Autor Tópico: UPPs  (Lida 2538 vezes)

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UPPs
« Online: 21 de Dezembro de 2010, 17:32:58 »
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UPPs abrem caminho para economia formal em favelas do Rio


Sky lançou pacote especial de assinatura para favelas pacificadas

A instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) em favelas do Rio de Janeiro, que completou dois anos, tem sido acompanhada de medidas de formalização da economia local.

Serviços como água, luz e TV a cabo vêm sendo regularizados, e empresas têm abandonado a informalidade. Segundo o governo estadual, as UPPs têm levado ainda à qualificação da mão-de-obra local e ao ingresso dos moradores no mercado de trabalho formal.

"Na Cidade de Deus, só em um fim de semana 270 empresas foram formalizadas. Vêm desde o dono da birosca ao cara que tem uma vendinha em casa ou a mulher do cabeleireiro", diz Silvia Ramos, subsecretária de Ações Integradas no Território e coordenadora das ações do programa UPP Social.

Projetos

Segundo dados do governo, um projeto, batizado de Empresa Bacana, formalizou desde agosto mais de mil empresas na Cidade de Deus, no Morro do Borel, no Morro da Providência e no Complexo do Alemão (este último só terá UPP a partir do segundo semestre de 2011, mas está ocupado pelo Estado desde o fim de novembro).

Em outra iniciativa, uma parceria da UPP com o Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio vem recrutando mão-de-obra para estabelecimentos do setor nas favelas com UPPs. Segundo o SindRio, seus representantes vão às comunidades, cadastram os currículos dos interessados e encaminham os candidatos para entrevistas de emprego.

Desde novembro, o projeto passou por quatro favelas e cadastrou o currículo de mais de 308 pessoas, encaminhando 158 delas para entrevistas. Antes, elas assistem a uma palestra com dicas sobre como ser bem-sucedido na área.

"Damos dicas básicas de como se vestir, como se comportar, que atitude ter", diz Kátia Watts, coordenadora de comunicação do SindRio. "Como conhecemos a expectativa dos empregadores, passamos alguns 'truques' para que as pessoas consigam dar esse salto."


Projeto Empresa Bacana deu atendimento a microempresários

No projeto Empresa Bacana, os microempresários são atendidos por consultores que cuidam de sua papelada e dão dicas para a expansão dos negócios.

A partir da regularização da empresa, eles passam a ter CNPJ, alvará, acesso a créditos e podem contratar funcionários com carteira assinada. O projeto é uma parceria entre Prefeitura do Rio, Sebrae e Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis (Sescon/RJ).

Pacote exclusivo

O aquecimento da economia interna das comunidades com UPPs é reforçado pela gradual entrada de grandes empresas. Após a recente expulsão do tráfico, o Complexo do Alemão deve ganhar filiais dos bancos Bradesco, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.

Na semana após a operação do Alemão, a rápida entrada de vendedores de operadoras de telefonia e TV a cabo, oferecendo aos moradores serviços de TV por assinatura, sugere que a retirada do comando do tráfico de drogas pode ter um efeito imediato na economia local.

De olho no novo mercado, a Sky lançou em setembro um plano exclusivo para as favelas pacificadas: o "Sky UPP" tem mensalidade de R$ 44,90 e oferece 89 canais. A empresa não divulga números, mas o diretor de vendas, Sérgio Ribeiro, fala em "ótimos resultados".

"Antes da parceria, tínhamos uma pequena base de clientes nessas comunidades. Agora, em um mês, chegamos a ver o ritmo de vendas crescer cerca de dez vezes", conta. "Para a SKY, é uma oportunidade de atingir consumidores que utilizavam serviços ilegais e agora podem optar por sair da ilegalidade."

Antes da entrada das TVs pela via oficial, a maioria dos moradores das comunidades recorria ao chamado "gatonet", a TV a cabo clandestina. Os "gatos" também valiam para a luz e para a água, e agora estão sendo gradualmente erradicados.

A Light, por meio do programa Comunidade Eficiente, já refez sua rede em cinco favelas com UPPs, e até o fim do mês inaugura a nova rede de outras duas. No processo, lâmpadas incandescentes são trocadas pelas econômicas, geladeiras mais antigas são substituídas por novas e todos os domicílios passam a ter relógios para medir o consumo de energia elétrica.

No Santa Marta, antes da UPP, eram cerca de 80 domicílios cadastrados. Hoje, são 1,7 mil, segundo o superintendente de Relacionamento com as Comunidades, Mario Guilherme Romano.

"Com o advento das UPPs, tivemos uma oportunidade imensa. Com o tráfico, não havia o que fazer. Fomos ameaçados várias vezes", afirma.

Esgoto

A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) vem regularizando sua rede em 111 favelas por meio do programa Água para Todos. De acordo com o presidente Wagner Victer, a presença das UPPs facilita o recadastramento dos moradores e a melhoria do abastecimento.

"A pacificação favorece que os moradores caminhem para a formalidade", diz. "Mesmo nas favelas, a nossa cobertura era de quase 100%. Mas as pessoas não recebiam água de maneira rotineira e os ramais levavam a perdas de água extremamente elevadas."

Para Silvia Ramos, esse processo de regularização de serviços e atividades econômicas é essencial para que as favelas se tornem "bairros integrados à vida normal da cidade".

"Para isso, é muito importante que a atividade empresarial e comercial se multiplique. As favelas não podem continuar sendo trabalhadas como espaços da carência. Queremos pensar numa favela como um espaço que pode dar lucro", afirma a subsecretária do governo do Rio.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/12/101220_rio_upps_servicos_julia_rw.shtml
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Ex-traficantes de favela no Rio procuram UPP atrás de emprego

Cinco meninas procuraram a Unidade de Polícia Pacificadora da Cidade de Deus para trocar o tráfico de drogas por algum emprego

Em uma tarde de agosto, cinco meninas chegaram juntas à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, para pedir ajuda. Elas atuavam no tráfico de drogas, mas queriam deixar o crime para trás.

"Entramos todas juntas, e eu falei que não queria mais ficar na vida que eu levava. Perguntei se eles podiam me ajudar a largar essas coisas e arrumar um emprego, uma escola. Queria mudar de vida", conta C., de 18 anos. Veja o depoimento de C: Jovem troca venda de cocaína por emprego em salão de beleza no Rio

Um ano antes, a jovem havia sido presa pelos mesmos policiais aos quais se entregou. Menor de idade, passou sete dias presa e voltou à sua atividade: venda de cocaína nas ruas da Cidade de Deus. Agora, com a ajuda da UPP, ela e sua amiga R., de 19 anos, conseguiram emprego em um salão de beleza na comunidade.


Jovem que trocou o tráfico por emprego na Cidade de Deus

"Fomos bem recebidas, eles ajudaram a gente. Mudou a nossa vida totalmente. Mudou para melhor, porque naquela vida não dava mais, não", conta C., que tem cicatrizes no corpo de agressões sofridas no passado.

Na última segunda-feira, a dupla conversou com a BBC Brasil dentro da UPP da Cidade de Deus. Nos meses após a instalação da unidade, em fevereiro de 2009, elas continuaram traficando e fugindo dos policiais que trabalham ali. Agora, elas fogem de traficantes, e recorrem aos policiais para proteção.

"Acho que, se a UPP não tivesse vindo, eu já estava era morta", diz R. Assista ao depoimento de R.

Menos dinheiro

O soldado Stanley Giffoni, que é apontado pelas duas como uma espécie de guardião, diz que elas chegaram sem rumo.

"A vida delas foi toda no tráfico, são nascidas e criadas ali dentro", diz o policial. "Essas pessoas acham que só existe aquilo. A gente ajudou, arrumou escola, trabalho. Agora elas estão ganhando bem menos do que ganhavam antes, mas de maneira honesta."


Base da Unidade de Polícia Pacificadora da Cidade de Deus

Com o tráfico de drogas, cada uma faturava de R$ 2 mil a R$ 3 mil por semana. Gastavam com roupas, cosméticos e noitadas em bailes funk. "Eu gastava muito no baile, só tomava bebida cara", diz R. "Antes o dinheiro era fácil. Agora é suado", diz.

Giffoni diz que as jovens não foram as únicas a recorrer à ajuda dos policiais para refazer a vida. Pelo menos outras três meninas e três rapazes deram o mesmo passo, e um deles já está empregado, de acordo com o soldado.

Além das UPPs, associações de moradores ou ONGs também têm sido procurados por jovens que querem sair do tráfico.

No Morro da Providência, o capitão Glauco Schorcht afirma que a associação local conseguiu emprego para alguns jovens da comunidade com pequeno grau de envolvimento com o crime.

Schorcht diz que um acordo foi firmado com uma empresa de óleo e gás, que está contratando moradores após oferecer um curso na área de solda.

"Eles já garantiram mais sete turmas para pessoas da comunidade ano que vem", afirma o policial. "Isso vai ser uma ponta de lança para tentar cooptar esses garotos envolvidos com o trafico."

O capitão José Luiz de Medeiros, comandante da UPP da Cidade de Deus, diz que os policiais identificam as pessoas com envolvimento primário com o crime organizado para oferecer ajuda. "Muitas delas não devem nada à Justiça, não têm mandado judicial", afirma.

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/extraficantes+de+favela+no+rio+procuram+upp+atras+de+emprego/n1237888721915.html
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Favela em Realengo tem piores indicadores de áreas com UPPs, indica estudo

A favela do Jardim Batam, em Realengo (Zona Oeste do Rio) apresentou os piores indicadores sociais entre nove favelas já beneficiadas com as UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), em estudo feito a partir de entrevistas com 9 mil moradores.

O levantamento, realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e pelo Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), aponta desigualdades entre comunidades onde foram instaladas UPPs no que se refere a renda, escolaridade, infraestrutura e cidadania.

De acordo com o estudo, a renda domiciliar per capita na favela do Batam é de R$ 406 por mês, a mais baixa entre as comunidades pesquisadas. Logo depois, aparece o morro da Providência, no centro do Rio, onde o valor é de R$ 439. No Pavão Pavãozinho, na Zona Sul, foi encontrada a renda domiciliar mais alta - de R$ 691 per capita mensais.

As favelas de Cidade de Deus (Zona Oeste) e Chapéu Mangueira (Zona Sul) têm a segunda melhor renda domiciliar per capita, com R$ 648. Mas todas as nove comunidades têm média inferior à região metropolitana do Rio, onde a renda domiciliar per capita é de R$ 905 por mês.

O cenário de carência nas favelas do Batam e da Providência se reflete também nas taxas de emprego, escolaridade e infraestrutura. As duas comunidades têm a maior porcentagem de pobres (36% e 28%) e os mais altos índices de desemprego (19,7% e 10%).

No Batam, os dados também apontam deficiências de infraestrutura: apenas metade das ruas da comunidade é pavimentada, e só 48,5% dos domicílios possuem iluminação pública.

"A primeira coisa que se percebe é a total necessidade, a total carência de todas as comunidades", diz Hilda Alves, gerente de Pesquisas e Estatística da Firjan. "Uma favela pode estar melhor que a outra em algumas dimensões, mas todas precisam de muita coisa."

Zona Sul

O estudo indica que as favelas instaladas em morros da Zona Sul têm maior acesso a emprego e educação por causa de sua localização. Por outro lado, a geografia acidentada prejudica a infraestrutura dessas comunidades.

Segundo o levantamento, de maneira geral a escolaridade é baixa em todas as favelas, mas as favelas da Zona Sul e a Cidade de Deus apresentam médias um pouco mais altas, com uma tendência de aproximadamente sete anos de estudo por adulto.

A escolaridade mais baixa está na Providência, com média de 5,8 anos de ensino, e no Pavão Pavãozinho, com 5,9 anos – apesar de a comunidade apresentar a renda per capita mais alta.

Os dados indicam ainda que as favelas da Zona Sul têm coleta de lixo em apenas cerca de 3% de seus domicílios. Já em Cidade de Deus, uma favela plana, cerca de 65% dos moradores são beneficiados pelo serviço.

Também por conta das ruas planas e mais amplas, a comunidade da Zona Oeste tem o maior percentual de moradores que recebem correio em casa: 80%. Nas favelas da Zona Sul, a taxa varia de 5,8% a 17%.

"Esse dado chama atenção para uma das dimensões básicas da cidadania", diz a pesquisadora da Firjan. "Em muitas das favelas, as ruas não têm sequer nome."

"As pessoas não têm endereço, geralmente recebem correspondência na associação de moradores", acrescenta. "Isso significa que elas não podem comprovar residência, não têm acesso a crédito, não podem, por exemplo, comprar uma geladeira a prazo."

Analfabetismo

Hilda Alves diz que os índices de analfabetismo funcional – no qual se enquadram os adultos com até três anos de escolaridade – são preocupantes. O mais alto está na Providência, com 32,8%, e logo depois aparece o Pavão Pavãozinho, com 27,7%.

Outro problema grave apontado pelo estudo é a grande quantidade de jovens de entre 15 e 24 anos que não estudam nem trabalham nessas comunidades. "Isso é um cenário muito propício à criminalidade", aponta.

"Se você não tem ensino, por exemplo, você tem menos oportunidades de emprego. Se você não consegue emprego, você está mais propício à criminalidade. Isso fecha todo um cenário", acrescenta. "As causas estão vinculadas, e as ações têm que ser vinculadas também."

Por isso, diz a pesquisadora, a situação encontrada deve ser remediada por diversas frentes. "Não adianta oferecer um curso de qualificação para uma pessoa que tem cinco anos de estudo", afirma. "Tem que entrar com a educação básica também."

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/12/101220_rio_upps_favela_realengo_jc.shtml
« Última modificação: 21 de Dezembro de 2010, 17:53:57 por Unknown »

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Offline Spitfire

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Re: UPPs
« Resposta #1 Online: 21 de Dezembro de 2010, 18:55:49 »
Ok, as UPP´s foram uma iniciativa valida, trouxeram alguns resultados... só que a crítica recai no fato delas não serem as únicas medidas a serem adotadas como se fossem a solução mágica de tudo, não são. Segurança é só 1 dos itens fundamentais, entre tantos outros, que comunidades degradadas pela violência e criminalidade precisam para poderem se recuperar e não mais retornarem ao estágio inicial.

Tentar vender a iniciativa das UPP´s como solução mágica é algo leviano e fútil... pouco tempo durará antes que a criminalidade volte a preencher o espaço que competiria ao estado... pelo menos nos ítens básicos, como Segurança, Educação e Saúde.

Apresentou-se um paliativo temporário, ok... agora tem a obrigação de apresentarem a resolução definitiva do problema.

Offline Diegojaf

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Re: UPPs
« Resposta #2 Online: 22 de Dezembro de 2010, 08:47:37 »
Ok, as UPP´s foram uma iniciativa valida, trouxeram alguns resultados... só que a crítica recai no fato delas não serem as únicas medidas a serem adotadas como se fossem a solução mágica de tudo, não são. Segurança é só 1 dos itens fundamentais, entre tantos outros, que comunidades degradadas pela violência e criminalidade precisam para poderem se recuperar e não mais retornarem ao estágio inicial.

Tentar vender a iniciativa das UPP´s como solução mágica é algo leviano e fútil... pouco tempo durará antes que a criminalidade volte a preencher o espaço que competiria ao estado... pelo menos nos ítens básicos, como Segurança, Educação e Saúde.

Apresentou-se um paliativo temporário, ok... agora tem a obrigação de apresentarem a resolução definitiva do problema.
Negócio é que com a UPP e a comunidade "pacificada", estes serviços que não eram oferecidos por empresas privadas (banda larga, TV Paga, gás) que tinham como desculpa de que era arriscado entrar nesses locais, podem ser cobrados por essa população, já que o fator de risco de vida não existe (ou diminuiu drasticamente).

Obviamente, o Estado deixa de ter essa mesma desculpa e investimentos de saúde, educação e infra estrutura também podem ser cobrados da mesma maneira.

Não há "mágica" nenhuma nas UPP's. É o básico. Se você quer chegar a uma zona de guerra, deve primeiro tomar o poder do lugar.

Acho que desde a concepção das UPP's, a idéia sempre foi que elas seriam somente um primeiro passo e não uma solução em si, mas aí o Dbhor que acompanha melhor a iniciativa, deve ter mais conhecimento.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Spitfire

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Re: UPPs
« Resposta #3 Online: 22 de Dezembro de 2010, 15:14:26 »
Eu sei disto, Diego... o que me refiro é que não se pode vender a ideia que esta iniciativa, positiva concordo, isoladamente seja capaz de pacificar as comunidades carentes. Ela pode ser o ponto de partida, mas deve obrigatoriamente ser posteriormente acompanhada de outras iniciativas nas necessidades mais básicas. Não sou contra as UPP´s... só que para quem já conhece a mentalidade dos nossos políticos, sabe que tratarão a questão como já resolvida... isto sim, sou contra.  :wink: :ok:

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Re: UPPs
« Resposta #4 Online: 23 de Dezembro de 2010, 01:41:55 »
Finalmente achei a reportagem que queria
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Entenda o que são e como funcionam as UPPs nas favelas do Rio

Instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) completa dois anos

A instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) no Rio de Janeiro completa dois anos e provoca discussões sobre o futuro das favelas e do combate à violência na cidade. As unidades são apontadas pelo Estado como um item-chave da política de segurança pública, mas também são alvo de críticas. Leia abaixo como o modelo funciona, sua história e os argumentos de quem elogia e de quem vê com ressalvas a iniciativa.

Como funciona a ocupação e a instalação das UPPs?

A estratégia do governo fluminense consiste em promover a ocupação de favelas a partir de operações do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), para tirá-las do domínio de traficantes ou de grupos armados. Após a ocupação, são instaladas as Unidades de Polícia Pacificadora, que, segundo o governo, visam promover um policiamento preventivo e abrir espaço para que a população local volte a ter acesso a serviços sociais, sejam públicos ou privados (de água a TV a cabo). O Bope passa o bastão para os novos policiais, "treinados em policiamento comunitário", segundo Roberto Sá, subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Secretaria de Segurança do Rio. A UPP é uma espécie de batalhão dentro da comunidade e tem uma sede fixa, com policiamento constante.

Quais os critérios para a escolha das favelas que serão ocupadas?

São escolhidas para ocupação zonas com altos índices de violência, trânsito constante de pessoas, pouca presença do Estado e onde acredita-se que estejam abrigadas grandes quantidades de drogas e armas. O projeto tem como foco inicial o eixo Zona Sul-Centro-Zona Norte, diz Sá, pela alta concentração de favelas muito próximas entre si e próximas ao que ele chama de "eixo turístico-econômico da cidade". Segundo o coronel Robson Rodrigues, comandante da polícia pacificadora, "o objetivo das unidades não é erradicar de vez o narcotráfico". "Tampouco vamos a todas as comunidades. Vamos das menos para as mais complexas. Vamos àquelas com armas de guerra, onde a polícia local não tinha possibilidade de entrar", acrescenta Rodrigues. "Com isso, o programa vai desonerar os batalhões e fazer com que eles mesmos possam dar conta de fazer a prevenção das comunidades menos complexas."

Onde foi instalada a primeira unidade?

A primeira UPP foi instalada em dezembro de 2008 no morro Santa Marta, no bairro de Botafogo (zona Sul), que antes havia ficado um mês sob ocupação policial. A comunidade do Santa Marta foi escolhida por ser razoavelmente pequena e sob controle dos traficantes. Serviu de laboratório para as 12 outras unidades que vieram depois. Após denúncias de abuso policial no local, a polícia do Rio montou uma cartilha sobre direitos dos cidadãos a serem observados durante abordagens dos oficiais da UPP. O projeto da UPP no Santa Marta chamou a atenção da imprensa estrangeira e de celebridades - incluindo a cantora Madonna - que visitaram o morro após a pacificação.

Quais os argumentos a favor do modelo?

Defensores do modelo dizem que ele permitiu que as comunidades pacificadas deixassem de ser subjugadas por narcotraficantes e contassem com um policiamento menos agressivo e "parceiro" da população. Os índices de violência caíram nas comunidades com UPPs. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), que compila as estatísticas de violência na cidade, os registros de roubos no Santa Marta diminuíram 39,5% no primeiro ano após a ocupação, em comparação com o ano anterior. Já na Cidade de Deus, o número de roubos teve uma redução de 68,6%, e o número de homicídios caiu de 34, no ano anterior à UPP, para seis, no primeiro ano após sua implantação. As UPPs também atraíram projetos sócio-culturais e de capacitação profissional para a população local.

E quais os argumentos contra?

Críticos do modelo dizem que ele simplesmente força o deslocamento dos traficantes para outras favelas, que podem se tornar novos bastiões do tráfico e da violência. Também questiona-se se as UPPs serão sustentáveis em grande escala, já que a estimativa é de que há cerca de mil favelas no Rio e Grande Rio. Além disso, teme-se que a ausência de narcotraficantes nas favelas possa abrir espaço para a formação de milícias. Por fim, críticos dizem que o modelo de policiamento cerceia em alguns casos a vida comunitária das favelas pacificadas, restringindo, por exemplo, festas e bailes funk.

Quais os próximos passos previstos?

Até 2014, espera-se que a cidade tenha entre 40 e 50 UPPs, abrangendo até 165 favelas. Algumas comunidades, como Rocinha e Macacos, devem receber mais de uma UPP.

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/bbc/entenda+o+que+sao+e+como+funcionam+as+upps+nas+favelas+do+rio/n1237880077100.html
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UPP impulsiona 'samba de classe média' e restringe bailes funk

A cada primeiro sábado do mês, a quadra da escola de samba do morro Santa Marta, em Botafogo, tem sido lotada por um público novo - a maioria de cariocas que nunca estiveram na favela. O motivo é o evento "Morro de Alegria", promovido desde setembro por um bloco de carnaval da Zona Sul, o Spanta Neném.

De acordo com os organizadores, a última edição do evento teve os ingressos esgotados horas antes do início e atraiu cerca de mil pessoas.

Para Diogo Castelão, um dos dez integrantes do Spanta Neném, o sucesso de público na favela não seria possível sem a Unidade de Polícia Pacificadora (UPPs), implantada no morro Santa Marta há dois anos.

"Nosso objetivo é fazer a galera subir", diz Castelão. "Existe esse mistério que ronda as comunidades. As pessoas do Rio em geral não conhecem, mas têm vontade de conhecer. Agora as UPPs facilitaram esse movimento."

"Como é uma comunidade já pacificada, não fiquei com medo de vir", afirma a estudante Rafaela Amado, de 24 anos, moradora da Tijuca. "Minhas amigas já tinham vindo, falaram que é superlegal e me convenceram."

Rafaela comprou as entradas para o samba, que custa R$ 30, com antecedência. Para os moradores da comunidade, os organizadores fixaram um preço de R$ 10. Do lado de fora da quadra, havia duas rodas de samba para entreter os que não tivessem ingressos.

O morador Alan Barcelos, de 22 anos, que ficou do lado de fora, acompanhando o movimento, diz considerar o evento pouco democrático.

"Samba sempre vai ser bom, ainda mais para a gente que mora no morro e tem isso na veia. Mas isso é um evento para o pessoal da rua subir o morro", afirma. "Acho que deveria ter uma integração maior asfalto-favela, mas não tem como participar porque é caro para a gente."

Funk restrito

Mas, enquanto o samba do Spanta Neném atrai pessoas da classe média e média alta para a favela, o cientista político André Rodrigues avalia que os jovens das comunidades com UPPs perderam um espaço importante de sua sociabilidade com a suspensão dos bailes funk.

"O funk é uma marca cultural da favela, um aspecto forte da formação cultural do jovem", diz Rodrigues, pesquisador associado do Instituto de Estudos da Religião (Iser). "O jovem fica em uma zona de sombra das UPPs. Ele se mantém afastado das novas possibilidades de inserção na vida cotidiana."

De acordo com o capitão Robson Rodrigues, comandante de Polícia Pacificadora, os bailes geralmente são suspensos logo após a ocupação de favelas pelas UPPs, mas depois cabe à comunidade decidir se quer retomá-los e se organizar para adequá-los às regras formais.

"Primeiro, suspendemos o baile rapidamente até entender a sua dinâmica", diz o comandante. "Depois, a polícia não vai dizer que sim nem que não."

"Se eles se propuserem a organizar um evento, têm que se formalizar para isso. Não pode mais ser um baile mambembe com instalações precárias", acrescenta o capitão. "Queremos mudar o cenário de informalidade que era muito propício ao crime."

A Ladeira dos Tabajaras, entre Copacabana e Botafogo, foi a primeira comunidade com UPP a se organizar para se adequar às regras formais. Entre elas, diz Rodrigues, está a lei do silêncio e a exigência de informar o evento ao poder público para que o planejamento de segurança seja feito.

Desde agosto, um baile funk quinzenal voltou a acontecer na favela. De acordo com Reinaldo Reis, presidente da Associação de Moradores do Tabajaras, é importante que o evento volte a ocorrer nessas comunidades para evitar que jovens procurem outras festas, em locais ainda dominados pelo tráfico.

"Quando a gente consegue ter o baile na comunidade pacificada, isso ajuda a preservar a integridade dos nossos filhos e irmãos e traz a cultura para dentro da comunidade", diz Reis. "O baile funk é a raiz da comunidade. É claro que faz falta."

Jazz, turismo e feijoada

Nas favelas com UPPs, outros eventos também têm atraído turistas ou cariocas de outros bairros. No Chapéu Mangueira, no Leme, por exemplo, cerca de 400 pessoas têm frequentado a feijoada que a associação de moradores promove a cada primeiro domingo do mês. De acordo com o presidente da associação, Valdinei Medina, a maioria é de fora da comunidade.

Além da feijoada, passeios ecológicos são oferecidos na favela há cerca de cinco anos, mas Medina diz que a procura aumentou cerca de 60% após a chegada da UPP. A caminhada é seguida de um almoço caseiro na residência de moradores.

No Santa Marta, a Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Lazer lançou em agosto o programa Rio Top Tour, que formou monitores para guiar visitantes pela comunidade. No primeiro mês, o programa recebeu 4,5 mil turistas, de acordo com a secretaria.

Shows de jazz também levaram visitantes ao Santa Marta neste fim de ano. O projeto "Jazz nas 5 estações", realizado pela ONG Atitude Social em parceria com a Prefeitura do Rio, promoveu shows gratuitos de Jorge Mautner, Victor Biglione e outros músicos entre outubro e dezembro.

"Foi uma coisa fantástica", diz Pierre Avila, diretor-presidente da ONG Atitude Social. "Você via uma pessoa da favela assistindo a algo que nunca tinha visto, o jazz, sentado ao lado de outra que está acostumada a ver jazz na Lagoa e nunca tinha estado na favela."

Veja vídeo: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/12/101221_upp_vox_jc.shtml

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Re: UPPs
« Resposta #5 Online: 24 de Dezembro de 2010, 12:41:27 »
Para morador, preconceito ainda prejudica vida em favela pós-UPP

A sensação de segurança pode ser maior, mas o técnico de informática C. ainda vê a vida no morro da Babilônia, na Zona Sul do Rio, com duas preocupações: o preconceito de quem vive fora das favelas e as cicatrizes deixadas por anos de tensão.

"Você mete um prego em uma madeira e pode tirar, mas as marcas ficam", afirma o morador da comunidade, que hoje conta com uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).

"Muitas marcas ficaram. Nós que moramos aqui não conseguimos ouvir fogos de artifício. Você ouve um estouro e treme por dentro."

C. afirma que tem clientes ricos e pede para que seu nome não seja revelado porque diz acreditar que que eles não abririam suas casas e computadores para ele se soubessem que ele mora em uma favela.

"As pessoas ainda nos veem com maus olhos", diz. "Durante muito tempo a própria comunidade exportou uma imagem negativa, e é difícil para as pessoas de fora não terem essa visão ao olhar para ela."

Estigma

Apesar do sucesso, até agora, do trabalho das UPPs, o sociólogo Luiz Antonio Machado, professor das universidades Estadual e Federal do Rio de Janeiro (Uerj e UFRJ), concorda que há um estigma em relação aos moradores das favelas. Segundo ele, isso se deve em parte ao fato de a presença do Estado se dar de modo "perverso" nessas comunidades de uma maneira geral.

Para Machado, "não há uma ausência do poder público" em comunidades que ainda não contam com uma UPP, o que há é uma presença que reforça a desigualdade social, com serviços de má qualidade, instituições que não funcionam e uma estrutura conivente com o tráfico.

"Essa modalidade de presença permite o funcionamento do tráfico e acaba por criminalizar e estigmatizar todos os moradores das favelas, porque eles são vistos como bandidos ou coniventes com os bandidos", afirma o sociólogo.

"As pessoas têm medo de favelado. Isso não é algo refletido", acrescenta. "É algo sentido, vivido, na cidade."

Também moradora da Babilônia, Nívea Mendes diz que "o preconceito sempre existiu", mas afirma que os moradores estão superando esse problema.

"A gente ficava com vergonha dessa violência, de as pessoas acharem que a gente também é marginal, como se toda pessoa que morasse na comunidade fosse bandido", afirma Mendes, que é coordenadora da ONG CDI Comunidade Dignitá na favela.

"Agora a gente fica menos receoso de falar onde mora", completa, referindo-se à nova realidade, com o policiamento permanente.

Retorno

C. havia deixado o morro da Babilônia, com a mulher e os dois filhos, em 2008, por causa da violência. O estopim veio quando, saindo para trabalhar, passou por um traficante armado que deixou a arma disparar. "Por pouco não fui atingido", diz.

"Os traficantes chegaram com armas pesadas, daquelas de furar caminhão blindado. Era um inferno", lembra o técnico de informática.

"Eu saía de casa com meus filhos e tínhamos que passar por cima de armas e granadas", acrescenta. "Eles ficavam no meio da rua fazendo a limpeza das armas enquanto enrolavam maconha."

A família morou um tempo com parentes na Barra e depois no bairro da Glória, mas voltou para a favela em agosto, pouco mais de um ano após a chegada da UPP Babilônia-Chapéu Mangueira.

C. se diz aliviado por não ter mais que planejar a disposição das camas nos cômodos de casa, calculando os ângulos menos propícios à entrada de uma bala perdida.

"Antes, não dava para fazer planos, eu não pensava em fazer melhoria nenhuma", afirma. "Hoje em dia dá para pensar em ajeitar a casa para ficar bonitinha, comprar um carro zero, melhorar o padrão de vida. Agora tem condições de crescer."

O sociólogo Luiz Antonio Machado reconhece os benefícios surgidos após a instalação das UPPs, mas afirma que - "independentemente de ser bom ou ruim" - o programa continua sendo um mecanismo de "dualização" da cidade.

"É o lugar das favelas no sistema de sociabilidade da cidade que está sendo atacado pelas UPPs. Programando de forma diferenciada a atividade policial, estamos dualizando a cidade", afirma.

"Estamos produzindo dois tipos de cidadania. Isso é inapelável."

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/12/101223_upp_preconceito_jc_rc.shtml

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Re: UPPs
« Resposta #6 Online: 07 de Janeiro de 2011, 02:50:35 »
Bope ocupa Morro São João, no Rio, para implantação de 14ª UPP

Em outubro de 2009, um helicóptero da PM foi derrubado por bandidos. Dois policiais morreram

Cerca de 250 homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Batalhão de Choque, do 3° BPM (Méier) e do 6º BPM (Tijuca) fazem na manhã desta quinta-feira uma operação no Morro São João, no Engenho Novo, na zona norte do Rio de Janeiro. Na região será implantada a 14ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). A incursão acontece também nas favelas Matriz e Quieto, no mesmo bairro.

A ação conta com apoio de dois veículos blindados, conhecidos como caveirões, uma retroescavadeira e um caminhão para derrubar possíveis barricadas montadas pelo tráfico, além de um ônibus com câmeras que localizam criminosos e fazem o mapeamento da região. O Batalhão de Choque e os dois batalhões de área também fazem policiamento preventivo no entorno das comunidades

A nova UPP, segundo estimativas da Secretaria Estadual de Segurança, vai beneficiar diretamente 12 mil moradores da região, que abrange os bairros Abolição, Água Santa, Cachambi, Encantado, Engenho de Dentro, Engenho Novo, Jacaré, Lins de Vasconcelos, Riachuelo, Rocha, Sampaio, São Francisco Xavier e Todos os Santos.

Segundo a secretária Ana Lucia Rodrigues, que mora no Engenho Novo há dez anos, a violência domina aquela área. “Espero que a paz agora chegue aqui. Achei que isso nunca iria acontecer no meu bairro”, disse ao iG.

Em outubro de 2009, uma tentativa de invasão de criminosos do Morro São João ao Morro dos Macacos, que já tem uma UPP, provocou a derrubada de um helicóptero da Polícia Militar. Dois agentes morreram na queda da aeronave.

De acordo com a Secretaria de Segurança, com a UPP do Morro São João o projeto terá alcançado 14 sedes, com 45 comunidades atendidas e mais de 250 mil moradores beneficiados.

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/bope+ocupa+morro+sao+joao+no+rio+para+implantacao+de+14+upp/n1237924322889.html

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Re: UPPs
« Resposta #7 Online: 14 de Setembro de 2011, 09:45:50 »
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'Mensalão' do tráfico: chefes de UPP receberiam propina até em casa


RIO - A investigação sobre o esquema de corrupção envolvendo policiais da UPP dos morros da Coroa, do Fallet e do Fogueteiro, em Santa Teresa, obteve indícios de que integrantes do comando da unidade estariam recebendo em suas casas o "mensalão" do tráfico. No Inquérito Policial Militar (IPM), concluído na sexta-feira e que foi na tarde de terça-feira para a Auditoria de Justiça Militar do Ministério Público estadual, está o conteúdo de um mês de interceptações telefônicas do grupo suspeito. Nas escutas, o sargento Rinaldo do Desterro Santos, apontado como o articulador do pagamento da propina de traficantes a policiais, mantém conversas frequentes com o capitão Elton Costa Gomes e o tenente Rafael Medeiros, respectivamente, comandante e subcomandante da UPP que foram afastados.

De acordo com a promotora Isabella Pena Lucas, da Auditoria Militar, a investigação teve início há cerca de dois meses, a partir de informações do Serviço de Inteligência da PM sobre pagamentos feitos pelo tráfico para que PMs lotados na unidade não reprimissem a venda de drogas na região. Os valores chegariam a R$ 70 mil mensais.

Em 29 de julho, a pedido da Corregedoria da PM, a Justiça autorizou a interceptação de 11 telefones de PMs da UPP, entre eles, o do capitão Elton Gomes e o do tenente Rafael Menezes. Passados 15 dias, apenas três aparelhos do primeiro pedido de grampo continuaram a ser monitorados. Outros números de telefone foram incluídos nas investigações. A promotora disse que há indícios de que um emissário era encarregado de levar dinheiro da propina para os comandantes da UPP.

A conclusão do IPM mostra que o acerto com os traficantes previa mudanças na rotina do patrulhamento nas três comunidades. Para não atrapalhar a venda de drogas, os policiais que integravam o esquema ficavam em bases fixas, sem circular pelas comunidades, ou eram deslocados para pontos distantes das áreas de atuação dos traficantes, principalmente nas noites de sexta-feira, sábado e domingo. Essa articulação seria feita pelo sargento Rinaldo. Ele foi preso no último dia 6 deste mês, na companhia dos soldados Alexandre Pinela dos Santos e Gilmar de Freitas Macário, todos lotados à época na UPP.

O trio estava num veículo estacionado em frente ao Batalhão de Choque, no Estácio. No carro foram achados R$ 13,4 mil. Parte do valor, cerca de R$ 8 mil, estava numa bolsa de mercado embaixo do banco do carona. O restante do dinheiro, em envelopes, com nomes, que podem ser de policiais, e quantias que variavam de R$ 400 a R$ 2 mil.

    É para ele ficar quieto, paradinho, na base

"Ingressos" e "convites", códigos da "caixinha"

Numa das interceptações telefônicas, o sargento Rinaldo avisa a um dos PMs:

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- É para ele ficar quieto, paradinho, na base.

Nas escutas telefônicas do IPM, os policiais envolvidos no esquema usavam códigos para se referir à propina. Num diálogo, o sargento Rinaldo avisa a um interlocutor que está com os "ingressos" nas mãos. Há trechos em que os PMs falam em buscar "camisas" ou "convites".

Por meio da assessoria da PM, o comandante e o subcomandante afastados da UPP foram procurados, mas não retornaram as ligações do jornal.

Pontos vulneráveis estão na mira da polícia

O comandante das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do estado, coronel Robson Rodrigues da Silva, esteve na terça-feira no Fallet para ver como está a situação na localidade que, juntamente com os morros da Coroa e do Fogueteiro, está ocupada pelos batalhões de Choque e de Operações Especiais (Bope) por tempo indeterminado .

- Estou aqui para verificar os pontos de vulnerabilidade do local. A intenção é criar novos postos de segurança - explicou o comandante.

De acordo com o coronel, a UPP - que abrange os três morros de Santa Teresa - conta com um efetivo de 206 policiais. Desse total, 37 foram substituídos, mas o Comando das Unidades de Polícia Pacificadora afirma que a mudança como um todo não tem relação com as denúncias de corrução investigadas pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Ministério Público. Há substituições que visam melhorar a escala de trabalho dos policiais do interior que estão lotados no Rio.

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/09/13/mensalao-do-trafico-chefes-de-upp-receberiam-propina-ate-em-casa-925352719.asp


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Não foi surpresa o “mensalão” pago por traficantes a policiais na UPP de Santa Teresa

O comandante da Polícia Militar acabou de afastar 30 policiais, dentre eles. o comandante e o subcomandante, da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), com atuação em três morros do bairro de Santa Teresa: Coroa, Fallet e Fogueteiro.

 Essa UPP está instalada há seis meses e, pelo revelado em investigação conduzida pela Corregedoria da Polícia Militar, o “mensalão, denunciado em matéria do jornal O Dia,  girou em torno de R$53 mil. Os policiais afastados foram substituídos por policiais do Bope (o batalhão para operações especiais) e do batalhão de Choque.

Como se sabe, a meta da nova política de segurança pública, depois da trágica aventura populista do governador Sérgio Cabral de adotar o falido modelo mexicano de guerra às drogas e aos cartéis, consiste na retomada de territórios governados por associações criminosas e na reconquista do controle social. Como consequência, as atividades delinquenciais, incluído o tráfico ilícito de drogas, sofreriam quedas de demanda e de ganhos.

O maior risco de insucesso no projeto de implantação e consolidação das UPPs — como alertou inúmeras vezes o secretário de Segurança José Mariano Beltrame — era representado pelo forte poder corruptor das organizações criminosas. Diante disso, cuidou o secretário Beltrame de designar  policiais recém-empossados.

A respeito de corrupção, uma das resistências de o Exército em participar na consolidação das UPPs  deveu-se ao risco de o crime organizado cooptar e corromper soldados e oficiais. No Complexo do Alemão, a Força Pacificadora, comandada por um general, tem prazo determinado de permanência. E o ministro da Defesa já avisou que o prazo não será prorrogado.

Em Santa Teresa, poucos meses atrás, três policiais militares foram presos na posse de R$13 mil distribuídos em vários envelopes, dado revelador de indevidos pagamentos a diferentes membros da força de ordem instalada em Santa Teresa.

Por investigações levadas a cabo pela Corregedoria da Polícia Militar chegou-se à conclusão que o poder corruptor das organizações criminosas se espalhou por Santa Teresa. O dado positivo consistiu no fato de policiais, destacados para atuar nos morros da Coroa, Fogueteira e Fallet, terem resistido e delatado companheiros da banda podre, ou seja,corruptos.

PANO RÁPIDO. Até agora nenhuma ocorrência surpreendeu, pois as organizações criminosas vão continuar tentando minar o trabalho inovador e procurarão desacreditar as autoridades de segurança pública.

http://maierovitch.blog.terra.com.br/2011/09/12/crime-organizado-nao-foi-surpresa-o-%E2%80%9Cmensalao%E2%80%9D-pago-por-traficantes-a-policiais-na-upp-de-santa-teresa/

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Re:UPPs
« Resposta #8 Online: 27 de Março de 2012, 13:36:57 »
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Rio: PM começa a ocupar o Alemão para substituir Exército e instalar UPPs

Desde as 4h45 desta manhã de terça-feira, 27, policiais militares do Bope e de vários batalhões, inclusive do Choque, iniciaram a ocupação de parte do Complexo do Alemão, onde as Forças de Pacificação do Exército estão há um ano e quatro meses.

O trabalho de ocupação da PM no conjunto de 13 favelas na zona norte da capital fluminense conta com 360 homens.

O objetivo da ocupação é substituir a presença das tropas do Exército no Complexo do Alemão por policiais militares para a instalação de duas bases de Unidade de Polícia Pacificadoras (UPP). O fim do processo de mudança está previsto para junho.

Agentes da Ouvidoria e a Corregedoria da PM estão no local e acompanham de perto a entrada dos policiais para evitar excessos por parte dos PMs.

Carros blindados e helicópteros, tanto da PM como do Exército, dão apoio à entrada no complexo de favelas. Até as 6h15, não havia registro de confronto entre traficantes da região e a polícia.

http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/rio-pm-come%c3%a7a-a-ocupar-o-alem%c3%a3o-para-substituir-ex%c3%a9rcito-e-instalar-upps
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Operação do Bope no Complexo do Alemão prende foragido da Justiça

Um homem foi preso na manhã desta terça-feira, 27, durante operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, como parte do processo de pacificação dos Complexos do Alemão e da Penha para instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Segundo a PM, o homem detido era foragido da Justiça, acusado por receptação. Ele foi levado para a sede da Força de Pacificação. Nome do preso não foi divulgado.

Durante a ocupação, policiais estão fazendo revistas em moradores da região à procura de criminosos que ainda possam estar atuando na área. Ainda não há informação sobre drogas ou armas apreendidas. As datas de inaugurações dessas novas UPPs ainda serão divulgadas.

O objetivo da ocupação é substituir a presença das tropas do Exército no Complexo do Alemão por policiais militares para a instalação de duas bases de UPP. O fim do processo de mudança está previsto para junho.

http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/opera%c3%a7%c3%a3o-do-bope-no-complexo-do-alem%c3%a3o-prende-foragido-da-justi%c3%a7a

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:UPPs
« Resposta #9 Online: 15 de Dezembro de 2012, 21:35:03 »
<a href="https://www.youtube.com/v/8xyyD-b9awE" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/8xyyD-b9awE</a>

Offline Geotecton

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Re:UPPs
« Resposta #10 Online: 15 de Dezembro de 2012, 22:46:09 »
Alguém sabe informar qual foi (ou é) o grau de efetividade das UPPs, considerando as propostas iniciais?
Foto USGS

Offline Price

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Re:UPPs
« Resposta #11 Online: 16 de Dezembro de 2012, 00:17:28 »
Tecnicamente eu não sei, mas eu to apostando que em no máximo 20 anos a maioria das favelas do Rio estarão exintas.
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

 

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