Janaína Paschoal destrói de uma vez por todas o petismo de academia28/06/2016,
Nunca orientei pessoas só afinadas ao que eu penso. Aliás, ao contrário, sempre gostei de lidar com alunos divergentes. Claro que há um espaço limite para a divergência: há coisas que são crimes universais, que nos repugna, e não há razão de querer ter um aluno que apoia a barbárie. Mas, em geral, esse tipo de aluno nem chega a fazer um mestrado ou um doutorado. O campo da pesquisa é difícil, sobram poucos. Os poucos que sobram são, não raro, civilizados.
É verdade também que muitos orientadores de esquerda, inclusive alguns até politicamente engajados, orientam alunos conservadores. Há por aí vários conservadores conhecidos que foram orientados por ultra-bolcheviques da USP. Não é verdade que a esquerda em geral visa doutrinar, ao menos não no âmbito da pós-graduação. Mas, é verdade sim que, no âmbito da graduação, há um setor de professores que, enfim, por mecanismos de doação de bolsas, alimenta corriolas. Isso ocorre por meio de vínculos que tem a ver com direita e esquerda, mas que logo se mostram como vínculos efetivos de vassalagem. Como os partidos de esquerda têm presença organizada na universidade, e não atomizada como a direita atual, eles levam a culpa de serem mais doutrinários. Quem aparece mais, mais fama leva. Eu mesmo já fui vítima de grupos de esquerda invadindo minha sala de aula com violência, e tive de enfrentá-los sozinho. Falavam mentiras sobre mim. Foram instruídos por outros professores (que depois apareceram sem querer na imprensa, confessando) para fazer isso. Jamais leram um livro meu. Nessa manifestação, uma aluna visivelmente abobada, carregava uma faixa: “ir no Jô Soares não é sinônimo de qualidade”. Ou seja, havia ali algum professor esquerdete magoado por conta da minha visibilidade para fora dos muros acadêmicos, e que fez dessa aluna abobada um ser vivo mais abobado ainda. O que eu vi, então, foi uns tolos “orientandos” de tal professora, esses tolos que estão na sopa do feminismo-petismo-PSTUímsmo etc. Vieram com cartazes, instruídos pela chefa. Conhecemos bem esse tipo de gente. Todo mundo conhece. Não há um professor sério, mesmo de esquerda, que não tenha brigado com aquele aluno que faz piquete em sala de aula exigindo greve tirada em assembléia esvaziada. Todo mundo na universidade lida com essa prática de uma esquerda fascistóide.
Bem, mas o que está ocorrendo agora? E o que tem a ver Janaína Paschoal com isso, como está no título deste texto?
Agora, os petistas querem manchar a professora Janaína Paschoal, minha amiga, dizendo que o juiz que ordenou a prisão do ladrão de aposentados, o ex-ministro de Lula e Dilma, Paulo Bernardo, é orientando da professora uspiana. E daí? Para mim, ótimo. Eu não precisaria de nenhuma resposta, não vejo problema nisso. Mas Janaína preferiu responder, principalmente ao senador Lindberg, o autor no Congresso dessas acusações. E Janaína respondeu: “o petista mede o outro pela sua régua, ou seja, como não tem orientando, só vassalo, acha que outros são assim”. E completou: “é esse tipo de comportamento, inadmissível na universidade, que temos de acabar”.
De fato, volto a insistir: a universidade tem muito mais professores na pós graduação que permitem pensamentos divergentes. Principalmente a USP. Mas, sabemos bem, no âmbito geral, os grupelhos de vassalos que se formam por vínculos aparentemente doutrinários, existem e fazem barulho. Conhecemos como agem. E sabemos que fazem planos em cozinhas, aqui e ali, inclusive para tentar dominar departamentos, fazendo contratações que interessam ao fortalecimento do grupelho, e seduzindo alunos de graduação com bolsas. A redução do trabalho universitário à vassalagem, sabemos bem, foi uma prática de professores de direita durante a Ditadura Militar, mas temos hoje clareza que essa prática contaminou as esquerdas. O movimento “É golpe”, no interior da universidade atual, mostra garrinhas por meio do sistema de bolsas que, enfim, é um nojo. A quadrilha petista, com seu comportamento na política em geral, e na política universitária em particular, tem feito um mal imenso aos ideias nobres da esquerda, oriundos de reflexões filosóficas generosas.
Creio que o que Janaína falou para Lindberg lavou a alma de muitos brasileiros. Mostra, inclusive contra a direita que vive falando mal da USP, que esta direita está errada na sua avaliação. A universidade tem muita gente séria. Tomara que a USP comece a ser vista pela sociedade pelo exemplo de Janaína, e não pela má propaganda que conservadores fazem dela, por fora, e que petistas produzem no exterior, por conta de seus comportamentos interno.
Paulo Ghiraldelli, 58, filósofo
PS: Janaína Paschoal foi tida como “louca”, “possuída” pela crítica petista, porque girou a bandeira nacional em comício, ficando com os cabelos ao vento. O petismo não admite que uma mulher gire a bandeira nacional ou se descabele. Todas as mulheres têm que obedecer o padrão de comportamento do feminismo petista, ou seja, serem bem comportadas no ato (pago pela prefeitura de S. Paulo) de defecação no vão do Masp. Girar bandeira brasileira, isso não!
http://ghiraldelli.pro.br/filosofia/janaina-paschoal.html