Autor Tópico: Impactos econômicos do Bolsa Família  (Lida 2773 vezes)

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Temma

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Impactos econômicos do Bolsa Família
« Online: 15 de Outubro de 2010, 02:08:09 »
Durante uma discussão sobre o lula e o bolsa-família, me deparei com essa reportagem. Dei um search pelo nome do autor "kupfer", depois por "Insper" e não achei nada relativo à notícia, como pra mim é um fato realmente novo e aparenta ser controverso, achei melhor postar. Como podem ver tem aproximadamente 1 ano.

Achei tantos tópicos sobre o bolsa-família, que não consegui saber em qual postar.



Impactos econômicos do Bolsa Família

16 de outubro de 2009 | 17h48

José Paulo Kupfer

O jornalista Fernando Dantas publicou no Estado de S. Paulo desta sexta-feira uma reportagem com os resultados de um estudo recente sobre os impactos do programa Bolsa Família na economia. A conclusão do trabalho é que, o acréscimo no valor dos benefícios pagos, entre 2005 e 2006, de RS 1,8 bilhão, resultou num crescimento adicional do PIB, no período, de R$ 43,1 bilhões. Resultou também em receitas tributárias adicionais de R$ 12,6 bilhões. “O ganho tributário”, escreveu Dantas, “é 70% maior do que o total de benefícios pagos pelo Bolsa Família em 2006, que foi de R$ 7,5 bilhões.

Esses cálculos foram feitos pelo economista Naercio Aquino Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), o antigo Ibmec-São Paulo, que também é professor na Faculdade de Economia da USP, e por seu aluno na graduação do Insper, Paulo Henrique Landim Júnior. É de se notar que o Insper e Naercio filiam-se a correntes do pensamento econômico situadas a anos-luz de distância das teorias heterodoxas ou mais à esquerda e não têm nada de lulistas.

Não é novidade que programas bem focados de transferência de renda, como é o caso do Bolsa Família, produzem relevantes efeitos multiplicadores no conjunto da economia. Isso só não é verdade para os que não conseguem levantar o véu ideológico que tolda a visão sobre os programas de inclusão social, para os que resistem a repartir melhor a renda produzida ou para os cegos pelas paixões partidárias. Faltava, porém, uma medição quantitativa da dimensão do impacto econômico específico do programa Bolsa Família.

Pois bem, segundo as estimativas de Menezes e Landim, um aumento de 10% no repasse médio per capita do Bolsa Família leva a uma expansão de 0,6% do PIB, no ano em que ocorre o aumento e no seguinte. Em outras palavras, ou melhor, em outros números, cada R$ 0,04 do Bolsa Família aumenta o PIB em R$ 1.

Fica assim provado, com números, que o “assistencialismo” do Bolsa Família move profundamente a economia. Com a vantagem de que, como indicaram os cálculos de Menezes e Landim, o setor mais positivamente impactado é o da indústria – aquele em que os empregos são de mais qualidade. Enquanto no PIB agrícola cada 10% a mais nos repasses do Bolsa Família não apresenta impactos significativos, o efeito nos serviços é de 0,19% no PIB setorial. No PIB industrial, onde o impacto é maior, efeito multiplicador de cada 10% adicionais nos repasses do programa atinge expressivos 0,81%.

Uma tentativa leviana, mais ou menos recente, de confundir o Bolsa Família com programas de distribuição de cestas básicas, a partir de uma declaração crítica de um Lula ainda na Oposição, em relação à distribuição pontual de comida, tem sido largamente disseminada pela internet, via YouTube. Intelectuais de viés conservador utilizam o vídeo como gancho para sustentar suas retorcidas teorias anti-inclusão social e de preservação da renda em mãos de poucos. Com os dados agora disponíveis, o falatório reacionário fica apenas lamentavelmente ridículo.

* * *

Aqui o link para a reportagem do “Estado de S. Paulo”

http://digital.estadao.com.br/download/pdf/2009/10/16/A9.pdf

Atualizado às 23h45


____________________________________________________





Não manjo muito de economia. De certa forma, pra mim a notícia é um tanto contra-intuitiva. eu acabo fazendo uma analogia do dinheiro com a "piramide de energia". Parece que minha idéia é bem errada. claro, quem tiver objeções, serão muito bem-vindas.

 Dá a entender que há um "lanche grátis" ai no meio, e como todos sabem, em economia isso não existe.

ps: Logo o Estadão  :P
« Última modificação: 15 de Outubro de 2010, 02:23:04 por Temma »

Offline uiliníli

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Re: Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #1 Online: 15 de Outubro de 2010, 10:27:17 »
Olha, isso de o Bolsa Família ser benéfico para a economia faz sentido para mim quando eu lembro de uma das observações de Keynes: Quanto mais dinheiro você tem, mais proporcionalmente você poupa. Por exemplo, se você tira 100 reais de uma pessoa de classe média alta e dá para uma pessoa pobre, a pessoa pobre vai gastar muito mais dessa quantia do que a pessoa mais rica, provavelmente ela vai gastar tudo, enquanto a pessoa rica ia deixar a maior parte desse dinheiro no banco.
A vantagem de programas de distribuição de renda então é a de fazer mais dinheiro circular na economia, afinal, os 100 reais que o pobre gastou vão beneficiar a quitanda e o mercadinho em que ele comprou alimentos, que por sua vez vai beneficiar os transportadores, os produtores rurais, etc.
Mas isso é polêmico, economistas de outras escolas de pensamento provavelmente teriam contestações a fazer e alguns possivelmente acreditariam que o dinheiro faria mais bem se continuasse no banco rendendo juros, afinal esses juros poderiam ser usados para fazer empréstimos, que também vitaminariam a economia.

Offline Felius

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Re: Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #2 Online: 15 de Outubro de 2010, 11:06:02 »
No curto prazo, tem-se uma melhora na economia, mas no longo prazo, só se altera a composição do produto da mesma. Ignorando a questão social por um momento, bolsa família só acaba sendo um aumento nos gastos do governo. Num curto prazo vai esquentar a economia, mas vai causar a economia estar mais quente do que o equilíbrio dos fatores indicaria. Isto, num prazo maior vai causar inflação e mover o produto novamente para o produto de equilíbrio, só que com uma fatia maior do mesmo sendo do governo. Além disso, considerando efeitos indiretos disso, o bolsa família provavelmente vai ter uma tendencia de diminuir a oferta de trabalho, encarecendo-o, o que vai acabar diminuindo ainda mais o produto.
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Offline Geotecton

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Re: Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #3 Online: 15 de Outubro de 2010, 17:08:01 »
[...]
Pois bem, segundo as estimativas de Menezes e Landim, um aumento de 10% no repasse médio per capita do Bolsa Família leva a uma expansão de 0,6% do PIB, no ano em que ocorre o aumento e no seguinte. Em outras palavras, ou melhor, em outros números, cada R$ 0,04 do Bolsa Família aumenta o PIB em R$ 1.

Fica assim provado, com números, que o “assistencialismo” do Bolsa Família move profundamente a economia. Com a vantagem de que, como indicaram os cálculos de Menezes e Landim, o setor mais positivamente impactado é o da indústria – aquele em que os empregos são de mais qualidade. Enquanto no PIB agrícola cada 10% a mais nos repasses do Bolsa Família não apresenta impactos significativos, o efeito nos serviços é de 0,19% no PIB setorial. No PIB industrial, onde o impacto é maior, efeito multiplicador de cada 10% adicionais nos repasses do programa atinge expressivos 0,81%.
[...]

Então para cada R$ 1,00 gasto no Bolsa-Família há um aumento no PIB de R$ 25,00 (relação de 25 para 1)?

Vamos vender esta "solução de crescimento" para o resto do mundo, cobrando apenas uma "taxa de sucesso" e ficaremos trilionários. Em dólares ou euros.

Hahahahahaha.

Mais tarde eu comento este "maravilhoso ensaio".
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Offline Dr. Manhattan

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Re: Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #4 Online: 15 de Outubro de 2010, 17:18:03 »
Eu não seria tão apressado, Geotecton: muitas pessoas que recebem o Bolsa Família estavam anteriormente praticamente excluídas[1]
da economia. Não tenho conhecimento para avaliar as conclusões desse estudo, mas faz sentido pensar que a presença de mais consumidores
possa aumentar o PIB.

O problema é que uma economia é um sistema absurdamente não-linear, de forma que dizer: "Vamos fazer X para obter benefício Y" muitas
vezes resulta em "Fazemos X, obtemos benefício Y e um problema Z gigantesco no futuro próximo."


[1] Detesto essa palavra, mas aqui ele é adequada.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

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Offline Geotecton

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Re: Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #5 Online: 15 de Outubro de 2010, 17:49:20 »
Eu não seria tão apressado, Geotecton: muitas pessoas que recebem o Bolsa Família estavam anteriormente praticamente excluídas[1]
da economia. Não tenho conhecimento para avaliar as conclusões desse estudo, mas faz sentido pensar que a presença de mais consumidores
possa aumentar o PIB.

O problema é que uma economia é um sistema absurdamente não-linear, de forma que dizer: "Vamos fazer X para obter benefício Y" muitas
vezes resulta em "Fazemos X, obtemos benefício Y e um problema Z gigantesco no futuro próximo."


[1] Detesto essa palavra, mas aqui ele é adequada.

Eu não sou um especialista em economia, mas eu duvido que esta relação seja verdadeira, da maneira como foi proposta. Isto é, injeta-se X no programa e se obtem 25X de aumento no PIB.

E, o mais importante deste tópico, é que os autores não demonstraram nada, apenas ficaram no "blá-blá-blá". Eu quero ver os dados, as suas fontes e a avaliação de outros especialistas.

Papel e Internet aceitam qualquer coisa que neles se coloque!

Mais tarde eu retorno ao assunto.
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Temma

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Re: Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #6 Online: 15 de Outubro de 2010, 18:48:11 »

Offline Geotecton

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Re: Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #7 Online: 15 de Outubro de 2010, 22:32:46 »
Não seja por isso.


http://www.ipc-undp.org/publications/mds/33P.pdf

Li rapidamente o texto, pois ele é longo e com muitas informações quantitativas.

Mas a minha primeira dúvida eu já esclareci.

O alegado ganho não tem uma relação de 25x1 e sim de 5,73x1 em 2006, conforme consta na página 21.

Vou ler o texto com calma e depois posto os meus comentários!
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Offline Felius

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Re: Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #8 Online: 15 de Outubro de 2010, 23:48:22 »
Não é de se surpreender. Efeito multiplicador. Governo gasta da esse dinheiro, as pessoas gastam o dinheiro, as pessoas que recebem o dinheiro das pessoas que receberam o dinheiro do governo também gastam, e por ai vai. O problema mesmo é que é não é algo sustentável no longo prazo.
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Offline Sofista

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Re: Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #9 Online: 17 de Outubro de 2010, 23:08:20 »
Trabalho com saúde publica, e acho que em algumas situações o Bolsa família pode ser bem utilizado. Pois eh evidente a relação das condições sociais com a saúde da populção.  E de maneira emergêncial muitos pessoas em condições de vulnerabilidade, são beneficiadas .
Mas acho que deveria haver uma fiscalização maior do benefício com uma cobrança mais efetiva, e quem sabe as pessoas beneficiadas poderiam dar algum retorno ao dinheiro que nelas é investido. Tipo algum trabalho social, poderia ser exigido,ou maior comprometimento destas pessoas com educação de seus filhos com participação da vida escolar dos mesmo por exemplo.
Quem sou eu?Entre os crente sou ateu, entre ateus sou um crente.

Offline Pasteur

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Re:Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #10 Online: 23 de Abril de 2013, 11:14:21 »
Citar
Com benefícios sociais generosos, Dinamarca sofre com "preguiçosos"

País reconsidera auxílio a desempregados, estudantes e idosos para lidar com a crise



Robert Nielsen vive de benefícios desde 2001: não quer "trabalhos degradantes" e comprou até apartamento

Tudo começou como um experimento para provar que dificuldades e pobreza ainda faziam parte da Dinamarca, aquele país rico e distante, mas o experimento deu errado. Visite uma mãe solteira de dois filhos vivendo sob os cuidados da seguridade social, propôs um membro liberal do Parlamento a um adversário político cético, e veja por si mesmo o quão difícil é viver assim.

Eles descobriram que a vida sob o bem-estar não era tão difícil assim. A mãe solteira de 36 anos de idade, que recebeu o pseudônimo de "Carina" na mídia, tinha mais dinheiro para gastar do que muitos dos trabalhadores período integral do país. Ao todo, ela recebia cerca de US$ 2.700 mensais (cerca de R$ 5,5 mil), e estava no bem-estar social desde que tinha 16 anos de idade.

Nos últimos meses, os dinamarqueses não prestaram mais tanta atenção ao caso, e acreditam que apesar de tudo a situação de Carina é lamentável. Mas mesmo antes de sua história chegar às manchetes, há um ano e meio, eles estavam profundamente envolvidos em um debate sobre se o estado do bem-estar social do país, talvez o mais generoso da Europa, havia se tornado generoso demais, o que prejudica a ética de trabalho do país. Carina ajudou a desequilibrar essa balança.

Com pouco barulho ou protesto político – ou aviso no exterior – a Dinamarca resolveu rever os direitos, tentando pedir para que os dinamarqueses trabalhassem mais ou durante mais tempo ou ambos. Enquanto grande parte do sul da Europa foi atinginda por greves e protestos à medida que seus credores forçam medidas de austeridade, a Dinamarca ainda tem classificação de risco AAA.

Mas as perspectivas de longo prazo para o país são preocupantes. A população está envelhecendo e, em muitas regiões, as pessoas sem emprego agora superam o número de empregadas.

Algumas dessas pessoas são resultado de uma economia deprimida, mas muitos especialistas disseram que um problema mais básico é que uma grande proporção de dinamarqueses não estão participando da força de trabalho – sejam eles estudantes universitários, jovens pensionistas ou beneficiários do bem-estar social como Carina, que depende do apoio do governo por simples comodismo.

"Antes da crise, havia uma sensação de que sempre teríamos cada vez mais e mais riquezas", disse Bjarke Moller, o editor-chefe de publicações para Mandag Morgen, um grupo de pesquisa em Copenhague. "Isso não é mais verdade. Hoje, há uma série de pressões sobre nós. Precisamos ser uma sociedade ágil para sobreviver.”


O modelo dinamarquês de governo é praticamente uma religião no país, e produziu uma população que reivindica regularmente estar entre a mais feliz do mundo. Até mesmo políticos conservadores do país não estão sugerindo livrar-se dele.

A Dinamarca tem um dos mais altos impostos sobre a renda do mundo, com a alíquota mais alta, de 56,5%, atingindo quem ganha acima de US$ 80 mil (cerca de R$ 160 mil) por ano. Em troca, os dinamarqueses recebem uma rede de segurança "do berço ao túmulo", que inclui sistema gratuito de saúde e educação (inclusive universitária), além de indenizações robustas mesmo para os mais ricos.

Pais de qualquer faixa salarial, a propósito, ganham cheqyes trimestrais do governo para ajudar no cuidado com as crianças. Os idosos ganham empregada grátis caso precisem, mesmo se forem ricos.

Mas, atualmente, poucos especialistas no país acreditam que a Dinamarca pode pagar pelas regalias que oferece. Por isso, a Dinamarca está planejando reequipar-se e mexer com as taxas de imposto, tendo em vista os novos investimentos do setor público e, a longo prazo, tentando incentivar cada vez mais pessoas – jovens e idosas – para viverem sem os benefícios do governo.

"Antigamente as pessoas nunca pediam ajuda a não ser que precisassem”, disse Karen Haekkerup, ministra dos assuntos sociais e de integração, que foi honesta a respeito do assunto. “Foi oferecida uma pensão para a minha avó e ela se sentiu ofendida. Ela não precisa.”

"Hoje as pessoas não têm essa mentalidade. Elas acham que esses benefícios fazem parte de seus direitos. Os direitos têm se expandido cada vez mais e nos trouxeram uma boa qualidade de vida, mas agora precisamos voltar para os direitos e os deveres. Todos nós temos que contribuir”, afirmou.

Em 2012, pouco mais de 2,6 milões de dinamarqueses entre 15 e 64 anos trabalhavam, 47% da população total e 73% da população nessa faixa etária. Nos EUA, 65% das pessoas em idade de trabalhar estão empregadas, mas as comparações enganam, porque muitos dinamarqueses trabalham poucas horas e todos usufruem de pausas como longas férias e extensas licensas maternidade, para não mencionar o fato de que o salário mínimo é de US$ 20 (R$ 40) a hora. Se o ranking fosse de horas trabalhadas por ano, os dinamarqueses ficariam muito atrás.

O governo já reduziu planos de aposentadoria antecipada. Os desempregados costumavam receber benefícios durante até quatro anos. Agora o número foi reduzido para dois.

Estudantes verão os próximos cortes, a maioria em recursos para que ingressem no mercado de trabalho mais rapidamente. Atualmente, eles têm direito a seis anos de salários, cerca de US $ 990 por mês, para completar um curso de cinco anos, que, naturalmente, é gratuito. Muitos demoram ainda mais para terminar, trancando seus estudos para viajar e para fazer estágios antes e durante seus estudos.

Na tentativa de encolher o bem-estar social, o governo está se concentrando em fazer com que pessoas como Carina não existam no futuro. Ele propõe cortes de subsídios de bem-estar para quem tem menos de 30 anos e checagens mais rígidas para ter certeza de que os "ajudados" tentaram empregos ou programas de ensino antes de apelarem para benefícios do governo.

Autoridades também questionam o grande número de pessoas recebendo cheques para deficientes por longos períodos. Cerca de 240 mil pessoas – ou 9 % da força de trabalho em potencial – tem recebido auxílio de deficiência durante toda sua vida, e aproximadamente 33.500 têm menos do que 40 anos. O governo propôs acabar com esse status para os menores de 40 anos, a menos que tenham uma condição física ou mental que seja grave o suficiente e os impeça de trabalhar.

Em vez de oferecer cheques de deficiência, o governo pretende criar uma "equipe de reabilitação", que poderiam incluir aconselhamento, treinamento de habilidades sociais e de educação, bem como um emprego subsidiado pelo Estado, pelo menos no início. A ideia é fazer com que trabalhem, pelo menos meio período ou enquanto estudam.

Carina não foi a única pessoa que demonstrou publicamente ter usufruído do sistema de bem-estar social da Dinamarca. Robert Nielsen, 45, foi manchete em setembro do ano passado ao admitir que estava vivendo com ajuda do estado de bem-estar social desde 2001.

Nielsen disse que não era deficiente, mas não tinha intenção de aceitar um emprego degradante, tais como trabalhar em um restaurante fast-food. Ele se deu muito bem ao entrar para o bem-estar social, disse ele. Conseguiu até comprar um apartamento.

Ao contrário de Carina, que não vai mais dar entrevistas, Nielsen, chamado de "Robert Preguiçoso" pela mídia, parece estar gostando da atenção. Ele disse que é bem recebido na rua o tempo todo. "Felizmente, eu nasci e vivo na Dinamarca, onde o governo está disposto a apoiar meu estilo de vida", disse ele.

Alguns dinamarqueses disseram que a existência de pessoas como Carina e Nielsen não surpreende. Lene Malmberg, que vive em Odsherred e trabalha meio período como secretária, apesar de uma grave lesão cerebral que afetou sua memória de curto prazo, disse que a história de Carina não era novidade para ela.

Em um determinado momento, disse ela, antes do acidente, quando trabalhava em período integral, sua irmã estava recebendo benefícios e ganhava mais dinheiro do que ela. "Eu concordo que de alguma maneira o sistema está errado", disse ela. "Eu queria trabalhar, mas minha irmã dizia: “Para que trabalhar?”

http://economia.ig.com.br/2013-04-23/com-beneficios-sociais-generosos-dinamarca-sofre-com-preguicosos.html


Offline Gaúcho

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Re:Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #11 Online: 23 de Abril de 2013, 13:31:36 »
Eu gosto dessa assistência ao idoso, com empregada e tudo mais. Se tem algo que eu acho que degrada um país é descaso com seus idosos.
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Price

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Re:Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #12 Online: 23 de Abril de 2013, 19:00:35 »
E os defensores do bolsa família acham um absurdo o descaso com os pobres, os membros de coletivos negros o descaso com negros, os integrantes da FUNAI o descaso com os índios, o mesmo ainda com o MST, com a militância jovem de partidos comunistas, com os grupos LGBT... No fim o que mais contam para eles é a ideologia e não os efeitos sociais. :)
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #13 Online: 24 de Abril de 2013, 00:43:16 »
Não acho que esse caso aí da Dinamarca se compara com o BF. Não dá para ser "marajá"/encostado com o BF. É algo só como R$ 20-200 por família que ganhe menos de meio miserê por mês.

Offline Vento Sul

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Re:Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #14 Online: 24 de Abril de 2013, 01:40:39 »
E os defensores do bolsa família acham um absurdo o descaso com os pobres, os membros de coletivos negros o descaso com negros, os integrantes da FUNAI o descaso com os índios, o mesmo ainda com o MST, com a militância jovem de partidos comunistas, com os grupos LGBT... No fim o que mais contam para eles é a ideologia e não os efeitos sociais. :)

O Gaúcho se enquadra em que tipo de defensor? :lol:

Eu gosto dessa assistência ao idoso, com empregada e tudo mais. Se tem algo que eu acho que degrada um país é descaso com seus idosos.
« Última modificação: 24 de Abril de 2013, 01:42:58 por Vento Sul »
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Resumindo: Ou acreditamos em mágica ou não!
 
 
 
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Offline Price

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Re:Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #15 Online: 24 de Abril de 2013, 08:30:19 »
E os defensores do bolsa família acham um absurdo o descaso com os pobres, os membros de coletivos negros o descaso com negros, os integrantes da FUNAI o descaso com os índios, o mesmo ainda com o MST, com a militância jovem de partidos comunistas, com os grupos LGBT... No fim o que mais contam para eles é a ideologia e não os efeitos sociais. :)

O Gaúcho se enquadra em que tipo de defensor? :lol:

Eu gosto dessa assistência ao idoso, com empregada e tudo mais. Se tem algo que eu acho que degrada um país é descaso com seus idosos.


Talvez em todos, talvez em nenhum, depende de mais informações de parte dele. De qualquer modo, para ficar claro, não cogitei que ele faça parte de qualquer dos grupos, somente afirmei que também por somente "achar que coisas devem ser feitas" muitos grupos teoricamente defensores de minorias se justificam.
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline Gaúcho

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Re:Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #16 Online: 25 de Abril de 2013, 13:21:24 »
E os defensores do bolsa família acham um absurdo o descaso com os pobres, os membros de coletivos negros o descaso com negros, os integrantes da FUNAI o descaso com os índios, o mesmo ainda com o MST, com a militância jovem de partidos comunistas, com os grupos LGBT... No fim o que mais contam para eles é a ideologia e não os efeitos sociais. :)

O Gaúcho se enquadra em que tipo de defensor? :lol:

Eu gosto dessa assistência ao idoso, com empregada e tudo mais. Se tem algo que eu acho que degrada um país é descaso com seus idosos.


Do bom senso. :)
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Offline ov3rl0rd

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Re:Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #17 Online: 25 de Abril de 2013, 14:33:23 »
Conheço pessoalmente os autores citados no artigo e posso afirmar que a argumentação teórica quantitativa deles é inquestionável; O Naércio é uma grande autoridade em Econometria e um dos maiores especialistas em Painéis, justamente a ferramenta que calcula valores relativos no tempo. Dito isso, o chamado efeito multiplicador supracitado acontece de fato, e vou tentar ilustrar num exemplo bem acessível para os que não tem o mesmo conforto com a teoria econômica que fundamentou esse estudo.

Quero tentar explicar como o efeito multiplicador acontece, peço que me ajudem a direcionar a argumentação se não for clara suficiente (ou até errônea, caso me engane).

Partindo de conceitos bem primitivos, temos que valor é um resultado monetarizável de um efeito econômico qualquer. Em alguns casos, isso é tão óbvio que chega a ser banal: se você compra uma maçã no Ceasa por 1 real e a vende por 2 reais, você criou valor na transação de mais 1 real. Por ser tão simples, esse benefício visto pelo vendedor é amplamente conhecido e denominado Lucro; não vou explorar esse conceito por supor que todos já o conhecem (se alguém quiser saber mais, por favor avise!). Em vez disso, pretendo explicar o outro lado da transação.

Supondo que estamos numa praia, e há nela um vendedor de Gatorade. Eu sugeriria que o leitor faça o exercício mental de imaginar quanto vale realmente uma garrafa desse produto apenas para comparação, porém vamos trabalhar hipoteticamente com 3 indivíduos A, B e C, cada um deles dotando o Gatorade dos preços R$ 10,00, R$ 5,00 e R$ 3,00. Essa noção é EXTREMAMENTE IMPORTANTE, peço que a analisem com carinho pois é vital para o ponto que pretendo sustentar na conclusão deste. Pois bem, o vendedor do Gatorade obviamente não pode colocar um preço para cada cliente, e suporemos que ele colocou o preço de R$ 5,00. Nesse caso, o indivíduo B é INDIFERENTE entre trocar uma nota de R$ 5,00 no seu bolso por uma garrafa de Gatorade, pois esse é o valor exato que ele atribui; o benefício que o consumo do produto acresce na vida dele vale, na concepção dele, cinco reais. Mantendo esse preço, o indivíduo C não participa desse mercado, pois ele preferiria manter os cinco reais no bolso que comprar um produto que vale R$ 3,00, pois não quer ter a perda econômica de R$ 2,00. Assim, chegamos a conclusão mais importante: o indivíduo A, porém, não só prefere participar desse mercado como terá um resultado positivo em R$ 5,00 ao trocar sua nota de papel-moeda pela garrafa do produto. Em economia, chamamos esse efeito de Bem-estar do Consumidor; não deve ser difícil imaginar o quanto ele é importante, pois em cada microtransação que existe há sempre os dois lados. Se no Gatorade esse benefício é razoavelmente simples de quantificar, tentem imaginar geladeiras, carros, etc. e verão como a economia se torna exponencialmente mais complexa.

Ainda assim, tendo fundamentalmente esses dois conceitos, desparte minhas próprias opiniões sobre o uso de políticas assistencialistas, a transferência ativa de renda permite que pessoas que não tinham dinheiro mas tinham percepção de valor e demanda contidas participarem de mercados que não participavam antes. Tomando uma historinha simples para ilustrar, a pessoa vai passar a comprar mais feijão, portanto aumenta a demanda por feijão, aumenta o preço de equilíbrio, movimenta o mercado indireto de feijão, estimula a produção, mais caminhoneiros terão de entregar feijão, mais armazéns e mercados terão de estocar feijão, enfim, a cadeia de valor inteira é movimentada e estimulada por uma "pequena" transação na ponta. É importante salientar que o mesmo efeito que eu exemplifiquei com o Gatorade acontece em todos os passos dessa cadeia, e é exatamente por isso que dar dinheiro para as pessoas "volta" para o governo; sabendo que ele impõe sua participação taxativa em todas essas transações, a medida quase se auto-financia.

Porém, toda essa história só funciona baseada na demanda contida; não é possível simplesmente aumentar a renda ad infinitum e esperar que o efeito multiplicador por si só melhore a vida de tudo e de todos. O mercado acabe se auto-regulando, e as transferências vão se limitando conforme os extremos mais pobres se aproximam da classe média. Existem outros efeitos indiretos dessas medidas que limitam sua aplicabilidade, em especial inflação e desemprego, porém espero ter sido claro suficiente e peço que questionem quaisquer equívocos ou confusões que fiz no texto.
teste

Offline Arte4food

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Re:Impactos econômicos do Bolsa Família
« Resposta #18 Online: 09 de Outubro de 2014, 21:04:59 »
o bolsa família pode ser considerado um "PROGRAMA"?
"atirei o pau de selfie no gato, mas o gato não morreu"

 

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