Autor Tópico: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão  (Lida 3131 vezes)

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Offline calvino

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China é a 2ª maior economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão




Mas, enquanto no Japão e nos Estados Unidos o crescimento econômico se traduz em qualidade de vida para a população, na China a situação é muito diferente. A renda per capta dos japoneses é de 32.443 dólares por ano. E, nos EUA, de 46.436 dólares. Já no gigante asiático, a renda per capta é de 6.675 dólares por ano. A desigualdade social no país é flagrante – e ficou ainda mais acentuada com o crescimento vertiginoso. Na China, há dezenas de bilionários que se beneficiaram da abertura econômica das últimas três décadas, mas há também 1,3 bilhão de pessoas cuja renda está entre as mais baixas do mundo.


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"Se a moralidade representa o modo como gostaríamos que o mundo funcionasse, a economia representa o modo como ele realmente funciona" Freakonomics.

Offline uiliníli

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #1 Online: 16 de Agosto de 2010, 16:51:03 »
Mas imagina quando eles aprenderem com os japoneses e começarem a comer mais carne, andar de carro, consumir mais eletricidade... O planeta aguenta? Mahatma Gandhi já disse 50 anos atrás que "A Grã-Bretanha precisou de metade dos recursos do planeta para alcançar a prosperidade; quantos planetas não seriam necessários para que um país como a Índia alcançasse o mesmo patamar?"

Naquela época os ingleses provavelmente riram da cara dele, acharam o careca só podia estar delirando em achar que a Índia pudesse sonhar em atingir o patamar de consumo da Inglaterra. Mas hoje a realidade é outra e estamos vendo aí China e Índia e mais uma penca de países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, trazendo 3 bilhões de almas aspirando ao mesmo legítimo desejo de fartura que os países ricos desfrutaram no século passado. E agora José?

Com metade da humanidade vivendo abaixo da linha de pobreza, já se consomem 25% a mais do que a Terra consegue renovar. A Europa e os EUA, apesar de terem só 1/5 da população do planeta, consomem 70 % da energia, 75 % dos metais e 85 % da madeira produzidos no mundo, de onde vamos tirar madeira para suprir a parte que cabe à China agora? Pois é, de lá mesmo de onde vocês estão pensando. A "boa" notícia é que abre mais espaço para plantar soja e criar gado (que nos EUA, por exemplo, come 90 % da soja, assim como 90 % do milho produzidos), já que os chineses também precisam comer (e em breve os japoneses também precisarão, já que há previsões de que todas as espécies comerciais de peixes de água salgada estarão extintas em 2050, podem googlar).

Estamos chegando perto de uma situação insustentável e eu nem mencionei o aquecimento global ainda. Nessas horas sempre aparece alguém para dizer que o que estou falando é alarmismo, que há séculos malthusianos e neomalthusianos profetizam o apocalipse e a ciência sempre salva nossa pele. Será verdade? Acho que essas pessoas ainda não perceberam, mas a verdade é que o apocalipse já aconteceu e está acontecendo aí fora. É que de nossas casas confortáveis nós não percebemos, mas agora mesmo no mundo 1/3 da população mundial não tem acesso a água potável, e serão 45 % em 2050, segundo estimativas da ONU. Hoje mesmo 1,2 bilhões de pessoas sobrevivem com menos de um dólar por dia e 12 crianças morrem de fome por minuto, ou seja, uma a cada 5 segundos. E muitos dos países onde vivem a maior parte dessas crianças são, pasmem, exportadores de alimentos. Eu daria um bife para quem adivinhasse para onde vão esses alimentos, mas é muito fácil: eles vão servir de ração animal na Europa.

É extremamente preocupante constatar que dar dignidade para essas pessoas não é uma questão de boa vontade, é uma impossibilidade física, o planeta Terra não suporta isso. Devemos urgentemente rever nossos hábitos de vida e de consumo, e lamento informar aos meus colegas churrasqueiros do fórum que cedo ou tarde isso implicará inclusive em abandonar o consumo diário de carne. A ONU já recomendou em junho passado um esforço global para adotar uma dieta vegana(Leia também). Mas se você faz questão de ter carne no seu dia-a-dia e ao mesmo tempo quer salvar o planeta, existe outra opção: No fim do mês passado a FAO recomendou a ingestão de insetos para combater o aquecimento global.
« Última modificação: 16 de Agosto de 2010, 17:03:58 por uiliníli »

Offline Dbohr

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #2 Online: 16 de Agosto de 2010, 17:26:35 »
Hora de colonizar o resto do Universo. Hawking estava certo...

Offline Dbohr

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #3 Online: 16 de Agosto de 2010, 17:52:42 »
Agora, uili, me diga uma coisa: se o mundo se tornasse vegan amanhã, quantos poderíamos sustentar em qual nível de consumo? E o que dizer do desenvolvimento industrial de Índia e China (nem falo do Brasil)?

Offline Hold the Door

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #4 Online: 16 de Agosto de 2010, 19:26:44 »
Comentário em um dos links postados pelo uili:

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“If everyone became vegan and so ate only fruit and vegetables, then the reduction in greenhouse emissions for the whole of food consumption would be a mere 7%. The widespread adoption of vegetarianism would have even less impact, while organic food production actually leads to a net increase in greenhouse gas emissions. Those are the conclusions of a research paper published in the journal Progress in Industrial Ecology.” Source: http://www.sciencedaily.com/releases/2010/04/100401101521.htm
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Offline Hold the Door

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #5 Online: 16 de Agosto de 2010, 19:32:06 »
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Mas, enquanto no Japão e nos Estados Unidos o crescimento econômico se traduz em qualidade de vida para a população, na China a situação é muito diferente. A renda per capta dos japoneses é de 32.443 dólares por ano. E, nos EUA, de 46.436 dólares. Já no gigante asiático, a renda per capta é de 6.675 dólares por ano. A desigualdade social no país é flagrante – e ficou ainda mais acentuada com o crescimento vertiginoso. Na China, há dezenas de bilionários que se beneficiaram da abertura econômica das últimas três décadas, mas há também 1,3 bilhão de pessoas cuja renda está entre as mais baixas do mundo.

Eu não posso deixar de pensar em quanto essa situação é tragicamente irônica, considerando a proposta do socialismo e suas críticas ao capitalismo...
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Offline calvino

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #6 Online: 16 de Agosto de 2010, 19:38:39 »
Comentário em um dos links postados pelo uili:

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“If everyone became vegan and so ate only fruit and vegetables, then the reduction in greenhouse emissions for the whole of food consumption would be a mere 7%. The widespread adoption of vegetarianism would have even less impact, while organic food production actually leads to a net increase in greenhouse gas emissions. Those are the conclusions of a research paper published in the journal Progress in Industrial Ecology.” Source: http://www.sciencedaily.com/releases/2010/04/100401101521.htm

Meu inglês é um lixo, mas aí diz que a redução do impacto seria de meros 7%?
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Offline Geotecton

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #7 Online: 16 de Agosto de 2010, 19:47:16 »
Comentário em um dos links postados pelo uili:

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“If everyone became vegan and so ate only fruit and vegetables, then the reduction in greenhouse emissions for the whole of food consumption would be a mere 7%. The widespread adoption of vegetarianism would have even less impact, while organic food production actually leads to a net increase in greenhouse gas emissions. Those are the conclusions of a research paper published in the journal Progress in Industrial Ecology.” Source: http://www.sciencedaily.com/releases/2010/04/100401101521.htm

Meu inglês é um lixo, mas aí diz que a redução do impacto seria de meros 7%?

Sim!
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Offline uiliníli

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #8 Online: 16 de Agosto de 2010, 19:54:01 »
Agora, uili, me diga uma coisa: se o mundo se tornasse vegan amanhã, quantos poderíamos sustentar em qual nível de consumo? E o que dizer do desenvolvimento industrial de Índia e China (nem falo do Brasil)?

Eu lembro de já ter visto um número assim em algum lugar, de qual população seríamos capazes de alimentar se todas as terras destinadas a pecuária fossem substituídas por culturas vegetais, mas não encontrei a página... Mas vou dar três estatísticas para você refletir.

Primeiro: Estima-se que em 2011 a população mundial atingirá 7 bilhões de pessoas. Lembra que eu mencionei que há 1,2 bilhões de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia? Essas pessoas competem por comida com 1,3 bilhões de cabeças de gado (detalhe que no Brasil há tanto gado quanto gente, são 187 milhões de cabeças), ou seja, para cada pessoa no mundo abaixo da linha de pobreza extrema, há um boi gordo e bem alimentado.

Segundo: Você com certeza está ciente do conceito de "pirâmide trófica," ou seja, para cada nível que se sobe na cadeia alimentar o aproveitamento de energia é menor. Por exemplo, para fazer um boi ganhar 1 kg de biomassa, é preciso alimentá-lo com 7 kg de grãos (além de se gastar 20 m³ de água, incluindo irrigação), segundo a Wikipedia. Repare que eu falei em biomassa, o que inclui pele, osso, vísceras... Considerando a carne boa, apropriada para consumo, a proporção é de 1 kg de carne bovina para 12 kg de grãos.

Uma reportagem da Revista Época de abril de 2007 apresenta a seguinte conta: "A produção de grãos de uma fazenda com 100 hectares pode alimentar 1.100 pessoas comendo soja, ou 2.500 com milho. Se a produção dessa área for usada para ração bovina ou pasto, a carne produzida alimentaria o equivalente a oito pessoas. A criação de frangos e porcos também afeta as florestas. Para alimentar esses animais, é necessário derrubar árvores para plantar soja e produzir ração. Mas, na relação custo-benefício entre espaço, recursos naturais e ganho calórico, o boi é o pior." (eu confesso que já encontrei estatísticas bem mais conservadras, em vez dessa proporção de 100 a 300 pessoas alimentadas com grãos para cada uma alimentada com carne, eu tinha encontrado em outra fonte uma proporção mais modesta de 12 para 1, mas não encontrei mais essa referência.)

Terceiro: 2/3 das terras agricultáveis do mundo são destinadas a pecuária. Não achei essa referência, mas achei a do Brasil: Segundo o Censo Agropecuário de 2006, aqui as pastagens ocupam 172 milhões de hectares, enquanto que as pastagens ocupam 77 milhões, ou seja, aqui a proporção é até ligeiramente maior que 2/3.

Offline uiliníli

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #9 Online: 16 de Agosto de 2010, 20:03:21 »
Não acho que uma redução de 7% seja um número pequeno, se é que esse número está certo. Considerando que a pecuária é responsável por 18 % das emissões de gases estufa, gostaria de saber o destino dos outros 11 %. Mas há outros fatores que devem ser considerados, como destruição das florestas para expandir as pastagens e as lavouras de soja, uso de água (gasta-se 10 vezes mais água para produzir 1 kg de proteína animal do que para produzir a mesma quantidade de proteína vegetal), poluição das águas (dejetos orgânicos de origem pecuária são responsáveis por 50 % da contaminação das águas continentais), além das considerações sobre eficiência energética e sustentabilidade apresentadas no meu post anterior.

Offline Geotecton

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #10 Online: 16 de Agosto de 2010, 20:10:59 »
Caro uilníli

Voce já mencionou anteriormente, mas não custa repetir:

Tem de haver uma redução drástica na população mundial e do padrão de consumo, ou seja é necessária uma mudança gigantesca no padrão de civilização, para preservar os biomas remanescentes e para aliviar a pressão sobre as partes já degradas e voltadas para a produção.

Se não forem adotados estes procedimentos, será o desastre.


P.S.

Eu acho que eles não serão adotados.
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Offline uiliníli

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #11 Online: 16 de Agosto de 2010, 20:24:49 »
Caro uilníli

Voce já mencionou anteriormente, mas não custa repetir:

Tem de haver uma redução drástica na população mundial e do padrão de consumo, ou seja é necessária uma mudança gigantesca no padrão de civilização, para preservar os biomas remanescentes e para aliviar a pressão sobre as partes já degradas e voltadas para a produção.

Se não forem adotados estes procedimentos, será o desastre.


P.S.

Eu acho que eles não serão adotados.

Eu só discordo de uma coisa, Geo: Todas essas medidas de controle de natalidade e mudança de hábitos de consumo serão adotadas. A diferença é que hoje temos a opção de mudar, no futuro nós seremos forçados a isso.

Offline Gaúcho

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #12 Online: 16 de Agosto de 2010, 20:29:25 »
Não entendi. O mundo vai entrar em colapso em 2050, bilhões irão morrer, e poucas pessoas iluminadas se deram conta disso?
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Geotecton

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #13 Online: 16 de Agosto de 2010, 20:32:09 »
Não entendi. O mundo vai entrar em colapso em 2050, bilhões irão morrer, e poucas pessoas iluminadas se deram conta disso?

Sapo em fervura lenta.
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Offline uiliníli

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #14 Online: 16 de Agosto de 2010, 20:48:31 »
Não entendi. O mundo vai entrar em colapso em 2050, bilhões irão morrer, e poucas pessoas iluminadas se deram conta disso?

Não. O que eu mostrei com dados objetivos é que em 2050 haverão 10 bilhões de pessoas no planeta, quase metade delas não vai ter acesso a água potável e todas as espécies comerciais de peixes marinhos estarão extintos. Também citei que hoje o consumo de recursos naturais é 25 % maior que a capacidade da Terra de repô-los e que o crescimento econômico dos países emergentes vai aumentar ainda mais essa pressão. No que tange especificamente ao problema dos alimentos (e há muitos, muitos outros), citei opiniões de especialistas (ou iluminados, como preferir) de organizações respeitáveis como o IPCC e a FAO (ligados à ONU) sugerindo que o consumo diário de carne seja evitado como alternativa para minimizar efeitos nefastos inclusive no clima. O link que o Ângelo Melo citou mencionando efeito da redução do consumo de carne sobre o clima é relativamente pequeno (embora não me pareça desprezível) levanta questões interessantes, mas eu considero que há outros argumentos que pesam pela adoção da dieta vegetariana ou pelo menos a redução do consumo de carne, como a preservação das florestas e dos oceanos, diminuição do consumo e da poluição das águas (lembra que 1/3 da população mundial hoje não tem acesso a água potável?), entre outros. Um outro fator importante que esqueci de mencionar antes é a inflação no preço dos alimentos que vem acontecendo nos últimos anos e que vai continuar enquanto as economias emergentes continuarem crescendo. O aumento nos preços dos alimentos só como consequência jogar mais gente para baixo do limiar de pobreza e a diminuição no consumo de carne é uma alternativa para aumentar a oferta de comida no mundo e reduzir seus preços.

Offline Hold the Door

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #15 Online: 16 de Agosto de 2010, 20:54:48 »
Não acho que uma redução de 7% seja um número pequeno, se é que esse número está certo. Considerando que a pecuária é responsável por 18 % das emissões de gases estufa, gostaria de saber o destino dos outros 11 %. Mas há outros fatores que devem ser considerados, como destruição das florestas para expandir as pastagens e as lavouras de soja, uso de água (gasta-se 10 vezes mais água para produzir 1 kg de proteína animal do que para produzir a mesma quantidade de proteína vegetal), poluição das águas (dejetos orgânicos de origem pecuária são responsáveis por 50 % da contaminação das águas continentais), além das considerações sobre eficiência energética e sustentabilidade apresentadas no meu post anterior.
Bem, eu também duvido da exatidão desse número de 18% relativo a pecuária. Neste gráfico não consegui encontrar dados a respeito, mas é relevante o fato de que a agricultura aparece com um 13,5%. Ou seja, uma boa parte dos gases vem de fato do cultivo de grãos para alimentar o gado.

Então, mesmo que seja 18%, com o fim da pecuária esse número não sumiria magicamente. Apenas a parte relativa a carne em si cessaria, mas a parte relativa ao cultivo continuaria, o que reduziria o impacto da medida.

De qualquer forma a medida é apenas paliativa, já que apenas adiaria o colapso. E mesmo que todo mundo parasse de comer carne nesse momento, ainda assim haveria por anos um enorme rebanho que precisa ser alimentado, que continuaria a gerar despesas e emissão de gases.
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Offline Geotecton

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #16 Online: 16 de Agosto de 2010, 21:04:19 »
Não entendi. O mundo vai entrar em colapso em 2050, bilhões irão morrer, e poucas pessoas iluminadas se deram conta disso?

Não. O que eu mostrei com dados objetivos é que em 2050 haverão 10 bilhões de pessoas no planeta, quase metade delas não vai ter acesso a água potável e todas as espécies comerciais de peixes marinhos estarão extintos. Também citei que hoje o consumo de recursos naturais é 25 % maior que a capacidade da Terra de repô-los e que o crescimento econômico dos países emergentes vai aumentar ainda mais essa pressão. No que tange especificamente ao problema dos alimentos (e há muitos, muitos outros), citei opiniões de especialistas (ou iluminados, como preferir) de organizações respeitáveis como o IPCC e a FAO (ligados à ONU) sugerindo que o consumo diário de carne seja evitado como alternativa para minimizar efeitos nefastos inclusive no clima. O link que o Ângelo Melo citou mencionando efeito da redução do consumo de carne sobre o clima é relativamente pequeno (embora não me pareça desprezível) levanta questões interessantes, mas eu considero que há outros argumentos que pesam pela adoção da dieta vegetariana ou pelo menos a redução do consumo de carne, como a preservação das florestas e dos oceanos, diminuição do consumo e da poluição das águas (lembra que 1/3 da população mundial hoje não tem acesso a água potável?), entre outros. Um outro fator importante que esqueci de mencionar antes é a inflação no preço dos alimentos que vem acontecendo nos últimos anos e que vai continuar enquanto as economias emergentes continuarem crescendo. O aumento nos preços dos alimentos só como consequência jogar mais gente para baixo do limiar de pobreza e a diminuição no consumo de carne é uma alternativa para aumentar a oferta de comida no mundo e reduzir seus preços.

Ao meu ver a situação caminha para um beco sem-saída.

Se a prioridade for a humanidade e ela eleger a atividade econômica como primordial, então eu não vejo, sinceramente, como preservar os biomas remanescentes.

Se a prioridade for o meio-ambiente, então não há outra alternativa que não seja um ríspido controle da taxa de fecundidade (talvez sendo necessário inclusive reduzir a quantidade de pessoas) e uma mudança brutal no padrão de civilização, principalmente a relação desta com o meio.
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Offline uiliníli

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #17 Online: 16 de Agosto de 2010, 21:27:45 »
Bem, eu também duvido da exatidão desse número de 18% relativo a pecuária. Neste gráfico não consegui encontrar dados a respeito, mas é relevante o fato de que a agricultura aparece com um 13,5%. Ou seja, uma boa parte dos gases vem de fato do cultivo de grãos para alimentar o gado.

Então, mesmo que seja 18%, com o fim da pecuária esse número não sumiria magicamente. Apenas a parte relativa a carne em si cessaria, mas a parte relativa ao cultivo continuaria, o que reduziria o impacto da medida.

De qualquer forma a medida é apenas paliativa, já que apenas adiaria o colapso. E mesmo que todo mundo parasse de comer carne nesse momento, ainda assim haveria por anos um enorme rebanho que precisa ser alimentado, que continuaria a gerar despesas e emissão de gases.

Interessante, vou pesquisar de onde vem esse número de 18 % que tenho visto associado às emissões do setor da pecuária, vi citado em vários textos, mas em nenhuma tabela. De qualquer modo, emissão de gases é só uma das preocupações. A carne ainda tem impacto na inflação dos alimentos, consumo de água, preservação das florestas e dos oceanos, etc (mais detalhes no meu post anterior).

Offline Fabrício

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #18 Online: 16 de Agosto de 2010, 22:04:09 »
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Devemos urgentemente rever nossos hábitos de vida e de consumo, e lamento informar aos meus colegas churrasqueiros do fórum que cedo ou tarde isso implicará inclusive em abandonar o consumo diário de carne. A ONU já recomendou em junho passado um esforço global para adotar uma dieta vegana(Leia também).

Dieta vegana :susto:?? Que venha o apocalipse :P...
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Offline Derfel

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #19 Online: 16 de Agosto de 2010, 22:05:25 »
Como você pode ter certeza que haverá essa população em 2050? A taxa de natalidade vem caindo ano a ano mundialmente: só no Brasil a taxa é 1,8, menor que a necessária para manter a população (que deverá diminuir e não crescer). No mundo, hoje, gira em torno de 2,5, pouco acima do necessário para manter a população no atual nível (que seria 2,1). Em 2050, portanto, provavelmente a população mundial estará diminuindo e não aumentando. Além disso, não é apenas de soja ou milho que a pessoa necessita, mas também de outros nutrientes, entre os quais a carne, como fonte de proteínas. Quando o homem deixou de ser caçador-coletor e passou a ser agricultor, isso possibilitou um maior crescimento populacional, mas, ao mesmo tempo, levou a uma diminuição da saúde da população, com doenças decorrentes da subnutrição. Somente hoje, por exemplo, estamos chegando à média de altura de nossos antepassados caçadores e isso graças a uma maior disponibilidade de alimentos, principalmente carne.

Offline uiliníli

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #20 Online: 16 de Agosto de 2010, 22:34:09 »
Como você pode ter certeza que haverá essa população em 2050? A taxa de natalidade vem caindo ano a ano mundialmente: só no Brasil a taxa é 1,8, menor que a necessária para manter a população (que deverá diminuir e não crescer). No mundo, hoje, gira em torno de 2,5, pouco acima do necessário para manter a população no atual nível (que seria 2,1). Em 2050, portanto, provavelmente a população mundial estará diminuindo e não aumentando.

De onde são esses dados? As estimativas que forneci são da ONU. O gráfico aqui mostra três projeções diferentes da ONU, a mais baixa dá conta de uma população de 7,5 bi em 2050, a média dá 9 bi e a alta dá 11 bi. A fertilidade tem caído nos países desenvolvidos, principalmente na Europa. Nos países pobres, pelo contrário, as taxas de fertilidade são altíssimas e impulsionam o aumento da população mundial, como se vê neste mapa. As estimativas da ONU traçam o seguinte panorama:
População por continete em milhões
 Ano  ASI  AFR  EUR  AML  AMN  OCE  TOT
2010 4167 1033  733  589  352  036 6909  
2050 5231 1988  691  729  448  051 9150

http://en.wikipedia.org/wiki/World_population#Growth

Essas são as projeções médias da ONU. Existe uma estimativa mais otimista, mas há uma mais pessimista também. E nesta, o único continente onde haverá redução da população é a Europa, no total teremos 2,2 bilhões de pessoas a mais que hoje, se a previsão se concretizar.

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Além disso, não é apenas de soja ou milho que a pessoa necessita, mas também de outros nutrientes, entre os quais a carne, como fonte de proteínas. Quando o homem deixou de ser caçador-coletor e passou a ser agricultor, isso possibilitou um maior crescimento populacional, mas, ao mesmo tempo, levou a uma diminuição da saúde da população, com doenças decorrentes da subnutrição. Somente hoje, por exemplo, estamos chegando à média de altura de nossos antepassados caçadores e isso graças a uma maior disponibilidade de alimentos, principalmente carne.

A revolução agrícola levou a subnutrição? Acho que você quis dizer sedentarismo. A revolução agrícola aumentou a oferta de alimentos, tanto vegetais, quanto animais, graças à domesticação de espécies que antes caçávamos. Se o modo de vida sedentário levasse à desnutrição, por que os nossos antepassados caçadores-coletores teriam adotado esse estilo de vida? Acho que aconteceu foi o contrário.
Quanto a não se poder viver somente de soja ou de milho, todas as proteínas que o ser humano precisa para viver com saúde podem ser encontrados numa alimentação vegetariana, inclusive vegana. A maior deficiência da dieta vegana é a carência de vitamina B12 que precisa ser compensada com o consumo de alimentos enriquecidos com ela (leite de soja, levedura alimentar, biscoitos, etc.) ou de suplementos alimentares.

Offline Geotecton

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #21 Online: 16 de Agosto de 2010, 22:35:20 »
Como você pode ter certeza que haverá essa população em 2050? A taxa de natalidade vem caindo ano a ano mundialmente: só no Brasil a taxa é 1,8, menor que a necessária para manter a população (que deverá diminuir e não crescer). No mundo, hoje, gira em torno de 2,5, pouco acima do necessário para manter a população no atual nível (que seria 2,1). Em 2050, portanto, provavelmente a população mundial estará diminuindo e não aumentando. Além disso, não é apenas de soja ou milho que a pessoa necessita, mas também de outros nutrientes, entre os quais a carne, como fonte de proteínas. Quando o homem deixou de ser caçador-coletor e passou a ser agricultor, isso possibilitou um maior crescimento populacional, mas, ao mesmo tempo, levou a uma diminuição da saúde da população, com doenças decorrentes da subnutrição. Somente hoje, por exemplo, estamos chegando à média de altura de nossos antepassados caçadores e isso graças a uma maior disponibilidade de alimentos, principalmente carne.

Derfel

Qual a fonte da parte destacada em negrito?
Foto USGS

Offline Derfel

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #22 Online: 16 de Agosto de 2010, 22:54:18 »
Foi no documentário "Evolução: Tamanho" que vi isso.

Offline Derfel

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #23 Online: 16 de Agosto de 2010, 22:54:43 »
Deve ter no youtube, deixa eu ver...

Offline Derfel

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Re: China é a 2ª economia do mundo. Mas ainda tem muito o que aprender com o Japão
« Resposta #24 Online: 16 de Agosto de 2010, 23:01:07 »

 

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