Uma outra pergunta, relacionada ao PSF:
Quando comecei a ter contato com o PSF, uma as coisas que me chamou a atenção foi o grau de "intromissão" na vida das pessoas que o programa oficialmente prescreve. Deve-se colher informações sobre todas as famílias para se fazer trabalhos de prevenção e promoção da saúde. As informações não se resumem a questões puramente sanitárias, deve-se pesquisar e registrar informações econômicas, sociais, psicológicas, culturais e etc (ex: onde trabalha, o que costuma fazer nas horas de folga, com quem se relaciona, com quem tem contato frequente, etc).
Tecnicamente falando, o programa está correto em asseverar que os problemas de saúde não se resumem às doenças em si e que toda informação é importante para se planejar medidas de intervenção. Entretanto, eu achei o programa "intrusivo" demais na vida das pessoas (íntima inclusive). Vi agentes de saúde comentando detalhes da vida de diversas pessoas, como se fosse uma roda de fofoca.
É interessante também ver que apenas as pessoas pobres ou miseráveis são registradas e incluídas com êxito nesse esquema de coleta de informações, busca ativa e intervenções. As casas de classe média para cima costumam não aceitar essa intervenção, até porque eles não precisam constantemente do atendimento do SUS.
Considerando que o grau de ignorância, pobreza e preguiça das classes atendidas é ainda tremendo, essa forma de intervir é muito boa e eficaz (na minha opinião), dado que até as coisas mais simples esse pessoal não costuma fazer pela própria saúde. Entretanto, eu pergunto: até quando essa política será necessária?
As cartilhas do PSF o colocam como algo permanente, que veio para ficar para sempre, mas como eu acredito que há uma tendência da população a aumentar a renda e o nível de educação com o tempo, acredito que esse esquema intervencionista do PSF terá que ser deixado de lado devido à crescente rejeição da própria população-alvo.