Autor Tópico: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia  (Lida 3157 vezes)

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Offline André Luiz

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Re: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia
« Resposta #25 Online: 29 de Dezembro de 2010, 10:47:03 »
Sim , o cristianismo foi um retrocesso para o ocidente, enquanto era uma seita exotica com qual as legioes tiveram contato até que nao incomodava ninguem

A putaria comecou com Constantino,  instaurou  reino de terror do clero

 O ocidente so se livrou destas amarras quando se reinventou ao ter contato com os arabes e os chineses

Offline Geotecton

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Re: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia
« Resposta #26 Online: 29 de Dezembro de 2010, 14:30:19 »
Citação de: Fabi
Deixa eu ver... Nossas organizações políticas de hoje tiveram origem nas organizações políticas de roma. Os romanos estudaram astronomia, matemática, filosofia e não eram muito religiosos. Era uma sociedade avançada, apesar dos pesares.

Eu diria que é praticamente impossível haver uma democracia moderna (que é muito diferente das instituições greco-romanas) sem a concepção de individualismo e igualdade entre indivíduos (ambas cristã por excelência, devido a concepção de que cada pessoa é dotada por uma única alma dada por Deus e é o único agente de sua salvação e danação).

A concepção de respeito e igualdade individual perante um poder maior é, sem dúvida alguma, de origem grega do período clássico, ainda que ela fosse limitada. Sem negar a contribuição e a influência do cristianismo para a formação do que se chama "Mundo Ocidental", eu entendo que a igualdade e o individualismo somente chegaram nas sociedades modernas pelo Iluminismo.

No período de máxima influência cristã na Europa (entre os séculos V a XVI) os indivíduos eram claramente divididos em classes (reis, clero, demais nobres, senhores feudais, funcionários públicos, "povo" e escravos), sendo que algumas delas não existiram de forma simultânea. Então a tão propalada "igualdade" promovida pelo cristianismo nunca foi efetiva.


Citação de: Geotecton
O respeito aos ciclos naturais eram muito maiores entre os "bárbaros" do que entre os romanos e demais habitantes da península itálica
Por outro lado, o "desencantamento" do Mundo Natural que ocorreu devido a expansão do Cristianismo, além da idéia de que o Mundo Natural fora criado por Deus de forma a ser relativamente constante e governado por regras próprias (isso permite aos Cristãos, em teoria, distinguir o que é um fenômeno natural de um milagre divino - se o Mundo Natural fosse governado arbitrariamente por Deus, tal distinção seria impossível) e de que o Homem é dotado da habilidade de dominar a natureza foram grandes incentivos para o estabelecimento daquilo que hoje é chamado de "Ciência".

A "Ciência" como se conhece hoje é decorrente da epistemologia desenvolvida nos últimos 100 anos.

A estruturação e a difusão do método científico realmente ocorreu na Europa cristã da Idade Média Clássica (século XII). Mas é importante ressaltar que isto ocorreu em um contexto no qual o conhecimento da natureza ("científico") era considerado como muito inferior ao filosófico e, é claro, ao teológico (Sapientia Dei. Sapientia mundi).

É importante salientar que a base do método científico foi elaborada de forma independente na China, no início do século II AD (mais de dez séculos antes da Europa), pelo sábio Chang Heng o qual efetuou estudos detalhados de sismologia. Mas o seu legado não foi aproveitado pelos seus conterrâneos, talvez pela ausência de um ambiente econômico e escolar mais apropriado.

Uma faceta muito negativa da "habilidade de domar a natureza" foi a devastação ambiental realizada pela humanidade européia, ocidental, branca e cristã, sob a desculpa de que agia por um "desígnio divino". Este modus operandi permaneceu assim ao longo de toda a Idade Média e Moderna, somente vindo a ser questionado a partir do final do século XIX, com a formação do primeiro parque nacional nos EUA.
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Offline Irracionalista

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Re: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia
« Resposta #27 Online: 29 de Dezembro de 2010, 14:57:34 »
Citar
Sim , o cristianismo foi um retrocesso para o ocidente, enquanto era uma seita exotica com qual as legioes tiveram contato até que nao incomodava ninguem

A putaria comecou com Constantino,  instaurou  reino de terror do clero

 O ocidente so se livrou destas amarras quando se reinventou ao ter contato com os arabes e os chineses

O Ocidente até hoje é majoritariamente cristão - e as regiões onde o Cristianismo foi "expurgado à força" por meio dos regimes socialistas (notavelmente a Albânia de Enver Hoxha e a União Soviética Leninista e Stalinista até a "Grande Guerra Patriótica", onde havia até mesmo um grupo consideravelmente grandes de membros do Partido, da Komsomol e trabalhadores "livres" chamada de "Society of the Godless/The Union of Belligerent Atheists " ) são os rincões mais atrasados daquilo que se chama de Ocidente.

Aliás, é bizarro ver o Cristianismo como um "retrocesso", já que o próprio "Ocidente Atrasado" foi o responsável por disseminar diversas descobertas e avanços que ocorreram em seu meio (através dos Jesuítas) na China quando o contato entre ambos se intensificou durante a "Era das Navegações" e salvo o domínio de Al-Andalus (que foi retomado durante a chamada "Reconquista" - uma série de conflitos que ocorreu desde o fim da invasão Omíada e surgimento do Emirado de Córdoba até a coroação dos Reis Católicos e a queda de Granada na Batalha de Granada) eram os Cristãos que estavam invadindo as terras árabes (que não eram necessariamente islâmicas).

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A concepção de respeito e igualdade individual perante um poder maior é, sem dúvida alguma, de origem grega do período clássico, ainda que ela fosse limitada. Sem negar a contribuição e a influência do cristianismo para a formação do que se chama "Mundo Ocidental", eu entendo que a igualdade e o individualismo somente chegaram nas sociedades modernas pelo Iluminismo.

No período de máxima influência cristã na Europa (entre os séculos V a XVI) os indivíduos eram claramente divididos em classes (reis, clero, demais nobres, senhores feudais, funcionários públicos, "povo" e escravos), sendo que algumas delas não existiram de forma simultânea. Então a tão propalada "igualdade" promovida pelo cristianismo nunca foi efetiva.

Eu não estou negando de forma alguma que os passos decisivos para igualdade (agora em forma legal/jurídica, não só como um preceito religioso) e o individualismo (esse em menor escala) foram tomados e efetivados no Iluminismo - só quero lembrar que é muito comum reduzirem a importância do pensamento cristão na formação do Ocidente - algo que foi feito notavelmente pelos membros da Ilustração, que quizeram dar a impressão que nada que preste surgiu entre a Queda de Roma e a Renascença (a ponto de chamar a Idade Média de "Idade das Trevas" - algo que felizmente tem sido mostrado como falso pela historiografia moderna).

Agora, igualdade individual perante um poder maior é de origem grega? Eu sinceramente não me lembro disso. Poderia ser mais longo nessa parte?

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A estruturação e a difusão do método científico realmente ocorreu na Europa cristã da Idade Média Clássica (século XII). Mas é importante ressaltar que isto ocorreu em um contexto no qual o conhecimento da natureza ("científico") era considerado como muito inferior ao filosófico e, é claro, ao teológico (Sapientia Dei. Sapientia mundi).

Sim, era - mas isso não impediu que a "Teologia Natural" e a "História Natural" fossem práticas nenhum pouco incomuns entre o clero católico (e anglicano) e aqueles que passaram pela Academia (que era um "poço de heresias" surgidas devido a relativa liberdade acadêmica concedida a tal local - muitas vezes pelos próprios Papas).

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Uma faceta muito negativa da "habilidade de domar a natureza" foi a devastação ambiental realizada pela humanidade européia, ocidental, branca e cristã, sob a desculpa de que agia por um "desígnio divino". Este modus operandi permaneceu assim ao longo de toda a Idade Média e Moderna, somente vindo a ser questionado a partir do final do século XIX, com a formação do primeiro parque nacional nos EUA.

Na verdade, o "direito do homem sobre a natureza" já era consideravelmente questionado na Inglaterra durante os século XVII (e posteriormente, em 1824 já existia a Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals) e tal idéia teve sempre uma aceitação mista em tal nação. Caso você se interesse por isso, há o clássico "O Homem e o Mundo Natural" de Keith Thomas (que está sumido nessas paragens  :P).

E nunca foi preciso a justificação do "desígnio divino" para qualquer grupo humano causar devastação ambiental - basta ter acesso à ferramentas que permitam isso que isso será feito.
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Offline Moro

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Re: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia
« Resposta #28 Online: 29 de Dezembro de 2010, 15:32:50 »
Que interessante..... Cristãos sofrendo a mesma coisa que fizeram com outros religiosos.......

Cuidado barata.. O problema dos grupos é que eles servem como classificação mas para nada mais. Essas pessoas que estão sofrendo não fizeram as atrocidades cristãs, tanto quanto você não tem nada a ver com Nanquim.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline Moro

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Re: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia
« Resposta #29 Online: 29 de Dezembro de 2010, 15:38:31 »
E já que abriram espaço para o assunto...
Que interessante..... Cristãos sofrendo a mesma coisa que fizeram com outros religiosos.......
Então você concorda que o Japão mereceu a bomba atômica?

Se a questão é olho por olho... O Japão jogou bombas atômicas em alguém?

(vamos tirar o fato que os EUA fizeram tudo para serem atacados pelo Japão)

Tem um tópico para isso aqui.. A coisa não é tão simples assim
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Offline Fabi

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Re: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia
« Resposta #30 Online: 29 de Dezembro de 2010, 17:22:32 »
Yep, o mesmo cristianismo que também tinha seus "amores" com o direito divino dos reis (embora isso é muito mais característico do protestantismo do que do catolicismo - já que para os católicos um rei em teoria poderia ser deposto pelo Papa) e que fez parte dos estamentos medievais. Porém mesmo nas situações mais extremas do absolutismo, a individualidade de uma pessoa sempre existiria e sua salvação estaria apenas em suas mãos, não de um Rei, de um Padre ou de um Aristocrata e independentemente da posição social, da grandiosidade da pessoa ou de seu nascimento, todo homem era igual ao ser julgado por Deus.

No seu raciocínio existe um erro. Se todo homem é igual perante Deus, então por que existe padres, bispos, arcebispos, e o papa?
Até onde eu sei, esse grupinho se coloca numa categoria acima da humanidade e se julga o único detentor da verdade, e até escolhe o que é de Deus e o que não é. Onde está a igualdade?
Claro, pode soar algo exótico e antiquado, mas essa visão de salvação individual e que todos são iguais perante a Deus é a origem dos pilares da Democracia Moderna (que surgiu e tem se mantido ao trancos e barrancos em países cristãos por excelência).
Não. Essa visão de salvação individual nunca teve a ver com a democracia, a democracia (os moldes, os pilares) foram inventados pelos gregos, e usados pelos romanos. A diferença é que os romanos e gregos eram muito exigentes na hora de definir quem era e quem não era cidadão.
Não exatamente, o Cristianismo Católico adotou diversas posturas quanto ao suposto "centro do universo", desde o foco na figura divina (que vem da interpretação que o homem é manchado pelo pecado, traiçoeiro e incapaz de ser bom senão por meio da graça divina) até a postura escolástica-renascentista de que o homem é uma cria especial de Deus, herdeira desse mundo e capaz de desfrutá-lo sem violar as leis do Pai.
Você acabou de descrever uma técnica de lavagem cerebral. Primeiro você quebra o espírito da pessoa e depois se oferece como única opção.

Mas deixa eu dar os devidos méritos ao Cristianismo. A única coisa que o Cristianismo fez, e que talvez se o Império Romano ainda existisse (ou durasse por mais tempo), foi as brigas e guerras que fez com que a Europa se dividisse e o caminho para o ocidente ficou bloqueado e como consequencia chegaram na América e nós estamos aqui hoje.

Se toda a Europa, Ásia, e África vivessem em paz... quem iria se aventurar pelo oceano? No mínimo iam achar que se fizessem isso iam acabar chegando no lugar que já conheciam. Não sei se pensariam na possibilidade de existir outro continente  :umm: é só olhar os mapas do séc. XII...

O Cristianismo é uma religão que gera brigas e conflitos por causa da visão tacanha que eles tem do mundo. Isso foi muito útil na idade média, mas agora já não serve mais.
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Re: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia
« Resposta #31 Online: 02 de Janeiro de 2011, 00:52:36 »
Que interessante..... Cristãos sofrendo a mesma coisa que fizeram com outros religiosos.......

Cuidado barata.. O problema dos grupos é que eles servem como classificação mas para nada mais. Essas pessoas que estão sofrendo não fizeram as atrocidades cristãs, tanto quanto você não tem nada a ver com Nanquim.
Não fiz un juizo de valor, dizendo ser bom ou merecido. Só apobtei que era interessante ver a hostoria se repetindo, mas com lados inversos.
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Offline Geotecton

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Re: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia
« Resposta #32 Online: 02 de Janeiro de 2011, 09:58:21 »
Citação de: André Luiz
Sim , o cristianismo foi um retrocesso para o ocidente, enquanto era uma seita exotica com qual as legioes tiveram contato até que nao incomodava ninguem. A putaria comecou com Constantino,  instaurou  reino de terror do clero. O ocidente so se livrou destas amarras quando se reinventou ao ter contato com os arabes e os chineses

O Ocidente até hoje é majoritariamente cristão - e as regiões onde o Cristianismo foi "expurgado à força" por meio dos regimes socialistas (notavelmente a Albânia de Enver Hoxha e a União Soviética Leninista e Stalinista até a "Grande Guerra Patriótica", onde havia até mesmo um grupo consideravelmente grandes de membros do Partido, da Komsomol e trabalhadores "livres" chamada de "Society of the Godless/The Union of Belligerent Atheists " ) são os rincões mais atrasados daquilo que se chama de Ocidente.

No caso da ex-URSS há erro de análise seu Irracionalista.

Os países ocidentais que compunham este extinto país eram todos cristão e atrasados, tanto é que a Rússia de 1917 possuía ainda uma estrutura feudal, de tal modo que os regimes socialistas não foram os responsáveis por tal descompasso com o Ocidente, naquele contexto histórico. Pelo contrário. Sob o ponto de vista científico e tecnológico, a ex-URSS igualou (e, em alguns casos, ultrapassou) o Ocidente, especialmente em Ciência básica, fazendo-o sob condições sociais e históricas muito mais desfavoráveis.

Não lembro muito da história da Albânia, mas eles também eram majoritariamente muçulmanos e cristãos, e atrasados, quando estavam sob o jugo do império otomano, antes da implantação do regime socialista em 1945. Porque que é que eu não posso atribuir tal atraso às vicissitudes das duas religiões?


Aliás, é bizarro ver o Cristianismo como um "retrocesso", já que o próprio "Ocidente Atrasado" foi o responsável por disseminar diversas descobertas e avanços que ocorreram em seu meio (através dos Jesuítas) na China quando o contato entre ambos se intensificou durante a "Era das Navegações" e salvo o domínio de Al-Andalus (que foi retomado durante a chamada "Reconquista" - uma série de conflitos que ocorreu desde o fim da invasão Omíada e surgimento do Emirado de Córdoba até a coroação dos Reis Católicos e a queda de Granada na Batalha de Granada) eram os Cristãos que estavam invadindo as terras árabes (que não eram necessariamente islâmicas).

Opsss!

Muito antes da formação da Companhia de Jesus (1534), outros povos forneceram conhecimento científico e tecnológico ao Ocidente cristão, incluindo a própria China, via Marco Polo cerca de 200 anos antes; embora os árabes tenham sido os maiores provedores disto. Também é importante ressaltar que o conhecimento filosófico grego pré-cristianismo foi reintroduzido no Ocidente por filósofos árabes por volta do século IX.


Citação de: Geotecton
A concepção de respeito e igualdade individual perante um poder maior é, sem dúvida alguma, de origem grega do período clássico, ainda que ela fosse limitada. Sem negar a contribuição e a influência do cristianismo para a formação do que se chama "Mundo Ocidental", eu entendo que a igualdade e o individualismo somente chegaram nas sociedades modernas pelo Iluminismo.

No período de máxima influência cristã na Europa (entre os séculos V a XVI) os indivíduos eram claramente divididos em classes (reis, clero, demais nobres, senhores feudais, funcionários públicos, "povo" e escravos), sendo que algumas delas não existiram de forma simultânea. Então a tão propalada "igualdade" promovida pelo cristianismo nunca foi efetiva.

Eu não estou negando de forma alguma que os passos decisivos para igualdade (agora em forma legal/jurídica, não só como um preceito religioso) e o individualismo (esse em menor escala) foram tomados e efetivados no Iluminismo - só quero lembrar que é muito comum reduzirem a importância do pensamento cristão na formação do Ocidente - algo que foi feito notavelmente pelos membros da Ilustração, que quizeram dar a impressão que nada que preste surgiu entre a Queda de Roma e a Renascença (a ponto de chamar a Idade Média de "Idade das Trevas" - algo que felizmente tem sido mostrado como falso pela historiografia moderna).

Que fique claro. O desenvolvimento da sociedade européia ocorreu "também pelo" e "apesar de" o cristianismo, de maneira alternada ao longo da Idade Média e da Idade Moderna. "Também pelo" cristianismo porque foi ele o responsável por uma certa unidade da Europa frente às diversas ameaças de outros povos e religiões principamente entre os séculos V e XII. O "apesar de" se deu, como eu já havia mencionado, pela total subordinação do cotidiano secular às demandas religiosas - e político/econômicas - da Igreja Católica, de tal modo que esta foi a responsável direta, ou indireta, pela maioria dos casos de massacres e genocídios por pelo menos doze séculos, incluindo Cruzadas, Inquisição e Missionarismo Americano.


Agora, igualdade individual perante um poder maior é de origem grega? Eu sinceramente não me lembro disso. Poderia ser mais longo nessa parte?

A democracia ateniense é o caso conspícuo de "igualdade individual" (cidadãos) "perante um poder maior" (Estado). E como eu escrevi, antes, ela ocorreu de forma limitada, pois eram muito restritivos os critérios que definiam um "cidadão".


Citação de: Geotecton
A estruturação e a difusão do método científico realmente ocorreu na Europa cristã da Idade Média Clássica (século XII). Mas é importante ressaltar que isto ocorreu em um contexto no qual o conhecimento da natureza ("científico") era considerado como muito inferior ao filosófico e, é claro, ao teológico (Sapientia Dei. Sapientia mundi).

Sim, era - mas isso não impediu que a "Teologia Natural" e a "História Natural" fossem práticas nenhum pouco incomuns entre o clero católico (e anglicano) e aqueles que passaram pela Academia (que era um "poço de heresias" surgidas devido a relativa liberdade acadêmica concedida a tal local - muitas vezes pelos próprios Papas).

A "Teologia Natural" e depois a "História Natural" eram práticas difundidas com uma certa restrição entre os cleros supramencionados, mas sempre o foram sob a condição de inferioridade deste conhecimento frente ao filosófico e ao teológico. E isto somente foi mudado no Iluminismo e com a separação entre igreja e Estado.

A Igreja Católica não incentivava o conhecimento científico (mundano) e sim o tolerava, pois este começava a trazer benefícios políticos e econômicos. Ela sabia que e via nele uma ameaça e por isto manteve-o sob o seu rígido controle por mais de 500 anos.


Citação de: Geotecton
Uma faceta muito negativa da "habilidade de domar a natureza" foi a devastação ambiental realizada pela humanidade européia, ocidental, branca e cristã, sob a desculpa de que agia por um "desígnio divino". Este modus operandi permaneceu assim ao longo de toda a Idade Média e Moderna, somente vindo a ser questionado a partir do final do século XIX, com a formação do primeiro parque nacional nos EUA.

Na verdade, o "direito do homem sobre a natureza" já era consideravelmente questionado na Inglaterra durante os século XVII (e posteriormente, em 1824 já existia a Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals) e tal idéia teve sempre uma aceitação mista em tal nação. Caso você se interesse por isso, há o clássico "O Homem e o Mundo Natural" de Keith Thomas (que está sumido nessas paragens  :P).

Em outras sociedades religiosas, como a chinesa e a indiana, o respeito à Natureza, animais inclusos, sempre foi muito maior que as sociedades cristãs européias e americanas.


E nunca foi preciso a justificação do "desígnio divino" para qualquer grupo humano causar devastação ambiental - basta ter acesso à ferramentas que permitam isso que isso será feito.

Mas não é esta a questão. A extração de recursos do meio-ambiente para a sobrevivência é parte do processo natural de todas as espécies.

Mas a extração foi elevada a um patamar insustentável nas sociedades cristãs porque a Igreja, por meio de seu "texto sagrado", passou a justificar, com a ideologia religiosa, o domínio absoluto do homem sobre a natureza por "desígnio divino". A Natureza deixou de ser "sagrada", porque o panteísmo era uma forma de heresia e de ameaça ao culto do deus personalista e "invisível" cristão.
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Offline Pagão

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Re: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia
« Resposta #33 Online: 02 de Janeiro de 2011, 10:52:02 »
Mas a extração foi elevada a um patamar insustentável nas sociedades cristãs porque a Igreja, por meio de seu "texto sagrado", passou a justificar, com a ideologia religiosa, o domínio absoluto do homem sobre a natureza por "desígnio divino". A Natureza deixou de ser "sagrada", porque o panteísmo era uma forma de heresia e de ameaça ao culto do deus personalista e "invisível" cristão.

O panteísmo tem esse vocação para o sagrado associada à Natureza... sendo o sagrado uma manifestação de respeito profundo por algo que revela um outro algo ainda maior do que ele em si mesmo... isso talvez não exista no ateísmo... Todavia, quando estados oficialmente ateus mudavam os nomes a cidades para colocar o dos seus lideres e erguiam estátuas colossais aos mesmos não será que podemos dizer que aí também há uma noção do sagrado associado ao culto dos "antepassados", a um respeito inviolável por doutrinas e pelos homens que as impuseram? Não há pois um sagrado ateu? pelo menos em certas linhas do ateísmo? Afinal são tão "anti-deuses" e "anti-livros sagrados" assim? 
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Offline Geotecton

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Re: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia
« Resposta #34 Online: 02 de Janeiro de 2011, 12:16:06 »
Mas a extração foi elevada a um patamar insustentável nas sociedades cristãs porque a Igreja, por meio de seu "texto sagrado", passou a justificar, com a ideologia religiosa, o domínio absoluto do homem sobre a natureza por "desígnio divino". A Natureza deixou de ser "sagrada", porque o panteísmo era uma forma de heresia e de ameaça ao culto do deus personalista e "invisível" cristão.

O panteísmo tem esse vocação para o sagrado associada à Natureza... sendo o sagrado uma manifestação de respeito profundo por algo que revela um outro algo ainda maior do que ele em si mesmo... isso talvez não exista no ateísmo...

Não generalize. Eu, que sou ateu, tenho um profundo respeito pela Natureza. E isto veio da Ciência e do Humanismo.


Todavia, quando estados oficialmente ateus mudavam os nomes a cidades para colocar o dos seus lideres e erguiam estátuas colossais aos mesmos não será que podemos dizer que aí também há uma noção do sagrado associado ao culto dos "antepassados", a um respeito inviolável por doutrinas e pelos homens que as impuseram? Não há pois um sagrado ateu? pelo menos em certas linhas do ateísmo? Afinal são tão "anti-deuses" e "anti-livros sagrados" assim?  

Eu entendo que a mudança de nomes de cidades nos estados oficialmente ateus tiveram mais a ver com ideologias políticas e não com o ateísmo. Vide o caso de São Petersburgo, na Rússia. Ela foi fundada com este nome, pelo tsar cristão Pedro, O Grande, em 1703, em um claro sinal de autoelogio e culto personalista. Passou a se chamar Petrogrado em função do nacionalismo russo em 1914, época que o estado da Rússia não era oficialmente ateu, e para Leningrado em função da revolução bolchevique em 1924. Somente em 1991 voltou a ser São Petersburgo.

Ao meu ver não existe nada de "sagrado" para o ateísmo, a não ser casos isolados de idolatrias estúpidas a certos personagens ateus, como é o caso de Richard Dawkins. No entanto, se voce substituir a palavra "sagrado" por palavras como respeito e ou admiração, aí sim teremos algo mais próximo da realidade.
« Última modificação: 02 de Janeiro de 2011, 16:57:32 por Geotecton »
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Re: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia
« Resposta #35 Online: 02 de Janeiro de 2011, 16:16:09 »
quando alguém vai conseguir explicar para crentes que ser ateu só quer dizer que não acreditamos em deus, e que respeito por natureza, amor, sentimento de respeito mútuo, tudo isso é independente da crença em deus?

Que *&^%@#   |(
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Re: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia
« Resposta #36 Online: 02 de Janeiro de 2011, 16:20:20 »
Mais um motivo por que estou preferindo me apresentar com humanista secular. O "humanista" no nome, mesmo a maioria das pessoas não sabendo exatamente o que quer dizer, pelo menos já é associado com uma ética humanitária.

Offline Fabi

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Re: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia
« Resposta #37 Online: 02 de Janeiro de 2011, 21:57:33 »
"Também pelo" cristianismo porque foi ele o responsável por uma certa unidade da Europa frente às diversas ameaças de outros povos e religiões principamente entre os séculos V e XII.
Você disse unidade da Europa?  :hein: O Cristianismo, mais especificamente o catolicismo, foi responsável pela não união da Europa.
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Re: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia
« Resposta #38 Online: 02 de Janeiro de 2011, 22:08:17 »
"Também pelo" cristianismo porque foi ele o responsável por uma certa unidade da Europa frente às diversas ameaças de outros povos e religiões principamente entre os séculos V e XII.
Você disse unidade da Europa?  :hein: O Cristianismo, mais especificamente o catolicismo, foi responsável pela não união da Europa.

Eu me referia à manutenção da integridade territorial e de uma certa identidade dos povos da Europa.
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Offline Pagão

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Re: Paquistão condena cristã à morte por blasfêmia
« Resposta #39 Online: 03 de Janeiro de 2011, 08:23:21 »
Efectivamente, o homem medieval cristão ocidental produziu uma extraordinária forma de organização social, económica e política, normalmente conhecida como Feudalismo, que salvou a nossa civilização ao gerar a capacidade para sustentar e manter activa uma classe militar de guerreiros que soube conter os muçulmanos árabes/berberes já entrados no sul de França; conter os vikingues que saqueavam pelos grandes rios franceses e atacaram Paris; suster os eslavos pagãos que pressionavam a Alemanha; e derrotar os magiares que chegaram a penetrar na Baviera. Por pouco o cristianismo europeu ocidental teria tido o mesmo destino no cristianismo no norte de África e no próximo oriente. O Ocidente deve ao Feudalismo a sua sobrevivência e também lhe deve o início do verdadeiro renascimento cultural ao longo da Baixa Idade Média. Infelizmente, confunde-se o caos da Alta Idade Média, essa sim a Idade da Trevas, com a sua superação pela nova ordem feudal do ano 1000... Ao restaurar a ordem e ao dar um sentido à vida, o cristianismo teve um papel fundamental que a Europa deve reconhecer... de nada importando para o efeito a verdade objectiva das suas alegações religiosas.   
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

 

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