A construção da linha 4 do metrô aqui de SP merece um capítulo à parte:
- Após um estudo geológico, notou-se que a calha do Rio Pinheiros ficava localizada sobre uma falha geológica. Sendo assim, o estudo técnico da obra sugeriu que essa parte da escavação (entre as estações Butantã e Faria Lima) fosse feita pelo método TBM (o megatatuzão) por ser um processo mais estável. O problema: isso implicaria em um atraso na obra quando comparado com o projeto original, de montar o TBM no poço Faria Lima e seguir em direção a Paulista. Portanto, optou-se fazer esse trecho em
NATM. Durante a obra aparecia uma fissura aqui, uma infiltração ali, mas vamos que vamos porque a obra não pode atrasar e deveria ficar pronta em 2010 que era ano eleitoral. O resultado todo mundo já sabe:
Tragédia superada, obras civis bem adiantadas e está na hora de instalar os diversos equipamentos.
- Portas de plataforma: A sinalização (CBTC) foi comprada da Siemens e as portas de plataforma (PSD) da Poscon. Mas para elaborar a arquitetura de funcionamento das portas, é necessário ter dados da sinalização e a ViaQuatro mandou a Poscon ir conversar diretamente com a Siemens. O problema: a Poscon também fabrica sinalização e, por medo de que ela copiasse seu sistema, a Siemens dificultou ao máximo o trabalho dela. A atuação do Metrô nessa situação? Ou fazia que não era com ele ou mandava todo mundo se virar.
Aliás, até hoje o equipamento das PSDs está incompleto por pendências da Poscon com o Metrô. As PSDs estão instaladas e funcionando, mas nas pontas deveriam ter sido instaladas umas cabines que até hoje não foram. Para não deixar tudo aberto, o pessoal do Metrô (ou ViaQuatro, não tenho certeza) construiu umas cabines de madeira (ou madeirite mesmo) e estão lá até hoje.
- Parede falsa: O Metrô havia adquirido um equipamento importado para as estações da Linha 4. Esse equipamento era fornecido pela empresa Z (sediada em um país distante do Brasil). Esse equipamento não tinha uma medida padrão ,e dependia dos projetos das estações para ser dimensionado de acordo com as especificações de cada estação. Para fabricar esse equipamento lá fora, a empresa Z solicitou o projeto das estações, no que foi prontamente atendida pelo Metrô.
Passaram-se meses, até que os equipamentos estavam prontos para ser despachados para o Brasil. Quando chegaram, os técnicos da empresa Z foram até as estações para instalá-los. Dai, quando chegaram numa estação, se depararam com uma parede falsa que não existia no projeto, de forma que o equipamento não caberia naquele local por conta da parede falsa. O Metrô foi indagado sobre aquela parede falsa que não constava no projeto. A Resposta do metrô foi inesperada: alegaram que a prede falsa constava no projeto, que havia sido modificado, e que a empresa Z usou um projeto obsoleto da estação para desenvolver e fabricar o equipamento.
Porém, o Metrô havia se esquecido de comunicar a empresa Z (hoje o Metrô trabalha com centenas de fornecedores diferentes nas obras, porém a estrutura administrativa para atendê-los é a mesma de 20 anos atrás quando menos fornecedores trabalhavam com o metrô) e quando o fez já era tarde. Com isso, os equipamentos da estação ficaram jogados no PVS, o Metrô alega que não errou (apenas comunicou tardiamente a empresa) e não aceita os equipamentos e exige que a empresa Z fabrique novos equipamentos para que seja efetuado o pagamento. A empresa Z exige que o Metrô pague pelso equipamentos com dimensionamento errado e quer um aditivo no contrato para fabricar novos equipamentos com a dimensão correta.
Agora, a próxima eu juro que li mas até agora não entendi a lógica (?) do Metrô:
- Transformador da discórdia: as estações da Linha 4 são cheias de salas técnicas em diferentes níveis. Uma vez, alguns funcionários da empresa X estavam instalando painéis numa delas. Quando estavam para instalar o último painel em um corredor da sala técnica, descobriram que havia um transformador no lugar (instalado pela empresa Y), de forma que o transformador separava os painéis que controlariam um mesmo equipamento (fornecido pela empresa X), e que não poderiam ficar separados pelo transformador. Ai começou a confusão. Funcionários da empresa X questionaram o Metrô.
O Metrô dizia que o transformador estava no lugar correto. Porém a empresa X tinha um projeto da sala técnica assinado pelo Metrô e que colocava o painel no lugar do transformador. Com isso, o fiscal do Metrô na obra decidiu mudar o transformador da empresa Y de lugar. Mas isso seria feito pela empresa X (que era inabilitada para fazer essa modificação, o que poderia colocar a garantia do equipamento em risco). Depois do transformador ser mudado de lugar (com muito custo, pois já estava completamente instalado), os funcionários da empresa X instalaram o painel no lugar e foram embora.
Advinham o que aconteceu no dia seguinte? Os funcionários da empresa Y, com outro projeto assinado pelo Metrô, mudaram tudo de lugar (com autorização do Metrô), colcando o transformador entre os painéis. Depois de muita discussão entre funcionários das empresas X e Y, o Metrô resolveu considerar como correto o projeto da empresa X e multou a empresa X por instalar os paineis com o transformador entre eles. Até hoje os painéis estão separados pelo transformador e a empresa X se recusa a pagar a multa e quer que o metrô lhe pague uma multa por permitir que a empresa Y mudasse o painel de lugar, enquanto que a empresa Y quer que o metrô lhe pague uma multa por permitir que a empresa X mudasse o transformador de lugar.