Alguns comentários sobre o artigo, que trata de um assunto de importância única, o principal ponto de atrito entre biólogos evolutivos e criacionistas/religiosos (ao lado da discussão sobre a origem da mente humana). O artigo lida com a principal peça do quebra-cabeça para que a Etologia do Altruísmo crie uma completa teoria evolutiva sobre a moralidade altruísta humana. Vejam um pequeno diálogo que mostra a importância do conceito da “punição altruísta”:
Citação de William Dembski, do movimento criacionista Design Inteligente:
“A evolução não pode explicar o comportamento moral, especialmente o altruísmo. Aptidão evolutiva é egoísta; indivíduos vencem apenas por beneficiar a si mesmos e seus descendentes.”
Trecho da resposta de Mark Isaac, do Talk Origins Archive:
“Cooperação humana é um enigma evolutivo. Ao contrário de outras criaturas, as pessoas freqüentemente cooperam com estranhos geneticamente não relacionados, muitas vezes em grandes grupos, com pessoas que nunca se encontrarão novamente, e quando os ganhos de reputação são pequenos ou ausentes. Estes padrões de cooperação não podem ser explicados pelos motivos nepotistas associados com a teoria evolutiva da seleção de parentesco e os motivos egoístas associados com a teoria de sinalização ou a teoria do altruísmo recíproco. Aqui nós mostramos experimentalmente que a punição altruísta de desertores é um motivo chave para a explicação de cooperação.
Punição altruísta significa que os indivíduos punem, embora a punição seja cara para eles e produz nenhum ganho material. Nós mostramos que floresce a cooperação se o castigo altruísta é possível, e se desfaz se é descartado. A evidência indica que as emoções negativas para com os desertores são os mecanismos adjacentes por trás da punição altruísta.
Estes resultados sugerem que o estudo futuro da evolução da cooperação humana deve incluir um forte foco em explicar a punição altruísta.”
http://www.talkorigins.org/indexcc/CB/CB411.htmlVejam os experimentos divulgados na Scientific American Brasil que mostram que os macacos-pregos se ressentem com injustiças ou comportamentos desonestos:
“Os macacos-prego têm suas preferências quando se trata de alimento. Eles gostam mais, por exemplo, de fruta do que de vegetais como o aipo, que este macaco está consumindo. Treinados para trocar um seixo por um pedaço de pepino, eles o fazem como muita disposição,
contanto que o macaco na cabine ao lado também receba pepino em troca (ver gráfico para o teste de eqüidade).
Quando um vizinho recebeu uma uva eles continuaram a receber pepino (teste de iniqüidade), frustraram-se com o ‘pagamento injusto’. Eles se recusaram a aceitar o pepino, algumas vezes atirando-o para fora da gaiola, ou então não devolveram o seixo”.
Mais da reportagem citada da Scientific American Brasil, que também trata da amizade animal:
MECANISMO DE RECIPROCIDADE
Baseados na simetria“Somos amigos”
PONTOS-CHAVES
Afeição mútua entre as duas partes instiga comportamentos similares em ambas as direções, sem necessidade de acompanhar com atenção o intercâmbio diário, desde que as relações em geral permaneçam satisfatórias. Talvez o mecanismo de Reciprocidade mais comum na Natureza, esse é típico dos humanos e chimpanzés nas relações íntimas.
Exemplo: chimpanzés amigos se associam, fazem catação mútua e se ajudam nos combates.
MECANISMO DE RECIPROCIDADE
De atitude“Se você for legal, eu também serei”
PONTOS-CHAVES
As partes espelham atitudes mútuas, trocando favores imediatamente. Reciprocidade de atitude imediata ocorre entre macacos e entre pessoas estranhas.
Exemplo: macacos-prego dividem alimento com aqueles que os ajudam a puxar uma bandeja pesada.
MECANISMO DE RECIPROCIDADE
Calculado“O que você tem feito por mim ultimamente?”
Os indivíduos observam com atenção os benefícios que trocam com os parceiros particulares, o que vai ajudá-los a decidir para quem vão retribuir os favores. Esse mecanismo é típico de chimpanzés e comuns entre as pessoas que mantêm relações profissionais e distantes.
Exemplo: chimpanzés podem esperar receber alimento durante a tarde daqueles indivíduos que limparam pela manhã.
Fonte:
Como os animais fazem negócios. FRANS B.M. DE WAAL. Scientific American Brasil (81) Fev/2009, pág. 68-75.
http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/como_os_animais_fazem_negocios.html No livro
Inteligência Social, Daniel Goleman citou um experimento que aponta que os mecanismos neurais de empatia também existem nos macacos rhesus. Seis macacos rhesus foram treinados para obter comida puxando uma corda. De um certo ponto, um sétimo macaco que todos podem ver recebe um choque elétrico doloroso cada vez que um deles conseguir comida. Ao detectarem a dor, quatro dos macacos começam a puxar de outra gaiola, que embora lhe proporcionem menos comida, não causa qualquer choque. Dos dois restantes, um deixa de puxar qualquer corda por cinco dias, enquanto o outro se abstém por 12 dias, sem parecer se preocupar se passa fome com isso, impedindo assim seu semelhante de receber um choque.
Com todas essas evidências, alguns psicólogos e etólogos evolutivos defendem que o homem típico é moral sobretudo POR CAUSA de sua origem animal. Segundo essa visão, é o superior sucesso reprodutivo que favorece os jogos em que todos saem ganhando. Pelo menos entre os primatas mais complexos, parece que é assim que as coisas funcionam. Steven Pinker, Richard Dawkins e Robert Wright estão entre os que aparentemente defendem essa visão.