Moral e inteligência são conceitos distintos e independentes porque moral e racionalidade também o são. Como diria Hume, a razão é apenas um servo que informa o agente de fatos úteis relativos às ações que servem aos seus objetivos e desejo. A presença dela não é condição suficiente para motivar ou desencorajar um comportamento moral.
Todavia, podemos dizer sim que a escolha persistente pela infidelidade é uma opção pela dissonância cognitiva para muitas pessoas. É muito comum ver pessoas que se julgam entendidas em cidadania criticando comportamentos de fraude ou estelionato dos brasileiros, mesmo os pequenos, como prova de que “é por isso que esse país não vai para frente” e se “esquecem convenientemente” que adultério numa relação monogâmica é um tipo de fraude.
É comum alguém ser incapaz de incorporar a informação divergente e manter ou justificar a emoção que está sentindo (influenciado pelo instinto sexual) e, assim, considerar a traição conjugal uma transgressão menos grave do que outras similares. Portanto, eu considero que a aceitação passiva (consciente ou inconsciente) dos instintos pode ser um indicador de menor inteligência. A preferência por um hedonismo simples não pode ser tachado de irracionalidade para todas as pessoas, mas a preferência pela incoerência pode.