Autor Tópico: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados  (Lida 5435 vezes)

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Offline DDV

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Revista Veja, 17 de agosto de 2011

Eles têm culpa, sim

Psiquiatra e escritor inglês diz que as teorias sociológicas e psicológicas para explicar o crime e o vício em drogas produzem cidadãos que não assumem suas responsabilidades.



O psiquiatra inglês Anthony Da­niels, de 61 anos, é mais conhe­cido em seu país como Theodore Dalrymple, pseudônimo utili­zado por ele em artigos com análises impiedosas mas realistas sobre o siste­ma prisional, o comportamento dos cri­minosos e o vício em drogas, entre ou­tros temas.

Aposentado desde 2005, começou a escrever sobre sua expe­riência de quinze anos como médico em prisões britânicas quando ainda es­tava na ativa, daí a necessidade de assi­nar com outro nome. Antes, trabalhou em países africanos como Tanzânia, África do Sul e Zimbábue. Daniels é autor de 22 livros e colaborador regular de publicações como a revista The Spectator e o jornal The Telegraph. Re­centemente, escritos seus sobre a im­portância da religião foram citados no manifesto de Anders Breivik, o autor do massacre na Noruega. "Não fiquei nada feliz com isso", diz Daniels. Na semana passada, em visita ao Brasil, ele falou a VEJA.

O senhor costuma dizer que a influência das teses do suíço Jean-Jacques Rous­seau (1712-1778) prejudicou a noção de responsabilidade no mundo atual. Por quê?

Rousseau difundiu a idéia de que o ser humano é naturalmente bom, e que a: sociedade o corrompe. Eu não sou religioso, mas considero

a visão cristã de que o homem nasce com o pecado original mais realista. Isso não significa que o homem é ine­vitavelmente mau, mas que tem de lu­tar· contra o mal dentro de si. Por in­luência de Rousseau, nossas socieda­des relativizaram a responsabilidade dos indivíduos. O pensamento intelec­tual dominante procura explicar o comportamento das pessoas como uma conseqüência de seu passado, de suas circunstâncias psicológicas e de suas condições econômicas. Infeliz­mente, essas teses são absorvidas pela população de todos os estratos sociais. Quando trabalhava como médico em prisões inglesas, com freqüência ouvia detentos sem uma boa educação formal repetindo teorias sociológicas e psicológicas difundidas pelas uni­versidades. Com isso, não apenas se sentiam menos culpados por seus atos criminosos, como de fato eram trata­dos dessa maneira. Trata-se de uma situação muito conveniente para os bandidos, pois permite manter a cons­ciência tranqüila. Podem dizer que roubam porque não tiveram oportuni­dades de estudo, porque nasceram na pobreza ou porque sofreram algum trauma de infância, entre outras des­culpas. "Enquanto a sociedade não mudar, não se pode esperar que eu me comporte de outra forma", tal é o dis­curso corrente entre os presos.

Por que os intelectuais incentivam esse pensamento?

Intelectuais são, em geral, pessoas muito desonestas. Eles não pensam em si mesmos como irrespon­sáveis, mas costumam atribuir essa ca­racterística a outras pessoas com gran­de facilidade. Ao criarem explicações sociológicas e psicológicas para des­vios de comportamento, eles acabam por desumanizar os criminosos. Um exemplo disso ocorreu na Inglaterra anos atrás, quando houve uma onda de furtos de cano. Os bandidos envolvi­dos nesses crimes, além de lucrar com isso, realmente gostavam da emoção de furtar muitos veículos em um curto período de tempo. Alguns criminologis­tas e psicólogos, ao analisar o fenôme­no, começaram a dizer que furtar car­ros era uma forma de vício. Sobre essa teoria, produziram-se inúmeros estudos, alguns dos quais incluíam até exa­mes de ressonância magnética do cére­bro dos bandidos, pára provar que se tratava de uma doença neurológica. Em pouco tempo, os ladrões de carro co­meçaram a me dizer na cadeia que eram viciados em furtar veículos. Eles obviamente não chegaram a essa con­clusão sozinhos. Apenas estavam repe­tindo urna tese produzida por arrogan­tes intelectuais de classe média que desconsideravam o fato de os bandidos serem capazes de escolher entre o certo e o errado independentemente de fato­res externos. Negar sua capacidade de discernimento é O mesmo que diminuir sua humanidade.

Isso também vale para criminosos com prováveis distúrbios mentais, como An­ders Breivik, que matou 77 pessoas no mês passado na Noruega?

Sim. Breivik pode ser louco, mas nem por isso é menos responsável por seus atos. Na tradição legal anglo-saxônica, o mero fato de você ser doente mental não sig­nifica que não esteja apto a responder por um crime. Depende do tipo e do grau da loucura. Suponhamos que os médicos descubram que Breivik tem um tumor no lobo frontal do cérebro. Em casos como esse, o indivíduo pode, sim, ser menos responsável por seus atos. Da mesma forma, muitos idosos com Alzheimer perdem a inibição se­xual e comportam-se de maneira ina­propriada. Há, portanto, algumas doen­ças neurológicas que atrapalham a ca­pacidade da pessoa de ter consciência plena de seus atos criminosos ou antis­sociais. Não acho que Breivik se encai­xe em nenhuma dessas categorias.

É possível arriscar um diagnóstico sobre Breivik?

O assassino norueguês é, ob­viamente, um homem muito estranho. , Ele tentou justificar a matança com um manifesto de 1500 páginas. A leitura de algumas páginas é suficiente para notar características muito claras.

A primeira é que ele acredita ter en­contrado as respostas para todos os problemas do mundo. A segunda é que ele é paranóico, pois pensa que há uma grande conspiração destruindo seu país. Terceiro, ele é narcisista. Breivik tem uma idéia muito elevada e exage­rada de sua própria aparência. À parte tudo isso, ele também tem inúmeros ressentimentos pessoais. Seu pai o abandonou quando ele era ainda muito jovem, por exemplo. A verdade, po­rém, é que nada disso serve para traçar o perfil de um assassino como ele.

É possível encontrar muitas pessoas com as mesmas características e que nunca fizeram ou farão o que ele fez.

Em seu manifesto, a frieza de Breivik es­tá expressa na convicção de uma verda­de absoluta sobre o mundo. O senhor identificou frieza parecida, beirando a psicopatia, ao analisar a obra de ficção de Cesare Battisti, o terrorista de es­querda que foi condenado por quatro assassinatos na Itália e ganhou visto de permanência para viver no Brasil. O se­nhor vê semelhanças entre os dois?

Há semelhanças, sim. Ambos tinham certeza de que, com seus crimes, estavam fazendo o bem. Isso, evidentemente, demonstra que não tinham nenhum senso de proporção. Eles não conseguiam perceber que sua irritação em relação à sociedade, ao sistema político e ao governo de seu país era, na verda­de, irrelevante e de uma dimensão muito inferior comparada a todos os outros problemas da humanidade. Sem esse freio psicológico ou moral, eles se consideraram no direito de dispor da vida de inocentes como bem entenderam.

Como explicar a simpatia de intelectuais e políticos brasileiros por Battisti?

Acho que, na visão dessas pessoas, Battisti teve coragem de exibir uma brutalidade que elas gostariam de ter  tido em algum momento da vida. Ao apoiá-lo, elas dão respaldo simbólico a um passado pessoal perdido. Além disso, os crimes perpetrados por esta­dos e grupos totalitários de esquerda ainda encontram justificativa ideológi­ca. Muita gente acredita piamente que os erros cometidos em nome do co­munismo foram por uma causa nobre, o que é um absurdo. Em especial, os intelectuais que compactuavam com o marxismo. Dá para entender: eles eram levados a acreditar que tinham um papel de liderança na sociedade. Com o desmoronamento do Muro de Berlim, foram empurrados para a irre­levância. Tudo o que esses intelec­tuais mais odeiam é uma sociedade que não precisa deles. Por isso, prote­gem indivíduos como Battisti: para reviver um período idealizado.

O senhor é a favor de prender consumidores de drogas?

A maneira como ve­mos o vício de drogas é errada. Trata­mos os viciados como vítimas, incapazes de ser responsabilizados por suas escolhas. Isso é falso. Eles não são ví­timas de seu próprio comportamento. Não existe droga tão viciante a ponto de ser impossível livrar-se dela. Os drogados usam os entorpecentes por uma decisão pessoal. Isso não significa que eu não me solidarize com essas pessoas. O estado mental que as drogas induzem é muito atraente para elas, em comparação com sua realidade. Mas, quando cometessem algum crime, ain­da que pequeno, sob efeito de drogas ou para comprá-las, os viciados deve­riam ser forçados a entrar em uma clínica de reabilitação. Se não aceitassem o tratamento, deveriam ser mandados para a prisão. Isso lhes daria motivação para levar a sério o processo de reabilitação, pois o maior problema com o ví­cio é que as pessoas não encontram ra­zões para parar. O medo da prisão pode ser uma delas. A outra é a certeza de ter uma vida melhor livre das drogas.

A prisão pode ser eficiente mesmo com a facilidade de conseguir drogas atrás das grades?

Sim, porque o indivíduo não estará na rua, violando a lei. A prisão não é uma instituição terapêuti­ca. Sua função principal é prevenir crimes que um condenado poderia co­meter se estivesse solto. Há também evidências de que, quanto mais tempo uma pessoa fica na cadeia, menor a probabilidade de voltar à bandidagem depois de ser libertada.

Penas longas são mais eficientes?

Sim. Na Inglaterra, por exemplo, temos pe­nas muito brandas e poucos detentos. Isso não é bom. A polícia inglesa, muito incompetente, prende apenas um em cada doze assaltantes de casas .. Destes, um em cada treze recebe pena de prisão. Isso significa que apenas um em cada 156 assaltantes cumpre pena em presídio. A média para esse tipo de crime é de um ano de cadeia. Na In­glaterra, isso significa que o bandido é solto em apenas seis meses. Com uma punição tão leve, a pergunta não é por que ocorrem tantos assaltos, mas por que há tão poucos. Meu país deixou de ser uma sociedade ordeira para se tor­nar uma das mais afetadas pela crimi­nalidade, quando comparada a outras da Europa. O número de presos caiu em proporção ao de crimes. Em 1900, para cada 6,5 crimes registrados, havia um detento. Em 2000, eram 114 cri­mes para cada preso. Claro que penas curtas são melhores do que nada. Um bandido reincidente comete, em mé­dia, 140 crimes por ano. Ou seja, se ele for mantido na prisão por seis me­ses, setenta crimes serão evitados, o que também é bom. Um dos argumentos contra as penas de prisão é que a maioria dos detentos é pobre, e que is­so é injusto. Ocorre que a maior parte de suas vítimas também é pobre.

E, como o número de vítimas é sempre muito maior do que o de bandidos, prendê-los não é uma punição aos pobres, mas um benefício a eles.

A Justiça brasileira passou a ter à sua disposição medidas altemativas à prisão preventiva, como monitoramento eletrô­nico e pagamento de fiança. Isso é bom?

Pela experiência britânica, tais medidas são um desastre. Um terço de to­dos os crimes da Escócia, inclusive es­tupros e assassinatos, é cometido por pessoas em liberdade condicional. Sou a favor desse recurso em algumas cir­cunstâncias, como para crimes não violentos, mas para uso geral é uma tragédia. As tornozeleiras eletrônicas são uma temeridade em lugares onde a administração pública não é eficiente. Nem na Inglaterra a polícia consegue monitorar os criminosos com esses equipamentos. A pena de prestação de serviços comunitários também é um pesadelo. A taxa de reincidência para bandidos condenados a prestar servi­ços comunitários é a mesma dos que recebem pena de prisão: 70%. O pro­blema é que a estatística conta apenas os crimes cometidos após o fim da pe­na. Nada garante que, enquanto estão soltos, prestando serviços comunitá­rios, eles não cometam novos crimes. Por fim, em média, cada detento na In­glaterra já foi condenado outras dez vezes a penas alternativas. Ou seja, não adiantou nada. Basicamente, ao saber que cumprirão penas alternativas e ficarão soltos, os bandidos se con­vencem de que não têm nada a perder ao cometer um crime. É melhor mantê-los presos, e por bastante tempo.



De: http://deboradavila.blogspot.com/2011/08/eles-tem-culpa-sim-anthony-daniels.html

« Última modificação: 27 de Agosto de 2011, 12:39:37 por Geotecton »
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Titoff

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #1 Online: 27 de Agosto de 2011, 12:03:10 »
Hein?

Offline Geotecton

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #2 Online: 27 de Agosto de 2011, 12:07:54 »
O presente tópico foi modificado por mim involuntariamente. Eu pedirei ao forista DDV que reponha o material original. Enquanto isto ele ficará trancado.


P.S.

O erro foi eliminado.

Tópico reaberto.
« Última modificação: 27 de Agosto de 2011, 12:41:13 por Geotecton »
Foto USGS

Offline Derfel

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e droga
« Resposta #3 Online: 27 de Agosto de 2011, 15:18:49 »
Eu já tinha lido a entrevista na Veja e há muito para se discutir no que ele propõe. Algumas vezes chega a ser contraditório, como negar a influência da historia pessoal e da sociedade e depois usar isso como explicação para tipos como o norueguês.

Offline Diegojaf

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #4 Online: 27 de Agosto de 2011, 15:32:51 »
Revista Veja, 17 de agosto de 2011

Eles têm culpa, sim

Psiquiatra e escritor inglês diz que as teorias sociológicas e psicológicas para explicar o crime e o vício em drogas produzem cidadãos que não assumem suas responsabilidades.

E a água é molhada...
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Derfel

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #5 Online: 27 de Agosto de 2011, 15:38:01 »
Tentar explicar e entender os motivos que levaram a pessoa a um determinado caminho não significa isentá-lo de culpa sobre os seus atos.

Offline Barata Tenno

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #6 Online: 27 de Agosto de 2011, 15:59:36 »
Tentar explicar e entender os motivos que levaram a pessoa a um determinado caminho não significa isentá-lo de culpa sobre os seus atos.
Mas o que mais se vê são intelectuais isentando criminosos e culpando a sociedade.
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Offline Derfel

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #7 Online: 27 de Agosto de 2011, 16:50:30 »
Por exemplo?

Offline Gaúcho

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #8 Online: 27 de Agosto de 2011, 16:54:18 »
Por exemplo?

Basicamente leia-se como Direitos Humanos. Somente a garantia de que sem ser julgado e condenado, um bandido ou um cidadão comum não tenha que pagar com a pena capital pelo seu crime, que não sabemos quais foram, porque foram e em que condições se deram. Os policiais, num caso como esse não são cidadãos, são criminosos, tão hediondo quanto qualquer assassino.

Como se me interessasse as desculpas de porquê o rapaz assaltou a lancheria e atirou na cara do dono. -"Tadinho, ele não teve condições. Cresceu pobre e foi rejeitado pela sociedade, blablabla"
« Última modificação: 27 de Agosto de 2011, 16:56:22 por Di Gaúcho »
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Diegojaf

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #9 Online: 27 de Agosto de 2011, 17:03:38 »
Por exemplo?

Basicamente leia-se como Direitos Humanos. Somente a garantia de que sem ser julgado e condenado, um bandido ou um cidadão comum não tenha que pagar com a pena capital pelo seu crime, que não sabemos quais foram, porque foram e em que condições se deram. Os policiais, num caso como esse não são cidadãos, são criminosos, tão hediondo quanto qualquer assassino.

Como se me interessasse as desculpas de porquê o rapaz assaltou a lancheria e atirou na cara do dono. -"Tadinho, ele não teve condições. Cresceu pobre e foi rejeitado pela sociedade, blablabla"

Poutz. Que promoção é essa que você deu ao Juca? :lol:
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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #10 Online: 27 de Agosto de 2011, 17:03:46 »
Não sei se o Juca se enquadraria na categoria de intelectuais que o Barata estava pensando... :)
Pode não interessar a você e, muito menos, ao dono da lancheria, mas é importante sim saber as causas que levaram ele a praticar o ato e assim atuar e previnir que surjam outros como ele.

Offline Barata Tenno

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #11 Online: 27 de Agosto de 2011, 18:30:06 »
morte da menina rica e o ódio de classe
Por caros amigos 07/01/2004 às 19:41

caros amigos
morte da menina rica e o ódio de classe



A morte de uma menina rica, assassinada no município de Embu-Guaçu, Grande São Paulo, em novembro último, supostamente por uma quadrilha que inclui um adolescente de 16 anos, pobre e morador da periferia do Embu, deixou claro, mais uma vez (até a exaustão, vamos lá), que o Brasil tem dois tipos de cidadão: que o valor de cada coisa ? de cada pessoa ? é seu preço no mercado, como afirma Josep Ramoneda.

Está claro que o rabino H. Sobel, ao pedir a instituição da pena de morte no Brasil, só ousou fazê-lo porque a jovem morta, Liana Friedenbach, pertencia à comunidade judaica de São Paulo. A hipocrisia do rabino é flagrante: está claro que ele defende a pena de morte para brasileiros pobres. No seu delírio, o rabino deve ter achado que aqui é uma espécie de Israel ? e que a esmagadora maioria dos brasileiros, da classe pobre, é uma espécie de Palestina a ser eliminada da face da terra! Ora, até que ponto se pode chegar?

Está claro que todo esse rebuliço em torno do assassinato da jovem de 16 anos e de seu namorado, Felipe Caffé, 19, não teria acontecido se a vítima tivesse sido apenas este último, filho da classe média baixa e sem nenhuma ?comunidade? forte por trás. Somente por tabela o nome de Felipe foi lembrado em programas de televisão e na tal passeata ?contra a violência?, que ocorreu em São Paulo em meados de novembro.

O negócio mesmo era Liana, cujo pai em desespero pôde mover até mesmo helicóptero para ir a seu encalço. E pôde, com apoio da tal comunidade, ter acesso a todo tipo de mídia, do mais rasteiro programa de televisão da apresentadora Hebe Camargo e seus ares de xaveco fascista a entrevistas de página inteira à nata da imprensa que serve à elite.

Por acaso a classe alta saiu às ruas para pedir a pena de morte para outra menina rica paulista, Suzane Richthofen, acusada de planejar o assassinato dos próprios pais, junto com o namorado, em 2002? Por acaso a classe alta pediu pena de morte para o também jovem paulista Jorge Bouchabki, acusado (e depois inocentado) em 1988 do assassinato dos pais, no famoso ?crime da rua Cuba??

O caso de Liana Friedenbach reúne todos os elementos da hipocrisia da elite paulista ? esta de nomes estrangeirados, pronta para impor-se, para humilhar e esmagar sob seus pés os espantados ?silvas?, ?sousas?, ?costas? e outros nomezinhos portugueses e ?afro-escravos?. O pai da moça, o advogado Ari Friedenbach, empenha-se agora em conseguir mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Disse a um jornal de São Paulo que a fotografia de R.A.A.C., 16 anos, acusado de matar sua filha, deveria aparecer nos jornais. Disse também que é ?radicalmente a favor? da redução da maioridade penal e que ?nossos legisladores se fazem de surdos quando a população clama por isso?. Que população? A que ?população? se refere o senhor Friedenbach? Eu mesma não me incluo nessa ?população?! Aposto que os jovens da periferia, seus pais ou a mãe de R.A.A.C. também não se incluem. A ?população? a que ele se refere é a própria comunidade dele (ou grande parte dela), a classe rica, concentradora de renda num dos países mais desiguais do mundo ? o Brasil onde um rico ganha trinta vezes mais do que um pobre!

Uma pesquisa do IPEA publicada em 2001 mostra a ganância e a concentração de renda perpetradas escandalosamente pela elite brasileira: mostra a razão entre a renda dos 20 por cento mais ricos e a dos 20 por cento mais pobres, ou seja, quanto um rico ganha mais do que um pobre em diversos países do mundo. ?Platão dizia que esse número tinha que ser 4, ninguém sabe de onde ele tirou o 4, mas ele dizia que o rico tinha que ganhar quatro vezes mais do que os pobres. Na Holanda, um rico ganha 5,5 vezes mais do que um pobre. No Brasil, ganha 25, 30 vezes mais! Nos Estados Unidos, é 10; no Uruguai, também é 10. Então, vê-se aqui o alto nível de desigualdade e a estabilidade dessa desigualdade.?

Agora vem esse rabino pedir pena de morte no Brasil para crimes hediondos. Nos Estados Unidos, que tem pena de morte, os crimes são cada vez mais ?hediondos? ? conceito, aliás, sem sentido. O que torna um crime mais ?hediondo? que outro? Só se for a classe social da vítima: quando é rica e loirinha, então, o crime é mais hediondo do que se a vítima for um ?Pernambuco? qualquer, também de 16 anos, morador do Jardim Ângela ou do Capão Redondo, periferia de São Paulo, morto por outro ?Pernambuco? de 16 anos, também sem sobrenome. Todo dia morrem às pencas jovens assassinados por outros jovens nas favelas e aglomerados pobres das periferias das grandes cidades ? nem por isso há movimentos pela pena de morte ou pela redução da maioridade penal.

A elite brasileira vive mesmo fora da realidade. Não tem idéia do ódio que a diferença de classe insufla todo dia nas gerações de jovens pobres que povoam o país de ponta a ponta, que vagam pelas matas ou pelo asfalto das ruas sem nenhuma perspectiva. Esse R.A.A.C. mal tinha freqüentado a escola. Ele supostamente disse à polícia que, ao caminhar pela mata com outro acusado do crime, ?avistaram o casal (Liana e Felipe), cuja aparência física destoava das pessoas que normalmente freqüentam o local?.

O ódio de classe ? quem já conviveu com jovens pobres de favelas e periferias conhece esse sentimento. Tudo destoa, humilhando-os, provocando neles desprezo e raiva: a aparência física, a roupa, a escola, a comida, o carro, o jeito, o hospital, o tratamento policial, o enterro. Ora, a polícia de São Paulo jamais iria se bandear daqui para Pernambuco atrás do outro acusado de matar o casal de namorados (em poucos dias encontraram dentro de um ônibus no sertão pernambucano Paulo César da Silva Marques, 32 anos, vulgo ?Pernambuco?) se o jovem morto fosse um pernambucanozinho qualquer sem eira nem beira.

Está clara a hipocrisia. A imprensa não trata da violência que essa desigualdade social imposta diuturnamente aos jovens pobres significa. Não trata desse veneno que a elite brasileira truculenta injeta todo santo dia na veia dos meninos. Jovens como R.A.A.C. sabem que não valem nada no mercado. Eles sabem que não passam de ?Pernambucos? condenados ao preconceito de classe, à exclusão total, à humilhação. Eles sabem que nada têm a perder ? por isso matam. A vida, para eles, dentro ou fora de uma unidade da Febem ou de uma cadeia não faz muita diferença.

Da apresentadora de televisão que se julga no direito de matar R.A.A. C. (Hebe Camargo) ao pai de Liana que quer ver o rosto do rapaz estampado nos jornais da elite, passando pelas declarações oportunistas do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e sua política de segurança fascista (que propõe ?endurecer? o ECA), o alvo de todos eles é o mesmo do rabino da pena de morte: o extermínio puro e simples dos jovens pobres. Para que eles continuem, em última instância, a embolsar todo mês trinta vezes mais que qualquer pai maltrapilho e desempregado da favela.

Eles fazem ouvidos moucos para a mensagem que vem da miséria. O que a ?violência? diz hoje no Brasil é que ou seremos todos cidadãos ou ninguém será, ou ninguém viverá a ?segurança? almejada pelos ricos. Ou serão todos cidadãos ou ninguém será. As democracias evitam sistematicamente pensar a violência e se limitam a contrapor os bons sentimentos gerais em favor da não-violência, diz Josep Ramoneda. ?Se aceitarmos como critério a autonomia do sujeito, o ideal kantiano da emancipação individual, o cidadão é a figura política que corresponde a essa idéia de plenitude da pessoa humana?, afirma o estudioso espanhol. Foi a própria elite brasileira que transformou R.A.A.C. em pessoa-animal. É preciso ser intransigente com essa elite brasileira surda e cega ao ódio de classe que ela insufla. É preciso ser intransigente na defesa dos direitos humanos de R.A.A.C. Direitos humanos, sim, para a pessoa que a elite voraz e devoradora quer transformar em animal a ser caçado a laço e exposto à execração pública e à morte pela justiça popular. Mal sabe ela que R.A.A.C. passava por isso todos os dias ? pela execração pública. Mal sabe a elite que exclusão social, tal qual ocorre no Brasil, é igual, sempre foi igual, sinônimo mesmo de ?execração pública? e de ?pena de morte?.


Fonte
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Offline Diegojaf

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #12 Online: 27 de Agosto de 2011, 18:36:57 »
Não sei se o Juca se enquadraria na categoria de intelectuais que o Barata estava pensando... :)
Pode não interessar a você e, muito menos, ao dono da lancheria, mas é importante sim saber as causas que levaram ele a praticar o ato e assim atuar e previnir que surjam outros como ele.
Importante para prevenir e criar formas de combate a essa situação que levou o sujeito a esse ponto. E só.

Agora, querer que o julgamento dele se dê de forma diferente por causa desse passado, é absurdo. Ele não pode ser culpado porque a vida dele foi uma merda? Dê um passe livre pra ele fazer o que quiser então. É a tal "dívida histórica" que a sociedade tem para com ele que deve ser paga.
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Offline Derfel

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e droga
« Resposta #13 Online: 27 de Agosto de 2011, 20:18:36 »
E foi o que disse. A punição é conforme o crime, com os atenuantes e agravantes do ato em si. Mas saber a história para se desenvolveu é importante para se descobrir os determinantes sociais (e que não interfere no julgamento em si).

Barata, quando estiver em local apropriado respondo com a atenção devida. :ok:

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #14 Online: 27 de Agosto de 2011, 21:17:40 »
O texto que o Barata postou é um dos mais toscos que já vi em toda minha vida (sei que postou de propósito) e serve de exemplo desses intelectuais que, sendo esquerdistas e tendo ódio das classes mais altas, imaginam que todos devam ter o mesmo ódio.  Só faltou a idiota dizer "é obvio que deveriam matar"
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Offline Barata Tenno

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #15 Online: 27 de Agosto de 2011, 21:19:36 »
O texto que o Barata postou é um dos mais toscos que já vi em toda minha vida (sei que postou de propósito) e serve de exemplo desses intelectuais que, sendo esquerdistas e tendo ódio das classes mais altas, imaginam que todos devam ter o mesmo ódio.  Só faltou a idiota dizer "é obvio que deveriam matar"
Então.... E isso é muito mais comum do que as pessoas imaginam, dentro dos cursos de humanas na USP ta cheio de gente que pensa assim.
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Offline Geotecton

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #16 Online: 28 de Agosto de 2011, 01:43:02 »
O texto que o Barata postou é um dos mais toscos que já vi em toda minha vida (sei que postou de propósito) e serve de exemplo desses intelectuais que, sendo esquerdistas e tendo ódio das classes mais altas, imaginam que todos devam ter o mesmo ódio.  Só faltou a idiota dizer "é obvio que deveriam matar"
Então.... E isso é muito mais comum do que as pessoas imaginam, dentro dos cursos de humanas na USP ta cheio de gente que pensa assim.

Não é só nos cursos de humanas da USP que há este pensamento. Na UFPR e na UNESP eu já ouvi este mesmo discurso.
Foto USGS

Offline Adriano

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #17 Online: 28 de Agosto de 2011, 02:50:43 »
O texto que o Barata postou é um dos mais toscos que já vi em toda minha vida (sei que postou de propósito) e serve de exemplo desses intelectuais que, sendo esquerdistas e tendo ódio das classes mais altas, imaginam que todos devam ter o mesmo ódio.  Só faltou a idiota dizer "é obvio que deveriam matar"
Então.... E isso é muito mais comum do que as pessoas imaginam, dentro dos cursos de humanas na USP ta cheio de gente que pensa assim.

Não é só nos cursos de humanas da USP que há este pensamento. Na UFPR e na UNESP eu já ouvi este mesmo discurso.
Mas não deixa de ter um fundo de verdade, sobre o aspecto de produção da violência em nossa sociedade. Tem pessoas que não vislumbram nenhuma perspectiva de vida, tentam ganhar a vida no crime. E a maioria acaba sendo vítima também, morrendo cedo, iludida nesta "tentadora" perspectiva. Se as religiões, com suas tentadoras promessas de vida após a morte, ganham milhares de adeptos, o que dirá do crime organizado com toda a sua cultura do crime.

O texto que o Barata postou é um dos mais toscos que já vi em toda minha vida (sei que postou de propósito) e serve de exemplo desses intelectuais que, sendo esquerdistas e tendo ódio das classes mais altas, imaginam que todos devam ter o mesmo ódio.  Só faltou a idiota dizer "é obvio que deveriam matar"
Então.... E isso é muito mais comum do que as pessoas imaginam, dentro dos cursos de humanas na USP ta cheio de gente que pensa assim.

Não é só nos cursos de humanas da USP que há este pensamento. Na UFPR e na UNESP eu já ouvi este mesmo discurso.
Eu gostei do texto e achei mal interpretado por vocês. Como integrante das classes mais baixas, nos quais dos bandidos existem sempre vizinhos, as vezes crescidos juntos. Muitas vezes acreditamos que um pouco mais de oportunidade poderia fazer a diferença na vida destas pessoas, que muitas vezes são "recrutadas" pelo crime organizado.

Tentar explicar e entender os motivos que levaram a pessoa a um determinado caminho não significa isentá-lo de culpa sobre os seus atos.
Mas o que mais se vê são intelectuais isentando criminosos e culpando a sociedade.
Não vislumbrei qualquer isenção dos criminosos, apenas a crítica de uma maior importância da vitimização das classes mais abastadas. Uma situação não elimina a outra, mesmo o texto possa, aparentemente defender isto, mas não deixa de ser um provável abuso retórico. Assim como aconteceu com alguns comentários no outro tópico.

É a tal "dívida histórica" que a sociedade tem para com ele que deve ser paga.
Os dados mostram, com relação a violência, que os negros são as maiores vítimas de homicídios. É a dupla vitimização, a de serem negros e pobres e morrerem mais simplesmente por isto.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Adriano

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #18 Online: 28 de Agosto de 2011, 03:12:19 »
Por que os intelectuais incentivam esse pensamento?

Intelectuais são, em geral, pessoas muito desonestas. Eles não pensam em si mesmos como irrespon­sáveis, mas costumam atribuir essa ca­racterística a outras pessoas com gran­de facilidade. Ao criarem explicações sociológicas e psicológicas para des­vios de comportamento, eles acabam por desumanizar os criminosos. Um exemplo disso ocorreu na Inglaterra anos atrás, quando houve uma onda de furtos de cano. Os bandidos envolvi­dos nesses crimes, além de lucrar com isso, realmente gostavam da emoção de furtar muitos veículos em um curto período de tempo. Alguns criminologis­tas e psicólogos, ao analisar o fenôme­no, começaram a dizer que furtar car­ros era uma forma de vício. Sobre essa teoria, produziram-se inúmeros estudos, alguns dos quais incluíam até exa­mes de ressonância magnética do cére­bro dos bandidos, pára provar que se tratava de uma doença neurológica. Em pouco tempo, os ladrões de carro co­meçaram a me dizer na cadeia que eram viciados em furtar veículos. Eles obviamente não chegaram a essa con­clusão sozinhos. Apenas estavam repe­tindo urna tese produzida por arrogan­tes intelectuais de classe média que desconsideravam o fato de os bandidos serem capazes de escolher entre o certo e o errado independentemente de fato­res externos. Negar sua capacidade de discernimento é O mesmo que diminuir sua humanidade.
Entendo como um grande equívoco sugerir que o debate científico, principalmente na sociologia e na psicologia, seja culpado por sua má utilização pelos criminosos. É como culpar a tecnologia por estar sendo empregada por terroristas.

Citar
Psiquiatra e escritor inglês diz que as teorias sociológicas e psicológicas para explicar o crime e o vício em drogas produzem cidadãos que não assumem suas responsabilidades.
E uma das características mais comuns dos criminosos é a de não assumir os seus atos.

Citar
O senhor é a favor de prender consumidores de drogas?

A maneira como ve­mos o vício de drogas é errada. Trata­mos os viciados como vítimas, incapazes de ser responsabilizados por suas escolhas. Isso é falso. Eles não são ví­timas de seu próprio comportamento. Não existe droga tão viciante a ponto de ser impossível livrar-se dela. Os drogados usam os entorpecentes por uma decisão pessoal. Isso não significa que eu não me solidarize com essas pessoas. O estado mental que as drogas induzem é muito atraente para elas, em comparação com sua realidade. Mas, quando cometessem algum crime, ain­da que pequeno, sob efeito de drogas ou para comprá-las, os viciados deve­riam ser forçados a entrar em uma clínica de reabilitação. Se não aceitassem o tratamento, deveriam ser mandados para a prisão. Isso lhes daria motivação para levar a sério o processo de reabilitação, pois o maior problema com o ví­cio é que as pessoas não encontram ra­zões para parar. O medo da prisão pode ser uma delas. A outra é a certeza de ter uma vida melhor livre das drogas.
Esta defesa dele, da continuidade da guerra contra as drogas, já deixa ele no patamar de entrevistado da Veja, ops, de mais um intelectual, com sua opinião tendo validade como a de qualquer outro. Sou mais a proposta do Fernando Henrique  :)
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Offline Sergiomgbr

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #19 Online: 28 de Agosto de 2011, 03:21:47 »
Pra um cara que assalta uma loja a mão armada, não pode ter outro desfecho se não xilindró. Com pena cumprida no total se com colaboração e bom comportamento, de outro modo aumento de pena. Sem moleza, tendo que ou trabalhar ou se formar em algum curso, sem nenhuma regalia do tipo visita com presentinho nem comidinha,nem encontrinhos, nem indulto, nem nada! Claro que com o mínimo de direitos, como lotação correta, banho de sol e salubridade. Se disparar a arma e alvejar alguém, no mínimo 10 anos! E assim nessa linha, toda tipificação de crime!
Até onde eu sei eu não sei.

Offline DDV

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #20 Online: 28 de Agosto de 2011, 11:30:28 »
Sempre alguém vem com esse lero-lero de "bandidos são pobres" blá blá blá...

Para deixar claro:

1- Pobre não gosta de bandido;

2- Pobre espanca e mata bandidos sempre que tem a oportunidade;

3- A grande maioria das vítimas dos bandidos são pobres.


Punir corretamente os bandidos aumentaria MUITO a qualidade de vida dos pobres.


Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline Derfel

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #21 Online: 28 de Agosto de 2011, 14:42:44 »
O texto que o Barata postou é um dos mais toscos que já vi em toda minha vida (sei que postou de propósito) e serve de exemplo desses intelectuais que, sendo esquerdistas e tendo ódio das classes mais altas, imaginam que todos devam ter o mesmo ódio.  Só faltou a idiota dizer "é obvio que deveriam matar"
Então.... E isso é muito mais comum do que as pessoas imaginam, dentro dos cursos de humanas na USP ta cheio de gente que pensa assim.

Esqueceu de colocar o autor: Marilene Felinto é escritora e jornalista. Ainda que por vezes um jornalista possa ser intelectual, a correlação não é direta. :)

Pelo que entendi do texto (e posso ter entendido mal), a autora não está vitimizando o agressor, ainda que possa dar essa ideia nos parágrafos finais, ela estava criticando as relações sociais e a hipocrisia  nesta relação, em que não foi o crime em si que gerou indignação, mas o fato do crime ser contra alguém de uma elite privilegiada (a autora cita inclusive o fato do namorado da vítima - que também morreu - não ter tido tanto destaque e mesmo ter sumido dos protestos).

Offline Derfel

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Re: Psiquiatra defendendo o óbvio sobre a responsabilidade de criminosos e drogados
« Resposta #22 Online: 28 de Agosto de 2011, 15:15:40 »

O senhor costuma dizer que a influência das teses do suíço Jean-Jacques Rous­seau (1712-1778) prejudicou a noção de responsabilidade no mundo atual. Por quê?

Rousseau difundiu a idéia de que o ser humano é naturalmente bom, e que a: sociedade o corrompe. Eu não sou religioso, mas considero

a visão cristã de que o homem nasce com o pecado original mais realista. Isso não significa que o homem é ine­vitavelmente mau, mas que tem de lu­tar· contra o mal dentro de si. Por in­luência de Rousseau, nossas socieda­des relativizaram a responsabilidade dos indivíduos. O pensamento intelec­tual dominante procura explicar o comportamento das pessoas como uma conseqüência de seu passado, de suas circunstâncias psicológicas e de suas condições econômicas. Infeliz­mente, essas teses são absorvidas pela população de todos os estratos sociais. Quando trabalhava como médico em prisões inglesas, com freqüência ouvia detentos sem uma boa educação formal repetindo teorias sociológicas e psicológicas difundidas pelas uni­versidades. Com isso, não apenas se sentiam menos culpados por seus atos criminosos, como de fato eram trata­dos dessa maneira. Trata-se de uma situação muito conveniente para os bandidos, pois permite manter a cons­ciência tranqüila. Podem dizer que roubam porque não tiveram oportuni­dades de estudo, porque nasceram na pobreza ou porque sofreram algum trauma de infância, entre outras des­culpas. "Enquanto a sociedade não mudar, não se pode esperar que eu me comporte de outra forma", tal é o dis­curso corrente entre os presos.

Que eu saiba o pensamento de Rousseau já está há muito defasado, mas foi importante na medida que contribuiu para uma visão de humanidade e direitos universais que acabaram levando aos direitos humanos. O autor, contudo, prefere trocar o pensamento iluminista pelo cristão, reintroduzindo o conceito do pecado original e do mal. Ora, o que fez foi apenas trocar os sinais. O fato de uma pessoa ser "boa" ou "má" se deve a uma mistura de características biológicas (como instintos e herança genética) com fatores ambientais, que é justamente o meio social onde está inserido com suas múltiplas dimensões. Se condenados utilizam o discurso como uma justificativa para sua conduta não invalida a tese. E os condenados vão continuar a encontrar justificativas para seus atos (como estar com o diabo no corpo, por exemplo), sempre assim foi e sempre será.

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Por que os intelectuais incentivam esse pensamento?

Intelectuais são, em geral, pessoas muito desonestas. Eles não pensam em si mesmos como irrespon­sáveis, mas costumam atribuir essa ca­racterística a outras pessoas com gran­de facilidade. Ao criarem explicações sociológicas e psicológicas para des­vios de comportamento, eles acabam por desumanizar os criminosos. Um exemplo disso ocorreu na Inglaterra anos atrás, quando houve uma onda de furtos de cano. Os bandidos envolvi­dos nesses crimes, além de lucrar com isso, realmente gostavam da emoção de furtar muitos veículos em um curto período de tempo. Alguns criminologis­tas e psicólogos, ao analisar o fenôme­no, começaram a dizer que furtar car­ros era uma forma de vício. Sobre essa teoria, produziram-se inúmeros estudos, alguns dos quais incluíam até exa­mes de ressonância magnética do cére­bro dos bandidos, pára provar que se tratava de uma doença neurológica. Em pouco tempo, os ladrões de carro co­meçaram a me dizer na cadeia que eram viciados em furtar veículos. Eles obviamente não chegaram a essa con­clusão sozinhos. Apenas estavam repe­tindo urna tese produzida por arrogan­tes intelectuais de classe média que desconsideravam o fato de os bandidos serem capazes de escolher entre o certo e o errado independentemente de fato­res externos. Negar sua capacidade de discernimento é O mesmo que diminuir sua humanidade.
A emoção como um vício é algo já bastante estudado e não é negar a capacidade de discernimento, é reconhecer um componente do problema.
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Isso também vale para criminosos com prováveis distúrbios mentais, como An­ders Breivik, que matou 77 pessoas no mês passado na Noruega?

Sim. Breivik pode ser louco, mas nem por isso é menos responsável por seus atos. Na tradição legal anglo-saxônica, o mero fato de você ser doente mental não sig­nifica que não esteja apto a responder por um crime. Depende do tipo e do grau da loucura. Suponhamos que os médicos descubram que Breivik tem um tumor no lobo frontal do cérebro. Em casos como esse, o indivíduo pode, sim, ser menos responsável por seus atos. Da mesma forma, muitos idosos com Alzheimer perdem a inibição se­xual e comportam-se de maneira ina­propriada. Há, portanto, algumas doen­ças neurológicas que atrapalham a ca­pacidade da pessoa de ter consciência plena de seus atos criminosos ou antis­sociais. Não acho que Breivik se encai­xe em nenhuma dessas categorias.

É possível arriscar um diagnóstico sobre Breivik?

O assassino norueguês é, ob­viamente, um homem muito estranho. , Ele tentou justificar a matança com um manifesto de 1500 páginas. A leitura de algumas páginas é suficiente para notar características muito claras.

A primeira é que ele acredita ter en­contrado as respostas para todos os problemas do mundo. A segunda é que ele é paranóico, pois pensa que há uma grande conspiração destruindo seu país. Terceiro, ele é narcisista. Breivik tem uma idéia muito elevada e exage­rada de sua própria aparência. À parte tudo isso, ele também tem inúmeros ressentimentos pessoais. Seu pai o abandonou quando ele era ainda muito jovem, por exemplo. A verdade, po­rém, é que nada disso serve para traçar o perfil de um assassino como ele.

É possível encontrar muitas pessoas com as mesmas características e que nunca fizeram ou farão o que ele fez.
Aqui é quando para diagnosticar o norueguês ele se utiliza de fatores que ele mesmo tinha dito ser irrelevantes no início, com seu papo de moral cristã.
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Em seu manifesto, a frieza de Breivik es­tá expressa na convicção de uma verda­de absoluta sobre o mundo. O senhor identificou frieza parecida, beirando a psicopatia, ao analisar a obra de ficção de Cesare Battisti, o terrorista de es­querda que foi condenado por quatro assassinatos na Itália e ganhou visto de permanência para viver no Brasil. O se­nhor vê semelhanças entre os dois?

Há semelhanças, sim. Ambos tinham certeza de que, com seus crimes, estavam fazendo o bem. Isso, evidentemente, demonstra que não tinham nenhum senso de proporção. Eles não conseguiam perceber que sua irritação em relação à sociedade, ao sistema político e ao governo de seu país era, na verda­de, irrelevante e de uma dimensão muito inferior comparada a todos os outros problemas da humanidade. Sem esse freio psicológico ou moral, eles se consideraram no direito de dispor da vida de inocentes como bem entenderam.

Como explicar a simpatia de intelectuais e políticos brasileiros por Battisti?

Acho que, na visão dessas pessoas, Battisti teve coragem de exibir uma brutalidade que elas gostariam de ter  tido em algum momento da vida. Ao apoiá-lo, elas dão respaldo simbólico a um passado pessoal perdido. Além disso, os crimes perpetrados por esta­dos e grupos totalitários de esquerda ainda encontram justificativa ideológi­ca. Muita gente acredita piamente que os erros cometidos em nome do co­munismo foram por uma causa nobre, o que é um absurdo. Em especial, os intelectuais que compactuavam com o marxismo. Dá para entender: eles eram levados a acreditar que tinham um papel de liderança na sociedade. Com o desmoronamento do Muro de Berlim, foram empurrados para a irre­levância. Tudo o que esses intelec­tuais mais odeiam é uma sociedade que não precisa deles. Por isso, prote­gem indivíduos como Battisti: para reviver um período idealizado.
Aqui foi um encaixe com o propósito da Veja cutucar o Lula e o PT :) .
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O senhor é a favor de prender consumidores de drogas?

A maneira como ve­mos o vício de drogas é errada. Trata­mos os viciados como vítimas, incapazes de ser responsabilizados por suas escolhas. Isso é falso. Eles não são ví­timas de seu próprio comportamento. Não existe droga tão viciante a ponto de ser impossível livrar-se dela. Os drogados usam os entorpecentes por uma decisão pessoal. Isso não significa que eu não me solidarize com essas pessoas. O estado mental que as drogas induzem é muito atraente para elas, em comparação com sua realidade. Mas, quando cometessem algum crime, ain­da que pequeno, sob efeito de drogas ou para comprá-las, os viciados deve­riam ser forçados a entrar em uma clínica de reabilitação. Se não aceitassem o tratamento, deveriam ser mandados para a prisão. Isso lhes daria motivação para levar a sério o processo de reabilitação, pois o maior problema com o ví­cio é que as pessoas não encontram ra­zões para parar. O medo da prisão pode ser uma delas. A outra é a certeza de ter uma vida melhor livre das drogas.

Uma coisa é certa: para um viciado o "medo da prisão" e "a certeza de ter uma vida melhor livre das drogas" não são estímulos suficientes para deixar a droga e me surpreende um psiquiatra dizer isso. Também não é que o viciado não encontre razões para parar, ele até as encontra e consegue discerni-las, mas isso não é suficiente para que possa parar (e nem o isolamento apenas o é).

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A prisão pode ser eficiente mesmo com a facilidade de conseguir drogas atrás das grades?

Sim, porque o indivíduo não estará na rua, violando a lei. A prisão não é uma instituição terapêuti­ca. Sua função principal é prevenir crimes que um condenado poderia co­meter se estivesse solto. Há também evidências de que, quanto mais tempo uma pessoa fica na cadeia, menor a probabilidade de voltar à bandidagem depois de ser libertada.
A prisão não apenas não resolve o problema do viciado (que pode até mesmo ser agravado) como também não resolve o problema da sociedade: no logar do preso haverá dois outros viciados praticando os mesmos atos.
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Penas longas são mais eficientes?

Sim. Na Inglaterra, por exemplo, temos pe­nas muito brandas e poucos detentos. Isso não é bom. A polícia inglesa, muito incompetente, prende apenas um em cada doze assaltantes de casas .. Destes, um em cada treze recebe pena de prisão. Isso significa que apenas um em cada 156 assaltantes cumpre pena em presídio. A média para esse tipo de crime é de um ano de cadeia. Na In­glaterra, isso significa que o bandido é solto em apenas seis meses. Com uma punição tão leve, a pergunta não é por que ocorrem tantos assaltos, mas por que há tão poucos. Meu país deixou de ser uma sociedade ordeira para se tor­nar uma das mais afetadas pela crimi­nalidade, quando comparada a outras da Europa. O número de presos caiu em proporção ao de crimes. Em 1900, para cada 6,5 crimes registrados, havia um detento. Em 2000, eram 114 cri­mes para cada preso. Claro que penas curtas são melhores do que nada. Um bandido reincidente comete, em mé­dia, 140 crimes por ano. Ou seja, se ele for mantido na prisão por seis me­ses, setenta crimes serão evitados, o que também é bom. Um dos argumentos contra as penas de prisão é que a maioria dos detentos é pobre, e que is­so é injusto. Ocorre que a maior parte de suas vítimas também é pobre.

E, como o número de vítimas é sempre muito maior do que o de bandidos, prendê-los não é uma punição aos pobres, mas um benefício a eles.

A maior população carcerária do mundo é a americana (com penas muito duras), se fosse real a relação, os EUA teriam um população carcerária bastante reduzida.

Citar
A Justiça brasileira passou a ter à sua disposição medidas altemativas à prisão preventiva, como monitoramento eletrô­nico e pagamento de fiança. Isso é bom?

Pela experiência britânica, tais medidas são um desastre. Um terço de to­dos os crimes da Escócia, inclusive es­tupros e assassinatos, é cometido por pessoas em liberdade condicional. Sou a favor desse recurso em algumas cir­cunstâncias, como para crimes não violentos, mas para uso geral é uma tragédia. As tornozeleiras eletrônicas são uma temeridade em lugares onde a administração pública não é eficiente. Nem na Inglaterra a polícia consegue monitorar os criminosos com esses equipamentos. A pena de prestação de serviços comunitários também é um pesadelo. A taxa de reincidência para bandidos condenados a prestar servi­ços comunitários é a mesma dos que recebem pena de prisão: 70%. O pro­blema é que a estatística conta apenas os crimes cometidos após o fim da pe­na. Nada garante que, enquanto estão soltos, prestando serviços comunitá­rios, eles não cometam novos crimes. Por fim, em média, cada detento na In­glaterra já foi condenado outras dez vezes a penas alternativas. Ou seja, não adiantou nada. Basicamente, ao saber que cumprirão penas alternativas e ficarão soltos, os bandidos se con­vencem de que não têm nada a perder ao cometer um crime. É melhor mantê-los presos, e por bastante tempo.



De: http://deboradavila.blogspot.com/2011/08/eles-tem-culpa-sim-anthony-daniels.html



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« Resposta #23 Online: 28 de Agosto de 2011, 15:45:53 »
Citação de: Derfel
Aqui é quando para diagnosticar o norueguês ele se utiliza de fatores que ele mesmo tinha dito ser irrelevantes no início, com seu papo de moral cristã.

Você não leu o trecho abaixo?


Citação de: Anthony Daniels
A verdade, po­rém, é que nada disso serve para traçar o perfil de um assassino como ele.

É possível encontrar muitas pessoas com as mesmas características e que nunca fizeram ou farão o que ele fez
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« Resposta #24 Online: 28 de Agosto de 2011, 15:47:57 »
Citação de: Derfel
Aqui foi um encaixe com o propósito da Veja cutucar o Lula e o PT

Tem alguma objeção a algo dito nesse trecho?
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

 

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