Eu li certa vez, embora não me lembre aonde, que mesmo as decisões racionais utilizam a parte emocional do cérebro.
Pessoas com uma patologia que compromete a parte emocional do portador (ou pessoas que tinham algum dano na parte do cérebro responsável pela emoção, agora não me recordo bem) eram incapazes, ou possuíam muita dificuldade, em tomar decisões das mais banais, como por exemplo (um dos que era usado no artigo) escolher o melhor dia pra uma consulta médica. A pessoa simplesmente não conseguia se decidir sobre qual dia seria melhor marcar a consulta. Essa é uma decisão que, a princípio, não parece envolver nenhum componente emocional, mas mesmo assim o julgamento era afetado.
Antônio Damásio, O Erro de Descartes :
A razão das emoções: um ensaio
sobre “O erro de Descartes”
O erro de Descartes: emoção, razão e o
cérebro humano, de António R. Damásio1
Carlos Tomaz
Lilian G. Giugliano
Universidade de Brasília
http://www.scielo.br/pdf/epsic/v2n2/a13v02n2.pdfUltimamente, vários estudos têm abordado o “velho” tema das
emoções e a sua importância no controle do comportamento,
incluindo as chamadas funções mentais superiores como a
percepção, aprendizagem, memória e inteligência. Para aqueles, como
nós, que trabalham com emoção e cognição é gratificante constatar
que o debate sobre o tema atravessou a barreira dos laboratórios e da
academia e passou a fazer parte do cotidiano de um público mais geral.
“O Erro de Descartes” de António Damásio é um livro elegante,
de uma leitura arrebatedora, que ilustra o fato de que as emoções são
indispensáveis para a nossa vida racional. São as emoções que nos
fazem únicos, é o nosso comportamento emocional que nos diferencia
uns dos outros. A natureza e a extensão do nosso repertório de respostas
emocionais não depende exclusivamente do nosso cérebro, mas da
sua interação com o corpo, e das nossas próprias percepções do corpo.
Como diz Damásio, o corpo representado no cérebro constitui-se num
quadro de referência indispensável para os processos neurais que nós
experienciamos como sendo a mente.
Neste ponto, o autor aponta alguns “erros” de Descartes - a
separação entre a mente e o corpo. O que se passa no cérebro são ..