Autor Tópico: Subvertendo: No que podemos concordar  (Lida 3030 vezes)

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Offline gilberto

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Re: Subvertendo: No que podemos concordar
« Resposta #25 Online: 16 de Janeiro de 2011, 20:17:04 »
Mas eu não estou falando de um favorecimento de uma determinada religião. O caso da Argentina, já sou contra (mas essa lei é aplicada lá até hoje? E se o presidenciavel for protestante, ou ateu?).
Mas essas minhas idéias são tb para não haver desfavorecimento das religiões, se o laicismo for levado de forma extrema. Por exemplo, se uma parcela politicamente representativa da população achar que conceitos religiosos devam ser ensinados aos seus filhos pelas escolas públicas com o dinheiro dos impostos deles ... então de certa forma o laicismo é autoritário para com a vontade desses cidadãos. E nem to dizendo que esse ensinamento deva ser obrigatório a todos, se gerar conflito, mas sou inclinado a reconhecer que essa parcela da população religiosa tem o direito de querer que o estado tb aborde essa questão.
Acho que se uma determinda religião vir a ter algum grau de reconhecimento pelo estado, e nem to falando de um reconhecimento exagerado, estou falando de um reconhecimento pelo estado como sendo parte da estrutura e manifestação cultural, como é o esporte e as artes. E esse reconhecimento deveria ser de forma a representar a sua parcela da população, sem oprimir ou restringir o reconhecimento de outras manifestações religiosas ou atéias.
Vejo que há um excesso de alarmismo por parte de muitos de nós ateus com relação as religiões, apesar de reconhecer que é justificável. Mas se exagerarmos na exclusão estatal da religião, talvez a nossa democracia não deva ser chamada como tal.
« Última modificação: 16 de Janeiro de 2011, 20:19:57 por gilberto »

Offline uiliníli

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Re: Subvertendo: No que podemos concordar
« Resposta #26 Online: 17 de Janeiro de 2011, 01:16:51 »
Dei uma pesquisada e verifiquei que essa lei deixou de valer na Argentina em 1994: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Sa%C3%BAl_Menem

Mas, enfim, o caso do ensino de religião nas escolas públicas é um exemplo de privilégio dado a uma parcela da população, mesmo sendo majoritária. É também um constrangimento às crianças que não partilham daquela religião e a seus pais, como se o Estado reconhecesse que uma religião é mais certa que as outras. É diferente de privilegiar a minoria, afinal a religião da minoria tampouco está sendo ensinada, ou se está ensinando as crianças a serem ateias. O estado não está sendo contra a religião, somente indiferente a ela e deixando-a a cargo da esfera privada, a esfera do indivíduo.

E você dá muito peso para a opinião da maioria numa democracia. Gostaria que você refletisse sobre essa ideia de Ayn Rand: "Individual rights are not subject to a public vote; a majority has no right to vote away the rights of a minority; the political function of rights is precisely to protect minorities from oppression by majorities (and the smallest minority on earth is the individual)." Essa é minha ideia de democracia, a proteção do indivíduo. Ontem eu estava assistindo ao filme Milk, a voz da igualdade, sobre Harvey Milk, o primeiro político abertamente gay a ser eleito para um cargo público nos EUA e o clímax do filme é justamente um referendo no estado da Califórnia visando demitir os professores gays de todas as escolas públicas. Felizmente essa o Milk e os ativistas homossexuais venceram, mas uma proposta como essas não poderia sequer ser posta em votação! Ninguém tem o direito de votar leis que restrinjam os direitos de outros cidadãos, a função dos direitos é justamente essa, proteger as pessoas umas das outras.

Offline gilberto

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Re: Subvertendo: No que podemos concordar
« Resposta #27 Online: 17 de Janeiro de 2011, 21:15:52 »
Mas, enfim, o caso do ensino de religião nas escolas públicas é um exemplo de privilégio dado a uma parcela da população, mesmo sendo majoritária.
Não seria um privilégio, se não for exclusivo ... outros grupos podem ter os mesmos direitos.

É também um constrangimento às crianças que não partilham daquela religião e a seus pais, como se o Estado reconhecesse que uma religião é mais certa que as outras.
Não seria um constrangimento, se não for obrigatório ou se abordar temas polêmicos-constrangedores de forma sóbria e responsável.

Nas duas questões acima você somente abordou a possibilidade negativa. Não acho que seja correto partir da premissa de que toda e qualquer forma de interação oficial estado-religião só possa ser prejudicial ou conflituosa.

O estado não está sendo contra a religião, somente indiferente a ela e deixando-a a cargo da esfera privada, a esfera do indivíduo.
Mas o estado apóia as mais diversas ideologias e grupos sociais. O estado apóia até a homeopatia, o que eu acho errado se não for científico, ou pelo menos deixar claro que é um tratamento não respaldado pela ciência. Continuo não vendo um motivo intrínseco (além dos que eu já falei) para o laicismo.

E você dá muito peso para a opinião da maioria numa democracia. Gostaria que você refletisse sobre essa ideia de Ayn Rand: "Individual rights are not subject to a public vote; a majority has no right to vote away the rights of a minority; the political function of rights is precisely to protect minorities from oppression by majorities (and the smallest minority on earth is the individual)." Essa é minha ideia de democracia, a proteção do indivíduo. Ontem eu estava assistindo ao filme Milk, a voz da igualdade, sobre Harvey Milk, o primeiro político abertamente gay a ser eleito para um cargo público nos EUA e o clímax do filme é justamente um referendo no estado da Califórnia visando demitir os professores gays de todas as escolas públicas. Felizmente essa o Milk e os ativistas homossexuais venceram, mas uma proposta como essas não poderia sequer ser posta em votação! Ninguém tem o direito de votar leis que restrinjam os direitos de outros cidadãos, a função dos direitos é justamente essa, proteger as pessoas umas das outras.
Concordo que o histórico da atuação de muitos religiosos militantes no estado teve e tem muitos pontos conflituosos, como já citei. Mas repetindo, não precisa ser necessariamente assim, e muitos religiosos cristãos (que eu saiba) não são favoráveis aos exageros dos fundamentalistas. Inclusive deve ser a maioria pq senão não tinhamos desenvolvido a democracia atual. Logo eu deixo aberta a porta para que se os grupos religiosos desenvolverem princípios compatíveis com o caráter público do estado, eles tb podem participar oficialmente.

Mas sei que minhas idéias são um tanto que exóticas, e não vou bater o pé não ...  :|

 

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