Esses casos de memória prodigiosa me fizeram lembrar o genial conto do Borges, Funes, o Memorioso:
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/funes.htmNo conto, entretanto, o protagonista é intelectualmente medíocre, a despeito da sua memória excepcional:
"Suspeito, contudo, que não era muito capaz de pensar. Pensar é esquecer diferenças, é generalizar, abstrair. No mundo abarrotado de Funes não havia senão detalhes, quase imediatos".
Essa idéia, aliás, de que uma memória infalível tende a atrofiar o aspecto criativo necessário para a aprendizagem e produção de conhecimento ocorre também em Montaigne, mas apenas como sugestão. Eu me pergunto se fora da ficção é possível supor que tamanha capacidade de memorização conflite com outros processos mentais.
off-topic:
Eu me lembro de ler alguns músicos dotados de ouvido absoluto queixarem-se de certas dificuldades que tal condição lhes causavam, apesar de ser muito útil em outras situações. Acho que há um certo paralelo entre as duas condições.