Autor Tópico: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias  (Lida 2746 vezes)

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Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Online: 07 de Abril de 2011, 11:32:22 »
Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias, dizem especialistas


Superbactérias como a KPC já não respondem a antibióticos

A incidência de infecções resistentes a drogas atingiu níveis sem precedentes e supera nossa capacidade atual de combatê-las com as drogas existentes, alertam especialistas europeus.

A cada ano, mais de 25 mil pessoas morrem na União Europeia em decorrência de infecções de bactérias que driblam até mesmo antibióticos recém-lançados.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a situação chegou a um ponto crítico e é necessário um esforço conjunto urgente para produzir novos medicamentos.

Sem esse esforço, a humanidade pode ter que enfrentar um “cenário de pesadelo” global, de proliferação de infecções incuráveis, de acordo com a OMS.

Um exemplo é a superbactéria NDM-1, que chegou à Grã-Bretanha vinda de Nova Délhi em meados de 2010, trazida por britânicos que fizeram tratamentos médicos na Índia ou no Paquistão.

Em outubro passado, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçou o controle sobre receitas médicas de antibióticos, na tentativa de conter o avanço da superbactéria KPC, que atacou principalmente em hospitais.

Água contaminada

A resistência das superbactérias a antibióticos mais fortes causa preocupação entre os especialistas. Pesquisadores da Universidade de Cardiff, no País de Gales, que identificaram a NDM-1 no ano passado, dizem que as bactérias resistentes contaminaram reservatórios de água de Nova Délhi, o que significa que milhões de pessoas podem ter se tornado portadoras do micro-organismo.

A equipe do médico Timothy Walsh coletou 171 amostras de água filtrada e 50 de água de torneiras em um raio de 12 km do centro de Nova Déli, entre setembro e outubro de 2010.

O gene da NDM-1 foi encontrado em duas das amostras de torneira e em 51 das amostras de água filtrada.

Isso se torna mais preocupante porque, segundo a equipe de Walsh, o gene se espalhou para bactérias que causam diarreia e cólera, doenças facilmente transmissíveis através de água contaminada.

“A transmissão oral-fecal de bactérias é um problema global, mas seu risco potencial varia de acordo com os padrões sanitários”, disseram os pesquisadores em artigo no periódico científico Lancet Infectious Diseases. “Na Índia, essa transmissão representa um problema sério (porque) 650 milhões de cidadãos não têm acesso a vasos sanitários, e um número provavelmente maior não tem acesso a água limpa.”

Descoberta ‘preciosa’

Os cientistas pedem ação urgente das autoridades globais para atacar as novas variedades de bactérias e para prevenir epidemias globais.

A diretora regional da OMS para a Europa, Zsuzsanna Jakab, disse que “os antibióticos são uma descoberta preciosa, mas não lhes damos valor, os usamos em excesso e os usamos mal. (Por isso), agora há superbactérias que não respondem a nenhuma droga”.

Segundo ela, ante o crescimento no número de viagens internacionais e de trocas comerciais no mundo, “as pessoas precisam estar cientes de que, até que todos os países enfrentem (o problema das superbactérias), nenhum país por si só estará seguro”.

Autoridades sanitárias britânicas dizem estar monitorando a NDM-1, que, segundo registros oficiais, já contaminou 70 pessoas no país.

http://www1.folha.uol.com.br/bbc/899394-humanidade-perde-batalha-contra-superbacterias-dizem-europeus.shtml

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Offline Dbohr

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #1 Online: 07 de Abril de 2011, 11:34:47 »
Enquanto isso, toda hora passa um comercial de sabonete que promete matar "99%" das bactérias; e tem gente que se entope de antibiótico até para combater gripe.

É a Tragédia dos Comuns, mesmo.

Offline SnowRaptor

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #2 Online: 07 de Abril de 2011, 13:52:13 »
Podemos estar perdendo a batalha, mas nós somos os principais aliados delas nessa vitória contra nós.
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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #3 Online: 07 de Abril de 2011, 14:46:46 »
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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #4 Online: 07 de Abril de 2011, 22:19:55 »
Podemos estar perdendo a batalha, mas nós somos os principais aliados delas nessa vitória contra nós.

Pelo uso indiscriminado e irresponsável de medicamentos.

Foto USGS

Offline _tiago

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #5 Online: 08 de Abril de 2011, 20:08:45 »
Essas bactérias, em geral, são recorrentes em ambientes hospitalares, correto?

Offline Unknown

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #6 Online: 09 de Abril de 2011, 19:33:22 »
Uma dúvida: esse processo de seleção das bactérias com antibióticos/sabonetes especiais/etc não está "apenas" sendo acelerado por nós? Ou seja, a hora em que teremos que nos deparar com as superbactérias não iria ocorrer de qualquer maneira?

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Offline SnowRaptor

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #7 Online: 09 de Abril de 2011, 19:37:14 »
Depende: quando utilizamos antibióticos artificiais, que não ocorrem normalmente na natureza, não.
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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #8 Online: 09 de Abril de 2011, 19:54:01 »
Uma dúvida: esse processo de seleção das bactérias com antibióticos/sabonetes especiais/etc não está "apenas" sendo acelerado por nós? Ou seja, a hora em que teremos que nos deparar com as superbactérias não iria ocorrer de qualquer maneira?
Vamos, cientificamente, racionalizar as coisas desconstruindo falácias automatica, sorrateira e subliminarmente embutidas. Não existem, de fato, "superbactérias" -- são só bactérias resistentes aos nossos recursos de combate. "a hora em que teremos que nos deparar com as superbactérias" é toda a história evolutiva em que homens e bactérias conviveram. A seleção não é acelerada, ela é direcionada "por nós", que nos tornamos, indiretamente (pelas nossas próprias ações de combate) uma pressão evolutiva "alternativa" para elas. Só os mais aptos vencem a "guerra" e toda a nossa "inteligência" significa, não nada, mas só mais um apetrecho evolutivo (e as bactérias tem os delas, muito bons, também) diante da evolução.

Offline Unknown

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #9 Online: 09 de Abril de 2011, 23:39:11 »
Depende: quando utilizamos antibióticos artificiais, que não ocorrem normalmente na natureza, não.

Não entendi o porquê

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Offline SnowRaptor

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #10 Online: 10 de Abril de 2011, 00:22:43 »
Quis dizer que a nossa atividade está tornando as bactérias resistentes à nossas "armas' contra elas. Alguns desses antibióticos são artificiais e a resistência a eles nào se desenvolveria se não fosse por nossa ação.

m,as depois pensei melhor e acho que o post do cientista trata bem melhor desse assunto.
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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #11 Online: 10 de Abril de 2011, 01:07:47 »
De qualquer maneira é uma espeçie de seleção. A minha dúvida é porque seria um grande problema eliminar as outras com antibióticos e etc? Essas bactérias mais resistentes já não existem hoje de qualquer maneira?

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Offline Hold the Door

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #12 Online: 10 de Abril de 2011, 18:25:23 »
De qualquer maneira é uma espeçie de seleção. A minha dúvida é porque seria um grande problema eliminar as outras com antibióticos e etc? Essas bactérias mais resistentes já não existem hoje de qualquer maneira?
Com o uso indiscriminado de antibióticos, as que são sensíveis hoje acabam passando por um processo de seleção e gerando formas resistentes também. E as mais resistentes também vão sendo selecionadas pelas novas gerações de antibióticos e diminuindo a eficiência das nossas armas contra elas.

Mas não sei se foi isso que você perguntou, tenho a impressão de não ter entendido muito bem a sua dúvida.
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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #13 Online: 10 de Abril de 2011, 21:34:36 »
Com o uso indiscriminado de antibióticos, as que são sensíveis hoje acabam passando por um processo de seleção e gerando formas resistentes também. E as mais resistentes também vão sendo selecionadas pelas novas gerações de antibióticos e diminuindo a eficiência das nossas armas contra elas.

Mas não sei se foi isso que você perguntou, tenho a impressão de não ter entendido muito bem a sua dúvida.
A minha dúvida é: essas formas mais resistentes já não existem hoje? Elas apenas estão misturadas entre as formas mais fracas e menos resistentes aos antibióticos, não é? Então, qual o problema em tomar um antibiótico para eliminar as espécies menos resistentes? A seleção que os antibióticos fazem já não seria feita de qualquer jeito no futuro devido ao fato das bactérias serem mais resistentes?

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Offline SnowRaptor

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #14 Online: 10 de Abril de 2011, 21:37:28 »
O problema é que bactérias resistentes ao antibiótico A podem nàos er resistentes ao antibiótico B e a população resistente a ambos acabaria sendo uma grande minoria e estatisticamente, nào duraria muito mais que as demais. Com coquetéis de antibióticos, acabamos selecionando justamente as que são resistente aos dois e aos poucos vamos ficando sem opções para combatê-las.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #15 Online: 10 de Abril de 2011, 22:14:19 »
Elas já existem quando são selecionadas, mas em menor número, ainda "competindo" com variações não resistentes, que reduzem ou mantém as cepas resistentes "controladas". E elas podem até desaparecer por acaso, se isso for a única vantagem delas, ou até ter alguma tendência a desaparecerem, se essa vantagem tiver implícita alguma desvantagem, como ocorre muitas vezes com vantagens e desvantagens biológicas. Esse é o melhor cenário possível (tirando a inexistência de patógenos, ou que todos fossem só uns resfriadinhos inofensivos, claro). Um uso moderado de antibióticos ajuda a manter a situação onde eles ainda são úteis.

O ideal talvez até fosse de alguma forma promover a proliferação de cepas não-resistentes (idealmente, menos virulentas, claro). Se não me engano tem até alguma espécie de metodologia de tratamento que usa esse princípio ecológico/darwiniano de combate, só que dentro do hospedeiro. Eu imaginei essa possibilidade com bactérias uma vez, por causa desse problema mesmo, fui procurar e vi algo sobre ter sido pensado com vírus, que nem imaginava que pudesse se aplicar. Não sei em que pé está a coisa, para quaisquer dos casos.

Offline Hold the Door

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #16 Online: 10 de Abril de 2011, 22:59:31 »
A minha dúvida é: essas formas mais resistentes já não existem hoje? Elas apenas estão misturadas entre as formas mais fracas e menos resistentes aos antibióticos, não é? Então, qual o problema em tomar um antibiótico para eliminar as espécies menos resistentes? A seleção que os antibióticos fazem já não seria feita de qualquer jeito no futuro devido ao fato das bactérias serem mais resistentes?
O Buckaroo já respondeu o que eu ia responder. Não se esqueça que "bactérias mais resistentes" significa mais resistentes a um determinado antibiótico, não mais resistentes que as demais de uma forma geral. Assim, se você não criar um ambiente de vantagem artificial para elas elimando suas concorrentes diretas por meio do antibiótico, elas não tem nenhuma outra vantagem que as faça prevalecer. Pelo contrário, como a resistência a antibiótico pode em alguns casos exigir material genético extra, a mutação se tornaria uma desvantagem na competição com as demais, fazendo-a desaparecer.
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Offline Hold the Door

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #17 Online: 10 de Abril de 2011, 23:10:42 »
O ideal talvez até fosse de alguma forma promover a proliferação de cepas não-resistentes (idealmente, menos virulentas, claro). Se não me engano tem até alguma espécie de metodologia de tratamento que usa esse princípio ecológico/darwiniano de combate, só que dentro do hospedeiro. Eu imaginei essa possibilidade com bactérias uma vez, por causa desse problema mesmo, fui procurar e vi algo sobre ter sido pensado com vírus, que nem imaginava que pudesse se aplicar. Não sei em que pé está a coisa, para quaisquer dos casos.

Acho que você está falando no uso de bacteriófagos. Era muito usado no leste europeu, onde era intensamente pesquisado, mas com a decadência do comunismo o financiamento estatal se foi e acho que grande parte da pesquisa e acervo de vírus se perdeu.

Existem vantagens e desvantagens no uso deles. Uma vantagem é que o vírus também evolui, ou seja, se surge uma cepa de bactéria resistente ao vírus, este também tem sua parcela de mutações e uma delas o permitirá atacar a nova bactéria.

Uma desvantagem decorrente da vantagem acima é que a eficiência é uma montanha russa. Enquanto não há cepas resistentes de bactérias a eficiência é próxima de 100%. Logo ela começa a cair até um nível muito baixo, quando surge uma cepa resistente, e depois começa a subir de novo, quando surge um vírus que é capaz de atacar essa cepa. E assim vai.

Outra desvantagem é que não é possível usar internamente. Funciona para esterilizar ambientes e desinfetar ferimentos superficiais, mas dentro do organismo os bacteriófagos são combatidos pelo sistema imunológico e perdem a eficiência.
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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #18 Online: 10 de Abril de 2011, 23:46:26 »
Uma dúvida: esse processo de seleção das bactérias com antibióticos/sabonetes especiais/etc não está "apenas" sendo acelerado por nós? Ou seja, a hora em que teremos que nos deparar com as superbactérias não iria ocorrer de qualquer maneira?

Em relação a estes sabonetes, eles são antissépticos, não antibióticos. Não são seletivos e só não eliminam 100% porque algumas bactérias esporulam e assim não morrem com o ataque químico e físico. No caso dos antissépticos, não basta colocar em contato, mas é preciso a fricção para garantir a eliminação e, neste caso, não há resistência.

Por isso, não há problemas em continuar usando os antissépticos.

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #19 Online: 10 de Abril de 2011, 23:51:28 »
Com o uso indiscriminado de antibióticos, as que são sensíveis hoje acabam passando por um processo de seleção e gerando formas resistentes também. E as mais resistentes também vão sendo selecionadas pelas novas gerações de antibióticos e diminuindo a eficiência das nossas armas contra elas.

Mas não sei se foi isso que você perguntou, tenho a impressão de não ter entendido muito bem a sua dúvida.
A minha dúvida é: essas formas mais resistentes já não existem hoje? Elas apenas estão misturadas entre as formas mais fracas e menos resistentes aos antibióticos, não é? Então, qual o problema em tomar um antibiótico para eliminar as espécies menos resistentes? A seleção que os antibióticos fazem já não seria feita de qualquer jeito no futuro devido ao fato das bactérias serem mais resistentes?

Mas isso já é feito.

Se você está com uma infecção bacteriana, seu histórico de consumo de antibióticos é importante para a decisão do médico (que logicamente levará em conta o tipo de infecção e as prováveis espécies/cepas causadoras). Ele poderia simplesmente receitar vancomicina, o antibiótico mais potente que existe atualmente, mas se selecionar algo resistente você está ferrado. Ou seja, existe uma sequência de antibióticos e alguns deles você só recebe no hospital. Isso evita parte dos problemas com a resistência.

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #20 Online: 10 de Abril de 2011, 23:53:36 »
Elas já existem quando são selecionadas, mas em menor número, ainda "competindo" com variações não resistentes, que reduzem ou mantém as cepas resistentes "controladas". E elas podem até desaparecer por acaso, se isso for a única vantagem delas, ou até ter alguma tendência a desaparecerem, se essa vantagem tiver implícita alguma desvantagem, como ocorre muitas vezes com vantagens e desvantagens biológicas. Esse é o melhor cenário possível (tirando a inexistência de patógenos, ou que todos fossem só uns resfriadinhos inofensivos, claro). Um uso moderado de antibióticos ajuda a manter a situação onde eles ainda são úteis.

O ideal talvez até fosse de alguma forma promover a proliferação de cepas não-resistentes (idealmente, menos virulentas, claro). Se não me engano tem até alguma espécie de metodologia de tratamento que usa esse princípio ecológico/darwiniano de combate, só que dentro do hospedeiro. Eu imaginei essa possibilidade com bactérias uma vez, por causa desse problema mesmo, fui procurar e vi algo sobre ter sido pensado com vírus, que nem imaginava que pudesse se aplicar. Não sei em que pé está a coisa, para quaisquer dos casos.

Esta é uma estratégia utilizada para o vírus da AIDS. Por umas semanas, retira-se todo o medicamento de um paciente. Neste meio tempo, a versão não resistente sobrepuja a outra por ser mais eficiente em meio livre do medicamento. Depois, entra-se novamente com o coquetel e diminui-se consideravelmente a contagem de vírus.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #21 Online: 11 de Abril de 2011, 00:17:14 »
O ideal talvez até fosse de alguma forma promover a proliferação de cepas não-resistentes (idealmente, menos virulentas, claro). Se não me engano tem até alguma espécie de metodologia de tratamento que usa esse princípio ecológico/darwiniano de combate, só que dentro do hospedeiro. Eu imaginei essa possibilidade com bactérias uma vez, por causa desse problema mesmo, fui procurar e vi algo sobre ter sido pensado com vírus, que nem imaginava que pudesse se aplicar. Não sei em que pé está a coisa, para quaisquer dos casos.

Acho que você está falando no uso de bacteriófagos. Era muito usado no leste europeu, onde era intensamente pesquisado, mas com a decadência do comunismo o financiamento estatal se foi e acho que grande parte da pesquisa e acervo de vírus se perdeu.

Não, bactérias mesmo.

Você tem uma bactéria resistente num indivíduo, então o infecta com uma não-resistente que se reproduza mais rapidamente (idealmente cultivara selecionando por alta suscetibilidade até, ou, talvez melhor ainda, desenvolvida para sobreviver apenas em conjunção com algum outro fator que você fornecer). As não-resistentes irão eventualmente então substituir as resistentes, e então você as mata, seja através de antibióticos, ou, se for o caso, simplesmente cortando o fornecimento do que quer que tenha conseguido fazer com que fossem altamente dependentes e que não existe normalmente no organismo. Claro, isso dependeria da velocidade de reprodução permitir e também da progressão da doença assim permitir, especialmente se não for possível desenvolver uma bactéria mais inócua para competir no mesmo nicho.

Mas como eu disse, eu não vi isso ser proposto com bactérias mesmo, só com vírus. Não contra bactérias, mas da mesma forma, contra uma outra infecção viral. Engraçado que, eu imaginaria que algo assim não pudesse dar certo, que as células pudessem hospedar vírus demais para que pudesse haver esse "darwinismo" ocorrendo de qualquer forma significativa, mas, ao menos pelo que lembro de ter lido, parece que é possível, e, como não lembro de ter visto nada com bactérias, aí deve haver alguma inviabilidade meio evidente que não saberia com certeza qual é. Imagino que provavelmente o tempo ou a dificuldade em se criar cepas inócuas, mais aptas, e sensíveis ao antibiótico ou dependentes de alguma coisa que se pudesse administrar como controle.




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Existem vantagens e desvantagens no uso deles. Uma vantagem é que o vírus também evolui, ou seja, se surge uma cepa de bactéria resistente ao vírus, este também tem sua parcela de mutações e uma delas o permitirá atacar a nova bactéria.

Uma desvantagem decorrente da vantagem acima é que a eficiência é uma montanha russa. Enquanto não há cepas resistentes de bactérias a eficiência é próxima de 100%. Logo ela começa a cair até um nível muito baixo, quando surge uma cepa resistente, e depois começa a subir de novo, quando surge um vírus que é capaz de atacar essa cepa. E assim vai.

Outra desvantagem é que não é possível usar internamente. Funciona para esterilizar ambientes e desinfetar ferimentos superficiais, mas dentro do organismo os bacteriófagos são combatidos pelo sistema imunológico e perdem a eficiência.

Bem, se bolarem a cura para AIDS, poderiam então usar uma AIDS temporária para dar conta disso, e depois restauram o sistema imunológico. :D

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #22 Online: 11 de Abril de 2011, 00:20:03 »
Elas já existem quando são selecionadas, mas em menor número, ainda "competindo" com variações não resistentes, que reduzem ou mantém as cepas resistentes "controladas". E elas podem até desaparecer por acaso, se isso for a única vantagem delas, ou até ter alguma tendência a desaparecerem, se essa vantagem tiver implícita alguma desvantagem, como ocorre muitas vezes com vantagens e desvantagens biológicas. Esse é o melhor cenário possível (tirando a inexistência de patógenos, ou que todos fossem só uns resfriadinhos inofensivos, claro). Um uso moderado de antibióticos ajuda a manter a situação onde eles ainda são úteis.

O ideal talvez até fosse de alguma forma promover a proliferação de cepas não-resistentes (idealmente, menos virulentas, claro). Se não me engano tem até alguma espécie de metodologia de tratamento que usa esse princípio ecológico/darwiniano de combate, só que dentro do hospedeiro. Eu imaginei essa possibilidade com bactérias uma vez, por causa desse problema mesmo, fui procurar e vi algo sobre ter sido pensado com vírus, que nem imaginava que pudesse se aplicar. Não sei em que pé está a coisa, para quaisquer dos casos.

Esta é uma estratégia utilizada para o vírus da AIDS. Por umas semanas, retira-se todo o medicamento de um paciente. Neste meio tempo, a versão não resistente sobrepuja a outra por ser mais eficiente em meio livre do medicamento. Depois, entra-se novamente com o coquetel e diminui-se consideravelmente a contagem de vírus.

Será que foi isso que eu li e depois minha memória distorceu em algo mais parecido com o que eu imaginei? :hein:

Não lembrava de ter nada de AIDS, na minha vaga memória era algo genérico...

Offline 3libras

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #23 Online: 11 de Abril de 2011, 01:29:32 »


as superbactérias tem como local de "sobrevivência" o meio hospitalar, pois é onde ela consegue se desenvolver sem problemas.

se ela tiver que competir com outras bactérias no meio ambiente, a tendencia é ela perder ou se enfraquecer.
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Offline 4 Ton Mantis

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Re: Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias
« Resposta #24 Online: 17 de Abril de 2011, 11:00:03 »
Bactéria resistente contamina 25% da carne americana

http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5078475-EI238,00-Estudo+bacteria+resistente+contamina+da+carne+americana.html


Pedaços de carne obtidos em mercados de cinco cidades dos Estados Unidos revelaram a existência de uma bactéria resistente em quase 25% da carne bovina, de frango, porco e peru oferecida aos consumidores, demonstra um estudo publicado nesta sexta-feira.
O estafilococo aureus, bactéria que pode provocar infecções na pele, pneumonia, septicemia ou endocardite, foi encontrado em 47% das mostras, segundo o estudo publicado pela revista Clinical Infectious Diseases.
Mais da metade (52%) das amostras infectadas continha uma dura cepa do estafilococo aureus, resistente a pelo menos três tipos de antibióticos. Na maioria dos casos, a bactéria morre durante o preparo do alimento, mas os riscos de contaminação podem estar na manipulação da carne crua na cozinha e de outros utensílios, ou no consumo de carne muito mal passada.
"Pela primeira vez, sabemos quanto de nossa carne e aves está contaminada com um estafilococo resistente aos antibióticos, e é essencial saber", afirmou Lance Price, do Translational Genomics Research Institute de Phoenix, Arizona, coordenador do estudo.
"O assunto é preocupante e exige atenção sobre como são utilizados os antibióticos na atual produção de alimentos para animais", completou Price, para quem "provavelmente" a bactéria resistente "está na comida dos próprios animais".
O estafilococo aureus não figura entre as quatro bactérias que habitualmente o governo americano busca nas análises que faz da carne: salmonela, campylobacter, escherichia coli e enterococo.
Mais de dois milhões de pessoas são infectadas nos Estados Unidos anualmente com estas bactérias. Centenas delas morrem, com um risco maior para crianças, idosos e pessoas com sistema imunológico vulnerável.
As 136 mostras obtidas incluíram 80 marcas de carne e foram retiradas de 26 mercados nas cidades de Los Angeles, Chicago, Fort Lauderdale (Flórida), Flagstaff (Arizona) e na capital Washington DC.
O estudo mostra que a bactéria foi encontrada dentro da carne e, portanto, não é, em absoluto, provável que a presença seja motivada pela manipulação. A culpa provavelmente recai sobre "as granjas industriais com densidade de estoque, onde os alimentos animais sistematicamente têm pequenas doses de antibióticos (...), ideal para um caldo de cultivo para bactérias resistentes que passam dos animais aos humanos", destaca o estudo.
"Os antibióticos são os medicamentos mais importantes que temos para tratar infecções por estafilococo; mas quando o estafilococo é resistente a três, quatro, cinco e até mesmo nove antibióticos diferentes - como comprovamos neste estudo -, os médicos ficam com poucas opções", afirmou Price.
O documento não avalia os riscos para a população desta cepa de estafilococo. "Agora, precisamos determinar o que significa isto em termos de risco para a saúde do consumidor", disse o co-autor Paul Keim, diretor do Center for Microbial Genetics and Genomics da Northern Arizona University.
\"Deus está morto\"-Nietzsche

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