Tava lendo as estatísticas do vestibular da UERJ (estou prestando vestibular pela duocentoenésima vez e queria avaliar minhas chances) quando me deparei com um dado ao meu ver estranho e impressionante (mesmo para mim, que vivo a questionar as alegações recentes sobre a pretensa superioriedade intelectual das mulheres depois de que, após 5000 anos de domínio masculino no campo acadêmico, elas aparentam estar em movimento, nos últimos 30, de virar o jogo). Minha hipótese a partir dos, creio, um tanto quanto chocantes dados que acabei por acaso encontrando e que acabaram me surpreendendo não é, como nunca foi, de que na realidade sejam os homens mesmo os superiormente inteligentes/capazes/fodões mas um forte indício de que haja algo muito mais circunstancial do que "mulheres são mais propensas/capazes ao aprendizado" ou "o convívio com os homens as atrapalham a raciocinar", idéias estas que já foram propostas mais acima.
Poderia ter aberto outro tópico, mas acho que esta observação se aplica muito bem neste tópico onde foram levantadas questões sobre a diferença de aprendizado entre mulheres e homens e suas razões ou as carreiras escolhidas por mulheres e homens e as razões de tais escolhas ou as diferenças no processo de aprendizado de homens e mulheres.
É relevante que a discrepância abaixo demonstrada seja observada em relação a adolescentes e jovens que cresceram em um contexto de quase absoluta (exceto, ao meu ver, pelos fatores que fazem com que meninos "fujam" mais da escola que meninas) paridade no campo educacional no que diz respeito ao ensino básico: meninas e meninos de hoje costumam estudar nas mesmas escolas, com os mesmos professores, lendo os mesmos livros didáticos e recebendo dos pais os mesmos cuidados quanto à educação.
Eis:
Notem que o resultado na fase multidisciplinar (a que avalia os conhecimentos de todas as disciplinas do Ensino Médio independente de que carreira o vestibulando optará,
e visto o que já foi discutido no tópico este é um detalhe relevante) e de marcar xizinho da prova o aproveitamento feminino em comparação ao masculino decai de maneira brusca, continua e estável. A variação não é aleatória, mas progressiva.
Entretanto, e acho que aí está o dado interessante: o número bruto de mulheres aprovadas ao fim do vestibular é levemente superior ao número de homens. A priori pode parecer surpreendente, mas só até darmos uma olhada nos outros dados estatísticos referentes ao mesmo exame vestibular e observarmos que dentre cerca de 50k inscritos em ambas as duas edições do Exame de Qualificação UERJ 2011 havia cerca de 30k meninas e 20k meninos. A evasão escolar masculina é imensamente maior do que a feminina,
este sim é o grande ponto para explicar a dianteira que as mulheres estão tomando nos mapas educacionais do Brasil e de todo o mundo ocidental.
Estes (ao meu ver) surpreendentes dados talvez, e creio que sim, nos deem uma explicação mais aceitável sobre a observação anterior de que apesar do avanço numérico das mulheres no mundo acadêmico algumas carreiras mais bem
statuadas sejam ainda de predomínio masculino.
Ora, se é verdade que os meninos acabam, por que razão seja, por ter melhores resultados nas provas vestibulares é natural que eles escolham as carreiras mais conceituadas... eu mesmo... ainda que sendo "menino"... em relação à UERJ mesmo estou experimentando a obviedade desta conclusão pela segunda vez: em 2004 eu só decidi por prestar pra jornalismo depois de ter conseguido um A, até então uma série de carreiras menos "nobres" estavam na minha pauta de possibilidades. E agora mesmo eu tinha conseguido um B no 1° exame e já tinha colocado o cavalinho do Direito pra dentro do haras, como finalmente consegui melhorar a nota no 2° exame o cavalinho foi pra chuva de novo.
Apesar do caráter gritante das variações observadas fui lá procurar as estatísticas nos anos anteriores, e lá estão os mesmos padrões: número de mulheres inscritas no exame é imensamente maior do que os dos homens, resultado médio dos homens é superior ao das mulheres, número de homens obtendo A e B é sempre superior ao número de mulheres com o mesmo conceito, número de mulheres se classificando é levemente, da ordem de 1 ou 3 por cento, superior o número de homens finalmente ingressos.
Outro padrão é observado quando se clica no link
Dados Descritivos dos Inscritos e logo depois se compara com o link
Dados Descritivos dos Classificados: é interessante porque no primeiro link já se observa o padrão descrito acima, mas no segundo (nos 3 últimos anos consecutivos e com basicamente os mesmos valores percentuais) ele se acentua, i.e.: se os rapazes embora sendo minoria conseguem já na primeira fase obter melhores resultados brutos que as meninas, na segunda fase (a discursiva e de disciplinas separadas por carreira) a diferença se acentua, como visto abaixo:
Eu não quero dizer com isso que os homens são de fato mais inteligentes ou
intelectoaptos que as mulheres: embora eu não tenha estas neuras nem quando me atingem, sendo negro já postei aqui que não vejo razão para que se negue de modo absoluto e irrevogável a possibilidade de que exista alguma superioridade na genética "branca" quanto à inteligência. De qualquer modo, acho mesmo que podem existir questões circunstanciais a influenciar este quadro...
Mas insisto que os dados disponibilizados pelo hotlink de vestibular da UERJ quanto a diferença de desempenho por gênero no seu exame de admissão são fortes, intrigantes... e mais ainda, que eles fortemente desabonam a hipótese de que as mulheres sejam intelectualmente prejudicadas pela proximidade com meninos no decurso do trajeto escolar ou que a baixa representatividade delas em determinados cursos e áreas seja fundamentalmente em decorrência de preconceito.
Por isso gostaria de ver estes dados debatidos, nem que seja só pra me xingar de masculinista retardado fanático nazimachista
Edit: corrigindo screeshoots.