Arrependi-me de ter abandonado uma discussão tão interessante num tópico tão importante. Fiquei devendo algumas respostas ao Fabrício...
Mas uma pessoa razoavelmente racional, mesmo sem ser nenhum Sócrates, pode simplesmente chegar à conclusão que filosofias existencialistas, embora interessantes para alguns, não passam de abstrações nas melhores hipóteses, ou pura masturbação mental, nas piores.
Dizer que alguém é focado em abstrações é um dos maiores elogios que se pode fazer a alguém, uma vez que algumas das ações mais nobres são guiadas por abstrações (ações que envolvem justiça, moralidade, amor romântico, etc.). Às vezes, a motivação baseada nessas abstrações chegam a sobrepujar alguns instintos básicos (sobrevivência, fome e sexo). O pensamento abstrato sofisticado é o que torna única a humanidade na face da Terra. A potencialidade criativa do homem, quer filosófica, artística ou científica jamais seria possível se pensássemos como os animais não-humanos.
Talvez chamar de frescura tenha sido muito radical da minha parte, confesso até que algumas idéias e filosofias são até interessantes. Mas para mim,, não faz a mínima diferença de onde viemos, para onde vamos, qual o sentido da vida, blá, blá, blá... isto vai influir pouco ou nada no meu dia a dia, ou no dia a dia da grande maioria da humanidade. Tudo bem a pessoa se interessar por isso (eu tenho interesse em um monte de coisa que outros achariam completamente inútil), só acho um desperdício de tempo ficar se angustiando e martelando bobagens na cabeça por causa destas filosofias como faz o Ênio, por exemplo.
Aplicável em nossa qualidade de vida como?
Howard Gardner, autor da primeira teoria das múltiplas inteligências, chegou a classificar a inteligência existencialista como um dos conceitos que descrevem a inteligência humana. Inteligência existencialista é descrita como “Abrange a capacidade de refletir e ponderar sobre questões fundamentais da existência”.
Uma das questões mais fundamentais da existência, por exemplo, é justificar o significado de todo o trabalho que se dispende na vida. Ser um animal que atribui um significado específico, claro e valoroso para um trabalho gera a motivação para buscar a grandeza de realização.
No livro
Aforismos Para a Sabedoria de Vida, Arthur Schoppenhauer resume bem essa ideia no seguinte trecho:
“Se houver algum mérito ou importância vinculada à carreira de um homem, se dedica sistematicamente à execução de alguma obra especial, será necessário e benéfico que dedique ocasionalmente alguma atenção ao plano, isto é, que tenha em mente um esboço em pequena escala de seus objetivos gerais. Para tal fim, é preciso que já esteja iniciado no
conhece-te a ti mesmo; deve saber, pois, o que realmente deseja acima e antes de tudo, o que é essencial à sua felicidade, e o que só vem em segundo ou terceiro lugar. Também deve ter uma consciência geral de sua vocação, de seu papel e de sua relação com o mundo. Se tudo isso é importante e elevado, então
a visão de seu plano de vida em escala reduzida lhe fortalecerá, sustentará e elevará mais que qualquer outra coisa; servirá de estímulo ao trabalho e o ajudará a manter distância dos caminhos que possam lhe extraviar.”
Analisando o gosto por intelectualidade e ciência da maioria dos foristas do CC, suponho que a maioria já filosofa existencialmente, ainda que de forma não tão formal e rigorosa como os filósofos. Por outro lado, quem lê livros de filosofia desse ramo acha simplesmente que pode buscar uma ajuda extra com quem mais se preocupou intelectualmente com a questão.