Geo, espanta-me você fazer uma afirmação assim.
Não fique espantado, pois voce não conhece o meu lado mais sombrio, principalmente quando estou de mau humor.
Claro que existe interesse em reestruturar o sistema de ensino,...
Existe interesse? De quem? E propondo qual modelo?
porém as mudanças no estado se processam de uma maneira muito lenta, além do que existe uma disputa entre grupos e ideias que acabam por imobilizar qualquer reforma.
As mudanças (e as "não-mudanças") no Estado refletem principalmente os interesses dos grupos que conseguem exercer maior influência. A universidade é um microscosmo onde atuam plenamente os tais interesses e que, muitas vezes, não coincidem com os interesses do país.
Vou citar apenas um caso de total irregularidade, sem mencionar nomes por motivos óbvios. Em uma certa universidade federal, na capital do primeiro estado ao sul do estado onde o PSDB está a mais tempo no governo, existem professores e funcionários técnicos de diversos departamentos fazendo consultorias e auferindo receitas pessoais utilizando as instalações destas instituições públicas, em um flagrante desrespeito à ética e também prejudicando os profissionais privados, porque estes não podem dispor destes equipamentos sem pagar. Ou seja, aqueles praticam uma concorrência que é desleal e predatória contra estes.
Uma reestruturação do sistema também exige investimento (principalmente de forma estratégica) e não interesse em alguns grupos políticos em realizar esses gastos (ou competência para tanto).
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Como eu já escrevi, o sistema de ensino brasileiro, especialmente o superior, é voltado para atender às demandas e anseios corporativos, que se aproveitam das anacrônicas legislações do trabalho e dos estatutos das universidades.
E estou ciente que há exceções e que há um certo esforço (pontual) para que tais excrescências sejam eliminadas, mas elas não passam disto: Exceções.
Por fim, algumas decisões possuem um alto custo político que acabam por isso não sendo tomadas. Decisões como fechar determinada escola ou repetência ou expulsão de alunos, por exemplo.
O exemplo-mor de politicalha e de imediatismo foi a adoção das famigeradas "cotas raciais", que constituem, no meu entender, um grande e flagrante desrespeito da norma constitucional que afirma que "todos são iguais perante a lei".
Estou ciente de que as pessoas negras foram (são!) muito prejudicadas pelo preconceito mas o que se vivencia hoje é o produto de um comportamento surgido há muito tempo na humanidade e que aqui prosperou mais intensamente a partir do século XVI. E disto os jovens não-negros não tem a menor responsabilidade e não deveriam ser prejudicados por causa desta... "culpa".