O pensamento da esquerda histórica sempre priorizou o coletivo em detrimento do individual. Então acho estranho a opinião deste professor.
Mas o liberalismo e o individualismo não foram uma "esquerda" que surgiu contra uma "direita" conservadora, religiosa, defensora de uma sociedade "orgânica" em que afinal valores "coletivos" deveriam sobrepor-se ao indivíduo e ao livre-pensamento? O problema é que muitos chegaram à conclusão de que o individualismo e o liberalismo geraram, por sua vez, uma "esquerda" mais radical que se tornou defensora do "coletivo" sobre o individual, impondo a lógica da "vontade geral" e depois a da "luta de classes" e de "ditadura de classe"..., mas sempre alegando que o objetivo final era a libertação de todos os indivíduos, mesmo que isso ficasse para o dia de São Nunca, por assim dizer... Então, o individualismo "original" começou a ser visto como posição de "direita" oposta à "igualdade"..., mas na verdade continua a haver uma "direita" muito conservadora que recusa o individualismo e uma esquerda "libertária" avessa a "coletivos", mas também há uma "direita" atual individualista e já muito pouco "conservadora"... A evolução e o correr do tempo misturou as coisas, alterou-as, mudou os pensamentos... E muito mais há para dizer...
Por isso, julgo interessante qual a resposta de cada um à questão levantada acima... Eu respondi "Concordo" precisamente por que me parece que está de acordo com a sensibilidade original da esquerda... dos livres-pensadores, do indivíduo face ao sistema em que vive (sempre conservador mesmo quando se diz revolucuionário)... Mas, por outro lado, hoje pode parecer uma afirmação completamente errada, indiciadora da defesa da desigualdade, do egoísmo, do ultraliberalismo, da falta de solidariedade. É uma pensamento repudiado pelos regimes de partido únicos ditos de esquerda (de facto conservadores na defesa da sua exclusividade)... Há algo de paradoxal que surpreende e torna a resposta "concordo/discordo" menos fácil do que poderia parecer à primeira vista...