Autor Tópico: As lições de Churchill  (Lida 1098 vezes)

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Offline -Huxley-

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As lições de Churchill
« Online: 25 de Janeiro de 2012, 00:32:33 »
Rodrigo Constantino, O GLOBO

Winston Churchill faleceu no dia 24 de janeiro de 1965. Este artigo é uma homenagem a este que foi a figura política de maior destaque no século 20. Liderança inquestionável nos turbulentos anos 40, Churchill foi o maior responsável individual pela derrota nacional-socialista na Segunda Guerra Mundial. Não é pouca coisa.

De sua longa vida, podem-se tirar diversas lições importantes. Superação é uma das primeiras palavras que vem à mente. A quantidade de adversidades e obstáculos que surgiram em seu caminho apenas fortalece o mérito de suas conquistas. Churchill não era de desistir, e usava cada tropeço para se reerguer com mais determinação ainda. Para ele, sucesso era a habilidade de sair de um fracasso para outro sem a perda do entusiasmo.

Como todo ser humano, Churchill tinha suas falhas e contradições. Nem sempre foi correto, e errou em suas previsões em importantes situações. Mas todos estes defeitos servem para torná-lo mais humano, e não eclipsam de forma alguma seus tantos acertos, fundamentais para preservar a liberdade naqueles ameaçadores anos.

Uma de suas maiores qualidades como estadista era seu realismo. Enquanto muitos preferiam o falso consolo de esperanças ingênuas, Churchill analisava os fatos com maior frieza. Como escreve Paul Johnson em sua biografia, “Churchill era realista o bastante para perceber que as guerras aconteceriam e, por mais terríveis que fossem, ele preferia vencê-las a perdê-las”. Ele sabia ser pragmático quando necessário, mas sua essência era basicamente a de um liberal, defensor da democracia e também do livre mercado.

Sobre a democracia, aliás, Churchill tornou famosa a idéia de que se trata do pior modelo político, exceto todos os outros. Ele era realista o suficiente para não esperar escolhas democráticas fantásticas, e costumava dizer que o melhor argumento contra a democracia era uma conversa de cinco minutos com um eleitor médio. Esta postura cética é importante para limitar os estragos que podem ocorrer com o abuso de poder do governo, mesmo sob regimes democráticos.
Nas grandes batalhas do século 20, tanto ideológicas quanto físicas, Churchill esteve do lado certo. Ele abominava os monstros aparentados: o comunismo, o nazismo e o fascismo. Considerava a tirania bolchevique a pior de todas. Chegou a afirmar que “o vício intrínseco do capitalismo é a partilha desigual do sucesso”, enquanto “o vício intrínseco do socialismo é a partilha equitativa do fracasso”.

Ainda assim, soube fazer concessões práticas quando a própria sobrevivência dos valores ocidentais estava em jogo. Até mesmo com Stalin ele costurou um pacto para derrotar Hitler, após este trair o ditador soviético. Para Churchill, se Hitler invadisse o inferno até o diabo mereceria ao menos uma palavra favorável.

Churchill havia lido “Mein Kampf” e, ao contrário de tantos que consideravam Hitler apenas um aventureiro iludido, ele acreditou em suas promessas. O “pacifismo” era o credo da moda, mas Churchill soube enxergar melhor a realidade. Isso fez com que a Inglaterra estivesse preparada quando o inevitável ataque nazista ocorreu. O papel de liderança exercido por Churchill neste momento de vida ou morte foi crucial para a vitória inglesa. “Nós nunca nos renderemos”, enfatizou em seu famoso discurso.

Ele era a “personificação do entusiasmo”, como explica Johnson. Sua retórica não era, entretanto, vazia, e suas ações incansáveis colocavam em prática sua mensagem. Sua coragem na liderança da máquina de guerra inglesa comprovava sua fala. Sua confiança era contagiante, e sua determinação, inspiradora. Segundo o historiador Paul Johnson, seria legítimo dizer que Churchill realmente salvou a Inglaterra (e, portanto, o Ocidente).

Além das medalhas militares, Churchill publicou quase 10 milhões de palavras em discursos e livros, pintou mais de 500 telas, construiu pessoalmente boa parte de sua propriedade particular, foi membro da Royal Society, foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura, foi exímio caçador e jogador de pólo, criou cavalos vencedores e consumiu espantosa quantidade de champanhe, em companhia de seus charutos. Era muito espirituoso, com incríveis tiradas dignas de uma mente rápida e sagaz.

Para Paul Johnson, a vida de Churchill passa ao menos cinco lições importantes: pense sempre grande; nada substitui o trabalho árduo; nunca deixe que erros e desastres o abatam; não desperdice energia com coisas pequenas e mesquinhas; e, por fim, não deixe que o ódio o domine, anulando o espaço para a alegria na vida. Belas lições!

Posted by Rodrigo Constantino at 10:03 AM 1 comments

Fonte: http://rodrigoconstantino.blogspot.com/

COMENTÁRIOS:

Excelente artigo, apesar de não me simpatizar muito com a maioria das ideias do autor...

Offline Buckaroo Banzai

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Re:As lições de Churchill
« Resposta #1 Online: 25 de Janeiro de 2012, 10:08:05 »
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“Churchill era realista o bastante para perceber que as guerras aconteceriam e, por mais terríveis que fossem, ele preferia vencê-las a perdê-las”

Ele inclusive tinha a intenção de aproveitar o embalo da segunda guerra mundial, e já iniciar a terceira, agora aliado aos alemães, contra a URSS. Sem essa chamberlainice de guerra fria para o Churchill, guerra tem que ser guerra de macho.

Offline -Huxley-

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Re:As lições de Churchill
« Resposta #2 Online: 25 de Janeiro de 2012, 18:34:22 »
Citar
“Churchill era realista o bastante para perceber que as guerras aconteceriam e, por mais terríveis que fossem, ele preferia vencê-las a perdê-las”

Ele inclusive tinha a intenção de aproveitar o embalo da segunda guerra mundial, e já iniciar a terceira, agora aliado aos alemães, contra a URSS. Sem essa chamberlainice de guerra fria para o Churchill, guerra tem que ser guerra de macho.

Onde se encontram mais informações sobre essa história de que Churchill desejava que se declarasse guerra a URSS?

Offline Sergiomgbr

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Re:As lições de Churchill
« Resposta #3 Online: 25 de Janeiro de 2012, 18:40:42 »
A ironia de endeusarem "homens de guerra" é que muitas vezes estes acumularam fama estando a salvo longe das frentes de combate.
Até onde eu sei eu não sei.


Offline Price

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Re:As lições de Churchill
« Resposta #5 Online: 25 de Janeiro de 2012, 18:50:34 »
Onde se encontram mais informações sobre essa história de que Churchill desejava que se declarasse guerra a URSS?

http://en.wikipedia.org/wiki/Operation_Unthinkable

Porque ele não fez isso mais cedo? A URSS invadiu a Polônia na mesma época que a Alemanha começou a invadir outros países, porque não declarar guerra contra a URSS e a Alemanha de uma vez?
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline -Huxley-

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Re:As lições de Churchill
« Resposta #6 Online: 25 de Janeiro de 2012, 19:26:12 »
A ironia de endeusarem "homens de guerra" é que muitas vezes estes acumularam fama estando a salvo longe das frentes de combate.

Para mim, ironia é ver que, numa era em que a inteligência, o planejamento estratégico, a coragem moral e intelectual são mais importantes do que a força física, ainda se reivindique que a demonstração de coragem física é uma condição sine qua non para a demonstração de uma grande coragem.
« Última modificação: 25 de Janeiro de 2012, 19:34:53 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:As lições de Churchill
« Resposta #7 Online: 25 de Janeiro de 2012, 19:46:28 »
A ironia de endeusarem "homens de guerra" é que muitas vezes estes acumularam fama estando a salvo longe das frentes de combate.

Churchill por acaso e por algum motivo que não me lembro estava no meio de uma situação de guerra em algum lugar na Europa continental. Não nos campos de batalha nem nada, mas ainda não exatamente a salvo de bombardeios e etc.

Offline Pagão

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Re:As lições de Churchill
« Resposta #8 Online: 25 de Janeiro de 2012, 21:15:13 »
A ironia de endeusarem "homens de guerra" é que muitas vezes estes acumularam fama estando a salvo longe das frentes de combate.

No Sudão, Churchill participou do que chamou “a última importante carga de cavalaria do exército britânico”. Esteve na guerra dos boers na qual foi prisioneiro de guerra. Esteve na 1º Guerra... Churchill soube bem na pele o que eram as "frentes de combate". 
« Última modificação: 25 de Janeiro de 2012, 21:21:58 por Sérgio Sodré »
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

Offline Sergiomgbr

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Re:As lições de Churchill
« Resposta #9 Online: 25 de Janeiro de 2012, 21:34:33 »
A ironia de endeusarem "homens de guerra" é que muitas vezes estes acumularam fama estando a salvo longe das frentes de combate.

Para mim, ironia é ver que, numa era em que a inteligência, o planejamento estratégico, a coragem moral e intelectual são mais importantes do que a força física, ainda se reivindique que a demonstração de coragem física é uma condição sine qua non para a demonstração de uma grande coragem.
Qualquer coisa além de ficar a salvo, longe das frentes de combate ou mesmo plantar bananeira, se expondo ao fogo cruzado é coragem, por sí só.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Sergiomgbr

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Re:As lições de Churchill
« Resposta #10 Online: 25 de Janeiro de 2012, 21:35:32 »
A ironia de endeusarem "homens de guerra" é que muitas vezes estes acumularam fama estando a salvo longe das frentes de combate.

Churchill por acaso e por algum motivo que não me lembro estava no meio de uma situação de guerra em algum lugar na Europa continental. Não nos campos de batalha nem nada, mas ainda não exatamente a salvo de bombardeios e etc.
Certamente não em uma frente de combate.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Sergiomgbr

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Re:As lições de Churchill
« Resposta #11 Online: 25 de Janeiro de 2012, 21:38:14 »
A ironia de endeusarem "homens de guerra" é que muitas vezes estes acumularam fama estando a salvo longe das frentes de combate.

No Sudão, Churchill participou do que chamou “a última importante carga de cavalaria do exército britânico”. Esteve na guerra dos boers na qual foi prisioneiro de guerra. Esteve na 1º Guerra... Churchill soube bem na pele o que eram as "frentes de combate".
Leia o grifo.

Se sobrevivem, são os últimos dos possíveis herois (quando assim podem ser cognominados).

Aquí estão os maiores heróis.Tumulo do soldado desconhecido
« Última modificação: 25 de Janeiro de 2012, 21:45:23 por sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Luiz F.

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Re:As lições de Churchill
« Resposta #12 Online: 25 de Janeiro de 2012, 21:54:28 »
Só é herói se morrer? :hein:
"Você realmente não entende algo se não consegue explicá-lo para sua avó."
Albert Einstein

Offline -Huxley-

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Re:As lições de Churchill
« Resposta #13 Online: 26 de Janeiro de 2012, 00:24:07 »
A ironia de endeusarem "homens de guerra" é que muitas vezes estes acumularam fama estando a salvo longe das frentes de combate.

Para mim, ironia é ver que, numa era em que a inteligência, o planejamento estratégico, a coragem moral e intelectual são mais importantes do que a força física, ainda se reivindique que a demonstração de coragem física é uma condição sine qua non para a demonstração de uma grande coragem.
Qualquer coisa além de ficar a salvo, longe das frentes de combate ou mesmo plantar bananeira, se expondo ao fogo cruzado é coragem, por sí só.

No meu caso, eu diria que é masoquismo. Eu não morreria por nação alguma, já que não sou inseto gregário de sacrifício.

E para alguém que tem a inteligência análoga a de um general legendário faz sentido conservar a sua utilidade se expondo ao risco mínimo plausível, já que sua morte é muito mais custosa, no que diz respeito as chances de vitória na guerra, do que a de um combatente comum.
« Última modificação: 26 de Janeiro de 2012, 00:51:08 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:As lições de Churchill
« Resposta #14 Online: 13 de Agosto de 2013, 15:47:41 »
Citar
<a href="https://www.youtube.com/v/fmyecSXOla8" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/fmyecSXOla8</a>

http://www.intelligencesquared.com/events/neville-chamberlain/

If ever a politician got a bum rap it's Neville Chamberlain. He has gone down in history as the British prime minster whose policy of appeasement in the 1930s allowed the Nazis to flourish unopposed. He has never been forgiven for ceding part of Czechoslovakia to Hitler in the Munich Agreement of September 1938, and for returning home triumphantly declaring "peace for our time". The very word "appeasement" is now synonymous with him, signifying a craven refusal to stand up to bullies and aggressors. What a contrast to Winston Churchill, the man who took over as prime minister and who has ever since been credited with restoring Britain's backbone.

But is the standard verdict on Chamberlain a fair one? After all, memories of the slaughter of the First World War were still fresh in the minds of the British, who were desperate to avoid another conflagration. And anyway what choice did Chamberlain have in 1938? There's a good case for arguing that the delay in hostilities engineered at Munich allowed time for military and air power to be strengthened.

 

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