Eu acho que toda essa polêmica da discussão em torno de inteligência e raças é vazia porque, ainda que hajam pontos pendentes, conforme as coisas avançaram, ficou cada vez mais claro que a realidade não é tal como idealizavam os racistas, com "degraus" claros de inteligência e "nobreza" para cada raça, mas uma intersecção de todas as pessoas em todo o espectro, apenas restando variações de distribuição para cada grupo que se resolver dividir.
Variações essas cuja origem exata ainda não pôde e muito dificilmente poderá ser conclusivamente atribuída em sua totalidade à diferenças genéticas (ainda que a hipótese seja também de dificilima refutação "total"), ao mesmo tempo em que conhecidamente a maior parte da variação possível nestes atributos não é de origem genética.
A coisa é tal que, poderia eventualmente de alguma forma se concluir que sim, africanos ou quem quer que seja tivessem, por determinação genética, uma inteligência média mais baixa do que europeus ou outro grupo, mas isso não seria nada mais dramático do que, digamos, italianos diferem geneticamente de romenos no mesmo atributo -- algo que quase inevitavelmente também existirá.
Ao mesmo tempo, como estamos falando de médias, as curvas de distribuição da genética da inteligência poderiam ser diferentes em cada população (e subpopulações), o que deixaria a coisa ainda mais insignificante, como brancos terem uma média mais alta mas não poderem se gabar muito pela "inteligência genética" modal ser igual ou mais baixa, ou seja, sua inteligência média maior poderia se dar às custas de algumas subpopulações com inteligência excepcionalmente elevada.
Não que o assunto não seja interessante, e é, principalmente no que resulta de possíveis aplicações para melhorar a vida das pessoas, como se discernir fatores, principalmente não genéticos, como um estilo de "paternidade" que dá maiores estímulos intelectuais ou dieta, que podem contribuir para as pessoas nesse sentido. Mesmo que nunca se iguale todas as médias e que se desapareça com as curvas de distribuição em cada subgrupo ou ao todo. Isso é impossível, ou muito próximo disso. Isso não é um problema, por pior que pudesse ser ser uma conclusão definitiva, hoje em dia sabemos o suficiente para saber que poderia ser nada tão drástico, realmente significativo (no sentido "humano"/social, não meramente "estatisticamente significativo"), de implicações dramáticas para a sociedade. Isso é mais uma perspectiva à qual os racistas (bem, não necessriamente) se apegam, como uma "última esperança". Aliás, as piores conseqüências de qualquer conclusão, definitiva ou não, continuam não sendo os resultados diretos delas em si, mas ainda sejam suficientes para alimentar alguma propaganda nazistóide e isso resulte em algo prático contra algum grupo, seja racial ou uma outra possível divisão qualquer.