Temma, com todo respeito que você tem ao tema (ops, foi mal o trocadilho aê

), eu sempre fico me questionando esse chororô, não o do politicamente correto, mas aquele que foi apontado por Barata Tenno, o dos "coitadinhos" dos negros (por favor, não tome nenhuma conotação pejorativa que estou dando ao "coitadinho" aqui, apenas o significado puro e simples do substantivo, de ser alguém que inspire compaixão). Também não me refiro aos comentários na fonte da notícia, pois aquele patamar de debate é por demais medíocre e raso. Nem tampouco à garotada a que você se referiu no seu post, que se utiliza de artifícios para promover o contra-ataque aos negros.
Dito tudo isso, nesse momento, ao fazer essas considerações, eu gostaria muito de não ser, eu próprio, caucasiano, de estatura e porte atléticos, com razoável nível cultural e perfeitamente enquadrado nas "especificações" aceitas pelo mundo ocidental. No momento em que faço esses comentários, muito mais autêntico seria se eu fosse negro, com cabelo crespo, narinas abertas e achatadas e lábios pronunciados. Porque, no fundo do meu coração, eu conseguiria expor as mesmas ideias que exponho agora. Tudo isso somente porque faço uso da razão, e não de sentimentos de mágoa quando vejo a extensa lista de injustiças que foram feitas com o negro ao longo de toda a história da humanidade.
É mesmo muito lamentável que tenhamos tido navios negreiros e toda uma gama de exploração desumana e cruel para com as pessoas que nasceram com a pele um pouco mais escura. Quando leio artigos e matérias que retratam a dureza de como as coisas realmente aconteciam na época da escravidão, sinto nó na garganta e muitas vezes choro ao terminar a leitura. Foi cruel demais, foi desumano.
Mas isso passou a fazer parte do passado, ficou nos registros da história, não existem mais nos dias de hoje (no mundo civilizado; vamos nos ater a "ambientes controlados", senão esse debate não anda). A escravidão e a exploração do negro não existe mais no Brasil, sob pena de ser duramente combatidas pelas leis e instituições de polícia. E, sob esse ângulo, aquele chororô a que me referi no começo do post, não mais se aplica. É como já li muito por aqui, é muito "mimimi" tratar os negros como "coitadinhos" e entregar-lhes numa bandeja um cabedal de privilégios, em nome de uma possível reparação histórica. Eu sou muito franco agora e afirmo que não gostaria que meu filho entrasse numa faculdade por ser negro e não pelos seus méritos de conhecimento. Ah, mas é para cumprir uma reparação aos antepassados que sofreram com a escravidão, e os anos de injustiças históricas, e a perseguição que os negros sofreram em todo o passado, e os navios negreiros, e o pelourinho, e "mimimi" e "mimimi"...
Arre!
Então é assim? Autodeclara-se negro e passa a receber privilégios que não julgam o mérito? Em nome do que hoje já não existe mais? Para um resgate da história? Para se viver de passado?
Você pode me apontar o dedo e dizer que eu não sofro (sofri) na pele o sabor amargo da discriminação racial. Pois é. Por isso que eu declarei parágrafos acima que eu gostaria nessa hora de ser negro. Não sou. Pior: sou um branco típico e de boa aparência. É aí que está a fraqueza das minhas afirmações. Mas tudo o que eu disse continua valendo, um alegado passado não pode se perpetuar, agora em privilégios e benesses que julgam cor de pele.
Macaco é bicho esperto, é bicho alegre e engraçado. De fato, não existe branco comparado a macaco que dê sentimentos de perseguição e agressão verbal. Nesse ponto, você está certíssimo. Mas se o negro assume essa comparação como uma agressão, ele mesmo está se vulnerabilizando. Por que ele não passa a enxergar as qualidades do bicho e, pelo contrário, assimila somente as características de fealdade e caricatura? Por que ele não recebe os limões e faz uma limonada? Garanto que se fosse sempre assim, ao ver que não surte efeito, os agressores parariam com essa comparação ridícula.
Novamente reitero meu sincero respeito às suas ideias. Não quero e nem gostaria de causar nenhum mal estar na nossa conversa. Quis apenas externar também essa minha estranheza sempre que me deparo com manifestações exageradas em defesa ao negro, não de ações do presente, mas em nome de coisas passadas e, pelo menos para mim, enterradas. Ou seja, hoje não mais existe escravidão. Na verdade eu comecei esse tópico pensando em trazer um pouco de humor, porque a cara do macaquinho lembra na hora o físico da relatividade, e não entrar num labirinto de ideias acerca de racismo.