não querem por motivos óbvios, haveria um intenso fluxo de migração e as cidades norte-americanas ficariam inchadas e sofreriam todos os problemas de crescimento desordenado. o livre comércio é o primeiro passo. depois, com o livre comércio, se os países latino-americanos desenvolverem uma boa situação socio-econômica, pode-se pensar em uma união aduaneira, já que a emigração daqui não seria muito justificada.
Como você vê, os EUA não podem estabelecer livre circulação de pessoas com o México. O que mostra que são parceiros totalmente desiguais. Impedindo, inclusive, que o NAFTA avance mais.
Numa negociação, quando um lado é muito mais forte do que o outro, este lado tende a impor suas condições. Por isso, no NAFTA quem manda são os EUA, pois o México não consegue se impor. Tendo que se subordinar aos interesses norte americanos que são: exportar seus serviços para lá (seguros, bancos, escolas etc.), obter mão-de-obra barata e realizar investimentos diretos (implantação de fabricas e maquiladoras). O que interessa para os EUA é reorganizar a região de acordo com os seus interesses.
Os países atualmente se integram uns com os outros e formam blocos econômicos. Nesses blocos os países agem de comum acordo para o desenvolvimento de todos. Mas para isto é necessário haver convergência de suas economias. O que demanda livre circulação de pessoas, para que haja equilíbrio no bloco. No Nafta não existe isto.
Não há como um país pobre como o México competir com uma superpotência nos setores industriais e de serviços. Por isso, não dá para pensar numa melhoria da situação econômica a partir de um livre comércio do tipo norte-sul. Sempre haverá assimetria entre as economias o que sempre impedirá a livre circulação de pessoas.
O México até poderia competir com os Estados Unidos no setor agrícola. Mas, os EUA mantém protecionismo aos produtos agrícolas e paga subsídios aos agricultoras que possuem grande lobby no congresso americano e esperneiam por qualquer perda possível.
então 500 mil empregos só foram criados na indústria e 1,3 milhões foram perdidos na agricultura?
não é desonestidade (não sua, mas do artigo em questão), apontar 500mil empregos criados e 1,3 perdidos?
veja só:
"O comércio, segundo Mateo, ajuda na produtividade e na criação de empregos. “Metade dos empregos criados nos últimos anos foram gerados nas empresas exportadoras, que pagam melhores salários”, argumenta.
Pelo menos 1,2 milhão de empregos foram gerados a partir da criação do Nafta, mas o desemprego ainda é de 4% no México e os salários continuam baixos, estimulando a imigração. "
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2003/11/031113_alcamexicors.shtml
ou seja, 1,2 empregos foram gerados, mas metade (600 mil) atribui-se ao nafta. quantos destes 1,3 mi perdidos podem ser atribuídos ao nafta?
Todos os 600 mil empregos perdidos podem ser atribuídos ao NAFTA. Uma vez que o México concordou em comprar produtos agrícolas americanos que usam alta tecnologia, mas é impedido de vender seus produtos agrícolas mais competitivos aos EUA.
Só o fato do desemprego e da concentração de rendas ter aumentado no México, já é um indicador de que não houve melhorias para a sociedade mexicana com o NAFTA.
epa.. que eu saiba, o pib diz respeito ao que é criado no país, por isso Produto Interno Bruto. o que diz respeito às atividades externas é o pnb, produto nacional bruto. estou errado?
Sim, foi o que eu disse. No PIB se computa tudo produzido num país. No PNB se computa só o que é produzido no país por empresas nacionais. O primeiro aumentou, mas o segundo diminuiu. O que mostra que as maquiladoras, responsáveis pela metade das exportações mexicanas, exercem grande influência sobre o PIB. Mas, as empresas mexicanas estão perdendo muito terreno.
pelo contrário. pelo que sondei, o maior problema do nafta é justamente a falta de livre-comércio. parece que o acordo é cheio de buracos... o protecionismo
norte-americano ainda não acabou.
Exatamente. O NAFTA está sendo ruim para o México porque o protecionismo norte americano não acabou.
Se houvesse liberação total do comércio EUA-México seria ótimo para o México, mas não há. Os EUA só liberaram o comércio com o México nos pontos interessantes para eles mesmos. Ou seja, naqueles pontos onde eles sabiam que teriam ganhos. Nos pontos onde eles enxergaram que teriam perda, o protecionismo continuou.
como não trouxe aumento do pib? já disse um pouco pra cima do grande aumento do pib mexicano nos ultimos 10 anos....
sobre a desigualdade social mexicana, concordo que é ainda é alta (ainda que, imagino, menor que a nossa). mas que aumentou da criação do nafta pra cá, isso precisa de fontes, não precisa?
e sobre a queda dos salários reais... não devemos nos esquecer da crise do peso em 95.
Como falei acima o aumento do PIB foi devido a ação das maquilidoras. Mas essas empresas acrescentam muito pouco a economia mexicana. Uma vez que elas não agregam outras atividades econômicas dentro do território mexicano. Se você tirar as maquiladoras do PIB, o PIB diminuiu desde 1994.
Segundo Samuel Pinheiro Guimarães, embaixador brasileiro, em artigo disponível em:
http://resistir.info/brasil/alca_retirada_conversacoes.html
"A economia mexicana é hoje dependente do mercado americano para cerca de 90% das suas exportações e 80% de suas importações e, portanto, seu crescimento depende do crescimento americano. Tornou-se uma economia dependente de um só país quando o ideal para a estabilidade econômica do processo de desenvolvimento é a diversificação de fornecedores e de compradores externos de um país e de sua pauta de exportação.
A concentração de renda e de riqueza se agravou no México, o salário médio real do trabalhador caiu desde 1994, a questão social é gravíssima, segundo declarações do próprio Presidente Fox e a economia se desnacionalizou e regrediu industrialmente. Agora, para culminar, as industrias maquiladoras abandonam o México em direção à Ásia. Nos últimos doze meses, o México perdeu 25% das empresas “maquiladoras” e 500 mil empregos dos 1,2 milhões que teriam sido gerados pelo NAFTA"
A crise do peso de 1995 foi ocasionada pela vulnerabilidade existente na economia mexicana a partir da criação do NAFTA.
o objetivo de dois países num livre-comércio não é a competição de um com o outro, mas a mútua cooperação.
Diga isto para os Estados Unidos. Este país não se importa se seus parceiros comerciais do sul estão mais pobres ou mais ricos. Ele quer é ganhar. A única preocupação dele é conter a entrada dos pobres em seu território.
não querem por motivos óbvios, haveria um intenso fluxo de migração e as cidades norte-americanas ficariam inchadas e sofreriam todos os problemas de crescimento desordenado. o livre comércio é o primeiro passo. depois, com o livre comércio, se os países latino-americanos desenvolverem uma boa situação socio-econômica, pode-se pensar em uma união aduaneira, já que a emigração daqui não seria muito justificada.
Outra solução, os países da América Latina passam a formar um bloco, onde em comum acordo e sem uma superpotência para ditar as regras, eles convergem suas economias, adotam políticas comuns nos campos econômicos , fiscais e tributários. Ganham com a economia de escala, protegem suas industrias nascentes e se preparam para competir no comércio mundial.
Depois, já fortalecidos, os países da América Latina pode conversar de igual para igual com os Estados Unidos.