Autor Tópico: Islã não pode ser o judeu do século 21  (Lida 4733 vezes)

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Offline 4 Ton Mantis

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Islã não pode ser o judeu do século 21
« Online: 09 de Fevereiro de 2011, 09:15:08 »
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/871922-isla-nao-pode-ser-o-judeu-do-seculo-21.shtml


O maior erro que o Ocidente poderia cometer, em função das revoltas no mundo árabe/muçulmano, é transformar o islamismo no século 21 nos judeus do século 20, vítimas de um processo de aniquilação que é uma das grandes manchas da história da humanidade.

Cada vez há mais análises dizendo que "essa gente" não tem direito a querer a democracia porque basta que a tenham para que votem, por exemplo, no Hamas (Movimento de Resistência Islâmica), que controla hoje a faixa de Gaza.

Na superfície dos fatos, é até verdade: o Hamas de fato ganhou as eleições, não na primeira mas na segunda oportunidade que tiveram para disputá-las em Gaza. Mas qualquer análise honesta teria que fazer a pergunta seguinte: por quê o Hamas ganhou?

Por quê todos os habitantes de Gaza são terroristas em potencial? Se o fossem de fato, Israel provavelmente já teria sofrido dores muito mais profundas.

O Hamas ganhou porque oferece serviços sociais e um mínimo de horizonte a uma população confinada a um gueto.

É o que oferece também a Irmandade Muçulmana no Egito, o mais antigo movimento islâmico do planeta.

Cobrem, ambos, carências (ou inexistência) dos Estados, inclusive o de Israel, que se recusa a permitir que os palestinos tenham um país minimamente viável.

Além disso, há vozes, no Ocidente, que lamentam que "uma das mais mal-relatadas histórias do século 20 é a enorme penetração das melhores ideias políticas do Ocidente --democracia e liberdade individual-- na consciência muçulmana".

Autor da frase, em artigo para o "NY Times", Reuel Marc Gerecht, pesquisador-sênio da Fundação para a Defesa das Democracias e ex-especialista nas missões clandestinas da CIA no Oriente Médio.

Mais: "Homens e mulheres de fé, que celebram (ainda que nem sempre sigam rigorosamente) a Sharia [lei islâmica] abraçam crescentemente a subversiva ideia de que só é legítima a liderança política eleita".

Parece muito mais sensato dar uma chance, que a revolta egípcia oferece, a uma confluência de civilizações do que promover um "pogrom" anti-islâmico que tornaria a ideia reacionária de "choque de civilizações" uma profecia que se auto-cumpre.
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Offline Titoff

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #1 Online: 09 de Fevereiro de 2011, 11:56:33 »
O Likud não era na origem um grupo terrorista também, o ben Gurion, se não me engano?

Offline Eremita

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #2 Online: 09 de Fevereiro de 2011, 20:16:51 »
Nesse assunto [islã], há três explosivos que todo mundo insiste em colocar no mesmo barril mas que, pra mim, são questões completamente diferentes: Palestina vs. Israel, islã vs. cristãos e judeus, e cultura árabe vs. cultura européia.

Islã vs. Cristianismo+Judaísmo: deixa as coisas como estão. O cristianismo, com suas crenças sangrentas, consegue ser uma ameaça maior à sociedade que o islamismo - a nossa sorte é que nem mesmo os cristãos levam mais a sério suas bíblias... e de qualquer forma, religiosamente, os três até que se entendem maaaais ou menos.

Palestina vs. Israel: do ponto de vista israelita, os palestinos são a reinvenção das tribos canaanitas - vagabundos descivilizados hereges que estão fodendo com a Terra Prometida. Do ponto de vista palestino, os israelitas são invasores carniceiros imundos vindos da Europa pra uma nova colonização e uma nova agressão à cultura deles.

Sob o meu ponto de vista, as levas de israelitas são, sim, invasoras. Mas isso foi há décadas - a maior parte dos israelitas que vivem lá agora são nascidos em Israel, e têm tanto direito à terra quanto os palestinos. Os dois lados são sangrentos, os dois são infanticidas, mas Israel tem mais brinquedinhos e maiores - ou seja, são mais capazes de matar.

Se a ONU prestasse pra alguma coisa, a não ser servir de fantoche dos interesses de UE e EUA, já teria pego Gaza+Cisjordânia+Israel e transformado num Estado único pra ambos ("Abrahâmia", talvez? Seria um nome que os dois lados aceitariam.). Maaaas...

Mas isso é coisa local. Ninguém com um mínimo de cérebro confunde palestinos com o resto dos muçulmanos.

Cultura árabe vs. cultura européia: talvez seja a pior parte. E a culpa é mais "nossa" [cultura européia] que "deles" [cultura árabe]. Osama bin Laden, por exemplo, acaba sendo mais produto nosso do que deles - e o ponto que ele tanto enfoca/enfocava como desculpa para os ataques [a partilha do Império Otomano pelas potências européias] foi uma das primeiras das muitas agressões ao mundo árabe.
Obs.1: não que o Império Otomano prestasse pra alguma coisa. Foi ótimo que aquela porcaria caiu. A cagada européia foi justamente na partilha - tomando o lugar do Império Otomano ao dividir povos e criar conflitos.
Obs.2: sim, sei que otomanos = turcos, e portanto não são árabes. Mas culturalmente, os otomanos estavam tão próximos dos árabes que podem ser considerados sim como parte do mundo árabe.


Desde o tempo das cruzadas, a gente anda empurrando goela abaixo nossa cultura em cima do mundo árabe...
Depois da queda otomana, isso se intensificou mais, mais e mais...
E ainda continua, até hoje. Não se enganem com os papinhos do Bush e do Obama - há uma guerra de culturas também envolvida em EUA vs. Iraque e Afeganistão. E, se não for feito nada, a coisa vai piorar.
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Offline Fabrício

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #3 Online: 11 de Fevereiro de 2011, 18:31:22 »
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Cultura árabe vs. cultura européia: talvez seja a pior parte. E a culpa é mais "nossa" [cultura européia] que "deles" [cultura árabe]. Osama bin Laden, por exemplo, acaba sendo mais produto nosso do que deles - e o ponto que ele tanto enfoca/enfocava como desculpa para os ataques [a partilha do Império Otomano pelas potências européias] foi uma das primeiras das muitas agressões ao mundo árabe.

Será que essa é mesmo a motivação do Bin Laden? Pra mim é um pretexto, na verdade o cara é "apenas" um fanático religioso maluco que simplesmente odeia o Ocidente (e a maior parte do Oriente também).

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Desde o tempo das cruzadas, a gente anda empurrando goela abaixo nossa cultura em cima do mundo árabe...
Depois da queda otomana, isso se intensificou mais, mais e mais...

E o contrário é mais verdadeiro ainda, o Islã (dificil separar o Islã da cultura árabe atualmente) só não impõe sua "cultura" para o mundo inteiro à força porque não tem poder para isso.

E vamos ser sinceros, a cultura Ocidental atual, por mais defeitos que tenha, é muito superior à cultura dos árabes. Não estou falando que nós como indivíduos somos superiores a eles, mas a cultura ocidental em questões como direitos humanos, democracia, estado laico, etc., está anos luz à frente da cultura árabe, com seus regimes ditatoriais, teocracia, opressão às minorias, intolerância religiosa, falta de liberadade de imprensa, etc.


"Deus prefere os ateus"

Offline Eremita

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #4 Online: 12 de Fevereiro de 2011, 04:12:40 »
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Será que essa é mesmo a motivação do Bin Laden? Pra mim é um pretexto, na verdade o cara é "apenas" um fanático religioso maluco que simplesmente odeia o Ocidente (e a maior parte do Oriente também).
Ao menos, é a que ele alega... e foi cagada das quatro potências da época, sim.

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E o contrário é mais verdadeiro ainda, o Islã (dificil separar o Islã da cultura árabe atualmente)

Isso é o mundo árabe.


Isso é o mundo islâmico.

Como você pode notar, muçulmano e árabe são duas coisas bem distintas.

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só não impõe sua "cultura" para o mundo inteiro à força porque não tem poder para isso.
Todas as culturas, de um jeito ou de outro, tentam se impor umas sobre as outras. O processo em si é saudável e natural, gera crescimento pras duas culturas que "guerreiam" entre si.

O problema é que a nossa está conseguindo se sobrepor.
"Ah, mas e os marroquinos que vão pra Europa?" Passam a se vestir como europeus, falar línguas européias, ter idéias similares às européias, acabam só mantendo a religião muçulmana o que não é grandes coisas - pra mim, islamismo e cristianismo cheiram iguaizinhos. E eu saio correndo do mesmo jeito de quem mata por Cristo e quem mata por Allah :histeria:

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E vamos ser sinceros, a cultura Ocidental atual, por mais defeitos que tenha, é muito superior à cultura dos árabes.
Como se mede uma "cultura superior"? Cultura é cultura. Não é mensurável.

E muito menos se resume a instituições políticas, como você deixa a entender. É língua, arte, tradições, vestimentas, culinária...

Ditaduras? Sim, há ditaduras nos países islâmicos, sim. E há nos países cristãos também - a América Latina inteira e boa parte da Península Européia  (Portugal, Espanha, Alemanha Oriental e mais um monte) eram ditaduras no s. XX. E?

Influência da religião no governo? Mas o nosso código civil ainda têm diversas influências do cristianismo. E olhe que legalzão o "Deus seja louvado" nas notas.

Valores da mulher? Nossa sociedade ainda é extremamente sexista.

E finalmente, lembre-se da Argélia - que mesmo com todos seus problemas, é uma república árabe e islãmica.

RESUMINDO, peço que pare pra pensar e evite:
confundir "árabe", "muçulmano", e "teocracia";
confundir "cultura" com "política";
superestimar os problemas os problemas das sociedades árabes;
subestimar os problemas da nossa sociedade.
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Offline Fabrício

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #5 Online: 12 de Fevereiro de 2011, 08:51:22 »
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Ao menos, é a que ele alega... e foi cagada das quatro potências da época, sim.

Que foi cagada das potências da época nem discuto, realmente foi. Mas usar isso como pretexto para explodir aviões contra prédios atualmente é um pouquinho forçado, você não acha? O cara pode alegar qualquer coisa para justificar seu fanatismo, mas os fatos falam por si... se formos recorrer ao terrorismo por cada cagada do passado, a humanidade terá que se aniquilar totalmente hoje mesmo.

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Como você pode notar, muçulmano e árabe são duas coisas bem distintas.

Não acho nada distintos, pelo seu mapa mesmo podemos ver que nem todos os muçulmanos são árabes (claro) mas todos os árabes são muçulmanos.

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O problema é que a nossa está conseguindo se sobrepor.

Não acho que seja propriamente um problema, culturas que vão mais de encontro ao anseio das pessoas tendem a se sobrepor mesmo. 

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"Ah, mas e os marroquinos que vão pra Europa?" Passam a se vestir como europeus, falar línguas européias, ter idéias similares às européias, acabam só mantendo a religião muçulmana o que não é grandes coisas

Ótimo para eles :hihi:...

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pra mim, islamismo e cristianismo cheiram iguaizinhos. E eu saio correndo do mesmo jeito de quem mata por Cristo e quem mata por Allah

Eu também :D, mas como negar que no momento atual (no passado já foi bem diferente) existem muito mais pessoas dispostas a matar po Allah do que por Cristo?

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Como se mede uma "cultura superior"? Cultura é cultura. Não é mensurável.

E muito menos se resume a instituições políticas, como você deixa a entender. É língua, arte, tradições, vestimentas, culinária...

Talvez não seja possível mensurar uma cultura com um todo, mas certos aspectos são mensuráveis sim. Por exemplo, se uma cultura tem por tradição ser de uma religião (afinal, a religião predominante é uma das partes mais importantes de qualquer cultura) que oprime mulheres e tem tolerância praticamente zero com outras religiões, ela é inferior a outra onde se pratica a tolerância religiosa.

Na minha opinião existem direitos que não podem ser ignorados em nome de nenhuma cultura. Liberdade de expressão, liberdade de culto, ausência de discriminação por sexo, sexualidade, raça, cor, etc., são valores que deveriam ser universais. Se são produtos da cultura Ocidental ou de qualquer outra que sejam, neste aspecto a cultura que os respeita é superior.

Não estou falando que no Ocidente estes valores são plenamente respeitados, mas estamos muito mais próximos deles (embora ainda tenhamos muito, mas muito mesmo para avançar) do que os países árabes.

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E muito menos se resume a instituições políticas, como você deixa a entender. É língua, arte, tradições, vestimentas, culinária...

No geral, ninguém está reclamando da língua, da arte, tradições, vestimentas e culinária dos países árabes.

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Ditaduras? Sim, há ditaduras nos países islâmicos, sim. E há nos países cristãos também - a América Latina inteira e boa parte da Península Européia  (Portugal, Espanha, Alemanha Oriental e mais um monte) eram ditaduras no s. XX. E?

Eram ditaduras, não são mais. Ou seja, tinham uma cultura tradicionalmente militarista (adoravam caudilhos) e ditatorial, e atualmente são democracias (ou tentam ser). Melhoraram bastante, espero que os árabes cheguem lá também.

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Influência da religião no governo? Mas o nosso código civil ainda têm diversas influências do cristianismo. E olhe que legalzão o "Deus seja louvado" nas notas.

Claro que tem, infelizmente, mas estamos muito melhor do que países teocráticos como os do Oriente Médio, não estamos? Bem melhor ter um ridiculo "deus seja louvado" no dinheiro do que oprimirmos religiões que não seja a "oficial" do governo... é como comparar um tapa com um tiro. O tapa está errado, mas causa muito menos prejuízo que o tiro.

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Valores da mulher? Nossa sociedade ainda é extremamente sexista.

Com certeza, mas as mulheres aqui tem chances muito melhores de provar seu valor do que nos países árabes, não tem? É a comparação do tapa com tiro novamente. Ou será que a Dilma teria chance de ser governante na Arábia Saudita, por exemplo?

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E finalmente, lembre-se da Argélia - que mesmo com todos seus problemas, é uma república árabe e islãmica.

Exceção que confirma a regra?

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RESUMINDO, peço que pare pra pensar e evite:
confundir "árabe", "muçulmano", e "teocracia";
confundir "cultura" com "política";
superestimar os problemas os problemas das sociedades árabes;
subestimar os problemas da nossa sociedade.

Difícil separar... o que você propõe basicamente me parece ser "tirando tudo que a cultura árabe tem de ruim, ela é boa"... os problemas das nossas sociedades são imensos, mas os árabes me parecem muito mais atrasados.















« Última modificação: 12 de Fevereiro de 2011, 09:23:04 por Fabrício »
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Offline Fabrício

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #6 Online: 12 de Fevereiro de 2011, 09:18:01 »
Em tempo: não odeio os árabes e nem a  cultura deles, a maior merda lá realmente é o Islã, se eles conseguissem domesticar essa porcaria como o Ocidente fez com o Cristianismo, resolveriam pelo menos uns 50% dos seus problemas.
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Offline Adriano

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #7 Online: 12 de Fevereiro de 2011, 13:36:02 »
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E vamos ser sinceros, a cultura Ocidental atual, por mais defeitos que tenha, é muito superior à cultura dos árabes.
Como se mede uma "cultura superior"? Cultura é cultura. Não é mensurável.
Vou te dar um bom exemplo de uma ótima mensuração, embora entendendo cultura como religiosidade:

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só não impõe sua "cultura" para o mundo inteiro à força porque não tem poder para isso.
Todas as culturas, de um jeito ou de outro, tentam se impor umas sobre as outras. O processo em si é saudável e natural, gera crescimento pras duas culturas que "guerreiam" entre si.

O problema é que a nossa está conseguindo se sobrepor.
"Ah, mas e os marroquinos que vão pra Europa?" Passam a se vestir como europeus, falar línguas européias, ter idéias similares às européias, acabam só mantendo a religião muçulmana o que não é grandes coisas - pra mim, islamismo e cristianismo cheiram iguaizinhos. E eu saio correndo do mesmo jeito de quem mata por Cristo e quem mata por Allah :histeria:


E muito menos se resume a instituições políticas, como você deixa a entender. É língua, arte, tradições, vestimentas, culinária...
Mas nem mesmo neste maravilhos mundo da internet é assim...   :histeria:

Mesmo aqui estamos sobre o julgo da legislação estatal que impõe regras de convivência pacífica nos seus territórios. Existe um vasto uso político da cibercultura na política mundial, mas que deixa claro que o poder maior é o estatal, exemplificado em muitos casos.

Ditaduras? Sim, há ditaduras nos países islâmicos, sim. E há nos países cristãos também - a América Latina inteira e boa parte da Península Européia  (Portugal, Espanha, Alemanha Oriental e mais um monte) eram ditaduras no s. XX. E?
Hoje os problemas preponderantes são as teocracias islâmicas, onde o ativismo ateista se insere como uma poderosa força crítica na imposição do valor de laicidade do estado.
« Última modificação: 12 de Fevereiro de 2011, 13:39:04 por Adriano »
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Geotecton

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #8 Online: 12 de Fevereiro de 2011, 14:23:49 »
Nesse assunto [islã], há três explosivos que todo mundo insiste em colocar no mesmo barril mas que, pra mim, são questões completamente diferentes: Palestina vs. Israel, islã vs. cristãos e judeus, e cultura árabe vs. cultura européia.

Definitivamente são diferentes. Sob o ponto de vista acadêmico. Mas para a percepção popular, não!


Islã vs. Cristianismo+Judaísmo: deixa as coisas como estão. O cristianismo, com suas crenças sangrentas, consegue ser uma ameaça maior à sociedade que o islamismo - a nossa sorte é que nem mesmo os cristãos levam mais a sério suas bíblias... e de qualquer forma, religiosamente, os três até que se entendem maaaais ou menos.

Concordo que há sangue na matriz das três religiões, mas hoje o cristianismo tem muito menos poder em cada país em que a população seja majoritariamente cristã do que possuía há cerca de 300 anos. Por outro lado o islamismo mantém um poder muito mais intenso e rígido nos países em que predomina.

E o número de mortes e de atos repressivos por parte dos que tem crença no islã é muito maior do que aqueles cometidos pelos adeptos na crença cristã e judaica. Não é relativismo ou preconceito. É um fato.

 
Palestina vs. Israel: do ponto de vista israelita, os palestinos são a reinvenção das tribos canaanitas - vagabundos descivilizados hereges que estão fodendo com a Terra Prometida. Do ponto de vista palestino, os israelitas são invasores carniceiros imundos vindos da Europa pra uma nova colonização e uma nova agressão à cultura deles.

E se não houver algum tipo distensão que possa acomodar os dois povos naquela estreita e pedregosa faixa de terra, a sua descrição supra continuará existindo e "ferrando" com a região.


Sob o meu ponto de vista, as levas de israelitas são, sim, invasoras. Mas isso foi há décadas - a maior parte dos israelitas que vivem lá agora são nascidos em Israel, e têm tanto direito à terra quanto os palestinos.

Os israelitas são os "invasores" apenas se for considerada a história recente (do início do século XX) daquela região. Mas qual foi o critério para fazer tal seleção?


Os dois lados são sangrentos, os dois são infanticidas, mas Israel tem mais brinquedinhos e maiores - ou seja, são mais capazes de matar.

Não há como comparar a organização e a estrutura israelense com a sua parte palestina. Diga-se de passagem, não dá para comparar com nenhum outro país árabe ou muçulmano.


Se a ONU prestasse pra alguma coisa, a não ser servir de fantoche dos interesses de UE e EUA, já teria pego Gaza+Cisjordânia+Israel e transformado num Estado único pra ambos ("Abrahâmia", talvez? Seria um nome que os dois lados aceitariam.). Maaaas...

Foi o que a ONU fez em 1948, mas que foi solapado principalmente por Israel e pelos estados árabes vizinhos.


Mas isso é coisa local. Ninguém com um mínimo de cérebro confunde palestinos com o resto dos muçulmanos.

Ao meu ver os palestinos sempre foram "bucha-de-canhão" dos demais países árabes e muçulmanos da região.


Cultura árabe vs. cultura européia: talvez seja a pior parte. E a culpa é mais "nossa" [cultura européia] que "deles" [cultura árabe]. Osama bin Laden, por exemplo, acaba sendo mais produto nosso do que deles - e o ponto que ele tanto enfoca/enfocava como desculpa para os ataques [a partilha do Império Otomano pelas potências européias] foi uma das primeiras das muitas agressões ao mundo árabe.

O histórico da cultura árabe é tão esplendoroso (ou condenável) quanto o da cultura européia. Mas, se considerada a "cultura" em seu amplo senso, de tal modo que inclua os direitos humanos, não há como negar que a árabe é hoje inferior à européia.

E Bin Laden não é fruto da cultura européia e sim da estratégia estadunidense na Guerra Fria.


Obs.1: não que o Império Otomano prestasse pra alguma coisa. Foi ótimo que aquela porcaria caiu. A cagada européia foi justamente na partilha - tomando o lugar do Império Otomano ao dividir povos e criar conflitos.

Sob a sua ótica, qual império serviu para alguma coisa?


Obs.2: sim, sei que otomanos = turcos, e portanto não são árabes. Mas culturalmente, os otomanos estavam tão próximos dos árabes que podem ser considerados sim como parte do mundo árabe.

Assim como há uma forte identidade entre o mundo árabe e a religião muçulmana, ainda que esta seja maior que aquela.


Desde o tempo das cruzadas, a gente anda empurrando goela abaixo nossa cultura em cima do mundo árabe...
Depois da queda otomana, isso se intensificou mais, mais e mais...

E o que voce propõe?

Deixá-los à própria sorte?


E ainda continua, até hoje. Não se enganem com os papinhos do Bush e do Obama - há uma guerra de culturas também envolvida em EUA vs. Iraque e Afeganistão. E, se não for feito nada, a coisa vai piorar.

Novamente eu pergunto: O que voce propõe?
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Offline Adriano

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #9 Online: 12 de Fevereiro de 2011, 15:06:38 »
Se a ONU prestasse pra alguma coisa, a não ser servir de fantoche dos interesses de UE e EUA, já teria pego Gaza+Cisjordânia+Israel e transformado num Estado único pra ambos ("Abrahâmia", talvez? Seria um nome que os dois lados aceitariam.). Maaaas...

Foi o que a ONU fez em 1948, mas que foi solapado principalmente por Israel e pelos estados árabes vizinhos.


Mas isso é coisa local. Ninguém com um mínimo de cérebro confunde palestinos com o resto dos muçulmanos.

Ao meu ver os palestinos sempre foram "bucha-de-canhão" dos demais países árabes e muçulmanos da região.


Cultura árabe vs. cultura européia: talvez seja a pior parte. E a culpa é mais "nossa" [cultura européia] que "deles" [cultura árabe]. Osama bin Laden, por exemplo, acaba sendo mais produto nosso do que deles - e o ponto que ele tanto enfoca/enfocava como desculpa para os ataques [a partilha do Império Otomano pelas potências européias] foi uma das primeiras das muitas agressões ao mundo árabe.

O histórico da cultura árabe é tão esplendoroso (ou condenável) quanto o da cultura européia. Mas, se considerada a "cultura" em seu amplo senso, de tal modo que inclua os direitos humanos, não há como negar que a árabe é hoje inferior à européia.

E Bin Laden não é fruto da cultura européia e sim da estratégia estadunidense na Guerra Fria.
Poderia explanar melhor esta afirmação em negrito? Vejo uma forte relação do poder político dos Estados Unidos e a sua influência na ONU. Penso ter alguma relação.
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Offline André Luiz

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #10 Online: 12 de Fevereiro de 2011, 15:51:40 »

Cobra criada

O fundamentalismo islamico foi incentivado pelos EUA para combater os sovieticos-ateus no Afeganistao

Offline Fabrício

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #11 Online: 12 de Fevereiro de 2011, 16:35:38 »
Até o Rambo ajudou...
"Deus prefere os ateus"

Offline Adriano

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #12 Online: 13 de Fevereiro de 2011, 02:47:48 »
 :susto:

Passei longe de entender esse mecanismo antes.

Valeu  :ok:
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Offline Geotecton

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #13 Online: 13 de Fevereiro de 2011, 08:08:21 »
E Bin Laden não é fruto da cultura européia e sim da estratégia estadunidense na Guerra Fria.
Poderia explanar melhor esta afirmação em negrito? Vejo uma forte relação do poder político dos Estados Unidos e a sua influência na ONU. Penso ter alguma relação.

Eu postei a resposta mas, por alguma razão, ela sumiu. Então vamos lá.

Bin Laden participou, como voluntário, da resistência afegã contra a invasão da (ex-)URSS, e que foi financiada e armada em grande parte pelo EUA. Além disto, a família dele, saudita, fazia negócios principalmente com companhias estadunidenses.

Então, no meu entender, Bin Laden foi muito influenciado pela cultura e modus operandi do EUA, além de que este país era(é) o centro político e econômico do chamado "mundo ocidental".

Por fim ele cresceu sob a doutrinação típica de uma madrassa islâmica.

Este conjunto de fatores, simplificademente falando, o levaram a escolher o EUA como "alvo principal", uma vez eliminado o perigo soviético (leia-se "comunismo").



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Offline Adriano

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #14 Online: 13 de Fevereiro de 2011, 09:04:11 »
Obrigado pelo maior detalhamento. Depois do atentado terrorista ocorreu um recrudescimento do ateísmo face a religião islâmica. E esse ateísmo teve sua base mais forte nos Estados Unidos e na Inglaterra. É mais de análise da atual situação religiosa e das suas incongruências e que tem muitas, principalmente no islamismo.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #15 Online: 13 de Fevereiro de 2011, 14:01:14 »
Há quem diga (Daniel Pipes, se não me engano) que é mesmo preferível o terrorismo muçulmano à ameaça comunista que os árabes ajudaram a combater...

Offline Adriano

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #16 Online: 13 de Fevereiro de 2011, 14:31:18 »
Mas a estratégia é a mesma. A utilização da "religião dos inimigos" como fundamentação de sua atividade política contra a cultura inferior, que é melhor exposta através do viés religioso. E a ligação entre marxismo e ateísmo é muito grande, por isso muitos se perdem numa melhor análise do autor. Foi ele quem mais expos a questão da utilização da religião como política de controle cultural. Mas quem melhor analisa esta situação, no meu entender, é Bakunin. Ele analisa a relação entre deus e o estado, dessa deificação que temos por essa imensa estrutura. Foi neste ponto que ele criticou o marxismo e inaugurou a ideologia anarquista de substituição do estado por outra forma de organização mais apreciável.

E muito bom esse Daniel Pipes  :ok:
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Luiz Souto

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #17 Online: 13 de Fevereiro de 2011, 17:17:42 »

E vamos ser sinceros, a cultura Ocidental atual, por mais defeitos que tenha, é muito superior à cultura dos árabes. Não estou falando que nós como indivíduos somos superiores a eles, mas a cultura ocidental em questões como direitos humanos, democracia, estado laico, etc., está anos luz à frente da cultura árabe, com seus regimes ditatoriais, teocracia, opressão às minorias, intolerância religiosa, falta de liberadade de imprensa, etc.

Inicialmente ,  para considerar que a cultura ocidental é superior à árabe você parte do princípio que as características daquela são mais avançadas ou melhores que a desta , ou seja , você comete uma petição de princípio. Um muçulmano fundamentalista argumentará que o que você considera positivo na cultura ocidental na verdade é negativo por corromper a ordenação da sociedade determinada por Allah no Corão...

Comparar culturas me lembra uma frase de Walter Benjamin , amarga mas verdadeira: " Não há documento de cultura que não seja também documento de barbárie." Não há cultura humana em que não se encontre ao mesmo tempo realizações fantásticas do espírito humano associadas a crueldades que só os seres humanos fazem.

Quanto ao tema do artigo:
a desgraça do judaísmo é que a oportunidade para ter novamente uma terra se deu quando a era dos Estados multinacionais já estava encerrada. Israel é criada como um Estado-nação no após guerra imediato , sob o impacto do Holocausto na consciência ocidental ( que até então considerava os judeus um problema) , com a liderança de sionistas radicais e xenófobos que recusaram ( e recusam) aos habitantes árabes a permanência em suas comunidades ancestrais.
Até o surgimento do sionismo havia um movimento de judeus em direção à Palestina ,desde a expulsão destes da Peninsula Ibérica , que criaram suas comunidades sem maiores conflitos com seus vizinhos árabes já que , ironicamente , o Islã sempre foi um local mais seguro para os judeus que a Cristandade.
A conjunção de exarcebação do anti-semitismo na Europa no fim do séc.XIX e início do séc.XX associado ao nacionalismo ( acrescido posteriormente do fundamentalismo religioso) gerou a mistura explosiva que levou à criação de Israel como estado judeu.
Enquanto Israel não recuar de sua posição de impedir um Estado Palestino viável ( e não o retalho de áreas descontínuas) ele manterá os palestinos como os judeus do século XXI e manterá a insegurança crônica em seu país.

Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Offline DDV

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #18 Online: 13 de Fevereiro de 2011, 17:24:11 »
Citação de: Luis Souto
Inicialmente ,  para considerar que a cultura ocidental é superior à árabe você parte do princípio que as características daquela são mais avançadas ou melhores que a desta , ou seja , você comete uma petição de princípio. Um muçulmano fundamentalista argumentará que o que você considera positivo na cultura ocidental na verdade é negativo por corromper a ordenação da sociedade determinada por Allah no Corão...

Comparar culturas me lembra uma frase de Walter Benjamin , amarga mas verdadeira: " Não há documento de cultura que não seja também documento de barbárie." Não há cultura humana em que não se encontre ao mesmo tempo realizações fantásticas do espírito humano associadas a crueldades que só os seres humanos fazem.


Relativismo moral?   :hein:
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Luiz Souto

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #19 Online: 13 de Fevereiro de 2011, 17:36:53 »
Citação de: Luis Souto
Inicialmente ,  para considerar que a cultura ocidental é superior à árabe você parte do princípio que as características daquela são mais avançadas ou melhores que a desta , ou seja , você comete uma petição de princípio. Um muçulmano fundamentalista argumentará que o que você considera positivo na cultura ocidental na verdade é negativo por corromper a ordenação da sociedade determinada por Allah no Corão...

Comparar culturas me lembra uma frase de Walter Benjamin , amarga mas verdadeira: " Não há documento de cultura que não seja também documento de barbárie." Não há cultura humana em que não se encontre ao mesmo tempo realizações fantásticas do espírito humano associadas a crueldades que só os seres humanos fazem.


Relativismo moral?   :hein:


Não , cultural.  :lol:

Não estou dizendo que uma teocracia e uma democracia se equivalem , mas que ao julgá-las necessariamente partimos de nossos própios conceitos de melhor ou pior , que são os de nossa sociedade. Não há como não sermos parciais.
Eu torço para que as ditaduras do mundo árabe caiam  , que o Irã se torne uma república laica , etc... porque estes são valores importantes para mim , embora certamente não o sejam para as parcelas das populações que apoiam estes regimes.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Offline Adriano

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #20 Online: 13 de Fevereiro de 2011, 17:43:33 »
Uma das principais áreas de análise cultural, no ambito religioso, é a denominada ciência da religião. E tem maior impacto em produção na Alemanha, apesar de ser forte em outros países. A metodologia desta disciplina é muito forte e potende nestas pesquisas.
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Offline DDV

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #21 Online: 13 de Fevereiro de 2011, 17:43:48 »
Citação de: Luis Souto
Inicialmente ,  para considerar que a cultura ocidental é superior à árabe você parte do princípio que as características daquela são mais avançadas ou melhores que a desta , ou seja , você comete uma petição de princípio. Um muçulmano fundamentalista argumentará que o que você considera positivo na cultura ocidental na verdade é negativo por corromper a ordenação da sociedade determinada por Allah no Corão...

Comparar culturas me lembra uma frase de Walter Benjamin , amarga mas verdadeira: " Não há documento de cultura que não seja também documento de barbárie." Não há cultura humana em que não se encontre ao mesmo tempo realizações fantásticas do espírito humano associadas a crueldades que só os seres humanos fazem.


Relativismo moral?   :hein:


Não , cultural.  :lol:

Não estou dizendo que uma teocracia e uma democracia se equivalem , mas que ao julgá-las necessariamente partimos de nossos própios conceitos de melhor ou pior , que são os de nossa sociedade. Não há como não sermos parciais.
Eu torço para que as ditaduras do mundo árabe caiam  , que o Irã se torne uma república laica , etc... porque estes são valores importantes para mim , embora certamente não o sejam para as parcelas das populações que apoiam estes regimes.


Você acha que ser contra o infanticídio, a opressão da mulher e a punição para hereges são meras "opiniões" ou "valores" subjetivos, tão bons ou ruins como quaisquer outros?  :hein:
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Offline DDV

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #22 Online: 13 de Fevereiro de 2011, 17:45:31 »
Uma das principais áreas de análise cultural, no ambito religioso, é a denominada ciência da religião. E tem maior impacto em produção na Alemanha, apesar de ser forte em outros países. A metodologia desta disciplina é muito forte e potende nestas pesquisas.

E?
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline Adriano

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #23 Online: 13 de Fevereiro de 2011, 17:49:25 »
Sobre a questão legal já temos uma farta legislação internacional, embora a aplicabilidade da mesma não seja tão simples devido a estrutura cultural das diversas nações. O problema legal não é apenas no âmbito nacional mas também no âmbito internacional. A tão famigerada e conhecida lei dos direitos humanos ainda está distante da sua efetiva aplicação. E ainda se questiona hoje em dia a extensão dos direitos animais, focados na questão de desenvolvimento rudimentar de consciência destes.
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Offline Adriano

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Re: Islã não pode ser o judeu do século 21
« Resposta #24 Online: 13 de Fevereiro de 2011, 17:49:57 »
Uma das principais áreas de análise cultural, no ambito religioso, é a denominada ciência da religião. E tem maior impacto em produção na Alemanha, apesar de ser forte em outros países. A metodologia desta disciplina é muito forte e potende nestas pesquisas.

E?
E o que? Qual a sua dúvida? Pode especificar e clarificar?
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