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As leis trabalhistas...
Eu não sou exatamente "libertário", estou mais para centrista, ainda que considere muitos pontos perfeitamente válidos, só acho que acabam indo para um extremo utópico e arriscado, analogamente ao comunismo.
Assim sendo, eu não digo que "leis trabalhistas" são totalmente ruins, mas o problema com elas é que ao tentarem proteger o trabalhador, em diversos graus tornam mais difícil que as pessoas consigam emprego. Salário mínimo, por exemplo, se era em um momento de $300 e passa para $400, então alguém que empregasse três pessoas, por $900, passa a poder empregar apenas duas, enquanto que se tivesse a verba para poder empregar as mesmas três por $400, $1200, poderia estar empregando mais uma por $300. Ou seja, há uma concentração de riquezas.
Sindicatos são uma versão mais extrema disso, que efetivamente reduzem a população que tem o direito a trabalhar em uma área, excluindo pessoas que tem que arranjar emprego fora dela, reduzindo a competição, e assim preservando os salários.
De modo geral é esse o "sentido" do problema, se encarece a mão de obra, e assim se reduz as oportunidades de emprego para a população, em troco de melhores condições de trabalho para um subconjunto mais seleto dela.
A opinião entre os libertários deve variar bastante, eu particularmente, não usando esse rótulo para mim, ainda acho que há leis trabalhistas que podem ser positivas, necessárias, embora eu não tenha nenhum "modelo" cuidadosamente traçado para decidir exatamente quais. É complicado. Por exemplo, "sweat shops", condições de trabalho realmente deploráveis, essas de semi-escravidão da China, Índia e redutos foras-da-lei no Brasil mesmo, onde as pessoas até panham de supervisores, trabalham o dia todo na fábrica, dormem lá mesmo, no chão, e comem sobre jornal, são coisas ue eu penso que poderiam ser evitadas, evitando o que uns pensam ser uma "corrida para baixo" nas condições de trabalho de populações pobres. Há divergência, no entanto, Sachs acredita que essas condições de trabalho foram o que em última instância permitiram que a Ásia deixasse de ser o continente mais pobre na história recente, eventualmente elevando a qualidade de vida de boa parte da população, e extinguindo esse cenário em alguns lugares. Como disse, eu não examinei tudo muito detalhadamente, mas acho que podemos evitar esses extremos, mas conseguir grandes melhoras com uma flexibilização maior das leis trabalhistas, aumentando a facilidade na geração de empregos/empreendimentos de modo geral, e diminuição de barreiras comerciais internacionais
de modo geral (talvez especialmente entre países pobres, mas com diferentes pesos e medidas em países em situação econômica mais díspar, a favor do país mais pobre).
Se isso sair do escopo, gostaria de saber por quê o estado regulador é ruim...
A idéia básica é que as pessoas não precisam de burocratas decidindo por elas, que as pessoas sabem ou deveriam poder cuidar delas mesmas. Por exemplo, ainda um relacionado a trabalho. Nos EUA, ao menos em algum estado, há ou houve uma lei que exigia que uma padaria só poderia ser aberta se dono do negócio fosse dono também de todo equipamento necessário -- não poderia ser alugado. Isso limita as possibilidades de um empreendedor com recursos mais restritos conseguir começar o negócio, empregar pessoas, etc. Será que as pessoas não estão aptas a avaliarem elas mesmas se alugar ou comprar máquinas para o seu negócio é o mais viável? Talvez até haja uma correlação entre os que alugam equipamentos e falências, mas será que isso justifica a lei? Será que não tem mais a ver não com o aluguel dos equipamentos, mas com o capital inicial daqueles que podiam comprar? Quem está sendo fundamentalmente beneficiado com essa restrição na possibilidade de iniciar o negócio? Esse benefício é maior que o prejuízo em não se ter esses empreendimentos sendo tentados?
E etc.
Esse foi um exemplo de algo com o qual não concordo, havendo inúmeros outros casos possíveis, mas novamente penso que é uma coisa que tenha que se ver caso a caso, não é suficiente para se ter como regra geral de que nenhuma regulação possível é desejável. No estado atual das coisas, no entanto, a direção de menor regulação aparenta ser melhor do que de maior regulação ou de manutenção das regulações que se têm.