Autor Tópico: Por que não sou mais um Cético  (Lida 6554 vezes)

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Offline Pedro Reis

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Re:Por que não sou mais um Cético
« Resposta #25 Online: 14 de Março de 2012, 02:44:08 »
Só posso falar sobre mim.

Com sinceridade eu sempre acreditei que difundir o senso crítico e o raciocínio analítico fosse uma maneira de melhorar o mundo.

É verdade que os tempos de Galileu Galilei já vão longe e hoje os tecnocratas estão sentados a direita dos que detém o poder, mas a imensa maioria das pessoas permanece sensível e vulnerável a discursos toscamente falaciosos. Não quero me sentir especial apenas por ser capaz de enxergar sem a menor dificuldade que a "toalhinha ungida" do apóstolo Valdomiro não passa de estelionato.

Não há nada de especial nisso. E se isso é tudo que você precisa para se sentir parte de uma "elite", então que elite de merda é essa...

No artigo o cara diz que a guerra do Iraque foi levada a cabo por um fundamentalista cristão mas com a consultoria de cientistas. Não, cientistas e técnicos não foram ouvidos. Ou, se foram, apenas no tocante a questões científicas e técnicas, depois que as decisões e estratégias políticas já haviam sido deliberadas. E para estas decisões concorreram os interesses de políticos e empresários, das grandes corporações, do poderoso lobby israelense... Estes foram os que ouviram e falaram. Tramaram tudo por debaixo dos panos, calculando objetiva, fria e analiticamente o que tinham a ganhar e o que arrsicavam a perder.

Este tipo de raciocínio analítico faltou às massas lobotomizadas norte-americanas desprovidas de quaquer resquício de senso crítico, que apaixonadamente logo comprou a idéia de uma guerra santa do bem contra o mal, que urgia ser feita pela maior potência militar do planeta para salvar os EUA da grande ameaça que representavam meia dúzia de zelotes analfabetos no outro lado do mundo, ainda vivendo em plena Idade do Bronze.

Quase ninguém somou 2 + 2 para perceber que Saddam não tinha nada a ver com os tais talibãs, e que a idéia de que o Iraque estava prestes a lançar um devastador ataque químico com seus poderosos mísseis da guerra da Coréia fosse pouco mais que ridícula.

Em democracias a opinião pública tem seu peso, e precisa ser dobrada. Esta tarefa coube a marionete Bush e seu discurso fundamentalista simplório, dirigido a um eleitorado no qual incríveis 61% acreditam que o universo foi feito em 6 dias.

Esse pra mim é um ponto importante: se você é idiota o bastante para comprar a toalhinha ungida do pastor entáo você já é idiota o bastante para comprar qualquer coisa! Portanto discordo desse argumento de que "os céticos venceram" e hoje controlam o mundo.

Deixem que me explique melhor. É claro que os céticos SEMPRE controlaram o mundo! Os únicos que acreditavam que o faraó mumificado iria ressuscistar eram os trouxas carregando pedras para construir a pirâmide. Os céticos ( nesse caso poderia dizer: os cínicos ), os mais dotados de conhecimento e senso crítico, sempre controlaram a ignorância e ingenuidade da maioria. Mas não era isso que o autor do artigo pretendia dizer quando afirmava que o racionalismo científico é hoje a posição dominante.

Antes fosse, porque nunca vai existir verdadeira democracia se o conhecimento - e o discernimento - também não forem democratizados. O racionalismo científico domina, sem dúvida, mas não se pode dizer que é uma visão dominante quando mais da metade do eleitorado dos EUA ainda acredita na arca de Noé.

Exatamente como os zelotes do talibã enfurnados em cavernas no Afeganistão.

Eu nunca quis me sentir especial apenas por ser um caolho míope na terra dos cegos. Pelo contrário, para o bem de todos, inclusive o meu, o ceticismo crítico precisa ser disseminado na sociedade. Assim como o saneamento básico e os bons hábitos de higiene precisaram ser disseminados para debelar as epidemias que atingiam igualmente a todos, ricos e pobres, cultos e iletrados, os asseados e os que atiravam as próprias fezes pela janela nas cidades medievais da Europa.


Offline genjikhan

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Re:Por que não sou mais um Cético
« Resposta #26 Online: 14 de Março de 2012, 09:58:18 »
Este tipo de raciocínio analítico faltou às massas lobotomizadas norte-americanas desprovidas de quaquer resquício de senso crítico, que apaixonadamente logo comprou a idéia de uma guerra santa do bem contra o mal, que urgia ser feita pela maior potência militar do planeta para salvar os EUA da grande ameaça que representavam meia dúzia de zelotes analfabetos no outro lado do mundo, ainda vivendo em plena Idade do Bronze.

As massas não estão repetindo esse mesmo erro de novo em 2012 . Se você já ouviu falar do caso KONY,já deve ter percebido que essa ideia de repetir o que houve no Iraque não está sendo tão bem sucedido assim .

Em democracias a opinião pública tem seu peso, e precisa ser dobrada. Esta tarefa coube a marionete Bush e seu discurso fundamentalista simplório, dirigido a um eleitorado no qual incríveis 61% acreditam que o universo foi feito em 6 dias.

Opinião pública não faz diferença na hora de impedir uma guerra,porque é apenas uma ferramenta,que pode ser facilmente usada para incentivar a população de que a guerra é necessária .


Deixem que me explique melhor. É claro que os céticos SEMPRE controlaram o mundo! Os únicos que acreditavam que o faraó mumificado iria ressuscistar eram os trouxas carregando pedras para construir a pirâmide. Os céticos ( nesse caso poderia dizer: os cínicos ), os mais dotados de conhecimento e senso crítico, sempre controlaram a ignorância e ingenuidade da maioria. Mas não era isso que o autor do artigo pretendia dizer quando afirmava que o racionalismo científico é hoje a posição dominante.

Dizer que os céticos sempre controlaram o mundo é uma posição muito ingênua da sua parte e cheia de erros . Em muitas civilizações,os céticos eram(e ainda são em alguns países) uma minoria mal vista e frequentemente perseguida pela postura que possuem de questionar as ideias pré-estabelecidas .


Eu nunca quis me sentir especial apenas por ser um caolho míope na terra dos cegos. Pelo contrário, para o bem de todos, inclusive o meu, o ceticismo crítico precisa ser disseminado na sociedade. Assim como o saneamento básico e os bons hábitos de higiene precisaram ser disseminados para debelar as epidemias que atingiam igualmente a todos, ricos e pobres, cultos e iletrados, os asseados e os que atiravam as próprias fezes pela janela nas cidades medievais da Europa.

Vejo que você está confundindo as coisas . A razão pela qual o autor preferiu não ser rotulado como "cético" não é porque ele rejeitou o ceticismo crítico,mas porque não quer ser simplesmente rotulado com outras coisas que ele não é,como anti-teísta fervoroso,neoliberal,etc .
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"Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão" - Lao Tsé

Offline Pedro Reis

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Re:Por que não sou mais um Cético
« Resposta #27 Online: 16 de Março de 2012, 00:59:03 »
genjikahn,

Eu devo ter me expressado muito mal, porque você não entendeu absolutamente nada.

O tópico é sobre o artigo que um cara escreveu dizendo, basicamente, o seguinte: "Pô, num quero mais pertencer a este grupinho de "céticos" porque no fundo eles não passam de uns pedantes que se reúnem para fazer pouco daqueles que consideram ignorantes e inferiores. Eles não querem difundir o senso crítico e defender a razão, só querem achar que são superiores e especiais."

Por isto comecei meu comentário dizendo "só posso falar por mim." Porque eu não tenho como saber o que vai na cabeça e no âmago de cada frequentador do CC e similares, ao contrário do autor do artigo, que parece ter a certeza de que apenas o esnobismo e a presunção os motivam.

O meu ponto é que difundir o senso crítico seria, na minha opinião, uma forma de melhorar tremendamente o mundo. Porque, em última análise, todos "pagamos a conta" de viver em uma sociedade de ingênuos, facilmente manipuláveis. Um ponto de vista contrário ao do autor do artigo, que sustenta que a satisfação inconfessável de  todo "cético" é viver em um mundo onde reina a ignorância, pois só assim ele se sente especial e inteligente, reunindo-se com seus pares em clubinhos fechados para debochar da nesciedade alheia.

Sacou?

Quando eu digo que "os céticos sempre controlaram o mundo" não estou sendo ingênuo. É óbvio que não estava me referindo simplesmente àquelas raras pessoas que costumam esperar que alegações excepcionais sejam corroboradas por evidências igualmente excepcionais. Na verdade estava me referindo ao fato que em geral os que sempre detiveram o poder estavam bastante conscientes de suas próprias fraudes e mentiras.

Ingênuo é quem acha que o Sumo Sacerdote realmente pensava que uma múmia ressuscitaria em outra vida. Só quem acreditava nisso era o coitado carregando pedras na pirâmide. Ingenuidade é achar que a elite do partido nazista acreditava na ideologia que pregavam, da mesma forma que o povo alemão. É achar que a "junta Bush" e a CIA algum dia esperaram encontrar as temíveis armas de destruição em massa de Saddam Husseim.

O atual Santo Papa, quando bispo, acobertou durante anos os crimes de um depravado que abusou de mais de 200 crianças surdas. Mesmo sabendo que agindo assim o pervertido faria novas vítimas. Não é o que se deveria esperar de um homem que acredita em Deus e teme o inferno.

Porque ele realmente NÃO ACREDITA! O homem é um cético, e por isto mesmo se tornou Papa. Pois há interesses demais em jogo para colocarem um idiota no Vaticano, um pateta que acredita em Jeová e nas superstições da bíblia.

O que eu quero dizer é que se as pessoas não se permitissem enganar tão facilmente as coisas seriam mais complicadas para os "céticos cínicos" que se valem da ingenuidade geral. Acredito mesmo que estaríamos todos desfrutando de uma sociedade mais organizada e progressista se as pessoas estivessem mais preparadas para fazer julgamentos criteriosos, e mesmo eu não sendo louco de comprar a tolhinha sagrada do Valdomiro para sanar minhas dívidas, indiretamente mesmo a minha vida é afetada por viver em uma sociedade em que tantas pessoas são capazes de cair neste logro.

( Imagine, por exemplo, que "ótimos" candidatos estas pessoas estão elegendo... )

Portanto, pelo menos para mim, empunhar a bandeira do ceticismo tem a ver com um desejo ( este sim, talvez ingênuo ) de melhorar o mundo, e não com uma necessidade neurótica de massagear meu ego como quer o autor do artigo.

Agradeço suas observações, mas infelizmente nenhuma delas tem p... nenhuma a ver com nada do que eu escrevi.

Offline citizendium

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Re:Por que não sou mais um Cético
« Resposta #28 Online: 05 de Abril de 2012, 22:45:52 »
Ser cético ou ateu, na minha opinião, é querer ser tão ou mais especial do que um crente, é como aquela velha piadinha do peido, existem vários tipos, o do ateu é: Ateu - Peida dentro da igreja.

Claro, pra ser diferente.
“Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima.” Louis Pasteur

Offline Luiz F.

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Re:Por que não sou mais um Cético
« Resposta #29 Online: 05 de Abril de 2012, 22:50:37 »
Seja bem vindo caro citizendium. Se você quiser, dá uma passadinha no tópico de apresentações na área de papo furado.

Porque crentes são especiais para um ateu querer ser como ele?
"Você realmente não entende algo se não consegue explicá-lo para sua avó."
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Offline Geotecton

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Re:Por que não sou mais um Cético
« Resposta #30 Online: 05 de Abril de 2012, 23:49:32 »
Ser cético ou ateu, na minha opinião, é querer ser tão ou mais especial do que um crente, é como aquela velha piadinha do peido, existem vários tipos, o do ateu é: Ateu - Peida dentro da igreja.

Claro, pra ser diferente.

Seja bem vindo citizendium.

Então os céticos e os ateus só fizeram esta escolha por pedantismo?
Foto USGS

Offline _Juca_

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Re:Por que não sou mais um Cético
« Resposta #31 Online: 06 de Abril de 2012, 10:48:05 »
Fora uma generalização generalizada ( :)) ,  no final das contas o cara deixou de ser cético porque se tornou cético em relação aos céticos...

Resumiu tudo...

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Por que não sou mais um Cético
« Resposta #32 Online: 06 de Abril de 2012, 10:59:44 »
Ser cético ou ateu, na minha opinião, é querer ser tão ou mais especial do que um crente, é como aquela velha piadinha do peido, existem vários tipos, o do ateu é: Ateu - Peida dentro da igreja.

Claro, pra ser diferente.

Seja bem vindo citizendium.

Então os céticos e os ateus só fizeram esta escolha por pedantismo?

Não quis dizer "peidantismo"?


...

Ateísmo/ceticismo nem chega a ser uma "escolha", na forma mais "pura", nenhuma crença ou descrença é "escolha", ninguém consegue simplesmente decidir acreditar em uma coisa ou outra. Se acredita ou não por achar que algo é ou não convincente, o que não se escolhe. Tendo um ponto de vista/crença/descrença depois a pessoa pode até tender a só reforçar isso em vez de questionar, onde acaba se tornando mais próximo de "escolha" sob certo aspecto, mas ainda assim é bem distante de "escolha" ser um termo apropriado.

Offline Gaúcho

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Re:Por que não sou mais um Cético
« Resposta #33 Online: 06 de Abril de 2012, 15:23:56 »
Ser cético ou ateu, na minha opinião, é querer ser tão ou mais especial do que um crente, é como aquela velha piadinha do peido, existem vários tipos, o do ateu é: Ateu - Peida dentro da igreja.

Claro, pra ser diferente.

Não.
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Offline Fabrício

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Re:Por que não sou mais um Cético
« Resposta #34 Online: 07 de Abril de 2012, 10:25:51 »
Citação de: citizendium link=topic=26219.25.html#msg679584 date=13336? 76752
Ser cético ou ateu, na minha opinião, é querer ser tão ou mais especial do que um crente, é como aquela velha piadinha do peido, existem vários tipos, o do ateu é: Ateu - Peida dentro da igreja.

Claro, pra ser diferente.

Não.

Caramba, é tão difícil entender? Ateu é quem não acredita em deuses. Só isso, não precisa ter nenhuma "filosofia" envolvida.
"Deus prefere os ateus"

Offline EuSouOqueSou

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Re:Por que não sou mais um Cético
« Resposta #35 Online: 07 de Abril de 2012, 23:39:25 »
Ser cético ou ateu, na minha opinião, é querer ser tão ou mais especial do que um crente, é como aquela velha piadinha do peido, existem vários tipos, o do ateu é: Ateu - Peida dentro da igreja.

Claro, pra ser diferente.

Claro que é pra ser diferente, todos os meus amigos e conehcidos sabem que eu sou ateu, eu saio por aí discutindo sobre religiao com todo mundo, ando com uma plaquinha pendurada no pescoço dizendo "Eu sou ateu, sou diferente".

Acho que vc está se referindo aos modinhas que leem qualquer frase do George Carlin e saem por aí se achando o máximo. Não generalize, esse erro leva a intolerância, preconceito e ignorância.

Reforço a pergunta do Luiz F.

Porque crentes são especiais para um ateu querer ser como ele?
Qualquer sistema de pensamento pode ser racional, pois basta que as suas conclusões não contrariem as suas premissas.

Mas isto não significa que este sistema de pensamento tenha correspondência com a realidade objetiva, sendo este o motivo pelo qual o conhecimento científico ser reconhecido como a única forma do homem estudar, explicar e compreender a Natureza.

 

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