Parasitas em geral, que podem perder tanta função a ponto de se tornarem completamente dependentes dos hospedeiros, ou cobras/lagartos perdendo as pernas.
A segunda pergunta do Novag é um dos principais mal-entendidos que as pessoas costumam ter sobre evolução: Evolução não é sinônimo de melhoria/aperfeiçoamento, com já bem mencionado.
E realmente, pelo menos nesse ponto, eu continuo tendo esse problema com a definição de "Evolução". Isso porque, segundo o pai dos burros, evolução é:
Momento em que um sujeito, ser, ou qualquer outro tipo de vida passa de um estágio para outro; ou passa a ser algo mais complexo; ou ainda, tornar-se melhor em algo que se faz.
Acho que o termo "evolução" não foi cunhado para definir os conceitos biológicos de
"modificação na descendência" ou
"ancestralidade comum universal" -- os termos mais apropriados.
Se não me engano pelo menos nas primeiras edições de "sobre a origem das espécies", o termo não foi usado uma vez só. Ao mesmo tempo, antes de Darwin e alguns "concorrentes" também supunham mesmo que o processo tivesse um "rumo ao aperfeiçoamento", ou algo nessas linhas. E mesmo com seleção natural, há quem defenda que isso ocorre, porém que a "perfeição é relativa". Pode-se dizer que um parasita "mais perfeito" é um parasita que abandonou algumas funções que pode "roubar" do hospedeiro, por exemplo. É um pouco uma questão de semântica também.
Quando analiso coisas simples como a luz e o som, logo penso: Como a natureza se apercebe de que existe o som ou a luz para fazer receptores [ouvido e olhos] nos seres vivos?
Não sei se essa forma que está fraseando a coisa realmente tem muito a ver com a dificuldade de entender, até porque a resposta realmente não é algo imediatamente óbvia mesmo de outra forma. Mas me parece que essa forma de colocar a questão talvez possa ser especialmente improdutiva, mesmo se for só uma abstração, não pensar realmente na natureza como algo "antropomórfico", mas ao mesmo tempo "cega, surda e muda" e incapaz de "inventar", também passa distante daquilo que está ocorrendo na natureza.
As perguntas vão ser mais produtivas se forem mais nas linhas de "como organismos cegos/surdos poderiam se beneficiar adaptativamente de um rudimento primitivo de visão ou audição? O que poderia ser tal rudimento? Há exemplos de seres vivos em condições aproximadas? Quais poderiam ser sutis aprimoramentos vantajosos nessa condição? Há seres também nessa condição?"
E assim por diante, algumas vezes talvez tenha a sorte de encontrar análogos em variados degraus de "desenvolvimento" de uma função, tanto em espécies diferentes, como algumas vezes em estágios do desenvolvimento individual.
No caso de visão, você começa pensando sobre "luz", e não interage apenas com os olhos, mas também na forma de calor. E como pessoas com visão deteriorada ainda podem ter uma orientação rudimentar quando sem óculos, o que pode te levar a pensar em estruturas com células fotossensíveis dando alguma forma de "orientação" útil mesmo sem ainda ver "imagens" propriamente ditas. Talvez possa fazer analogia disso com sistemas de alarme, de detecção de intrusos que detectam apenas a interrupção do feixe de luz, e não uma imagem do intruso.
De qualquer forma, na maior parte do tempo alguém já terá feito as mesmas questões e ido atrás de responder isso, pode ser essa a profissão da pessoa. Eu tenho quase certeza que já postei link/imagens de algum(ns) estudo(s) sobre evolução da visão aqui no fórum, tinha toda uma série de possíveis estaǵios intermediários, e exemplos em organismos vivos.
Podemos falar do acaso, claro, mas sendo assim, o acaso tambem poderia construir outros "n"s aparelhos que não servem para nada; que não captam nenhum sentido que não existe.
O acaso não "dirige" o desenvolvimento da "aparelhos", apenas cria variações mais ou menos sutis (como as variações naturais não-patológicas dentro de uma espécie, ou entre espécies aproximadas; como lobos e raposas, ou esquilos e esquilos voadores). Apenas se estas variações conferem alguma vantagem adaptativa/reprodutiva que elas serão acumuladas ao longo das gerações, eventualmente originando um "novo aparelho".
Esse processo tem até alguma tolerância a desperdícios e a "desenhos" não muito funcionais, mas simplesmente não pode criar algo complexo e sem função. Pode
manter algo complexo que tenha
perdido a função, mas não vai criar algo "elaborado" que não confere nenhuma vantagem reprodutiva/adaptativa.