1,2 milhão de empregos foram gerados a partir da criação do Nafta, mas o desemprego ainda é de 4% no México e os salários continuam baixos, estimulando a imigração. "

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2003/11/031113_alcamexicors.shtml
ou seja, 1,2 empregos foram gerados, mas metade (600 mil) atribui-se ao nafta. quantos destes 1,3 mi perdidos podem ser atribuídos ao nafta?


Todos os 600 mil empregos perdidos podem ser atribuídos ao NAFTA. Uma vez que o México concordou em comprar produtos agrícolas americanos que usam alta tecnologia, mas é impedido de vender seus produtos agrícolas mais competitivos aos EUA.

Só o fato do desemprego e da concentração de rendas ter aumentado no México, já é um indicador de que não houve melhorias para a sociedade mexicana com o NAFTA.



Citação de: cínico

epa.. que eu saiba, o pib diz respeito ao que é criado no país, por isso Produto Interno Bruto. o que diz respeito às atividades externas é o pnb, produto nacional bruto. estou errado?


Sim, foi o que eu disse. No PIB se computa tudo produzido num país. No PNB se computa só o que é produzido no país por empresas nacionais. O primeiro aumentou, mas o segundo diminuiu. O que mostra que as maquiladoras, responsáveis pela metade das exportações mexicanas, exercem grande influência sobre o PIB. Mas, as empresas mexicanas estão perdendo muito terreno.




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pelo contrário. pelo que sondei, o maior problema do nafta é justamente a falta de livre-comércio. parece que o acordo é cheio de buracos... o protecionismo
norte-americano ainda não acabou.


Exatamente. O NAFTA está sendo ruim para o México porque o protecionismo norte americano não acabou. Se houvesse liberação total do comércio EUA-México seria ótimo para o México, mas não há. Os EUA só liberaram o comércio com o México nos pontos interessantes para eles mesmos. Ou seja, naqueles pontos onde eles sabiam que teriam ganhos. Nos pontos onde eles enxergaram que teriam perda, o protecionismo continuou.



Citação de: cínico

como não trouxe aumento do pib? já disse um pouco pra cima do grande aumento do pib mexicano nos ultimos 10 anos....
sobre a desigualdade social mexicana, concordo que é ainda é alta (ainda que, imagino, menor que a nossa). mas que aumentou da criação do nafta pra cá, isso precisa de fontes, não precisa?
e sobre a queda dos salários reais... não devemos nos esquecer da crise do peso em 95.


Como falei acima o aumento do PIB foi devido a ação das maquilidoras. Mas essas empresas  acrescentam muito pouco a economia mexicana. Uma vez que elas não agregam outras atividades econômicas dentro do território mexicano. Se você tirar as maquiladoras do PIB, o PIB diminuiu desde 1994.

Segundo Samuel Pinheiro Guimarães, embaixador brasileiro, em artigo disponível em: http://resistir.info/brasil/alca_retirada_conversacoes.html

"A economia mexicana é hoje dependente do mercado americano para cerca de 90% das suas exportações e 80% de suas importações e, portanto, seu crescimento depende do crescimento americano. Tornou-se uma economia dependente de um só país quando o ideal para a estabilidade econômica do processo de desenvolvimento é a diversificação de fornecedores e de compradores externos de um país e de sua pauta de exportação.

A concentração de renda e de riqueza se agravou no México, o salário médio real do trabalhador caiu desde 1994, a questão social é gravíssima, segundo declarações do próprio Presidente Fox e a economia se desnacionalizou e regrediu industrialmente. Agora, para culminar, as industrias maquiladoras abandonam o México em direção à Ásia. Nos últimos doze meses, o México perdeu 25% das empresas “maquiladoras” e 500 mil empregos dos 1,2 milhões que teriam sido gerados pelo NAFTA"


A crise do peso de 1995 foi ocasionada pela vulnerabilidade existente na economia mexicana a partir da criação do NAFTA.


Citação de: cínico

o objetivo de dois países num livre-comércio não é a competição de um com o outro, mas a mútua cooperação.


Diga isto para os Estados Unidos. Este país não se importa se seus parceiros comerciais do sul estão mais pobres ou mais ricos. Ele quer é ganhar. A única preocupação dele é conter a entrada dos pobres em seu território.




Citação de: cínico

não querem por motivos óbvios, haveria um intenso fluxo de migração e as cidades norte-americanas ficariam inchadas e sofreriam todos os problemas de crescimento desordenado. o livre comércio é o primeiro passo. depois, com o livre comércio, se os países latino-americanos desenvolverem uma boa situação socio-econômica, pode-se pensar em uma união aduaneira, já que a emigração daqui não seria muito justificada.


Outra solução, os países da América Latina passam a formar um bloco, onde em comum acordo e sem uma superpotência para ditar as regras, eles convergem suas economias, adotam políticas comuns nos campos econômicos , fiscais e tributários. Ganham com a economia de escala, protegem suas industrias nascentes e se preparam para competir no comércio mundial.

Depois, já fortalecidos, os países da América Latina pode conversar de igual para igual com os Estados Unidos.
Claudio Loredo

 

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