Autor Tópico: Documentário: Por que a beleza importa?  (Lida 2530 vezes)

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Offline Südenbauer

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Documentário: Por que a beleza importa?
« Online: 05 de Dezembro de 2011, 17:54:47 »
Intrigante:
<a href="http://www.youtube.com/v/csBzlE-PQOU" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/csBzlE-PQOU</a>

Offline Südenbauer

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Re:Documentário: Por que a beleza importa?
« Resposta #1 Online: 07 de Dezembro de 2011, 00:29:17 »
Art is born and takes hold wherever there is a timeless and insatiable longing for the spiritual, fr the ideal: that longing which draws people to art. Modern art has taken the wrong turn in abandoning the search for the meaning of existence in order to affirm the value of the individual for his own sake. What purports to be art begins to looks like an eccentric occupation for suspect characters who maintain that any personalised action is of intrinsic value simply as a display of self-will. But in an artistic creation the personality does not assert itself it serves another, higher and communal idea. The artist is always the servant, and is perpetually trying to pay for the gift that has been given to him as if by a miracle. Modern man, however, does not want to make any sacrifice, even though true affirmation of the self can only be expressed in sacrifice. We are gradually forgetting about this, and at the same time, inevitably, losing all sense of human calling

Andrei Tarkovsky, Esculpindo o Tempo.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Documentário: Por que a beleza importa?
« Resposta #2 Online: 09 de Dezembro de 2011, 15:31:43 »
Ainda não assisti esse, mas postei algo que imagino ser relacionado há algum tempo:



Documentário/apresentação de Scott Burdick sobre pintura contemporânea.


<a href="http://www.youtube.com/v/qGX0_0VL06U&amp;feature=player_embedded" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/qGX0_0VL06U&amp;feature=player_embedded</a>
feature=player_embedded

<a href="http://www.youtube.com/v/fIVaTCRyblM&amp;feature=related" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/fIVaTCRyblM&amp;feature=related</a>
feature=related

<a href="http://www.youtube.com/v/TMA1rn7q7t0&amp;feature=related" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/TMA1rn7q7t0&amp;feature=related</a>
feature=related

<a href="http://www.youtube.com/v/byRaMfoiJP4&amp;feature=related" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/byRaMfoiJP4&amp;feature=related</a>
feature=related



No youtube dá para assistir com resolução de até 1080p, e vale, ao menos por metade das pinturas que aparecem.  :oba:

Offline Bolsonaro neles

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Re:Documentário: Por que a beleza importa?
« Resposta #3 Online: 09 de Dezembro de 2011, 15:58:18 »
Nem li e minha opinião é que a beleza é uma prerrogativa apenas da mulher e ela tem um objetivo: atrair o macho para reproduzir. Por isso é tão raro ver um homem bonito, mas há mulheres bonitas em todas as esquinas.

Por outro lado, é muito fácil para um homem desenvolver os músculos e ficar grandão, posto que seu papel primitivo é de proteger a fêmea e sua prole.


Offline Salazar

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Re:Documentário: Por que a beleza importa?
« Resposta #5 Online: 09 de Dezembro de 2011, 16:20:11 »
Hehehehe.

Offline Südenbauer

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Re:Documentário: Por que a beleza importa?
« Resposta #6 Online: 09 de Dezembro de 2011, 16:21:50 »
Nem li e minha opinião é que a beleza é uma prerrogativa apenas da mulher e ela tem um objetivo: atrair o macho para reproduzir. Por isso é tão raro ver um homem bonito, mas há mulheres bonitas em todas as esquinas.

Por outro lado, é muito fácil para um homem desenvolver os músculos e ficar grandão, posto que seu papel primitivo é de proteger a fêmea e sua prole.

Isso que tu comentou não tem nada a ver com o documentário.

Talvez fosse mais interessante assistir antes de emitir sua opinião sobre o assunto para não acabar desvirtuando-o.

Offline Rocky Joe

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Re:Documentário: Por que a beleza importa?
« Resposta #7 Online: 09 de Dezembro de 2011, 17:17:14 »
Vi agora, o documentário é muito bom. Concordo com o autor, exceto em pequenos detalhes. Vou comentar alguns pontos. Nada de muito relevante. Divagarei, a quem interessar:

1. O autor no início chama a arte moderna de egoísta, e eu concordo. Eu diria que a arte moderna "popular", digamos, também é egoísta. Somos de uma época em que pela primeira vez a arte tornou-se um produto vendido em escala massiva; música pop, filmes, etc... E em muito disso eu vejo uma arte como uma máquina de vender refrigerante, onde você coloca uma nota e recebe o refrigerante. Na arte, você se projeta em um personagem, e recebe em troca escapismo - conforto em um mundo imaginário que satisfaz seus desejos pessoais.

Eu vejo isto naqueles vídeoclipes de mulheres cantando rap e falando da sua capacidade sexual ou social. Eu vejo isto em filmes onde um rapaz qualquer de repente encontra uma Manic Pixie Dream Girl (alguém postou o link para isso no fórum, achei muito legal). Em comédias românticas "para mulheres", naturalmente. E etc, etc. Aliás, lembro de uma situação curiosa, onde nos anos 50-60 no Japão, havia um gênero para filmes em que o pai era um paspalho atrapalhado. A figura do pai no Japão é uma figura de autoridade - nada mais natural as pessoas quererem ver filmes onde ela não fosse.

Se você vê a arte como um produto, este tipo de arte naturalmente vende mais e deveria ser mais produzida. Britney Spears é um produto melhor do que Beethoven, por mais que ninguém considere um melhor do que o outro em termos de qualidade.

Apesar do que falei em cima sugerir isto, não farei nenhum ataque ao escapismo. Certamente tais coisas não tem um lugar de destaque em termos de qualidade no mundo da arte, mas não vejo um problema em serem consumidos em massa. Até eu gosto disso: ligo o SNES, torno-me Link e salvo o mundo de forças malignas e fujo do mundo onde tenho que resolver questões de mecânica quântica que duram horas. :P

2. "Originalidade passou a ser o objetivo". O autor afirma isto no início, também. Este eu acho outro ponto interessante. Eu diria que arte querendo ser original nunca será grande coisa. Se você perguntasse a Shakespeare, ele diria que a sua arte é um espelho para a natureza. Sabemos que isso é besteira. "Realismo" - separar o que é real do que não é, é muitas vezes uma questão ideológica. Mas é a atitude que mais rende boa arte. Inspirar-se no vida, na natureza, nos seus antepassados...

3. "Beleza, um valor tão importante quanto a verdade e a bondade". Outra citação do documentário. Valores que para Platão estão interconectados, aliás, são a mesma coisa. No mundo moderno há a separação entre eles de acordo com Weber, a chamada "separação das esferas de valores", e isto poderia ser um motivo para a arte ter perdido sua "beleza", seu propósito, sua unidade. Weber diz que não é à-toa que a arte moderna é íntima, não monumental - a separação das esferas de valor explicaria isso.

4. Em um momento, o autor afirma que o amor e a amizade são inúteis. Isto é claramente errado - não existe coisa mais útil que o amor e a amizade. São o que nos move, o que nos faz levantar da cama de manhã e a nossa maior fonte de aprendizado. Como diria a música do Flaming Lips, love is just too valuable - oh, to feel for even a second without it. O autor se corrige depois, dizendo que o inútil é o mais útil de tudo - o que torna tudo uma confusão de palavras. Essa coisa de defender o inútil é coisa de gente esnobe.

5. A "atitude desinteressada" de Kant é um argumento interessante - realmente, a arte muitas vezes não tem nenhum interesse imediato, ao menos nada material. O próprio autor cita interesses emotivos - consolo para as nossas tristezas, festa para a alegria, o de mostrar a beleza no que ainda não havia sido notado como belo... Mas acho interessante, novamente, essa coisa da arte de nos tirar do "egoísmo". Lembro de um filme do Wong Kar Wai, Amores Expressos, que conta duas histórias, levemente conectadas. Contar as duas histórias no mesmo filme o faz pensar no que nas duas de há de comum, o que não é particular, o que é, enfim, o que todos nós vivemos. E quando a arte faz isto, é uma coisa muito bela e há um senso de comunhão. :P
« Última modificação: 09 de Dezembro de 2011, 17:51:40 por Martuchelli »

Offline Rocky Joe

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Re:Documentário: Por que a beleza importa?
« Resposta #8 Online: 09 de Dezembro de 2011, 22:28:24 »
“Uma outra idéia muitíssimo falsa que mesmo assim circula atualmente é a equivalência que se estabelece entre inspiração, exploração do subsconciente e libertação; entre acaso, automatismo e liberdade. Ora, essa inspiração que consiste em obedecer cegamente a qualquer impulso é na realidade uma escravidão. O clássico que escreve a sua tragédia observando um certo número de regras que conhece é mais livre que o poeta que escreve aquilo que lhe passa pela cabeça e é escravo de outras regras que ignora”.

Raymond Queneau.

"(…) Não gosto muito da literatura vista como essa entidade acima do bem e do mal, um prédio majestoso ao qual autores merecedores terão a honra de acrescentar um quarto ou, pior, no qual qualquer pessoa que digite algumas páginas e as chame de literatura poderá construir seu puxadinho. Não acredito na importância desse prédio, talvez nem mesmo em sua existência. Eu vejo a literatura como uma experiência que se renova em cada leitor e autor, a partir de uma necessidade. A literatura é uma grande cidade que se espalha, não um palácio que se ergue em direção ao céu. Autores, críticos e grupos literários que decretam sua auto-importância à sombra desse palácio fajuto me irritam, e leitores que julgam a literatura pelo prisma dessa idealização tola me irritam mais ainda. Não gosto de gente que fala em nome da literatura. Antipatizo imediatamente com quem julga ter autoridade para se manifestar por ela. 'Porque a literatura busca isso', 'A literatura é aquilo', 'A literatura deve…', 'A literatura precisa de…' Gosto de pessoas que falam de livros, de cenas emocionantes, de parágrafos que mudaram suas vidas, de frases que as fazem gargalhar ou cair em silêncio profundo sempre que são lembradas, de palavras maravilhosas, de figuras de linguagem que parecem conter verdades imensas que não podem ser expressas de nenhuma outra forma."

Daniel Galera.
« Última modificação: 09 de Dezembro de 2011, 22:31:20 por Martuchelli »

Offline TMAG

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Re:Documentário: Por que a beleza importa?
« Resposta #9 Online: 10 de Dezembro de 2011, 07:56:57 »
Concordo em parte com a visão de Scruton, hoje em dia realmente existe muita porcaria sendo reverenciada como arte, e vivemos um grande declínio da chamada ''Grande Arte''. Mas não concordo com extremo conservadorismo dele em relação à beleza, que não é o único objetivo ou sentimento relacionado a arte, o próprio Scruton como estudioso de Kant, Burke e Shaftesbury deveria ser incisivo a ressaltar o importante papel artístico desempenhado por outros valores estéticos, como o sublime e o pitoresco. Outra discordância que tenho em relação ao conteúdo do vídeo é que eu não penso que ser ''bela'' é o principal objetivo da arte, principalmente a literatura. Vejo a arte mais como um conjunto de símbolos que o homem utiliza para dar sentido a sua existência em um mundo desprovido de sentido (não necessariamente através da beleza, como defende Scruton), assim como a religião a arte é um meio pelo qual o homem espera se libertar da tirania do tempo e da monotonia, da crueza e do tédio da vida cotidiana. A expressão artística é encarada por mim como sendo uma ''subversão do comum'', a heresia da realidade, um grito de desespero face a temporalidade e a brutalidade do mundo exterior.

De fato o modernismo abriu as portas para que muita porcaria tola e nonsense fosse considerada como arte, principalmente após os anos 60 com Warhol e o pós-modernismo, a quebra da tradição efetuada pelos modernistas abriu uma verdadeira caixa de Pandora no mundo artístico, liberando pelo mundo todo tipo de aberração. Por outro lado o modernismo também legou grandes nomes a pintura, literatura, música e escultura. Inclusive acho que em poesia e literatura o modernismo teve mais prós do que contras, nomes como T.S Eliot, Ezra Pound, Fernando Pessoa, Sá-Carneiro, Carlos Drummond de Andrade, W.B Yeats, Thomas Mann, James Joyce e Kafka são definitivamente, cada um ao seu modo, expressões do gênio estético universal. Tenho para mim que a maior decadência da arte ocorreu mesmo a partir dos anos 60, com a crescente massificação e banalização da cultura promovida pelos modernos meios de comunicação de massa, a partir daí qualquer zé-mané pôde se declarar ''artista'' e se transmutar em ícone e ''gênio'' devido a adoração quase religiosa exercida pelas massas incultas e ignorantes das grandes cidades ocidentais, os Beatles são um caso bastante representativo desse fenômeno.
''O objetivo dos Governos é sempre o mesmo: limitar o indivíduo, domesticá-lo, subordiná-lo, subjugá-lo.'' - Max Stirner

Offline Rocky Joe

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Re:Documentário: Por que a beleza importa?
« Resposta #10 Online: 10 de Dezembro de 2011, 10:26:20 »
Citar
Outra discordância que tenho em relação ao conteúdo do vídeo é que eu não penso que ser ''bela'' é o principal objetivo da arte, principalmente a literatura

Isto me faz lembrar uma velha discussão (que não teve fim) com um amigo meu, onde eu afirmava que os livros de Kafka e Dostoiévski eram belos livros, e ele não. Eu diria que a literatura é bela no mesmo sentido em que dizemos que a matemática é bela: quando a sua estrutura serve tão bem a um propósito. Mas, realmente, a palavra "belo" fica aqui com um significado bem amplo.

Offline TMAG

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Re:Documentário: Por que a beleza importa?
« Resposta #11 Online: 20 de Dezembro de 2011, 21:36:09 »
Texto interessante, correlato ao tema do tópico.

Citar
O historiador judeu de origem alemã Peter Gay, hoje com 86 anos, tinha pouco mais de 10 quando escapou da Alemanha de Hitler, em 1933. Estabelecido nos Estados Unidos, dedicou sua vida a pesquisar a história que deixou para trás, produzindo estudos e biografias de personagens da cultura europeia, dos quais os mais célebres são um ensaio sobre o panorama artístico na República de Weimar e uma biografia de Freud. No entanto, seu mais recente livro, Modernismo (Companhia das Letras, tradução de Denise Bottman, 578 págs., R$ 64) dividiu os críticos, como atestam os textos publicados na página ao lado, do crítico e curador Teixeira Coelho e do historiador Francisco Alembert.


Acusado de eurocentrismo - por ter eleito apenas artistas, escritores, dramaturgos e músicos modernistas europeus, omitindo americanos e latinos - Gay defendeu-se antecipadamente das críticas que viria a receber escrevendo, no prefácio, que seu livro não é um estudo sobre o nascimento, crescimento e declínio do modernismo. Esta seria, segundo o historiador, tarefa impensável para um único volume - daí a ausência de grandes romancistas como Faulkner e Saul Bellow ou pintores como Willem De Kooning e Francis Bacon.


Numa história geral, teria de acomodar todo mundo. Em sua história particular, ele buscou apenas os traços comuns aos modernistas, dissociando-se da ideologia de seus contemplados, sejam eles o Nobel de Literatura Knut Hamsun, simpatizante do fascismo, ou o dramaturgo antifeminista August Strindberg, passando pelo ultracatólico poeta T.S. Eliot e outros pilares do modernismo associados a regimes totalitários (o futurista Marinetti, por exemplo). Gay defende que o liberalismo é o princípio fundamental do modernismo e faz de sua lista uma declaração de princípios, provando que a modernidade não é a pátria da democracia. Ao contrário. É o paraíso de autocratas como Picasso, bancados pelos burgueses sobre os quais destilou seu ódio.


Embora diga que não se arriscou a oferecer uma leitura psicanalítica do modernismo, o historiador, ao falar de Kafka, vai além de Freud e transfere para a arena da psicanálise a discussão sobre a obra do escritor. Seu diagnóstico: o autor de A Metamorfose era um edipiano desajustado, vítima do desamparo moderno provocado pela tirania do pai - celestial ou biológico. O fato de Kafka ser judeu e de tantos outros criadores judeus terem influenciado o modernismo poderia, então, conduzir a outras interpretações igualmente polêmicas? Gay é mais cauteloso nesse terreno minado, lembrando que não existe tal coisa chamada de "gosto judeu". Judeus ricos compravam tanto os acadêmicos dos salões como Picassos e resistiram às inovações de Schoenberg quase tanto como evitavam a revolucionária arquitetura da Bauhaus.


A rebelião modernista, ainda segundo Gay, tampouco foi esquerdista, embora tenha sido uma resposta ao mundo burguês. Regimes totalitários, defende, foram sempre hostis ao modernismo, do nazista - e a exposição Arte Degenerada, de 1937, é prova incontestável - ao comunista. Com relação ao último, ele dá um jeito de contornar o incontornável, omitindo o nome do dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Gay discorda do crítico, também marxista, Georg Lukács, que decretou 1848 o ano da morte da ideologia burguesa. Lukács disse que a burguesia francesa não mais desempenharia um papel na progressista peça da modernidade. Gay diz o contrário: a primeira qualidade dos modernos é o que chama de "fascínio pela heresia". Artistas de origem burguesa provocam outros burgueses escandalizáveis e são por eles financiados. Não haveria, segundo ele, uma única ideologia política capaz de bancar ou explicar o modernismo.


Seja como for, Gay admite o ano da publicação do Manifesto Comunista - 1848 - como um marco, escalando o poeta francês Charles Baudelaire como o primeiro herói do modernismo. Alvo preferencial do ódio burguês, Baudelaire foi o herético encarregado de provocar a sociedade francesa, ao desprezar a poesia tradicional e expor suas taras sexuais em poemas profanos. O "subproduto degenerado" do modernismo, no entanto, teve ancestrais ilustres - o protomodernista Diderot, cita Gay, descartando a localização histórica do modernismo, que, segundo o mesmo, não acabou. Para provocar, ele diz que não sabe o que é pós-modernismo e conclui o livro chamando de "moderno" o "herético" arquiteto Frank Gehry. O que Bilbao pode fazer pelo modernismo? Nem Gay sabe. Diz que é historiador, não profeta - mas não hesita em culpar Duchamp por ter destruído a ideia de modernismo, ao afirmar que tudo pode ser arte, sonho que a arte pop, segundo ele, converteu em realidade.


Para Gay, o declínio do modernismo começou quando o público aceitou a provocação dos artistas pop - Warhol, em particular, por ter eleito tantos ícones do consumo como arte. Até então, a arte exigia uma sensibilidade mais "educada" (ou elitista), argumenta. Após Andy Warhol, vale tudo.

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-modernismo-segundo-peter-gay,368250,0.htm

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Offline Pagão

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Re:Documentário: Por que a beleza importa?
« Resposta #12 Online: 21 de Dezembro de 2011, 09:11:43 »
Nem li e minha opinião é que a beleza é uma prerrogativa apenas da mulher e ela tem um objetivo: atrair o macho para reproduzir.

Em muitos animais é o macho que exibe atrativos físicos para atrair a fêmea.

A verdade é que a mulher nos parece bela apenas por ser a nossa fêmea e nada mais. São os nossos olhos que a fazem bela.

Objetivamente, se olharmos bem veremos que em praticamente todos os mamíferos o macho é esteticamente superior à fêmea respetiva, nomeadamente nos primatas (de fazemos parte).

Alguém pode achar uma gorila mais bela que um poderoso macho prateado? Uma vaca mais bela do que um touro? etc... É talvez apenas nos felinos que haverá equivalência... de facto não digo que um leão seja mais belo do que uma leoa ou um gato comparado com a gata, aí há diferença mas não superioridade em beleza.

Julgo que isto é verdade, mas não se entende de imediato.
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

Offline Bolsonaro neles

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Re:Documentário: Por que a beleza importa?
« Resposta #13 Online: 23 de Dezembro de 2011, 09:37:23 »
Mas na raça humana e fêmea é mais bonita que o macho. Mesmo um homem homossexual haverá de concordar. Ou não?

Offline Zeichner

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Re:Documentário: Por que a beleza importa?
« Resposta #14 Online: 24 de Dezembro de 2011, 18:26:36 »
Vou ver o documentário. Mas filosoficamente, é preciso contextualizar: Bonito não significa bom nem verdadeiro. Desde Platão muito se confundiu, porque bater na mãe não é feio nem bonito, é apenas maldade. Separemos ética de estética.

depois, em estética temos a beleza natural e a artística. Bichos não escolhem a beleza, apenas são acasos da evolução das espécies, assim como um pôr-do-sol não se preocupa com a beleza, ou acha que o sol decide onde vai se pôr preocupado se vai refletir nas águas emoldurado por palmeiras.

A beleza em si é um fenômeno humano, sendo fundamental em sua cultura, onde se cercar ou construir atos e objetos belos importante como fenômeno que vai além da reprodução. Assim, a busca consciente e deliberada de beleza e sua criação intencional ajuda a nos definir como humanos. Claros, podemos encontrar exemplos no mundo animal, mas são casos pontuais e não elemento essencial de construção cognitiva e social.

Então, a beleza é importantíssima. Mesmo que a neguemos.

 

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