O fato é que não tem motivo para deixar uma pessoa que lesa terceiros, seja por que motivos forem, solta pelo mundo no meio de pessoas que não lesam terceiros.
Concordo que tem muito da questão de avaliar os riscos de impunidade/punição, mas não concordo que se negue tanto o peso do ambiente (já feita a ressalva acima). Talvez o inglês não tenha pelas suas bandas um ambiente tão propício quanto as bandas de cá. Num exemplo prático e atual, na Inglaterra se observa crianças em crackolândias? Claro que devem existir por lá crianças em situação péssimas, mas não quantitativamente ou qualitativamente que nem por aqui. Fica muito difícil você passar a infância abaixo de um teto que você mal enxerga "laços familiares", indo cada vez mais para a rua sozinho passar por sabe-se lá que situações e ainda crescer e se tornar uma pessoa que contribui para a sociedade ou que ao menos passe batido sem atrapalhar.
Acho difícil alguém negar que o ambiente, ainda mais os extremos, formem o caráter, o comportamento diante de tudo (sociedade, a terceiros, a si próprio...). Não é questão de ser pobre economicamente.
É que disseram aqui, não é deixar de usar investigação científica a cerca do assunto só por que criminosos a utilizam para se isentar, pois se eximir é algo comum. Se temos bem sucedidas fábricas de monstrinhos, e acho que temos, tem que se pensar o que fazer a respeito e que cadeia, por sí só, não vai resolver este problema.
Realmente, num Brasil utópico, seria legal conseguir classificar pessoas que lesam terceiros de acordo com perfis muito bem traçados e depois realizar uma penalização e ressocialização (se possível) adequada. Quando eu digo "adequada" eu penso em "que funcione mesmo". Não precisa narrar como são as coisas de fato hoje, né?
Ah, esse negócio de pensamento cristão realmente acende uns alarmes. Não preciso nem dizer que esta história de "punição aos drogados" é outra bobagem. Vai criminalizar, prender e punir mais da metade da população por algo que não está lesando terceiros? Claro que não... E se for questão de punir alguém que lesou terceiros e estava doido de seja lá o que for, concordo que isso não ameniza em nada. Julga-se o cara como se fosse alguém que estivesse cometendo o crime totalmente sóbrio.
Já ouviram história do cara que ao ser flagrado sendo montado por outro macho diz que não sabe como aquilo foi acontecer, que foi a bebida? Alguém acredita nisso? Ele pode até só ter tido coragem de ser sodomizado por estar bêbado, mas a vontade estava dentro dele.
Enquanto o álcool faz ele estar dando o que dele é, ninguém tem nada com isso. Se o álcool faz ele puxar uma arma e dar um tiro em outro numa discussão de futebol no boteco, isso já é um problema para terceiros. Ele não pode ficar solto nestas condições.
Este texto dos EUA estarem em recessão e mesmo assim o crime não ter subido pincelou no final algo que negligenciou no começo: o fator diminuição da marginalização (que não foi simplesmente negros terem se inspirado em Obama). É um fator que eu acho que pesa em conjunto com uma percepção de impunidade/punição.