Autor Tópico: Bebê macaco que parece Albert Einstein  (Lida 9114 vezes)

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Offline Geotecton

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #25 Online: 28 de Outubro de 2012, 04:19:16 »
Uma das coisas que me deixa mais furioso em relação ao assunto, no aspecto que diz respeito aos negros trazidos da África como escravos, é que uma parte muito significativa deles NÃO vivia, de maneira alguma, em harmonia naquele continente, pois está muito bem documentado que os massacres e a escravidão entre eles eram muito comuns.
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Offline Geotecton

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #26 Online: 28 de Outubro de 2012, 04:24:15 »
[...]
Na relação dos "mimimi"s faltou falar no tal Zumbi dos Palmares. Tendo sido importante na sua época, muito bem, mas hoje ele está enterrado. O que temos hoje em dia é um Joaquim Barbosa, um Pelé, que nunca foram submetidos a pelourinho. Temos uma Alcione, uma Benedita da Silva, que nunca foram mucama.
[...]

Além disto pelo menos dois dos supracitados tem vários casos bem documentados de comportamento ético pouco condizente, sendo um deles um futebolista renomado e a outra uma política de esquerda com orientação cristã evangélica.


Fiquei pensativo sobre o que Barata Tenno falou. Será só no Brasil isso? Esse "coitadismo" institucional, aliado ao "politicamente correto" de cada esquina?

Eu não conheço a realidade de outros países de maneira mais profunda, mas eu sei que aqui a situação se agrava pelos atos do paternalismo estatal.
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Offline Canopus

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #27 Online: 28 de Outubro de 2012, 04:27:07 »
Uma das coisas que me deixa mais furioso em relação ao assunto, no aspecto que diz respeito aos negros trazidos da África como escravos, é que uma parte muito significativa deles NÃO vivia, de maneira alguma, em harmonia naquele continente, pois está muito bem documentado que os massacres e a escravidão entre eles eram muito comuns.

Essa parte eu não sabia.

Mas aquela história da guerra com Monteiro Lobato está chegando muito perto do insólito. Quer dizer então que vamos perder toda a literatura de Castro Alves, vamos fazer desaparecer debaixo do tapete as inúmeras manifestações artísticas de uma época? Vamos usar uma peneira de granulometria larga para tapar a luz do sol?
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J.krisnamurti

Offline Canopus

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #28 Online: 28 de Outubro de 2012, 04:30:24 »
[...]
Na relação dos "mimimi"s faltou falar no tal Zumbi dos Palmares. Tendo sido importante na sua época, muito bem, mas hoje ele está enterrado. O que temos hoje em dia é um Joaquim Barbosa, um Pelé, que nunca foram submetidos a pelourinho. Temos uma Alcione, uma Benedita da Silva, que nunca foram mucama.
[...]

Além disto pelo menos dois dos supracitados tem vários casos bem documentados de comportamento ético pouco condizente, sendo um deles um futebolista renomado e a outra uma política de esquerda com orientação cristã evangélica.

Eu sabia que ia apertar alguns calos quando dei aqueles exemplos... :)
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J.krisnamurti

Offline JJ

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #29 Online: 28 de Outubro de 2012, 06:49:57 »
Não sei se é impressão minha por ter vivido tanto tempo fora, mas o Brasil me passa hoje uma impressão de que o coitadinho está na moda. Todo mundo é coitado, o negro atual é coitado porque o tatataravo dele foi escravo, mulheres sao coitadas porque a avó delas era dona de casa, os brasileiros sao coitados porque a colonização foi prejudicial. Não vejo outros povos que foram oprimidos de outros países fazendo isso.

É a cultura ibérica, que desvaloriza o trabalho. Tais coitadismos são panos de fundo para se pleitear privilégios.





A valorização positiva de alguma coisa  é diretamente ligada à satisfação de alguma  necessidade/ ao  prazer que essa coisa fornece.


A valorização, positiva ou negativa, de algo é um fenômeno subjetivo. Depende da necessidade do sujeito, e do prazer ou desprazer  que ele sente com a ação ou objeto.



Ninguém é obrigado a valorizar algo que lhe dá desprazer.



Geralmente ocorre e faz sentido, que um dono de empresa,  que fica mais rico a cada dia de trabalho ( e com isso aumenta sua possibilidade de obter mais prazer)  e/ou  que  obtém prazer exercitando o poder que tem sobre os seus funcionários  e/ou  executando o próprio trabalho em si,  sinta -se bem/gratificado,  e conseqüentemente valorize  positivamente  o  seu  trabalho.


Já um funcionário baixo,  como um operário, muitas vezes não obtém  prazer em exercer o seu trabalho, muitas vezes o trabalho é  fonte de muito desprazer, que nem sequer é compensado pelo quantia em dinheiro que ele recebe, pois muitas vezes a quantia recebida é insuficiente para atender de forma suficientemente bem as suas necessidades,  o resultado é que nem diretamente e nem indiretamente ( com o dinheiro ganho)  o operário  ( ou outro baixo funcionário semelhante)  obtém prazer suficiente ( no caso do prazer indireto via dinheiro recebido)  a partir de seu trabalho.  Portanto é perfeitamente lógico que ele não goste de trabalhar.



Tanto quanto é perfeitamente lógico que no exemplo acima, do patrão, ele ame o seu trabalho, pois este lhe é fonte de prazer direto  e indireto.








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« Última modificação: 28 de Outubro de 2012, 07:09:51 por JJ »

Offline Pasteur

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #30 Online: 28 de Outubro de 2012, 09:25:03 »
Você pode me apontar o dedo e dizer que eu não sofro (sofri) na pele o sabor amargo da discriminação racial. Pois é. Por isso que eu declarei parágrafos acima que eu gostaria nessa hora de ser negro. Não sou. Pior: sou um branco típico e de boa aparência. É aí que está a fraqueza das minhas afirmações. Mas tudo o que eu disse continua valendo, um alegado passado não pode se perpetuar, agora em privilégios e benesses que julgam cor de pele.

Canopus, o fato de você ser um branco bonito não enfraquece suas afirmações. Como você mesmo disse o que vale são as idéias. Também sou contra as benesses dadas ao negro sem a meritocracia. Não sei porque essa idéia ridícula, agora vamos viver do passado? E outra, os negros com seu físico privilegiado, sua pele privilegiada e nenhuma outra característica inferior, não deveria se sentir "coitadinho" em relação aos brancos e acho que nem se sentem. Eu preferiria ser um negro bonito do que um branco bonito.
« Última modificação: 28 de Outubro de 2012, 09:32:03 por Pasteur »

Offline Pasteur

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #31 Online: 28 de Outubro de 2012, 09:28:56 »
Uma das coisas que me deixa mais furioso em relação ao assunto, no aspecto que diz respeito aos negros trazidos da África como escravos, é que uma parte muito significativa deles NÃO vivia, de maneira alguma, em harmonia naquele continente, pois está muito bem documentado que os massacres e a escravidão entre eles eram muito comuns.

Geo, não entendi direito o que você quis dizer.

Offline Hold the Door

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #32 Online: 28 de Outubro de 2012, 10:29:07 »
Uma das coisas que me deixa mais furioso em relação ao assunto, no aspecto que diz respeito aos negros trazidos da África como escravos, é que uma parte muito significativa deles NÃO vivia, de maneira alguma, em harmonia naquele continente, pois está muito bem documentado que os massacres e a escravidão entre eles eram muito comuns.

Geo, não entendi direito o que você quis dizer.


Ele está se referindo a idéia muito divulgada de que os africanos viviam felizes e contentes em suas tribos na África até que foram brutalmente escravizados pelo homem branco.

A África nunca foi um continente pacífico. As várias tribos viviam em guerra e a escravidão dos vencidos era algo comum lá. A maioria dos escravos trazidos para a América eram prisioneiros de guerra ou pessoas capturadas pelos próprios pares para esse fim. Para os africanos, vender escravos para os brancos era um negócio como qualquer outro.
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Offline Geotecton

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #33 Online: 28 de Outubro de 2012, 10:32:44 »
Uma das coisas que me deixa mais furioso em relação ao assunto, no aspecto que diz respeito aos negros trazidos da África como escravos, é que uma parte muito significativa deles NÃO vivia, de maneira alguma, em harmonia naquele continente, pois está muito bem documentado que os massacres e a escravidão entre eles eram muito comuns.

Geo, não entendi direito o que você quis dizer.

Não é algo diretamente ligado ao assunto.

Ao longo dos últimos 50 anos vem sendo documentada, mostrada e entendida a degradação que as pessoas negras sofreram desde o início do século XVI.

Mas nos últimos 20 anos algumas pessoas, principalmente motivadas por ideologia e sem base histórica nenhuma, lançaram a ideia de que "todas as pessoas negras viviam em uma perfeita harmonia no seu continente natal, e que foi perturbarda pela chegada do homem branco, europeu e cristão". Tem um professor universitário de História estadunidense, do qual eu não lembro o nome agora, que defende arduamente esta hipótese ridícula chamando os negros de "povos da luz" (alegres, cordatos, honestos ou algo muito similar) e os brancos europeus de "povos do gelo" (sisudos, violentos, desonestos ou algo muito similar). Alguns integrantes do movimento negro brasileiro são da mesma opinião.
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Offline Pasteur

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #34 Online: 28 de Outubro de 2012, 10:36:28 »
Angelo e Geotecton, thanks.  :ok:

Offline JJ

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #35 Online: 28 de Outubro de 2012, 11:18:09 »


É a cultura ibérica, que desvaloriza o trabalho. Tais coitadismos são panos de fundo para se pleitear privilégios.

É a cultura ibérica, que desvaloriza o trabalho. Tais coitadismos são panos de fundo para se pleitear privilégios.










A historinha da Carochinha  de que as pessoas deveriam gostar/amar o seu trabalho de forma incondicional/de forma independente  de  que este lhes dê prazer suficiente (diretamente e/ou indiretamente),  é uma das táticas utilizadas  por muitos  proprietários para se obter  empregados obedientes/cordeirinhos.



Mas é uma tática facilmente desmascarada por quem entende pelo menos um pouco  de psicologia/
e sociologia.



Este é um dos motivos  pelos quais muitos proprietários de propriedades privadas  (e de seus fãs/bajuladores) não gostam e até detestam Ciências Sociais.



As Ciências Sociais e a psicologia desmascaram as relações de poder/jogos de poder  que existem na sociedade.


Daí a raiva e/ou desprezo...




 8-)




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« Última modificação: 28 de Outubro de 2012, 11:22:35 por JJ »

Offline Laura

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #36 Online: 28 de Outubro de 2012, 11:25:09 »
Uma das coisas que me deixa mais furioso em relação ao assunto, no aspecto que diz respeito aos negros trazidos da África como escravos, é que uma parte muito significativa deles NÃO vivia, de maneira alguma, em harmonia naquele continente, pois está muito bem documentado que os massacres e a escravidão entre eles eram muito comuns.

Geo, não entendi direito o que você quis dizer.

Pasteur, apenas complementando as explicações de Angelo e Geotecton... :wink:

Grupos rivais escravizavam os prisioneiros* de conflitos e os trocavam com árabes e europeus, que não adentraram o continente africano capturando pessoas. Se não fosse por isso, a escravização dos negros em larga escala não teria sido possível, pois seria arriscada, além de muito mais demorada e cara. No caso do Brasil, os navios negreiros partiam carregados com os gêneros para a troca (cachaça, tabaco, armas, manufaturados e comidas) e retornavam com os escravos. Assim, os africanos tiveram uma papel fundamental para a escravização dos negros.

Embora não exista documentação, alguns historiadores afirmam que relatos da época atestam a existência de escravos no Quilombo dos Palmares, além de mulheres sequestradas de vilarejos e casos de assassinato de prisioneiros que tentaram fugir. Uma das razões seria o fato de que os negros que vieram para o Brasil tinham em suas localidades de origem uma cultura com muita rigidez hierárquica social, praticamente monarquias, com acúmulos de escravos, súditos, generais, etc. Ou seja, Zumbi dos Palmares não foi, necessariamente, o líder revolucionário libertário e idealista como acredita e divulga a maioria.

Foram na Inglaterra os primeiros protestos baseados em preceitos de igualdade étnica e foi com o Iluminismo europeu que se disseminou nos Estados Unidos, por volta de 1780, que o sistema escravocrata começou a enfraquecer. Não é impossível, mas apenas bem pouco provável que Zumbi dos Palmares tenha tido essa consciência humanista, estando tão distante dos ideais de igualdade e tão próximo dos povos africanos com rígidas estruturas entre nobres e servos.   

* A troca dos prisioneiros era a mais comum, mas também trocavam membros da comunidade, em caso de roubo, assassinato, adultério, indivíduos penhorados como garantia do pagamento de dívidas e até mesmo por necessidade.
« Última modificação: 28 de Outubro de 2012, 15:56:10 por Laura »

Offline Geotecton

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #37 Online: 28 de Outubro de 2012, 11:37:11 »
A historinha da Carochinha  de que as pessoas deveriam gostar/amar o seu trabalho de forma incondicional/de forma independente  de  que este lhes dê prazer suficiente (diretamente e/ou indiretamente),  é uma das táticas utilizadas  por muitos  proprietários para se obter  empregados obedientes/cordeirinhos.

Quem não estiver contente com o seu ambiente de trabalho, em âmbito corporativo privado, que peça a sua demissão. No meu segundo trabalho como profissional, feito há mais de 25 anos como recém-formado, fiz exatamente isto.

O trabalho nem sempre é gratificante para muitos entes produtivos, sejam eles patrões ou empregados, sendo que tal idiossincrasia ocorre desde que foi estabelecida a primeira relação de trabalho entre dois agentes.

Então é irritante observar a propagação desta mentira deslavada de que os "empreendedores, que são os opressores-mor e os beneficiários da mais-valia, sempre estão satisfeitos" ao passo que os "empregados, que são seres divinos e de muita bondade, são predados no ambiente de trabalho".

Os defensores da tolice supra, devidamente ironizada, deveriam experimentar ser empresários, colocando em risco os seus bens pessoais e de sua família por causa da atividade que desenvolvem.

Tenho certeza que parariam de escrever besteiras.  :)


Mas é uma tática facilmente desmascarada por quem entende pelo menos um pouco  de psicologia/
e sociologia.

Não existe tática e nem precisa de "blá-blá-blá".

A vida nunca foi fácil a não ser para um punhado de pessoas, por diversas razões.


Este é um dos motivos pelos quais muitos pelos quais muitos proprietários de propriedades privadas  (e de seus fãs/bajuladores) não gostam e até detestam Ciências Sociais.

Eu não detesto "ciências sociais" porque os "contos-de-fadas" e a "mitologia" fazem parte do conhecimento humano.  :P


As Ciências Sociais e a psicologia desmascara as relações de poder/jogos de poder  que existem na sociedade.

Sim. E geralmente esta "revelação" é feita por alguém que vive no e do Estado.

Coincidência?  :)


Daí a raiva e/ou desprezo...
 8-)

"Raiva" eu sinto é daqueles que tem seus proventos garantidos não porquê realmente produzam para a sociedade, com tudo que há de bom e ruim na vida privada, e sim porquê estão sob a "proteção" de um sistema corporativo que é legal, mas muitas vezes anti-ético.


P. S.

A palavra "raiva" foi colocada em um contexto puramente retórico.
« Última modificação: 28 de Outubro de 2012, 11:54:46 por Geotecton »
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Offline Dr. Manhattan

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #38 Online: 28 de Outubro de 2012, 11:45:32 »
Uma das coisas que me deixa mais furioso em relação ao assunto, no aspecto que diz respeito aos negros trazidos da África como escravos, é que uma parte muito significativa deles NÃO vivia, de maneira alguma, em harmonia naquele continente, pois está muito bem documentado que os massacres e a escravidão entre eles eram muito comuns.

Geo, não entendi direito o que você quis dizer.

Pasteur, apenas complementando as explicações de Angelo e Geotecton... :wink:

Grupos rivais escravizavam os prisioneiros* de conflitos e os trocavam com árabes e europeus, que não adentraram o continente africano capturando pessoas. Se não fosse por isso, a escravização dos negros em larga escala não teria sido possível, pois seria arriscada, além de muito mais demorada e cara. No caso do Brasil, os navios negreiros partiam carregados com os gêneros para a troca (cachaça, tabaco, armas, manufaturados e comidas) e retornavam com os escravos. Assim, os africanos tiveram uma papel fundamental para a escravização dos negros.

Embora não exista documentação, alguns historiadores afirmam que relatos da época atestam a existência de escravos no Quilombo dos Palmares, além de mulheres sequestradas de vilarejos e casos de assassinato de prisioneiros que tentaram fugir. Uma das razões seria o fato de que os negros que vieram para o Brasil tinham em suas localidades de origem uma cultura com muita rigidez hierárquica social, praticamente monarquias, com acúmulos de escravos, súditos, generais, etc. Ou seja, Zumbi dos Palmares não foi, necessariamente, o líder revolucionário libertário e idealista como acredita e divulga a maioria.

Foi na Inglaterra os primeiros protestos baseados em preceitos de igualdade étnica e foi com o Iluminismo europeu que se disseminou nos Estados Unidos, por volta de 1780, que o sistema escravocrata começou a enfraquecer. Não é impossível, mas apenas bem pouco provável que Zumbi dos Palmares tenha tido essa consciência humanista, estando tão distante dos ideais de igualdade e tão próximo dos povos africanos com rígidas estruturas entre nobres e servos.   

* A troca dos prisioneiros era a mais comum, mas também trocavam membros da comunidade, em caso de roubo, assassinato, adultério, indivíduos penhorados como garantia do pagamento de dívidas e até mesmo por necessidade.

Complementando os trechos em negrito: segundo li, os europeus escravizaram os negros africanos essencialmente por dois motivos: (1) Os nativos americanos haviam sido dizimados por doenças trazidas pelos europeus, enquanto os africanos pareciam resistir melhor a doenças como a malária e (2) porque o tráfico em si era um grande negócio: os ingleses, por exemplo, levavam produtos manufaturados para trocar por escravos, que em seguida eram levados para o Caribe para serem trocados por açúcar, que por sua vez era levado para a Inglaterra para ser vendido no continente.

Sobre o outro trecho: uma coisa que temos que dar o braço a torcer é o fato de que o abolicionismo teve sua raiz em um movimento de cunho religioso na Inglaterra. Foi um movimento de base, que sofreu bastante resistência do establishment britânico de então. Foi apenas mais tarde que ele recebeu um viés econômico. Ele também foi influenciado por ideias do Iluminismo e pelo liberalismo político, mas é bom lembrar que Napoleão não embarcou nessa realmente.
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Alan Watts

Offline _tiago

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #39 Online: 28 de Outubro de 2012, 13:09:42 »
A historinha da Carochinha  de que as pessoas deveriam gostar/amar o seu trabalho de forma incondicional/de forma independente  de  que este lhes dê prazer suficiente (diretamente e/ou indiretamente),  é uma das táticas utilizadas  por muitos  proprietários para se obter  empregados obedientes/cordeirinhos.
Mas é uma tática facilmente desmascarada por quem entende pelo menos um pouco  de psicologia/e sociologia.
Este é um dos motivos  pelos quais muitos proprietários de propriedades privadas  (e de seus fãs/bajuladores) não gostam e até detestam Ciências Sociais.
As Ciências Sociais e a psicologia desmascaram as relações de poder/jogos de poder  que existem na sociedade.
Daí a raiva e/ou desprezo...
Relações de poder são anteriores ao homem, por efeito, anterior aos terríveis capitalistas (vide qualquer grupo de primatas, por exemplo) e nem por isso são danosas ou prejudiciais (vide uma família, empresas, uma orquestra ou qualquer nação) a quem nela encontra-se submetida. É o diabo que assopra na sua orelha fantasias de utopias.

Li, não me recordo onde, que relações de poder evoluem em contextos onde alguma liderança é melhor que qualquer anarquia, pois um grupo que não se entende tende a se desintegrar mais fácil que um grupo sob a batuta de um líder. Por isso, ainda que eu não me recorde da fonte, exemplo prático é o que não sobra.

Outra, o proprietário não é um ente malévolo que se utiliza de táticas conscientes pra manter seus funcionários como cordeiros. Capitalistas são pessoas e, como tais, existem nas suas mais diversas formas. Pra isso existe a legislação trabalhista: pra proteger qualquer funcionário de arbitrariedades. Veja: outra relação de poder: entra o estado e o proprietário! A meu ver, é exageradamente pró trabalhador, o que prejudica o proprietário e, por efeito talvez somente na minha imaginação, prejudica ainda mais o funcionário, mas... Não vem ao caso. :)

Por fim, e por incrível que pareça, existe gente que gosta do próprio trabalho. Não existe um único emprego no mundo, existem diversos. Tem gente que se encontra, tem gente que se habitua, e tem gente que odeia o que faz pela vida inteira. Ou você acha que sair pra caçar mamutes é mais interessante? Quem sabe cultivar uma hortinha, isolar-se do mundo e viver do que se planta? Eu prefiro qualquer trabalho: 8 horas, comida do mercado, TV, livros, transporte público.

PS: o capitalismo é só a forma natural das pessoas se relacionarem. Eu tenho uma coisa que você gostaria, vamos trocar? Obviamente, como qualquer sistema, pode ser danoso: como foi a Revolução Industrial nos seus primórdios em muitos locais. Mas isso não decorre do capitalismo em si, mas das pessoas. Tanto que hoje, a história é outra.

Offline Sr. Alguém

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #40 Online: 28 de Outubro de 2012, 13:18:22 »
Uma das coisas que me deixa mais furioso em relação ao assunto, no aspecto que diz respeito aos negros trazidos da África como escravos, é que uma parte muito significativa deles NÃO vivia, de maneira alguma, em harmonia naquele continente, pois está muito bem documentado que os massacres e a escravidão entre eles eram muito comuns.

Essa parte eu não sabia.

Mas aquela história da guerra com Monteiro Lobato está chegando muito perto do insólito. Quer dizer então que vamos perder toda a literatura de Castro Alves, vamos fazer desaparecer debaixo do tapete as inúmeras manifestações artísticas de uma época? Vamos usar uma peneira de granulometria larga para tapar a luz do sol?
Não li muito da poesia de Castro Alves mas até onde sei ele era abolicionista, e denunciava o horror da escravidão como em Navio Negreiro.Já Monteiro Lobato era eugenista assumido e via os negros e pardos como um entrave à civilização e que seriam extintos ou por miscigenação (no Brasil) ou por esterilização (nos EUA).
Se você acha que sua crença é baseada na razão, você a defenderá com argumentos e não pela força e renunciará a ela se seus argumentos se mostrarem inválidos. (Bertrand Russell)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo_secular
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismo_social

Offline Pasteur

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #41 Online: 28 de Outubro de 2012, 14:35:55 »
Laura e Dr. Manhattan, muito interessante!  :) Um raciocínio baseado em fatos reais se evita que se fique "viajando na maionese"!

Offline Canopus

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #42 Online: 28 de Outubro de 2012, 18:26:38 »
Laura e Dr. Manhattan, muito interessante!  :) Um raciocínio baseado em fatos reais se evita que se fique "viajando na maionese"!

Realmente, excelentes adendos tanto de Laura quanto de Dr. Manhattan!
Muito do que vocês acrescentaram ao debate eu também não sabia. Com essas novas informações eu consigo ter um quadro muito mais claro do que tinha quando estudei história no colégio.  :clapping:
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Offline Canopus

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #43 Online: 28 de Outubro de 2012, 18:31:45 »
Não li muito da poesia de Castro Alves mas até onde sei ele era abolicionista, e denunciava o horror da escravidão como em Navio Negreiro.Já Monteiro Lobato era eugenista assumido e via os negros e pardos como um entrave à civilização e que seriam extintos ou por miscigenação (no Brasil) ou por esterilização (nos EUA).

A referência a Castro Alves é somente pelo fato da intenção de muitos que se dizem "defensores da igualdade racial" tentarem encobrir fatos históricos com censura. "Vamos amordaçar Monteiro Lobato, porque disse que Tia Anastácia parece macaca e tem pele negra como tição e também, por tabela, vamos eliminar as poesias que falavam de navios negreiros."

A arte representou, e representa, uma manifestação cultural de um povo, de uma nação, contextualizada em sua própria época. Não se pode mexer nisso.
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Offline Laura

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #44 Online: 28 de Outubro de 2012, 20:03:37 »
Complementando os trechos em negrito: segundo li, os europeus escravizaram os negros africanos essencialmente por dois motivos: (1) Os nativos americanos haviam sido dizimados por doenças trazidas pelos europeus, enquanto os africanos pareciam resistir melhor a doenças como a malária e (2) porque o tráfico em si era um grande negócio: os ingleses, por exemplo, levavam produtos manufaturados para trocar por escravos, que em seguida eram levados para o Caribe para serem trocados por açúcar, que por sua vez era levado para a Inglaterra para ser vendido no continente.

Sobre o outro trecho: uma coisa que temos que dar o braço a torcer é o fato de que o abolicionismo teve sua raiz em um movimento de cunho religioso na Inglaterra. Foi um movimento de base, que sofreu bastante resistência do establishment britânico de então. Foi apenas mais tarde que ele recebeu um viés econômico. Ele também foi influenciado por ideias do Iluminismo e pelo liberalismo político, mas é bom lembrar que Napoleão não embarcou nessa realmente.

 :ok:

A arte representou, e representa, uma manifestação cultural de um povo, de uma nação, contextualizada em sua própria época. Não se pode mexer nisso.

Concordo. :wink:

Offline JJ

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #45 Online: 31 de Outubro de 2012, 06:37:06 »
A historinha da Carochinha  de que as pessoas deveriam gostar/amar o seu trabalho de forma incondicional/de forma independente  de  que este lhes dê prazer suficiente (diretamente e/ou indiretamente),  é uma das táticas utilizadas  por muitos  proprietários para se obter  empregados obedientes/cordeirinhos.
Mas é uma tática facilmente desmascarada por quem entende pelo menos um pouco  de psicologia/e sociologia.
Este é um dos motivos  pelos quais muitos proprietários de propriedades privadas  (e de seus fãs/bajuladores) não gostam e até detestam Ciências Sociais.
As Ciências Sociais e a psicologia desmascaram as relações de poder/jogos de poder  que existem na sociedade.
Daí a raiva e/ou desprezo...
Relações de poder são anteriores ao homem, por efeito, anterior aos terríveis capitalistas (vide qualquer grupo de primatas, por exemplo) e nem por isso são danosas ou prejudiciais (vide uma família, empresas, uma orquestra ou qualquer nação) a quem nela encontra-se submetida.



Uau !  Realmente não há problema em ser escravo ...



 8-)


Gostei dessa piada conte-me outra.


 :hihi:



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Offline JJ

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #46 Online: 31 de Outubro de 2012, 06:40:09 »
Parece que tem gente que gosta de ser  submisso...



 :hihi:


É... existe gosto para tudo...



 :hihi:


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Offline Barata Tenno

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #47 Online: 31 de Outubro de 2012, 07:06:52 »
Criou um espantalho, bateu e fugiu do foco.......

Olha o nível caindo....
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Offline Osler

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #48 Online: 31 de Outubro de 2012, 09:37:26 »
A historinha da Carochinha  de que as pessoas deveriam gostar/amar o seu trabalho de forma incondicional/de forma independente  de  que este lhes dê prazer suficiente (diretamente e/ou indiretamente),  é uma das táticas utilizadas  por muitos  proprietários para se obter  empregados obedientes/cordeirinhos.

Quem não estiver contente com o seu ambiente de trabalho, em âmbito corporativo privado, que peça a sua demissão. No meu segundo trabalho como profissional, feito há mais de 25 anos como recém-formado, fiz exatamente isto.

O trabalho nem sempre é gratificante para muitos entes produtivos, sejam eles patrões ou empregados, sendo que tal idiossincrasia ocorre desde que foi estabelecida a primeira relação de trabalho entre dois agentes.

Então é irritante observar a propagação desta mentira deslavada de que os "empreendedores, que são os opressores-mor e os beneficiários da mais-valia, sempre estão satisfeitos" ao passo que os "empregados, que são seres divinos e de muita bondade, são predados no ambiente de trabalho".

Os defensores da tolice supra, devidamente ironizada, deveriam experimentar ser empresários, colocando em risco os seus bens pessoais e de sua família por causa da atividade que desenvolvem.

Tenho certeza que parariam de escrever besteiras.  :)

Se não me engano tinha um sujeito que falava sobre isso...
Luta de classes, alienação do trabalhador...
Só não me lembro se foi Grouxo, Harpo ou aquele barbudo :biglol:

“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline Geotecton

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Re:Bebê macaco que parece Albert Einstein
« Resposta #49 Online: 31 de Outubro de 2012, 11:28:14 »
A historinha da Carochinha  de que as pessoas deveriam gostar/amar o seu trabalho de forma incondicional/de forma independente  de  que este lhes dê prazer suficiente (diretamente e/ou indiretamente),  é uma das táticas utilizadas  por muitos  proprietários para se obter  empregados obedientes/cordeirinhos.

Quem não estiver contente com o seu ambiente de trabalho, em âmbito corporativo privado, que peça a sua demissão. No meu segundo trabalho como profissional, feito há mais de 25 anos como recém-formado, fiz exatamente isto.

O trabalho nem sempre é gratificante para muitos entes produtivos, sejam eles patrões ou empregados, sendo que tal idiossincrasia ocorre desde que foi estabelecida a primeira relação de trabalho entre dois agentes.

Então é irritante observar a propagação desta mentira deslavada de que os "empreendedores, que são os opressores-mor e os beneficiários da mais-valia, sempre estão satisfeitos" ao passo que os "empregados, que são seres divinos e de muita bondade, são predados no ambiente de trabalho".

Os defensores da tolice supra, devidamente ironizada, deveriam experimentar ser empresários, colocando em risco os seus bens pessoais e de sua família por causa da atividade que desenvolvem.

Tenho certeza que parariam de escrever besteiras.  :)

Se não me engano tinha um sujeito que falava sobre isso...
Luta de classes, alienação do trabalhador...
Só não me lembro se foi Grouxo, Harpo ou aquele barbudo :biglol:

O único Marx que tem algo para ser considerado seriamente em sua carreira é o Grouxo.  :P
Foto USGS

 

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