Sou Don Juan de Chiva.
Tenho o maior pênis do mundo.
Possuo mais de mil nomes.
Abraão, Buda, Jesus Cristo, Laozi, Kardec, são algumas de minhas alcunhas. O porquê dessas alcunhas, vocês logo irão entender.
Sou um mentiroso compulsivo. Estou sempre mentindo. Resolvi criar uma grande mentira, para chamar a atenção do maior número possível de mulheres.
Tenho um pênis relativamente pequeno, com 15 cm. Resolvi inventar uma mentira, na qual meu pênis teria 45 cm de comprimento – o maior pênis já registrado tinha 34 cm.
Repetia essa mentira sem parar. Comecei contando para meus amigos. Depois contei para os colegas de trabalho. Com o passar do tempo, fazia questão de comentar que tinha um “senhor” pênis para todos que eu encontrava, em qualquer lugar que ia. Na rua, na lanchonete, na praça. Alguns acreditavam, outros não. Na verdade, eu nem fazia muito esforço para que acreditassem em mim – nem meias dentro da cueca eu colocava, pra fazer um “volume”. A única arma que tinha para manter essa mentira, era minha palavra.
Quando alguns céticos me pediam para mostrar, eu simplesmente dizia que não podia, por razões desconhecidas, inexplicáveis, não compreensíveis pelo ser humano. Alguns engoliam, outros não. Certa vez, um milionário me ofereceu 1 milhão em dinheiro para mostrar o dito cujo e acabar logo com o suspense. Eu recusei. Eu tinha meus princípios.
A grande verdade é que nenhuma evidência apontava (ou ao menos ajudava) a manter minha mentira.
Contei tantas vezes essa mentira, que com o tempo, eu mesmo passei a acreditar. Quando ia ao banheiro enxergava uma autêntica “mangueira” em minhas mãos.
Fui ganhando fama. Todos ao meu redor me conheciam. Tive várias mulheres, só que nunca, definitivamente nunca, transava com elas. No meu entender, só depois de casado – sou um cavalheiro.
Tamanha minha fama, que com o passar do tempo, consegui três namoradas, com as quais não praticava sexo – como já disse, só depois de casado:
São elas: Crentinilda, Agnovalda e Atécia.
Crentinilda acreditava piamente no tamanho do meu pênis, mesmo nunca tendo visto. Ela nunca exigiu uma única prova sequer. Quem questionava o tamanho do meu pênis, estava chamando-a para briga – a garota estava realmente apaixonada. Comia em minhas mãos.
Agnovalda ainda tinha dúvidas, mesmo TODAS as evidências apontando para o fato de eu não ter um membro de 45 cm. Mas a garota era “mente aberta”. Ela se orgulhava de sua inteligência, e estava sempre aberta a novas idéias. Na verdade, o sonho dela era que eu realmente tivesse um pênis de 45 cm. Ela simplesmente adoraria. Resolveu ficar comigo e esperar para ver no que dava.
Atécia, que era a mais cética, ficou comigo apenas algumas semanas. Ela simplesmente não acreditava na minha mentira. Até certo momento ela tinha certas dúvidas, mas com o passar do tempo, resolveu abandoná-las e seguir em frente. Ela não tinha porquê duvidar de algo que não possuía uma margem de dúvidas relativamente significante para sequer ser colocado em discussão. Ela pensava consigo: “Porquê eu vou perder meu tempo? Tenho coisas muito mais importantes pra fazer do que ficar correndo atrás desse mentiroso aproveitador de uma figa.” Atécia foi a primeira a me dar um fora.
Perdi a Atécia, mas ainda tinha duas namoradas: Agnovalda e Crentinilda.
Agnovalda não se dava muito bem com Crentinilda, que além de falar demais, ainda não deixava Agnovalda dormir, com suas músicas de louvor ao meu pênis.
Atécia e Agnovalda, frequentemente se encontravam, escondidas de Crentinilda. As duas acabaram mantendo a amizade, elas tinham muito em comum.
Num desses encontros:
Atécia: “Vá viver sua vida, faça como eu. Abandonei o Juan e tive uma vida desprendida de dúvidas vãs. Hoje, me sinto uma pessoa feliz.”
Agnovalda respondia: “Eu sei, mas é que.....
Atécia: “É que... o que???? Decida sua vida, pare de se apegar a uma utopia.”
Agnovalda: “É... eu sei que deveria, mas é que... eu não posso provar com 100% de certeza que ele esteja mentindo. E eu gosto dele....”
Atécia: “Quer saber? Não te dou mais conselhos, você está parecendo a Crentinilda.”
Agnovalda: “Não me compare àquela fanática!”
Agnovalda levantou, pegou sua bolsa e foi embora. Se sentiu ofendida e decidiu nunca mais falar com Atécia.
Passaram-se anos. Eu, Don Juan de Chiva, vivi muito tempo. Vi as três falecerem.
A primeira foi Crentinilda, que, muito doente, em seu leito, me fez um pedido. Ela me pediu, como um último desejo, que eu apresenta-se a “ferramenta”. Ela acreditava que a simples visão lhe daria forças. Tamanha sua devoção, que resolvi atender seu pedido e mostrei. Ela ficou tão decepcionada que no mesmo dia morreu de desgosto.
Agnovalda, também ficou comigo até o último dia de sua vida. Com o tempo, parou de me questionar. No fundo, ela tinha medo. Medo da verdade. Porém, nunca conseguiu me abandonar definitivamente. Tínhamos algumas brigas, mas ela sempre voltava. Não seguiu em frente, não se casou, não constituiu família. Morreu sem saber a resposta à sua dúvida eterna.
Atécia viveu sua vida ao estilo “la vida loca”, teve muitos amores, muitas aventuras, em dado momento se casou e constituiu família. Viveu feliz, e morreu em paz. Se desprendeu completamente de mim.
Sou Don Juan de Chiva.
Sou o maior mentiroso do mundo.
Já contei mais de mil mentiras.
Eu ainda estou vivo. Continuo contando minhas mentiras. Quando eu morrer, alguém vai contá-las no meu lugar.
Por: CãoDanado
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