Autor Tópico: Discurso de Dilma na UE é ‘irreal’ e ‘hipócrita’, diz artigo no ‘FT’  (Lida 2806 vezes)

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Offline Osler

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Re:Discurso de Dilma na UE é ‘irreal’ e ‘hipócrita’, diz artigo no ‘FT’
« Resposta #25 Online: 07 de Outubro de 2011, 16:13:45 »
Alguns comentários:

1- A crise Européia atual só é parecida com o passado brasileira em alguns aspectos conjunturais, a própria estrutura do MCE já a torna totalmente diferente da brasileira em sua gênese.

2- O maior entrave a resolução de países como a Grécia não está em medidas econômicas recessivas e seu consequente impacto social.  Está no fato dessa dívida imensa estar de posse de grandes bancos europeus (Franceses no caso da Grécia) que sofreriam muito num caso (muito provável) de Default da dívida grega.

3- A implantação de medidas recessivas como as preconizadas no atual caso embutem em si a armadilha do aumento da recessão e com isso a diminuição da arrecadação.  Como a Grécia no caso não pode fazer política cambial sem sair do MCE/UE, as opções do governo grego são muito curtas e ele se vê impelido a adotar essas práticas.   Ressalto porém que elas não são concenssuais entre os economistas, mas no cenário de manter o status atual (permanecer na zona do Euro e não fazer o default) não vejo margem de manobra para outras alternativas a partir do governo grego.  Solução dentro desse contexto somente viriam de fora da Grécia, via BC europeu (Alemanha e França).

4- O discurso da Dilma é irreal e hipócrita, como todo o discurso de chefes de estado, principalmente quando proferidos no exterior.  O objetivo do discurso não é falar a verdade, ou dar conselhos, mas sim manter uma posição diplomática (teoricamente) em conforme com os interesses brasileiros (teoricamente).

5- Ao contrário dos EUA a maior parte dessa dívida dos PIGs se deve a má política fiscal favorecida pela antiga baixa taxa de juros cobrada pelo mercado em vistas de pertencer a Unição Européia.
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline Irracionalista

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Re:Discurso de Dilma na UE é ‘irreal’ e ‘hipócrita’, diz artigo no ‘FT’
« Resposta #26 Online: 07 de Outubro de 2011, 16:48:43 »
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Dívidas públicas gigantescas são causados por estados gastadores, o que é o oposto do "neoliberalismo".

Logo, onde é que entra o "neoliberalismo" nessa história toda, conforme o texto que o ByteCode postou??

Alguém poderia me explicar?

Porque neoliberais são os culpados by default  :). Mesmo que a crise atinja estados glutões, a culpa é de liberais que restringiram o crescimento ainda maior da máquina estatal, essa sim, provedora de todo bem estar e avanço socio-econômico.
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Offline ByteCode

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Re:Discurso de Dilma na UE é ‘irreal’ e ‘hipócrita’, diz artigo no ‘FT’
« Resposta #27 Online: 07 de Outubro de 2011, 18:29:04 »
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Dívidas públicas gigantescas são causados por estados gastadores, o que é o oposto do "neoliberalismo".

Logo, onde é que entra o "neoliberalismo" nessa história toda, conforme o texto que o ByteCode postou??

Alguém poderia me explicar?

Porque neoliberais são os culpados by default  :). Mesmo que a crise atinja estados glutões, a culpa é de liberais que restringiram o crescimento ainda maior da máquina estatal, essa sim, provedora de todo bem estar e avanço socio-econômico.


Vocês realmente acham que esta crise surgiu assim, de repente? Ela é reflexo do que vem acontecendo nas politicas econômicas europeia e americana nos ultimos trinta anos. "As bolhas e a fragilidade financeira nasceram do capitalismo neoliberal adotado a partir dos anos 70". Vejamos o que o Professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, José Luís Oreiro, esclarece quanto a isto, na mesma linha de pensamento do premio nobel de economia, Joseph Stiglitz, anteriormente citado por mim:


" a "sabedoria convencional" afirma que a crise financeira de 2008 foi apenas o resultado de uma regulação financeira inadequada, combinada com uma política monetária muito frouxa conduzida pelo Fed durante a administração Greenspan. Se assim for, então não será necessária a implementação de políticas que revertam a tendência ao aumento da desigualdade na distribuição de renda nos países desenvolvidos, verificada nos últimos 30 anos. Uma mudança limitada na regulação financeira e a redefinição do regime de metas de inflação de maneira a incluir a estabilização dos preços dos ativos financeiros como um dos objetivos da política monetária, por intermédio de uma espécie de "regra de Taylor ampliada", seria suficiente para evitar uma nova crise financeira no futuro.

A crise financeira de 2008 não foi apenas o resultado da combinação perversa entre desregulação financeira e política monetária frouxa. Essas são apenas as causas próximas da crise. Mas existe uma causa mais fundamental, qual seja: o padrão de capitalismo adotado nos Estados Unidos e na Europa a partir do final da década de 1970, o qual pode ser chamado de "capitalismo neoliberal". Entre 1950 e 1973, as economias capitalistas avançadas vivenciaram uma "época de ouro" de crescimento econômico, no qual a distribuição pessoal e funcional da renda era progressivamente mais equitativa, a taxa de acumulação de capital era mantida em patamares elevados devido à existência de um ambiente macroeconômico estável (inflação baixa, juros baixos, taxas de câmbio estáveis) e forte expansão da demanda agregada. Além disso, a taxa de desemprego era inferior a 4% da força de trabalho em quase todos os países desenvolvidos (exceto, curiosamente, nos Estados Unidos). Durante esse período, os mercados financeiros eram pesadamente regulados, a movimentação de capitais entre as fronteiras nacionais era bastante restrita, as taxas de câmbio eram fixas com respeito ao dólar americano e os salários reais cresciam aproximadamente ao mesmo ritmo da produtividade do trabalho.

A combinação entre estabilidade macroeconômica, crescimento acelerado e baixo desemprego permitia que os governos dos países desenvolvidos operassem com baixos déficits fiscais e uma dívida pública reduzida como proporção do PIB. O "Estado do Bem-Estar Social" não representava um fardo para as contas públicas.

Esse "capitalismo socialmente regulado" apresentava um regime de crescimento do tipo "wage-led", ou seja, um regime no qual o crescimento dos salários reais (num ritmo igual à produtividade do trabalho) permitia uma forte expansão da demanda de consumo, a qual induzia as firmas a realizar um volume elevado de investimentos na ampliação de capacidade produtiva, ao mesmo tempo em que mantinha as pressões inflacionárias relativamente contidas devido à estabilidade do custo unitário do trabalho.

Com o colapso do Sistema de Bretton Woods e os choques do petróleo em 1973 e 1979, o ambiente macroeconômico muda radicalmente e o mundo desenvolvido passa a conviver com o fenômeno da "estagflação". Esse ambiente macroeconômico permitiu o ressurgimento daquelas doutrinas liberais.

Após a eleição de Margareth Thatcher no Reino Unido e Ronald Reagan nos Estados Unidos, as políticas econômicas nos países desenvolvidos foram progressivamente pautadas pelos motes da desregulação, privatização e redução de impostos. Os mercados financeiros foram liberalizados, os controles de capitais foram abolidos nos países desenvolvidos e os impostos foram reduzidos, principalmente sobre os mais ricos. Os sindicatos de trabalhadores foram deliberadamente enfraquecidos pelas políticas adotadas por Reagan e Thatcher, registrando-se uma forte redução da filiação sindical da força de trabalho.

O resultado macroeconômico desse novo "padrão de capitalismo" foi uma crescente desigualdade na distribuição funcional e pessoal da renda, a medida que os salários passaram a crescer num ritmo bem inferior ao da produtividade do trabalho e o sistema tributário perdeu, em vários países, o seu caráter progressivo. O aumento da concentração de renda e o crescimento anêmico dos salários reais foi o responsável pela perda do dinamismo endógeno dos gastos de consumo, notadamente nos Estados Unidos, os quais passaram a depender cada vez mais do aumento do endividamento das famílias para a sua sustentação a médio e longo prazo.

Nesse contexto, a desregulação dos mercados financeiros tornou-se funcional, uma vez que a mesma permitiu um aumento considerável da elasticidade da oferta de crédito bancário, viabilizando assim o crescimento do endividamento das famílias, necessário para a sustentação da expansão dos gastos de consumo. O aumento extraordinário do crédito bancário resultou num processo cumulativo de aumento dos preços dos ativos reais e financeiros, permitindo assim a sustentação de posturas financeiras cada vez mais frágeis (especulativa e Ponzi) por parte das famílias, empresas e bancos.

O regime de crescimento "wage-led" fora substituído por um regime "finance-led". Daqui se segue que no "capitalismo neoliberal" as bolhas e a fragilidade financeira não são "anomalias" no sistema, mas parte integrante do seu modus operandi.

No que se refere à tese de que a crise de 2008 seria apenas um desvio temporário da trajetória de crescimento de longo prazo das economias capitalistas, os eventos ocorridos depois de 2009 parecem apontar claramente para a falsidade dessa conjectura.

Com efeito, a crise de 2008 não foi apenas um "curto circuito" na máquina capitalista, o qual poderia ser corrigido por intermédio da intervenção do Estado no "mecanismo de ignição" das economias capitalistas. Isso porque o regime de crescimento do tipo "finance-led" teve como contrapartida uma elevação significativa do endividamento do setor privado nos anos anteriores a crise de 2008.

Considerando apenas os países da área do euro, constatamos que entre 1997 e 2008, a dívida das empresas não financeiras passou de 250% para 280% do PIB, o endividamento dos bancos aumentou de 190% para 250% do PIB e o endividamento das famílias aumentou em quase 50%.

Após o colapso do Lehman Brothers o setor privado nos países desenvolvidos iniciou um processo de "deflação de dívidas", no qual a "propensão a poupar" dos agentes privados é aumentada com o intuito de permitir uma redução do estoque de endividamento. Esse aumento da propensão a poupar do setor privado atuou no sentido de anular (parcialmente) o efeito sobre a produção e o emprego do aumento dos déficits fiscais.

O resultado combinado do aumento da propensão a poupar do setor privado e redução da poupança do setor público foi uma pequena recuperação do nível de atividade econômica e uma "socialização na prática" de parcela considerável da dívida privada, transferida agora para o setor público. Essa "socialização das dívidas privadas" é uma das causas da crise fiscal da área do Euro, a qual, na ausência de uma monetização parcial do endividamento do setor público dos países por ela afetados, irá resultar em vários anos de contração fiscal, retardando assim a recuperação econômica do mundo desenvolvido. A perspectiva para os países da área do Euro (e em menor medida para os Estados Unidos) é de vários anos de estagnação econômica.

Em suma, a crise financeira de 2008 foi o resultado do modus operandi do "capitalismo neoliberal" implantado no final da década de 1970 e os seus efeitos sobre o nível de produção e de emprego nos países desenvolvidos serão duradouros devido ao elevado endividamento do setor privado, gerado por um regime de crescimento do tipo "finance-led"."

http://www.valor.com.br/opiniao/1004628/origem-causas-e-impacto-da-crise
« Última modificação: 07 de Outubro de 2011, 18:36:54 por ByteCode »

Offline _Juca_

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Re:Discurso de Dilma na UE é ‘irreal’ e ‘hipócrita’, diz artigo no ‘FT’
« Resposta #28 Online: 07 de Outubro de 2011, 22:14:11 »


O Chile seguiu a "receita" do FMI com a grande diferença de que lá a classe política foi menos ávida por locupletação pessoal.

E o que tens a dizer sobre os perdulários governos europeus, principalmente da Espanha e da Grécia, que levaram à bancarrota os seus países? Ou a culpa é do "malvado" capitalismo financeiro?

O capitalismo financeiro é malvado, tens razão, mas ele não é o responsável. A receita neoliberal não deu certo nem cá, nem lá. Visto que o livre mercado nos levou ao atual calabouço econômico em que os países desenvolvidos se atolaram.  Os governos europeus, e todos os governos do mundo, precisaram gastar muito para "salvar" os bancos, as seguradoras, e todo o sistema econômico durante o ano de 2008. Aqueles que tinham uma dívida grande, mas ainda assim "dentro dos padrões", se tornaram gigantescos, colossais devedores e os que a dívida não eram grande, se tornaram grandes devedores. Toda a conjuntura de livre mercado, neoliberalismo levada a cabo por EUA e Europa levaram a desregulamentação do sistema financeiros e pelo que hoje conhecemos como a maior fraude financeira de todos os tempos, os derivativos.



Sua memória é um pouco curta convenhamos... Não se lembra do pacote de bondades do governo logo após a crise, com a diminuição de impostos sobre veículos, autopeças, linha branca, entre outros...? E a redução não foi pequena, não. De certo, você vai dizer que esse cortes já não existem mais, e é fato, mas o consumo e os empregos foram preservados, não?

Não. A minha memória não é curta mesmo porque estou no ramo empresarial há muito mais tempo que voce.

Quando eu citei os impostos elevados, eu quis dizer da situação do dia-a-dia e não em uma situação anormal. A diminuição momentânea foi importante para conter a crise mas uma redução permanente teria um efeito muito salutar, especialmente se viesse acompanhada de uma redução de despesas com custeio e de uma melhoria na gestão dos recursos.

Concordo. A melhoria de gestão levaria o Brasil a um novo patamar, sem dúvida. O governo que souber  se locupletar desse fato, certamente ficará para a história. É uma grande oportunidade política.


A taxa de juros continua sendo o calcanhar de aquiles dos governos brasileiros, todos eles.

Problema que não será sanado enquanto não houver uma política perene de reformulação do Estado e não estes arremedos populistas e eleitoreiros.

Certamente que o fato dos juros serem altos pouco tem a ver com arremedos populista e eleitoreiros, tem mais a ver com um histórico de erros de interpretações do mercado pelo BC e de políticas combinadas do ministério da fazenda, com a finalidade de redução de juros. A redução da taxa real de juros, traria um fôlego sem igual na capacidade do governo de investimentos governamentais, e ou economia e redução da dívida pública. Na atual conjuntara econômica do país é certo que em pouco tempo a relação dívida/Pib que hoje é de 39%, em poucos anos tenderia a chegar na metade, e colocaria o Brasil num patamar ainda melhor perante o endividado e engessado mundo desenvolvido. Em termo econômicos apenas, não sociais.


Só uma pergunta, como você gostaria que fosse enfrentada a crise, sem fomento público  para uma política anticíclica ? Quem poderia bancar o rombo de crédito na economia senão os governos do mundo inteiro?

Os governos não bancam b... nenhuma. Quem faz isto é a população brasileira, em especial o setor produtivo, via impostos destinados ao Tesouro Nacional.

E ao emitir títulos o governo federal está preparando a própria cova, pois para alavancar a venda deles somente se as taxas de juros forem atrativas. Se os diferentes governos (União, estados e municípios) fossem realmente sérios, eles fariam uma profunda revisão do Estado e jamais contratariam despesas sem previsão de origem e ou que implicassem em aumento de carga tributária.

Não que eu discorde de você, acho que a responsabilidade fiscal, é algo universal e deve ser pensado sempre em primeiro lugar, seja você um governo, ou apenas um cidadão que cuida de suas finanças pessoais, mas ainda assim, como você gostaria que o governo tivesse enfrentado a crise sem deixar que a crise de crédito contaminasse o sistema econômico nacional? Seria cortando gastos e demitindo pessoal, com sempre fizemos em outras crises e sempre piorávamos a situação? Você não se deu conta que a política anticíclica do governo federal acabou dando certo e atenuou em muito a crise aqui dentro?


E o crédito concedido pelos bancos de fomentos estatais foram essenciais para continuar a fazer girar a economia e o caixa de muitas empresas, já que todos os bancos privados colocaram o rabo entre as pernas e guardaram seu capital no cofre, sem emprestar um tostão a ninguém;

Os bancos fizeram o que qualquer empresa privada faria, pois ao contrário do Estado, uma empresa privada pode quebrar além de que tem que prestar contas aos seus acionistas.

E, como eu já cansei de escrever, o dinheiro dos bancos de fomento não "brotam de árvores". Eles provém da população, via impostos, aquela mesma que depois vai pagar o "pato" dos juros e das falcatruas com mais impostos.

Os bancos privados fizeram o que a gente espera que eles façam, pensem em si mesmos e a sociedade que se foda, por isso a regulamentação e a fiscalização dessas instituições que são hoje vitais para a saúde econômica das famílias e dos países deveria ser feita com mão de ferro.

Já o dinheiro dos bancos de fomento, de fato não brotam em árvores, mas eles são bancos de fomento, de auxílio ao desenvolvimento e são responsáveis pela execução de políticas públicas de desenvolvimento, e é isso que esperamos deles, principalmente em momentos mais difíceis no cenário nacional. E não se assuste, mas esses bancos não dão dinheiro para ninguém, eles apenas emprestam, muitas vezes de uma forma e para pessoas e empresas que os bancos privados não querem, não podem ou não tem condições de emprestar, e ainda assim tem uma margem de lucro até razoável com esses fatos.


Bem isso eu já cansei de discutir por aqui. A venda das estatais, sob essa falácia do fim do clientelismo, corporativismo, e ainda do argumento de que era preciso vende-las para fazer caixa, o que acabou por fazer exatamente o contrário, dívidas, foi feita com bases totalmente podres, e pasmem, financiadas com dinheiro público, foi umas das maiores sacanagens que poderiam fazer com o patrimônio público.

Primeiro. Na situação em que estava, o patrimônio vendido não era público (da população). Era dos seus funcionários e dos políticos. Basta ver o que ocorre hoje com os Correios ou com a Petrobrás.

Segundo. O modo como foram feitas as privatizações não invalida a premissa central de que a privatização foi essencial para acabar com a festa dos que se locupletavam daquelas entidades do Estado.

Terceiro. Se o Estado emite títulos ele tem que aceitá-los de volta, pois a legislação aplicável assim prevê. Então a acusação de que houve má-fé no fato de que algumas estatais foram pagas com títulos "podres" é ridículo, pois reflete um desconhecimento da legislação.

Mas concordo inteiramente com a sua crítica da parte que permitiu a compra de estatais com o uso de dinheiro do Tesouro Nacional, mesmo porque uma versão um pouco diferente e mais refinada de mal-versação de dinheiro público foi implementado pelos governos petistas ao financiarem as fusões e as aquisições de empresas privadas, coincidentemente todas "amigas" dos "reis" atuais, como a Sadia, a Oi, a Aracruz, a Brasil Telecom e a Volkswagen, apenas para citar alguns casos.

O patrimônio de uma estatal é público, do Estado. Uso eleitoreiro eram bem comuns dentro das estatais, ainda o são, mas a estatais hoje mudaram muito, dão lucros imensos, e são vitais para a saúde do próprio governo da eleição de seus partidos, e também do país. Os desmandos em estatais não são difenrentes dos privados, basta ver o que ocorre hoje com a Telefônica, por exemplo, ou os bancos norte-americanos. O que é preciso é regulamentação e fiscalização, de forma que as instituições sejam estatais ou privadas, funcionem dentro da lei e da ética. Dizer que a privatização foi para acabar com clientelismos e outras depravações é uma tremenda falácia. Tal como você mesmo colocou, de acordo com sua própria análise, a festa com dinheiro público pode ser muito bem ser feita através de empresas privadas.



Acho que os mecanismos de controles dos bancos feito no governo FHC, acabou por se mostrar um grande legado desse governo, junto com a estabilização institucional, coisa que os próprios Psdebistas e a direita em sua volta não conseguem enxergar.

Eu enxergo. Mas os petistas, não!

Os petistas estão na deles, pior são os psdbistas que se revelaram muito mais fracos na inteligência política do que achávamos que eram. São quase medíocres, Serra e a bolinha de papel que o digam.

Offline Geotecton

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Re:Discurso de Dilma na UE é ‘irreal’ e ‘hipócrita’, diz artigo no ‘FT’
« Resposta #29 Online: 07 de Outubro de 2011, 23:02:54 »
Caro _Juca_

Por favor arrume os quotes em sua última postagem.

Logo em seguida darei a minha resposta.
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Offline Fabi

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Re:Discurso de Dilma na UE é ‘irreal’ e ‘hipócrita’, diz artigo no ‘FT’
« Resposta #30 Online: 08 de Outubro de 2011, 00:26:20 »
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Dívidas públicas gigantescas são causados por estados gastadores, o que é o oposto do "neoliberalismo".

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Esqueceu de falar que a culpa também é da burguesia. ::)
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Offline Dr. Manhattan

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Re:Discurso de Dilma na UE é ‘irreal’ e ‘hipócrita’, diz artigo no ‘FT’
« Resposta #31 Online: 08 de Outubro de 2011, 10:56:14 »
Pergunta aos entendidos: até que ponto a crise americana e a crise européia estão relacionadas? Para um leigo como eu elas parecem vir de direções completamente opostas: de um lado, uma recessão que é um eco de uma crise financeira causada em parte pela regulamentação frouxa do mercado. Do outro, uma crise de endividamento causada em parte (porque não sei que outros fatores estão envolvidos) pelo excesso de gastos de governos.
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Offline Fabi

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Re:Discurso de Dilma na UE é ‘irreal’ e ‘hipócrita’, diz artigo no ‘FT’
« Resposta #32 Online: 08 de Outubro de 2011, 15:21:30 »
Para um leigo como eu elas parecem vir de direções completamente opostas: de um lado, uma recessão que é um eco de uma crise financeira causada em parte pela regulamentação frouxa do mercado.
O governo americano além de não fiscalizar os papéis podres e a grande especulação em cima deles, ainda deu dinheiro para os bancos comprarem esses papéis podres, que causou um aumento de preços desses papéis podres. Talvez é aí que a intervenção do governo americano causou um enorme aumento dos gastos públicos, e agora eles tem que cortar gastos porque tão sem dinheiro, e não podem aumentar os impostos (sabe como é....americanos não são iguais aos brasileiros....).
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