Autor Tópico: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil  (Lida 2661 vezes)

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Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Online: 27 de Maio de 2011, 11:18:47 »
Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil, diz ‘NYT’

Compra de áreas para cultivo de soja demonstra relação de crescente dependência da economia brasileira

O interesse da China em comprar terras no Brasil para o cultivo de soja vem demonstrando a relação de crescente dependência da economia brasileira e causando incômodo no país, afirma reportagem publicada nesta sexta-feira pelo diário americano The New York Times.

O jornal observa que apesar de o Brasil, a Argentina e outros países latino-americanos terem estabelecido recentemente restrições à compra de terras por estrangeiros, os chineses vêm buscando aumentar o seu controle sobre a produção, “levando o fervor de sua nação pela auto-suficiência agrícola para o exterior”.

Segundo a reportagem, diante das restrições à compra de terras, os chineses adotaram uma estratégia diferente, provendo crédito aos agricultores locais para impulsionar a produção de grãos para exportação.

A China deseja com isso aumentar a segurança alimentar do país e garantir o suprimento da crescente necessidade de soja para a alimentação de animais destinados ao consumo interno e “compensar sua crescente dependência de cultivos dos Estados Unidos”.

“Enquanto muitos saúdam os investimentos, a estratégia agressiva ocorre no momento em que autoridades brasileiras começam a questionar a ‘parceria estratégica’ com a China encorajada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, diz o jornal.

“Os chineses se tornaram tão importantes para a economia brasileira que ela não pode mais ficar sem eles – e isso é precisamente o que está deixando o Brasil cada vez mais incomodado”, complementa a reportagem.

‘Relação neo-colonial’

O New York Times observa que a China se tornou recentemente o maior parceiro comercial do Brasil, comprando volumes cada vez maiores de grãos de soja e minério de ferro e investindo bilhões no setor de energia brasileiro, ajudando a estimular a economia e a tirar mais de 20 milhões de brasileiros da pobreza extrema.

“Apesar disso, especialistas dizem que a parceria se degenerou em uma relação neo-colonial clássica na qual a China tem a posição mais forte”, diz o texto, observando que quase 84% das exportações brasileiras à China no ano passado foram de matérias primas, enquanto 98% das importações de produtos chineses foram de produtos manufaturados.

Para o jornal, as movimentações da China para comprar terras deixou as autoridades locais “nervosas”. A reportagem comenta que recentemente o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, reinterpretou uma lei de 1971, tornando mais difícil a compra de terras por estrangeiros.

Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner enviou no mês passado ao Congresso um projeto que limita a quantidade de terras que estrangeiros podem ter no país.

http://economia.ig.com.br/interesse+chines+em+terras+cria+incomodo+no+brasil+diz+nyt/n1596982186117.html

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Offline uiliníli

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #1 Online: 27 de Maio de 2011, 11:45:24 »
Não deixa de ser irônico que gerações de esquerdistas tenham denunciado o imperialismo norte-americano e acabemos virando colônia de um país "comunista".

Offline Cumpadi

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #2 Online: 27 de Maio de 2011, 12:46:25 »
Só uma pergunta, alguém sabe quanto é a porcentagem de exportação de produtos industrializados da china em relação aos EUA, europa e japão?
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline TMAG

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #3 Online: 27 de Maio de 2011, 13:03:08 »
Citar
   As exportações chinesas e o mito do valor agregado

Muitos lamentam o aumento da participação das commodities e a diminuição da de produtos manufaturados no total das exportações brasileiras, argumentando que estamos exportando bens de menor valor agregado. Na verdade, não houve queda das vendas de manufaturados, mas a expansão mais rápida das commodities (que por sinal agregam valor por utilizaram avançada tecnologia agrícola e de extração e transporte de minério de ferro). O Brasil se beneficia de um aumento nos termos de troca. É como o pai que vê o filho do vizinho ficar maior do que seu de mesma idade. Os dois cresceram, mas o dele menos. Quem reclama da perda de participação dos manufaturados diria que um dos garotos encolheu.

Um exemplo que tem sido utilizado para comparações é o das exportações chinesas de manufaturados, tidos naturalmente como de maior valor agregado. Estudos mostram que os chineses agregam pouco aos produtos que exportam, algo como 15% de seu valor. Eles são, na verdade, uma grande montadora, que importa muito em forma de partes, peças e componentes e exporta muito. Mesmo agregando menos do que se imagina, os chineses impulsionam a indústria, os serviços, a atividade econômica e o emprego.

Estudo recente, de autoria de Yuqing Xing [do Instituto Nacional para Estudos de Políticas Públicas, em Tóquio] , mostra com mais clareza esse processo, utilizando exemplo em que a agregação de valor é ainda menor do que a citada. Trata-se da produção de iPhones na China. O processo envolve nove companhias, localizadas na China, na Coreia do Sul, no Japão e na Alemanha. Todos os componentes são despachados para a empresa Foxconn (a mesma que prometeu a Dilma investir US$ 12 bilhões em uma fábrica no Brasil para produzir iPads). A Foxconn monta o produto final e o exporta para os Estados Unidos e o resto do mundo.

Xing decompõe o custo de produção em seus diversos componentes e mostra como um país em desenvolvimento como a China pode exportar produtos de alta tecnologia e por que o país que inventou o iPhone se transforma em importador. O custo total de produção é de US$ 178,96 por unidade, mas o de manufatura pela Foxconn é de apenas US$ 6,50. Ou seja, os trabalhadores chineses contribuem com apenas 3,6% desse total, muito menos do que os 15% estimados por outros estudos.

Nas estatísticas de comércio exterior, os Estados Unidos importaram US$ 2 bilhões em iPhones, mas Xing prova que na verdade as importações foram apenas do valor agregado pelos trabalhadores chineses, ou seja, US$ 73 milhões. “O método tradicional de registro de comércio exterior não reflete o valor efetivo da cadeia de distribuição e exibe uma imagem distorcida sobre as relações bilaterais. O desequilíbrio do comércio sino-americano tem sido enormemente inflado”, diz ele.

Outra conclusão interessante do estudo é a de que a valorização da moeda chinesa, demandada pelos americanos (e ultimamente pelo ministro da Fazenda do Brasil), teria efeitos praticamente nulos nas exportações de iPhones. Se houvesse, por exemplo, uma apreciação de 20%, o custo do iPhone aumentaria apenas US$ 1,30. Dificilmente os consumidores deixariam de comprar o produto.

Uma terceira conclusão. A Apple poderia produzir o iPhone nos Estados Unidos pelo mesmo preço, mas isso exigiria uma redução de sua gorda margem de 64%. Assim, a decisão de produzir na China tem a ver com objetivo de maximizar lucros da empresa e não com a necessidade de deslocar a produção para um país com baixo custo de mão-de-obra.

     


http://blogs.estadao.com.br/radar-economico/2011/04/18/estudo-derruba-mitos-sobre-crescente-exportacao-chinesa/
''O objetivo dos Governos é sempre o mesmo: limitar o indivíduo, domesticá-lo, subordiná-lo, subjugá-lo.'' - Max Stirner

Offline uiliníli

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #4 Online: 27 de Maio de 2011, 13:10:44 »
Interessantíssimo esse estudo, Wolfgang, e faz muito sentido também. Esse nosso trauma de produzir commodities em vez de bens manufaturados, na verdade, é só complexo de inferioridade, há muita tecnologia por trás de nossa agroindústria, nossa mineradoras e nosso petróleo de águas profundas.

Offline Unknown

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #5 Online: 27 de Maio de 2011, 14:04:56 »
O problema não é produzir commodities, o problema é a economia depender de poucos produtos, que é o que sempre ocorre quando se insiste muito nas commodities se esquece da indústria.

Aliás, se agregando pouco valor aos produtos a China já se tornou a segunda maior economia do mundo, o que aconteceria se ela dominasse todas as etapas de produção de todos os produtos que exporta? Basta comparar com a Alemanha para perceber a importância do valor agregado. Em volume, há muito que a China passou a Alemanha em exportações de produtos industrializados, mas em faturamento só no ano passado que a China conseguiu ganhar mais que a Alemanha com as exportações. Isso porque, diferente da China, quase todo produto alemão é projetado e construído na Alemanha.

E nem tudo o que a China exporta é apenas montado. Só como exemplo, muitos ímãs de computadores (ímãs de terras raras) são produzidos na China simplesmente porque a China possuía mais de 90% das reservas de terras raras e tratou de dominar todas as etapas de produção, quebrando os produtores em qualquer outro lugar do mundo. O fato é que hoje se você quer um HD em qualquer lugar do mundo, você está totalmente dependente da indústria chinesa. E por acaso, no ano passado a China começou a dizer que iria fechar uma de suas minas por causa da questão ambiental e impor cotas de exportação. Com isso a cotação do neodímio (a terra rara em questão) que em 2009 estava em R$15/kg saltou para R$200/kg nesse ano. E há muitas aplicações tecnológicas que dependem disso.

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #6 Online: 27 de Maio de 2011, 14:20:37 »
Não sei se é igual antes no que toca ao colonialismo e à dependência da China. Primeiro porque exportamos commodities a preços nunca antes praticados, altos e com tendências de continua alta, e importamos produtos tecnológicos a preços também nunca antes praticados, baixos e com tendência de queda constante. Segundo que a China não produz inovação e tecnologia própria que se destaque, não por enquanto. Aquela dependência clássica que permeou a relação entre países desenvolvidos e pobres depois da segunda guerra, não me parece totalmente válida para a relação do Brasil com a China.

Skorpios

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #7 Online: 27 de Maio de 2011, 15:03:00 »
O problema não é produzir commodities, o problema é a economia depender de poucos produtos, que é o que sempre ocorre quando se insiste muito nas commodities se esquece da indústria.

Aliás, se agregando pouco valor aos produtos a China já se tornou a segunda maior economia do mundo, o que aconteceria se ela dominasse todas as etapas de produção de todos os produtos que exporta? Basta comparar com a Alemanha para perceber a importância do valor agregado. Em volume, há muito que a China passou a Alemanha em exportações de produtos industrializados, mas em faturamento só no ano passado que a China conseguiu ganhar mais que a Alemanha com as exportações. Isso porque, diferente da China, quase todo produto alemão é projetado e construído na Alemanha.

E nem tudo o que a China exporta é apenas montado. Só como exemplo, muitos ímãs de computadores (ímãs de terras raras) são produzidos na China simplesmente porque a China possuía mais de 90% das reservas de terras raras e tratou de dominar todas as etapas de produção, quebrando os produtores em qualquer outro lugar do mundo. O fato é que hoje se você quer um HD em qualquer lugar do mundo, você está totalmente dependente da indústria chinesa. E por acaso, no ano passado a China começou a dizer que iria fechar uma de suas minas por causa da questão ambiental e impor cotas de exportação. Com isso a cotação do neodímio (a terra rara em questão) que em 2009 estava em R$15/kg saltou para R$200/kg nesse ano. E há muitas aplicações tecnológicas que dependem disso.

Quanto a terras raras, vi hoje ainda um artigo muito interessante.

http://www.defesabr.com/blog//24/05/2011/brasil-tem-uma-das-maiores-reservas-de-terras-raras-do-planeta/

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #8 Online: 27 de Maio de 2011, 16:13:01 »
Quanto a terras raras, vi hoje ainda um artigo muito interessante.

http://www.defesabr.com/blog//24/05/2011/brasil-tem-uma-das-maiores-reservas-de-terras-raras-do-planeta/
Esse Landgraf da reportagem é meu professor. Foi através dele que tive essas informações. Mas há uma questão que não aparece nessa (e em nenhuma outra reportagem). O texto "o Brasil pode ser dono de uma das maiores reservas de terras raras do planeta" deve ser visto com algumas reservas. O que ocorre é o seguinte: em meados dos anos 90, o Brasil descobriu uma enorme reserva de nióbio no Amazonas (perto da divisa com a Colômbia e a Venezuela) que colocou o Brasil na situação de detentor de aproximadamente 97% das reservas conhecidas do planeta. Associado ao nióbio, foram encontradas quantidades-traço de terras raras. Na época foi feita uma avaliação meio que superficial da quantidade de terras-raras (e outros minerais) inclusos no minério de nióbio, publicado e ficou um tempo esquecido. Até que ano passado, alguém do USGS reencontrou esse estudo e baseado na estimativa (que não é muito confiável) contida nesse estudo, concluiu que a reserva brasileira é mais de seis vezes maior que a chinesa (que era disparada a maior do mundo). Mas para saber se a reserva é tão grande assim, só voltando lá e fazendo um estudo mais rigoroso para só então decidir se a extração vale a pena. O que não vai ser barato pela distância e pelos problemas políticos que a extração irá representar, pois essa mina de nióbio está embaixo de algumas reservas indígenas. Aí já viu, né?

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #9 Online: 27 de Maio de 2011, 17:04:06 »
Aí já viu, né?

É. Aí já vi. Obrigado pela explicação.

Offline uiliníli

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #10 Online: 27 de Maio de 2011, 17:12:21 »
O Brasil precisa descobrir é uma reserva de potássio. Nitrogênio todo mundo tem, fósforo nós temos, mas potássio a gente tem zero, precisa importar (os outros a gente importa porque é subdesenvolvido, mesmo). Acabamos sendo uma superpotência agrícola que tem que importar fertilizantes.

Offline Liddell Heart

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #11 Online: 27 de Maio de 2011, 20:32:51 »
Em um mundo globalizado(ou em sociedades pós-industriais), capital humano é mais valioso que qualquer minério.
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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #12 Online: 27 de Maio de 2011, 20:47:53 »
O Brasil precisa descobrir é uma reserva de potássio. Nitrogênio todo mundo tem, fósforo nós temos, mas potássio a gente tem zero, precisa importar (os outros a gente importa porque é subdesenvolvido, mesmo). Acabamos sendo uma superpotência agrícola que tem que importar fertilizantes.

É fato, mas acho que existe um lugar na amazônia com potencial para exploração, se não me engano, o Geo talvez possa nos dizer...

Offline DDV

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #13 Online: 27 de Maio de 2011, 20:49:30 »
Citação de: Unknow
Aliás, se agregando pouco valor aos produtos a China já se tornou a segunda maior economia do mundo, o que aconteceria se ela dominasse todas as etapas de produção de todos os produtos que exporta

O superávit comercial representa cerca de 20% do PIB chinês.

É uma proporção alta, mas está longe de sozinho explicar o poder de sua economia.

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Offline DDV

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #14 Online: 27 de Maio de 2011, 20:53:23 »
Se formos olhar apenas a ECONOMIA e imaginar um cenário de livre-comércio pleno, não é imprescindível ter indústrias: pode-se ser rico e desenvolvido produzindo apenas produtos primários.

Porém, se formos pensar do ponto de vista ESTRATÉGICO e na ausência de livre-comércio, é importantíssimo um país ter uma base industrial.
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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #15 Online: 27 de Maio de 2011, 21:02:35 »
Não sei se é igual antes no que toca ao colonialismo e à dependência da China. Primeiro porque exportamos commodities a preços nunca antes praticados, altos e com tendências de continua alta, e importamos produtos tecnológicos a preços também nunca antes praticados, baixos e com tendência de queda constante

Isso é falso.

Já viu o preço do café brasileiro no mercado internacional durante os séculos XIX e início do século XX?  :hein:


Além disso, os produtos que o Brasil importava não eram caros. Se fossem, os governos não precisariam criar tarifas de importação tão altas para fomentar a indústria nacional (como a Tarifa Alves Branco).


Citação de: Juca
. Segundo que a China não produz inovação e tecnologia própria que se destaque, não por enquanto. Aquela dependência clássica que permeou a relação entre países desenvolvidos e pobres depois da segunda guerra, não me parece totalmente válida para a relação do Brasil com a China.

Você precisa se decidir o que é ser "dependente".


É importar produtos de alta tecnologia, mesmo a preços bons?

É importar qualquer produto que seja muito caro? (Ex: charutos de Cuba)

É importar qualquer produto industrializado?


Decida-se aí primeiro para que possamos continuar essa discussão.



« Última modificação: 27 de Maio de 2011, 21:06:20 por DDV »
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #16 Online: 27 de Maio de 2011, 21:31:55 »


Isso é falso.

Já viu o preço do café brasileiro no mercado internacional durante os séculos XIX e início do século XX?  :hein:


Além disso, os produtos que o Brasil importava não eram caros. Se fossem, os governos não precisariam criar tarifas de importação tão altas para fomentar a indústria nacional (como a Tarifa Alves Branco).

Minha perspectiva é da segunda guerra pra cá, em que os países pobres exportavam matérias primas a preços de banana, literalmente, e importavam tecnologia sempre caras para seus padrões.


Citar

Você precisa se decidir o que é ser "dependente".


É importar produtos de alta tecnologia, mesmo a preços bons?

É importar qualquer produto que seja muito caro? (Ex: charutos de Cuba)

É importar qualquer produto industrializado?


Decida-se aí primeiro para que possamos continuar essa discussão.





Apenas disse que não é a dependência clássica, não disse que seja ou não dependente. E o Brasil é um país industrializado, afinal de contas, mas ainda importamos muita tecnologia de ponta ( e também fabricamos ), em que boa parte é produzida na China, com tecnologia japonesa, européia e americana e exportada mundo afora a preços muito competitivos, o que é bom para todos de um modo geral.

Apenas acho que o Brasil não vai ser "colonizado" pela China. Diferentemente dos EUA, a China não fabrica guerras ou "impõe" sua  cultura como meio de persuasão ou dominação econômica, ela simplesmente investe, e espera que o seu gigantismo se imponha naturalmente.


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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #17 Online: 27 de Maio de 2011, 22:07:40 »

Apenas acho que o Brasil não vai ser "colonizado" pela China. Diferentemente dos EUA, a China não fabrica guerras ou "impõe" sua  cultura como meio de persuasão ou dominação econômica, ela simplesmente investe, e espera que o seu gigantismo se imponha naturalmente.


Que o diga o Tibet. E se não fosse os EUA seria tambem Taiwan.
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Offline Moro

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #18 Online: 27 de Maio de 2011, 22:33:26 »
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Offline Vito

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #19 Online: 27 de Maio de 2011, 22:51:58 »
O Brasil precisa descobrir é uma reserva de potássio. Nitrogênio todo mundo tem, fósforo nós temos, mas potássio a gente tem zero, precisa importar (os outros a gente importa porque é subdesenvolvido, mesmo). Acabamos sendo uma superpotência agrícola que tem que importar fertilizantes.
No Norte (rio Madeira) e Nordeste têm algums partes pequenas bacias.
O Brasil tem reserva potássio e o problema é a política não deixa mexer nada lá dentro Amazônia, veja Santarém - PA em mapa detalhada. Você vai ver é ponto negócio muito lucrativo e assim não podem com causa a política que estou dizendo.

Ou seja, minha fazenda da família fica a região cidade Itamaraju - BA, eu não posso produzir eucalipto por causas as leis do munícipo. Assim é que funciona a lei mesmo infelizmente Gabriel... :/
Se ele abrir, pode gerar empregos e a cidade pode ganhar a renda com causa os impostos (créditos) e assim melhora... :)
São alguns políticos tolos, fazer o que...

Offline _Juca_

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #20 Online: 27 de Maio de 2011, 23:28:31 »

Apenas acho que o Brasil não vai ser "colonizado" pela China. Diferentemente dos EUA, a China não fabrica guerras ou "impõe" sua  cultura como meio de persuasão ou dominação econômica, ela simplesmente investe, e espera que o seu gigantismo se imponha naturalmente.


Que o diga o Tibet. E se não fosse os EUA seria tambem Taiwan.

Tem razão, mas são problemas fronteiriços ou territoriais, certo ou errado quase todos os países o tem.  Não é uma luta pela hegemonia do mundo ou de "policia" do mundo. A China não tem bases espalhadas pelo mundo, ou não produz uma guerra atrás da outra, nem bombardeia outros países. Não quer dizer que talvez a China não tenha essas aspirações, de nação líder, só quer dizer que elas não serão nos moldes vistos até agora e praticados pelos EUA, na minha opinião. Nem quer dizer que serão melhores ou piores, não dá pra saber. A China está se impondo naturalmente pelo seu tamanho e não pela sua força política e militar, não por enquanto.

Offline DDV

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #21 Online: 27 de Maio de 2011, 23:52:08 »

Apenas acho que o Brasil não vai ser "colonizado" pela China. Diferentemente dos EUA, a China não fabrica guerras ou "impõe" sua  cultura como meio de persuasão ou dominação econômica, ela simplesmente investe, e espera que o seu gigantismo se imponha naturalmente.


Que o diga o Tibet. E se não fosse os EUA seria tambem Taiwan.

Tem razão, mas são problemas fronteiriços ou territoriais, certo ou errado quase todos os países o tem.  Não é uma luta pela hegemonia do mundo ou de "policia" do mundo. A China não tem bases espalhadas pelo mundo, ou não produz uma guerra atrás da outra, nem bombardeia outros países. Não quer dizer que talvez a China não tenha essas aspirações, de nação líder, só quer dizer que elas não serão nos moldes vistos até agora e praticados pelos EUA, na minha opinião. Nem quer dizer que serão melhores ou piores, não dá pra saber. A China está se impondo naturalmente pelo seu tamanho e não pela sua força política e militar, não por enquanto.

Você está dizendo que a China, uma ditadura que não tem o "probleminha" da opinião pública e as limitações próprias da democracia, não faria nenhuma intervenção militar em nenhum local onde seus interesses ou sua segurança estivessem seriamente ameaçados caso pudesse?  :hein:

Explique.
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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #22 Online: 27 de Maio de 2011, 23:56:09 »
Apenas acho que o Brasil não vai ser "colonizado" pela China. Diferentemente dos EUA, a China não fabrica guerras ou "impõe" sua  cultura como meio de persuasão ou dominação econômica, ela simplesmente investe, e espera que o seu gigantismo se imponha naturalmente.
Que o diga o Tibet. E se não fosse os EUA seria tambem Taiwan.
Tem razão, mas são problemas fronteiriços ou territoriais, certo ou errado quase todos os países o tem.  Não é uma luta pela hegemonia do mundo ou de "policia" do mundo. A China não tem bases espalhadas pelo mundo, ou não produz uma guerra atrás da outra, nem bombardeia outros países.

Ela não o faz porque não tinha condições econômicas e porque não tem condições militares. Além disto a China já teve escaramuças com a Índia (1962), ex-URSS (1969) e Vietnã (1978).

 
Não quer dizer que talvez a China não tenha essas aspirações, de nação líder, só quer dizer que elas não serão nos moldes vistos até agora e praticados pelos EUA, na minha opinião.

E nem ocorrerá tão cedo pois não temos nenhuma identidade cultural com os chineses.


Nem quer dizer que serão melhores ou piores, não dá pra saber. A China está se impondo naturalmente pelo seu tamanho e não pela sua força política e militar, não por enquanto.

Mais do que o seu tamanho, ela está se "impondo" pelo seu sistema econômico 'frankensteiniano'.
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Offline DDV

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #23 Online: 27 de Maio de 2011, 23:56:44 »
Citação de: Juca
Tem razão, mas são problemas fronteiriços ou territoriais, certo ou errado quase todos os países o tem.  Não é uma luta pela hegemonia do mundo ou de "policia" do mundo

Com exceção da Guerra do Iraque (a segunda), não conheço nenhuma guerra na qual os EUA se meteram que não tivesse questões importantíssimas de segurança nacional e geoestratégia envolvidos.

Você acha que uma guerra para anexar outro país é moralmente igual ou superior a uma guerra para combater terroristas (como a do Afeganistão) ou para apoiar o lado oposto ao do inimigo em uma corrida geopolítica mais ampla? (como a do Vietnã)?

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Geotecton

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Re: Interesse chinês em terras cria incômodo no Brasil
« Resposta #24 Online: 28 de Maio de 2011, 00:03:10 »
O Brasil precisa descobrir é uma reserva de potássio. Nitrogênio todo mundo tem, fósforo nós temos, mas potássio a gente tem zero, precisa importar (os outros a gente importa porque é subdesenvolvido, mesmo). Acabamos sendo uma superpotência agrícola que tem que importar fertilizantes.
É fato, mas acho que existe um lugar na amazônia com potencial para exploração, se não me engano, o Geo talvez possa nos dizer...

A mineração não é a minha especialidade.

Que eu saiba o Brasil detém menos de 2,00% do volume de jazidas de minerais potássicos explotáveis mundiais, mas a região Amazônica tem um potencial geológico enorme, em especial na região de Nova Olinda do Norte (AM).
Foto USGS

 

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