Não é preciso ser perito em uma arte marcial para estar preparado bem acima da média para escapar de uma agressão que ponha em risco a sua vida. Essa é uma proposição muito repetida por treinadores de elite em técnicas de autodefesa (como aqueles que orientam tropas da polícia). O que poucos sabem é que essa afirmação foi testada em laboratório e corroborada por cientistas. Domingo passado, foi isso que se viu no programa “A Ciência das Artes Marciais” do canal
National Geographic, que reuniu cientistas e treinadores de elite em artes marciais e técnicas de autodefesa.
A explicação pode ser resumida em três observações principais. Em primeiro lugar, você não precisa ser um Bruce Lee para imobilizar ou incapacitar um agressor típico por um tempo suficiente para fugir ou chamar a polícia. Em segundo lugar, você pode fazer ataque a regiões especialmente vulneráveis do corpo, aquelas em que um agressor típico geralmente não esperaria um golpe. Em terceiro lugar, você pode usar a tecnologia a seu favor e fazer o uso de armas não-letais como taser, spray de pimenta e lanterna de LED. (Para quem não sabe, as armas não-letais como as que citei não são ilegais no Brasil:
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/a-letalidade-das-armas-nao-letais).
O nível de dano de cada golpe foi calculado por biomecânicos usando dummies de laboratório especialmente preparados para ter materiais que simulam o corpo humano. Ademais, uma simulação com artistas marciais mostrou como funciona cada forma de contra-ataque a um agressor, que é válido em diferentes situações...
Se você foi surpreendido por uma gravata por trás...Procure os olhos do oponente e tente enfiar os dois dedos com a maior pressão possível nos mesmos. Uma mão humana tem mais do que força suficiente para deslocar o globo ocular. Na simulação da demonstração do ataque, o atacado se inclinava para que ambos (agressor e vítima) caíssem e assim ficava mais fácil fazer o contra-ataque.
Se você está encurralado num espaço limitado como um elevador...A simulação mostra a “vítima” reagindo ao agressor dado um golpe com as duas mãos abertas nos dois ouvidos. Como o ouvido é projetado para detectar pequenas variações de pressão, logo uma pancada com as duas mãos é mais que suficiente para provocar uma dor intensa e atordoamento do agressor. Depois, a simulação mostra a “vítima” apoiando uma das mãos no pescoço do agressor e desferindo um golpe com a outra. O osso hióide é atingido e pode até ser quebrado (se for usado toda a força). Com isso, a faringe do agressor não consegue manter-se aberta, levando à asfixia. Esse é um golpe tão poderoso que só é aconselhável usá-lo somente se a sua vida corre perigo.
Se você foi atacado numa região onde o contra-ataque é difícil (ex.: o "planalto central" de uma escada) e o oponente ficou sentado e por cima de seu corpo deitado...A simulação mostra vítima tentando “abraçar” o agressor, tentando aproximar o pescoço do agressor de seus dedos. O uso de três dedos (polegar e indicador incluídos) são mais que suficientes para provocar uma esganadura eficiente, danificando a traquéia e provocando uma dor ou asfixia que permite que o agressor o solte.
Existiram outras situações. Uma era a situação em que a vítima reagia com um golpe na pélvis, que é uma região facilmente fraturável e torna impossível o agressor ficar em pé. Os ossos da pélvis dão sustentação a um corpo que está em pé; quebrá-los significa retirar uma carta de um castelo de cartas. A outra é a situação em que você confronta um bêbado e se aproveita de seu conhecimento do estado de equilíbrio do oponente. Você não reage a qualquer ataque e logo depois ataca de surpresa. Você ataca-o jogando seus ombros no quadril dele, fazendo um pivô que derruba o agressor.
Finalizando, existe a situação do uso de armas não letais. Os tasers possuem um funcionamento básico comum em relação ao padrão das armas de eletrochoque, mas têm os dois eletrodos de carga não permanentemente unidos à estrutura. Laternas de LEDs de alta luminosidade leva a uma espécie de cegueira temporária, permitindo uma fuga. Por fim, tem o spray de pimenta, cujo funcionamento não me lembro bem, mas vocês podem consultar na Wikipédia para dirimir suas dúvidas a respeito disso.
E o que vocês acham? "Conhecimento é poder" também nas artes marciais e na autodefesa?