Nightstalker, são alguns os pontos levantados no recorte que são dignos de comentário. Mas como vértebra do artigo não dá para deixar de se notar o desvio de raciocínio mor de quem situa o nazi-fascismo na esquerda: tabelar liberdade pessoal, democracia e direito à propriedade como ideais intrínsecos e irrevogáveis da direita e vice-versa. Baseado nestes conceitos realmente nem Hitler nem Pinochet nem Franco nem Bush nem Salazar podem ser classificados à direita. Deveriam ser alocados no mesmo posto que Stalin e Mao, alí no cantinho reservado à escória política da humanidade.
A intervenção de Hitler na economia não tinha fins classistas, não visava reduzir (muito menos eliminar) a diferença entre os estratos sociais pela lei, mas pelo acordo entre as partes (lembram de algum sistema ideológico?). A reforma-agrária de Hitler não tinha fins de redistribuição de terra entre a população, mas meramente aproveitar as terras dos judeus que ficariam sem dono após o seu desaparecimento (esta sim a meta do fascismo alemão). As terras de alemães não foram tocadas.
Para mim não haveria nenhum problema em reconhecer em Hitler um socialista. Mao, por exemplo, para mim foi um monstro tão perverso quanto Hitler. Não digo, e nunca ví nenhum socialista negá-lo a esquerda. Também não vejo enciclopédias o definindo como ultradireitista, nem jornais burgueses dando redações como "grupos de extrema-direita que apoiam Fidel Castro...", nem percebo a ocorrência de trabalhos acadêmicos aos milhares relacionando Stalin à ideologia de extrema-direita. Ora, se existe uma conspiração universal para transformar um ícone da esquerda em vergonha da direita, não seria sensato que este aparato todo fosse usado para "endireitar" outros tantos monstros vermelhos?
Mas já que a discussão é se Hitler era ou não socialista ou marxista ou de esquerda, que tal uma entrevista cybermediúnica com o próprio tinhoso?
Eu: Senhor Adolf, alguns pensadores afirmam que o senhor era marxista outros que se aproximava da direita e terceiros que não o veem nem de um lado nem de outro, o que o senhor tem a declarar sobre esta controvérsia?
Hitler: Abriram-se-me os olhos para dois perigos que eu mal conhecia pelos nomes e que, de nenhum modo, se me apresentavam nitidamente na sua horrível significação para a existência do povo germânico: marxismo e judaísmo.
Eu: Muitas pessoas se referem ao marxismo como se o mesmo representasse exclusivamente o comunismo que vimos na URSS. Esta sua declaração tem como base esta visão ou ela se aplica a outras formas de política influenciadas por Karl Marx?
Hitler: A atividade da social-democracia não me parecia antipática. Como esse movimento se preocupava em melhorar as condições vitais do operariado - como eu acreditava na minha ingenuidade de outrora - pareceu-me melhor falar a seu favor do que contra. O que mais me afastava da social-democracia era sua posição de adversária em relação ao movimento pela conservação do espírito germânico, a deplorável inclinação em favor dos "camaradas" eslavos que só aceitavam esse alerta quando era acompanhado de concessões práticas, repelindo-o, arrogantes e orgulhosos, quando não viam interesses. Davam, assim, ao importuno mendigo a paga merecida.
Na idade de dezessete anos, a palavra marxismo era-me pouco conhecida, enquanto socialismo e social-democracia pareciam-me concepções idênticas. Foi preciso, também, nesse caso, que o punho forte do destino me abrisse os olhos para essa maldita maneira de ludibriar o povo.
Até então eu só tinha contato com a social-democracia como observador em algumas demonstrações coletivas, sem possuir nenhuma idéia da mentalidade de seus adeptos ou da essência da doutrina. De repente. pude sentir os efeitos de sua doutrinação e de sua maneira de encarar o mundo. O que, talvez só depois de dezenas de anos, tivesse acontecido, aprendi agora no decurso de poucos meses, isto é, a verdadeira significação de uma peste ambulante sob a máscara de virtude social e amor ao próximo e da qual se deve depressa libertar a terra, pois, ao contrário, muito facilmente a humanidade será por ela imolada.Eu: Há ainda que veja em seu pensamento uma substituição da figura do capitalista (combatido no regimes marxistas) pela figura do judeu. O judeu teria sido combatido pelo senhor não por ser judeu, mas por representar a classe dominante capitalista. O que o senhor tem a dizer sobre esta percepção dos fatos? Ela faz sentido?
Hitler: Meu filho, pouco antes de dar início a minha carreira política, vencendo a minha relutância, tentei ler essa espécie de imprensa marxista, mas a repulsa por ela crescia cada vez mais. Esforcei-me por conhecer mais de perto os autores dessa maroteira e verifiquei que, a começar pelos editores, todos eram judeus.
Examinei todos os panfletos sociais-democráticos que pude conseguir e, invariavelmente, cheguei à mesma conclusão: todos os editores eram judeus. Tomei nota dos nomes de quase todos os líderes e, na sua grande maioria, eram do "povo escolhido", quer se tratasse de membros do "Reichscrat", de secretários dos sindicatos, de presidentes de associações ou de agitadores de rua. Em todos encontravam-se sempre a mesma sinistra figura do judeu. Os nomes de Austerlitz, David, Adler, Ellenbogen etc., ficarão eternamente na minha memória.Eu:Se não era ao capitalismo internacional e francamente aberto e nem a qualquer modo de economia de viés marxista que o senhor ensejava levar o III Reich, então como o senhor descreveria o seu projeto econômico para aquela nação?
-Hitler:Conquanto eu me tivesse ocupado outrora do exame dos problemas econômicos, nunca tinha ultrapassado os limites de certas considerações despertadas pelo estudo das questões sociais.
Somente mais tarde alargaram-se os meus horizontes com o exame da política de aliança da Alemanha. Essa política, em grande parte, era o resultado de uma falsa avaliação do problema econômico, bem como da falta de clareza quanto às possíveis bases de subsistência do povo alemão no futuro. Todas essas idéias, porém, eram baseadas ainda na opinião de que, em todo o caso, o capital era somente o produto do trabalho e, portanto, como este mesmo sujeito à correção de todos aqueles fatores que desenvolvem ou restringem a atividade humana. Ai então estaria a significação nacional do capital. Ele dependia de uma maneira tão imperiosa da grandeza, liberdade e poder do Estado, portanto da Nação, que a reunião dos dois por si mesma estava destinada a guiar o Estado e a Nação, impulsionados ambos pelo capital, pelo simples instinto de conservação e de multiplicação. Essa dependência do capital em relação ao Estado livre forçava aquele a, por seu lado, intervir pela liberdade, pelo poder, e grandeza da Nação.
O problema do Estado em relação ao capital tornava-se assim simples e claro. Ele só teria de fazer com que o capital se mantivesse a serviço do Estado e evitar que esse se convencesse de que era o dono da nação. Essa atitude podia-se manter em dois limites: conservação de uma economia viva nacional e independente, de um lado, garantia de direitos sociais dos empregados, de outro lado.
Anteriormente eu não tinha conseguido ainda distinguir, com a clareza que seria de desejar, a diferença entre o capital considerado como resultado final do trabalho produtivo, e o capital cuja existência repousa exclusivamente na especulação.
Esta diferença foi exaustivamente tratada e esclarecida por Gottfied Feder, professor em um dos cursos já por mim citados.
Pela primeira vez na minha vida, assisti a uma exposição de princípios relativa ao capital internacional, no que diz respeito a movimentos de bolsa e empréstimos.
Depois do ter ouvido a primeira preleção de Feder, passou-me imediatamente pela cabeça a idéia de ter então encontrado uma das condições básicas para a fundação de um novo partido.
Aos meus olhos o mérito de Feder consistia em ter pintado, com as cores mais fortes, o caráter especulativo, assim como econômico, do capital internacional e ter mostrado a sua eterna preocupação de juros.
As suas exposições eram tão certas em todas as questões fundamentais, que os críticos das mesmas desde logo combatiam menos a veracidade teórica da idéia do que a possibilidade prática de sua execução. Assim, aquilo que aos olhos de outros era considerado o lado fraco das idéias de Feder, constituía aos meus o seu ponto mais forte. -Eu: Un Hun

Ainda me ficou confuso um pouco senhor, então o senhor não propõe uma extinção do modo burguês de produção nem a sua limitação, mas a sua reforma no sentido de que este tal modo venha a beneficiar, naturalmente, a sociedade alemã?
-Hitler: É verdade que o calamitoso exército dos nossos burgueses de hoje não entenderá isso. Eles encolherão os ombros ou sairão sempre com as suas eternas evasivas. Dirão: "isso é muito bonito mas é irrealizável". No mundo deles, isso é, de fato, impossível, pois não têm capacidade para esse sacrifício. Eles só têm uma preocupação - o seu próprio eu. O seu único Deus é o dinheiro. Mas nos não nos dirigimos a esses e sim às grandes legiões daqueles que, por demasiado pobres, vêem na sua própria vida a única felicidade e que não têm como Deus o dinheiro, mas possuem outras crenças. Sobretudo à mocidade alemã, é que nos dirigimos. A juventude alemã, de futuro, ou constrói um novo Estado nacionalista ou será a última testemunha da derrocada, do fim do mundo burguês.
Quando uma geração sofre de certos males que ela conhece e contenta-se, como é o caso atual do mundo burguês, em declarar levianamente que nada se pode fazer, está fatalmente condenada à destruição.
Eu, porém, gostaria de lembrar o que propús, Daniel, como caminho para o desenvolver da economia alemã: em lugar da grande luta em massa dos dois grandes grupos - empregadores e empregados - (luta que prejudica a comunidade nacional toda em conseqüência da diminuição da produção que ela acarreta) o cuidado e a proteção dos direitos de todos. Às Câmaras Econômicas, propriamente ditas, caberia o dever de conservar em andamento a economia nacional e de eliminar essas faltas e erros prejudiciais. O que,era disputado na luta e nos combates de milhões, sê-lo-ia, nas câmaras de classes e no parlamento econômico central, aí deveria se encontrar a sua solução. Com isso os empresários e operários não se lançariam furiosamente mais uns contra os outros em luta tarifária e salarial, prejudicando a existência econômica de ambos, mas entregam a solução desse problema a uma autoridade mais alta, a qual deveria ter sempre a flutuar diante dos seus olhos, em letras bem luminosas, o bem-estar da comunidade nacional e do Estado.Eu: O senhor citou várias vezes Marx e sua ideologia, sempre os condenando. Mas existem muitos ideólogos além de Marx que exerceram forte influência na economia da primeira metade do século XX, o senhor tem alguma crítica a fazer a eles?
Hitler: Sobre isto eu gostaria de não falar, Daniel.-Eu: Qual a sua percepção sobre a liberdade de idéias que se instalou na Europa no entreguerras?
Hitler:A Democracia do ocidente foi a precursora do marxismo, que sem ela seria inconcebível. Ela ofereceu um terreno propicio, no qual conseguiu desenvolver-se a epidemia. Na sua expressão externa - o parlamentarismo - apareceu como um mostrengo "de lama e de fogo", no qual, a pesar meu, o fogo parece ter-se consumido depressa demais. Sou muito grato ao destino por ter-me apresentado essa questão a exame, anteriormente em Viena, pois cismo que, na Alemanha, não poderia tê-la resolvido tão facilmente. Se eu tivesse reconhecido em Berlim, pela primeira vez, o absurdo dessa instituição chamada Parlamento, teria talvez caldo no extremo oposto e, sem aparente boa razão, talvez me tivesse enfileirado entre aqueles a cujos olhos o bem do povo e do Império está na exaltação da idéia imperial e que assim se põem, cegamente, em oposição à humanidade e ao seu tempo.Leia mais sobre Hitler e seu pensamento em
Mein Kampf.