A questão da violência e seu recente aumento no Brasil tem explicações, embora complexas. Apenas uma breve reflexão sobre a sociedade brasileira.
Seus sistemas sociais encontram-se relacionados em uma perspectiva de verticalidade. Alguns destes sistemas estão, por uma série de motivos, em um estado de superioridade ante aos demais sistemas do meio. A relação vertical entre os sistemas sociais da nossa sociedade se explica, por exemplo, historicamente: pode-se citar que, quando Império, havia a política do patriarcado e, com o advento da República, vemos surgir a política do apadrinhamento. Sem correr o risco de cometer um exagero, são dois nomes distintos para uma mesma política em relação à vida pública.
A conclusão em que se chega é a de que o sistema político brasileiro por muito tempo fora composto por determinados segmentos sociais que se confundiram com o próprio sistema. Assim como a grande maioria das sociedades passou por diversas mudanças significativas ao longo do século passado, a nossa também sofrera tal processo. Entretanto, o sistema político, composto por uma casta, manteve-se “imune” a tais processos, enquanto os demais sistemas sociais, cada qual com seu rendimento, caminharam para uma posição divergente desta.
Nesse caso, a inércia do sistema político refletiu negativamente perante o meio social, como, por exemplo, na inexistência ou ineficácia das políticas públicas. Ora, se um estado não busca promover sua mão de obra, não busca construir um sistema público de ensino digno de tal alcunha, a falta de saneamento básico e tantas outras políticas, há de se esperar um reflexo nas práticas delituosas. Evidentemente que se tivéssemos neste país tais políticas aplicadas à beira da perfeição ainda haveríamos de constatar índices de violência, mas não se pode negar que elas o atenuariam.
Foi apenas uma explicação do índice de violência que nos acompanha, analisando, muitíssimo brevemente, o sistema político na sociedade pátria.