Autor Tópico: Ato contra o golpe midiático.  (Lida 2459 vezes)

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Offline Hugo

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Ato contra o golpe midiático.
« Online: 21 de Setembro de 2010, 22:40:09 »
O Globo e o ato contra o golpe midiático


Por Altamiro Borges

O ato “contra o golpismo midiático e em defesa da democracia”, que ocorrerá nesta quinta-feira, dia 23, às 19 horas, na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, parece que incomodou o poderoso monopólio da família Marinho. O site do jornal O Globo deu manchete: “Após ataques de Lula, MST e centrais sindicais se juntam contra a imprensa”. Já o jornal impresso publicou a matéria “centrais fazem ato contra a imprensa”. Como se nota, o império global sentiu o tranco!

Diante desta reação amedrontada, é preciso prestar alguns esclarecimentos. Em primeiro lugar, o ato do dia 23 não está sendo convocado pelas centrais sindicais, MST ou partidos. Ele é organizado pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, entidade fundada em 14 de maio último, que reúne em seu conselho consultivo 54 jornalistas, blogueiros, acadêmicos, veículos progressistas e movimentos sociais ligados à luta pela democratização da comunicação. A entidade é ampla e plural, e tem todo o direito de questionar as baixarias da mídia golpista.

As mentiras sobre o protesto

As manchetes e a “reporcagem” do jornal O Globo tentam confundir os leitores. Insinuam que o protesto é “chapa-branca” e serve aos intentos do presidente Lula, que “acusa a imprensa de agir como partido político”. A matéria sequer menciona o Centro de Estudos Barão de Itararé e tenta transmitir a idéia de que o ato é articulado pelo PT, “siglas aliadas”, MST e centrais. A repórter Leila Suwwan, autora do texto editorializado, cometeu grave erro, que fere a ética jornalística.

Em segundo lugar, é preciso explicitar os verdadeiros objetivos do protesto. Ele não é “contra a imprensa”, como afirma O Globo, jornal conhecido por suas técnicas grosseiras de manipulação. É contra o “golpismo midiático”, contra a onda denuncista que desrespeita a Constituição – que fixa a “presunção da inocência” – e insiste na “presunção da culpa” que destrói reputações e não segue os padrões mínimos do rigor jornalístico – até quem saiu da cadeia é usado como “fonte”.

Falso defensor da liberdade de imprensa

O Globo insiste em se travestir como defensor da “liberdade de imprensa”. Mas este império não tem moral para falar em democracia. Ele clamou pelo golpe de 1964, construiu o seu monopólio com as benesses da ditadura e tem a sua história manchada pelo piores episódios da história do país – como quando escondeu a campanha das Diretas-Já, fabricou a candidatura do “caçador de marajás”, defendeu o modelo destrutivo do neoliberalismo ou criminaliza os movimentos sociais.

Quem defende a verdadeira liberdade de expressão, contrapondo-se à ditadura midiática, estará presente ao ato desta quinta-feira. Seu objetivo é dar um basta ao golpismo da mídia, defender a soberania do voto popular e a democracia. Ele não é contra a imprensa, mas contra as distorções grosseiras dos donos da mídia. Não proporá qualquer tipo de censura, mas servirá para denunciar as manipulações dos impérios midiáticos, inclusive dos que são concessionárias públicas.
 

 

 
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Offline _Juca_

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #1 Online: 21 de Setembro de 2010, 22:48:14 »
Countdonw para dizerem que o governo é a favor da censura.

Offline Geotecton

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #2 Online: 21 de Setembro de 2010, 22:52:37 »
O Globo e o ato contra o golpe midiático

Por Altamiro Borges
[...]
O Globo insiste em se travestir como defensor da “liberdade de imprensa”. Mas este império não tem moral para falar em democracia. Ele clamou pelo golpe de 1964, construiu o seu monopólio com as benesses da ditadura e tem a sua história manchada pelo piores episódios da história do país – como quando escondeu a campanha das Diretas-Já, fabricou a candidatura do “caçador de marajás”, defendeu o modelo destrutivo do neoliberalismo ou criminaliza os movimentos sociais.

Quem defende a verdadeira liberdade de expressão, contrapondo-se à ditadura midiática, estará presente ao ato desta quinta-feira. Seu objetivo é dar um basta ao golpismo da mídia, defender a soberania do voto popular e a democracia. Ele não é contra a imprensa, mas contra as distorções grosseiras dos donos da mídia. Não proporá qualquer tipo de censura, mas servirá para denunciar as manipulações dos impérios midiáticos, inclusive dos que são concessionárias públicas.

As críticas à rede Globo são pertinentes. Mas somente um desinformado não percebeu que a Globo televisiva manteve um grau de baixíssima hostilidade com o governo Lula. Será que o empréstimo do BNDES, que saneou as precárias finanças do grupo carioca de comunicação, teve algo haver com isto?

Outro ponto que se destaca é o viés ideológico do texto, travestido de defensor dos interesses da população, e que pode ser aferido no uso do termo "neoliberalismo", que eu pessoalmente duvido que o autor do texto tenha noção do que seja.
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Offline Geotecton

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #3 Online: 21 de Setembro de 2010, 22:56:54 »
Countdonw para dizerem que o governo é a favor da censura.

Voce já leu o texto do PNDH 3?

Há algo com que se preocupar com as liberdades individuais?

Leia e depois comente.
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Offline _Juca_

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #4 Online: 21 de Setembro de 2010, 23:00:31 »
Countdonw para dizerem que o governo é a favor da censura.

Voce já leu o texto do PNDH 3?

Há algo com que se preocupar com as liberdades individuais?

Leia e depois comente.


Já e não vi onde se justifica esse "medo". Vide que os protestos vieram dos setores mais arcaicos da nossa sociedade, como o Forças Armadas, Igreja e "grande imprensa", com destaque para a a revista Veja.

Offline Geotecton

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #5 Online: 21 de Setembro de 2010, 23:06:57 »
Countdonw para dizerem que o governo é a favor da censura.

Voce já leu o texto do PNDH 3?

Há algo com que se preocupar com as liberdades individuais?

Leia e depois comente.


Já e não vi onde se justifica esse "medo". Vide que os protestos vieram dos setores mais arcaicos da nossa sociedade, como o Forças Armadas, Igreja e "grande imprensa", com destaque para a a revista Veja.

Como faz mais de seis meses que eu li, eu não lembro dele com clareza, mas eu anotei, em algum lugar, três passagens que me deixaram muito preocupado. Vou achar as anotações, reler os trechos correspondentes, e posto mais tarde, provavelmente na noite do dia 22.
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Offline _Juca_

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #6 Online: 21 de Setembro de 2010, 23:11:37 »
Countdonw para dizerem que o governo é a favor da censura.

Voce já leu o texto do PNDH 3?

Há algo com que se preocupar com as liberdades individuais?

Leia e depois comente.


Já e não vi onde se justifica esse "medo". Vide que os protestos vieram dos setores mais arcaicos da nossa sociedade, como o Forças Armadas, Igreja e "grande imprensa", com destaque para a a revista Veja.

Como faz mais de seis meses que eu li, eu não lembro dele com clareza, mas eu anotei, em algum lugar, três passagens que me deixaram muito preocupado. Vou achar as anotações, reler os trechos correspondentes, e posto mais tarde, provavelmente na noite do dia 22.



Eu li logo depois que da pendenga, e também não lembro muito bem, mas lembro das minhas considerações.

Offline Iconoclasta SP

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #7 Online: 22 de Setembro de 2010, 11:45:28 »
O autor do texto, Altamiro Borges, é um maoísta convicto e adora Josef Stalin. Isto mostra como ele adora liberdade.

E o protesto, de fato, não é chapa-branca. Só é patrocinado pelo Banco do Brasil e tem como expoentes o Azenha e o Nassif (funcionários da TV Brasil) e o Santayana, funcionário do PT.

Como diria o Zé Dirceu, tem que controlar logo o "abuso do direito de noticiar".



Offline calvino

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #8 Online: 22 de Setembro de 2010, 11:51:24 »
O autor do texto, Altamiro Borges, é um maoísta convicto e adora Josef Stalin. Isto mostra como ele adora liberdade.

E o protesto, de fato, não é chapa-branca. Só é patrocinado pelo Banco do Brasil e tem como expoentes o Azenha e o Nassif (funcionários da TV Brasil) e o Santayana, funcionário do PT.

Como diria o Zé Dirceu, tem que controlar logo o "abuso do direito de noticiar".


:rola:

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Offline Hugo

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #9 Online: 22 de Setembro de 2010, 17:09:20 »
O autor do texto, Altamiro Borges, é um maoísta convicto e adora Josef Stalin. Isto mostra como ele adora liberdade.

E o protesto, de fato, não é chapa-branca. Só é patrocinado pelo Banco do Brasil e tem como expoentes o Azenha e o Nassif (funcionários da TV Brasil) e o Santayana, funcionário do PT.

Como diria o Zé Dirceu, tem que controlar logo o "abuso do direito de noticiar".




Mais um que acusa a fonte... e... e...
"O medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião". (Thomas Hobbes, Leviatã)

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #10 Online: 22 de Setembro de 2010, 21:29:42 »
Eu acho engraçado que tanto os mais direitistas quanto os mais esquerdistas acusem a grande mídia de ser ou esquerdista anti-democrática, ou direitista-golpista, respectivamente.

Offline Derfel

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #11 Online: 22 de Setembro de 2010, 21:54:42 »
A fonte é importante porque denota um viés. Uma matéria no site da Dilma tem um viés pró-governo e possui um objetivo político-ideológico. Os fatos podem ser verdadeiros, mas a interpretação dos fatos podem distorcê-los de uma forma ou outra. Quanto à imprensa, existe uma concentração excessiva realmente em uns poucos grupos que controlam a informação. Pior, em grupos regionais esses meios de comunicação pertencem a famílias com interesses políticos, como os Collor e Sarney. Quanto à Veja, em especial, ela possui uma linha editorial que é claramente serrista, conservadora, direitista, anti-petista. Nenhum problema quanto a isso, mas deve ser deixada clara essa linha (como é feito nos EUA) e não pousar de imparcial, coisa que não é. O mesmo pode ser dito, com sinais trocados, da CartaCapital. Curiosamente, tenho notado que a revista semanal mais equilibrada tem sido a Época, do Grupo Globo.

Offline Geotecton

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #12 Online: 22 de Setembro de 2010, 21:57:00 »
A fonte é importante porque denota um viés. Uma matéria no site da Dilma tem um viés pró-governo e possui um objetivo político-ideológico. Os fatos podem ser verdadeiros, mas a interpretação dos fatos podem distorcê-los de uma forma ou outra. Quanto à imprensa, existe uma concentração excessiva realmente em uns poucos grupos que controlam a informação. Pior, em grupos regionais esses meios de comunicação pertencem a famílias com interesses políticos, como os Collor e Sarney. Quanto à Veja, em especial, ela possui uma linha editorial que é claramente serrista, conservadora, direitista, anti-petista. Nenhum problema quanto a isso, mas deve ser deixada clara essa linha (como é feito nos EUA) e não pousar de imparcial, coisa que não é. O mesmo pode ser dito, com sinais trocados, da CartaCapital. Curiosamente, tenho notado que a revista semanal mais equilibrada tem sido a Época, do Grupo Globo.

Seria o "efeito BNDES"?
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Offline Derfel

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #13 Online: 22 de Setembro de 2010, 22:35:24 »
A fonte é importante porque denota um viés. Uma matéria no site da Dilma tem um viés pró-governo e possui um objetivo político-ideológico. Os fatos podem ser verdadeiros, mas a interpretação dos fatos podem distorcê-los de uma forma ou outra. Quanto à imprensa, existe uma concentração excessiva realmente em uns poucos grupos que controlam a informação. Pior, em grupos regionais esses meios de comunicação pertencem a famílias com interesses políticos, como os Collor e Sarney. Quanto à Veja, em especial, ela possui uma linha editorial que é claramente serrista, conservadora, direitista, anti-petista. Nenhum problema quanto a isso, mas deve ser deixada clara essa linha (como é feito nos EUA) e não pousar de imparcial, coisa que não é. O mesmo pode ser dito, com sinais trocados, da CartaCapital. Curiosamente, tenho notado que a revista semanal mais equilibrada tem sido a Época, do Grupo Globo.

Seria o "efeito BNDES"?

Ou uma linha editorial mais independente em relação ao grupo controlador. Às vezes acontece do editor possuir uma certa autonomia.

Offline Moro

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #14 Online: 22 de Setembro de 2010, 22:37:10 »
A fonte é importante porque denota um viés. Uma matéria no site da Dilma tem um viés pró-governo e possui um objetivo político-ideológico. Os fatos podem ser verdadeiros, mas a interpretação dos fatos podem distorcê-los de uma forma ou outra. Quanto à imprensa, existe uma concentração excessiva realmente em uns poucos grupos que controlam a informação. Pior, em grupos regionais esses meios de comunicação pertencem a famílias com interesses políticos, como os Collor e Sarney. Quanto à Veja, em especial, ela possui uma linha editorial que é claramente serrista, conservadora, direitista, anti-petista. Nenhum problema quanto a isso, mas deve ser deixada clara essa linha (como é feito nos EUA) e não pousar de imparcial, coisa que não é. O mesmo pode ser dito, com sinais trocados, da CartaCapital. Curiosamente, tenho notado que a revista semanal mais equilibrada tem sido a Época, do Grupo Globo.

Para lembrar, qual é o viés da imprensa de Sarney, Collor e de outros coronéis do nordeste?
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline _Juca_

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #15 Online: 23 de Setembro de 2010, 09:37:22 »
Crônica sintomática :


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JANIO DE FREITAS


Além do último sinal

A entrada em cena de forças extrapolíticas reproduz passo que pode levar situações tensas a fugir do controle

UM AVISO de perigo, na via política, foi ultrapassado.

A entrada em cena de forças extrapolíticas, motivadas pelo confronto entre Lula e os meios de comunicação com maior presença, reproduz o mais conhecido dos passos que levam situações tensas a enveredar por processos que fogem ao controle com facilidade. E, se isso ocorre, põem em risco a integridade institucional -o próprio regime.

Se os meios de comunicação têm extrapolado ou não, no tratamento aos casos do sigilo violado na Receita Federal e das irregularidades originadas no Gabinete Civil da Presidência, até agora não houve indício algum da finalidade golpista acusada por governistas.

O que pode ser apontado são propósitos eleitorais. Mas os meios de comunicação brasileiros nunca deixaram de ser parte ativa nos esforços de conduzir o eleitorado. Sua origem e sua tradição são de ligações políticas, como agentes de facções ou partidos. Só em meado do século passado dá-se a primeira e derrotada tentativa, no "Jornal do Brasil", de prática desconectada de segmentos políticos.

Na atual campanha, os meios de comunicação com maior presença são passíveis de acusações como desequilíbrio no ânimo em relação a este ou àquele candidato; de parcialidade no interesse em eventos de um ou de outro, e, no noticiário das irregularidades, de precipitações e erros que são os mesmos cometidos na cobertura de todos os escândalos.

À parte atingida cabe reagir na medida do possível, que, em geral, não é muito. E às vezes é quase nada, porque a própria reação está sujeita ao que é acusado no principal. Mas assim é a etapa em que a sociedade brasileira ainda está.

Daí a golpismo, na atualidade, a diferença é total. Idêntica à diferença entre prática primária da democracia e o golpismo com que o país conviveu por décadas, até o maior dos golpes.

No outro lado, nenhum fato sustenta a ameaça à democracia atribuída a palavras ou atos de Lula. As reações ao que considera insultuoso, ou injusto, ou inverdadeiro são à sua maneira: com destempero deplorável, nas palavras e na teatralidade da exaltação. Sem consideração alguma, até muito menos do que pelos adversários, pela própria condição de presidente da República. A faixa presidencial ainda não se distinguiu, para Lula, da camisa do Sindicato dos Metalúrgicos.

Nenhum espetáculo e nenhum ato presidencial pode ser apontado, com seriedade, como ameaça à democracia. Nem o mais acusado deles, a alegada ameaça à liberdade de imprensa. A proposta petista de criação do Conselho Nacional de Jornalismo, ou algo assim, vale mais uma discussão do que poderia ser, a serviço de todas as partes, do que qualquer das acusações trocadas.
Conselho de Jornalismo não é embaixada do inferno, não é chavismo, não é ditadura, necessariamente. São muitos os países "civilizados" e democráticos em que tal conselho existe.

Na França, por exemplo, foi criado há muito tempo, prestou muitos serviços e ninguém pensa em dissolvê-lo, assim como o da TV. A Inglaterra, os países nórdicos e outros têm as suas formas de conselho. Discuti-lo no Brasil seria difícil, mas não ameaçaria a democracia ou a liberdade de imprensa.

A esse conjunto de desproporções e deformações vêm somar-se três iniciativas. Sindicatos e jornalistas resolvem fazer uma manifestação pública contra os meios de comunicação. O que pode vir daí senão o acirramento de um lado e de outro? A dez dias das eleições, nem alguns trocados eleitorais essa manifestação localizada pode obter. Sua aparência é só a de um ato de indignação.

A pouco mais de uma semana das eleições, professores, advogados, escritores, e outros, fazem manifestação pública e lançam um manifesto "contra a marcha para o autoritarismo". Haverá mesmo tal marcha, pelo fato de que Lula, nos estertores do seu mandato, rebaixa a função presidencial à de marqueteiro e cabo eleitoral? Se não está aí, o que indicaria que a prevista eleição de Dilma Rousseff é a marcha para o autoritarismo? É óbvio que o papel assumido por Lula macula a disputa.

Mas o que mais suscita reação, parece claro, não é o papel em si, que a lei nem cuidou de restringir: é que Lula o assume do alto de uma popularidade devastadora, que cai sobre os adversários. Nem por isso, no entanto, até agora sinalizadora de ameaças à democracia.

Por fim, um convite. O Clube Militar convida para um "painel", às 15h de hoje em sua sede no Rio, com dois jornalistas de oposição a Lula e ao governo. Sobre nada menos do que "A democracia ameaçada: restrições à liberdade de expressão". Tivemos longo aprendizado do interesse militar por ameaças à democracia e pelas restrições à liberdade de expressão. O título do "painel" não esclarece o sentido atual dado às expressões, mas tanto faz. Sua realização é sugestiva por si só.

As três iniciativas, à parte seus objetivos, são formas fermentadas das tensões decorrentes do processo eleitoral e das feições que tomou. Mas correm o risco de estimular projeções para depois do resultado eleitoral, e sobre ele. E, a depender do resultado, o risco de transpor o início do futuro governo. Como já aconteceu tantas vezes, nenhuma para resultar em algo bom.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #16 Online: 23 de Setembro de 2010, 12:51:56 »
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Publicado em: 23/09/2010 08:51

Nassif assina com a EBC para comentar economia em programas da TV Brasil

Redação Portal IMPRENSA

O jornalista e blogueiro Luís Nassif teria sido contratado pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) há uma semana, sem licitação, para prestar serviços de "entrevistador" e comentarista nos programas "Repórter Brasil" e "Programa 3 a 1", exibidos pela TV Brasil.

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a EBC pagará R$ 180 mil pelos serviços de Nassif, conforme publicado no Diário Oficial da União. O contrato do jornalista com a estatal terá vigência de seis meses e foi assinado pela presidente da empresa, Tereza Cruvinel, na última quinta-feira (16).

A EBC declarou que firmar acordos de trabalho sem licitação é previsto em lei, principalmente em casos de contratação de "pessoas ou empresas de notória especialização". Além disso, Nassif ainda explicou que seu trabalho na estatal será "intelectual", e que atuará em parceria com profissionais "com reputação em sua área e reconhecimento do público, que ajudam a reforçar a cara da emissora".

Nassif justifica sua contratação, usando o reconhecimento profissional que recebe tanto de colegas, quanto do mercado de comunicação, na área de jornalismo econômico, nos meios impressos e digitais.

O profissional de imprensa faz parte do conselho consultivo do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, que integra a organização "Contra o Golpismo Midiático e em Defesa da Democracia". Em seu blog, Nassif havia publicado comentários de leitores sobre o protesto contra a imprensa, marcado para acontecer nesta quinta (23), em São Paulo (SP), e organizado pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Sua estreia como comentarista da EBC será feita após o contrato que tinha com a estatal para produzir o programa "Brasilianas" ter expirado em julho. No começo deste ano, a empresa de Nassif - Dinheiro Vivo Agência de Informação - firmou um acordo, também sem licitação, que destinaria R$ 1,28 milhão para a atração da TV Brasil. Nassif justificou o valor do contrato devido aos gastos inesperados surgidos após o planejamento inicial da atração.


http://portalimprensa.uol.com.br/portal/ultimas_noticias/2010/09/23/imprensa38266.shtml

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #17 Online: 23 de Setembro de 2010, 12:53:12 »
Ao mesmo tempo em que equiparam a venda de material didático/auxiliar de uma editora a "dar" milhões à editora Abril, a um mensalão -- por não ter havido licitação.

Offline Dbohr

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #18 Online: 23 de Setembro de 2010, 15:27:26 »
Nada contra ou a favor do Nassif, mas essa prática é muito comum -- e perfeitamente legal, até onde sei -- em empresas públicas de mídia.

Offline Geotecton

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #19 Online: 23 de Setembro de 2010, 15:33:24 »
Nada contra ou a favor do Nassif, mas essa prática é muito comum -- e perfeitamente legal, até onde sei -- em empresas públicas de mídia.

Principalmente quando um jornalista faz textos que, na maioria esmagadora das vezes, traz elogios ao "rei" de plantão!
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Offline Dbohr

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #20 Online: 23 de Setembro de 2010, 15:41:10 »
Pode-se discutir os critérios utilizados à vontade, mas a crux da matéria é que não é ilegal.

Até onde sei, repito.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #21 Online: 23 de Setembro de 2010, 15:49:08 »
Nada contra ou a favor do Nassif, mas essa prática é muito comum -- e perfeitamente legal, até onde sei -- em empresas públicas de mídia.

E a questão das assinaturas da editora Abril não têm basicamente a mesma justificativa? Ou é muito diferente, se optar pelas mais conhecidas publicações de uma área sem licitação, e contratar um cara dessa forma?


...
Eu ainda gostaria de saber se as editoras das publicações alternativas manifestaram elas mesmas alguma iniciativa sobre a questão. Se for o caso deles estarem lá, "ei, queremos participar de uma licitação", e serem sumariamente ignorados, é algo mais solidamente errado (a menos que a justificativa equivalente à da escolha a dedo do Nassif possa se aplicar). Mas eu imagino que o problema tenha sido mais a inexpressividade dessas publicações. Talvez até seja obrigação de alguém do governo ir procurar mais profundamente por todas publicações da área, por mais desconhecidas que sejam, para então realizar uma licitação. Mas eu não vejo isso como algo tão necessário, se houver a possibilidade dos fornecedores interessados irem atrás dos seus interesses e poderem participar da concorrência, o que imagino ser o caso. Vejo muito menos como algo que valha o escândalo que tentaram fazer disso, comparando ao mensalão. Ao passo que o caso do Nassif, por mais que seja também perfeitamente legal (ou talvez até mais), se assemelha consideravelmente mais.

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #22 Online: 23 de Setembro de 2010, 15:51:49 »
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E a questão das assinaturas da editora Abril não têm basicamente a mesma justificativa? Ou é muito diferente, se optar pelas mais conhecidas publicações de uma área sem licitação, e contratar um cara dessa forma?

Isso eu não sei dizer, mas a informação anterior -- contratação de profissional especializado sem licitação -- eu tenho uma segurança maior.

Offline Geotecton

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #23 Online: 23 de Setembro de 2010, 16:00:31 »
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E a questão das assinaturas da editora Abril não têm basicamente a mesma justificativa? Ou é muito diferente, se optar pelas mais conhecidas publicações de uma área sem licitação, e contratar um cara dessa forma?

Isso eu não sei dizer, mas a informação anterior -- contratação de profissional especializado sem licitação -- eu tenho uma segurança maior.

Isto se chama "notório saber".

Se eu não estiver enganado, a situação de contratação sem licitação também vale para empresas em casos de emergência que o Estado tenha de enfrentar e que são definidas por lei.
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Offline Dbohr

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Re: Ato contra o golpe midiático.
« Resposta #24 Online: 23 de Setembro de 2010, 16:07:16 »
Em empresas públicas de mídia há os concursados, que fazem o trabalho administrativo, de Produção e alguma coisa de editoria; os Gerentes e Diretores de setor, que geralmente são cargos de confiança; e o pessoal contratado por firma. Os critérios para a contratação são (no papel) notório saber, reconhecimento do trabalho em mídia, produção artística/ intelectual etc. 

De resto, assino embaixo o comentário do Buckaroo: a "mídia golpista" é sempre a vítima do chefe de plantão...


 

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