Quando eu ainda era criança aprendi a sufocar meus desejos, sonhos e opiniões, pois sempre que eu tentava dizer algo, alguém logo interferia, admoestando-me a ficar em silêncio. Assim, cresci acreditando que o mundo era mais importante do que eu e, por isso, fiquei mudo por muito tempo apenas observando as coisas e as pessoas, deixando-me levar pelo rumo dos acontecimentos. Entretanto, hoje, após o meio dia da minha vida, rompi o silêncio, mas as pessoas continuam pedindo para que me cale, não mais por acharem que não sei o que digo, mas por deixá-los perturbados com meus argumentos e objeções. No entanto, há apenas um problema, ou seja, depois que aprendi a falar esqueci-me de como se fica mudo. Minhas palavras, entretanto, não se baseiam apenas naquilo que as pessoas querem ouvir, mas antes no que eu imagino ser verdade. Isto porque penso que já há muita hipocrisia no mundo e eu não pretendo engrossar a fila dos hipócritas e ainda que eu vá para a fogueira por minhas ideias, opiniões e crenças (e descrenças), isso não me incomoda mais do que o fato de ser impedido de manifestá-las. Ninguém é dono da verdade, por isso ninguém deve sentir-se magoado ou diminuído porque um parente, um amigo ou mesmo um estranho tenha ideias, crenças e opiniões diferentes. As diferenças são importantes pois nos dão a oportunidade de equilibrarmos nossas escolhas e vislumbrarmos novas possibilidades de crescimento, mas para tanto é necessário termos, sempre, a mente aberta e acima de tudo, estarmos preparados para aceitar a relatividade de tudo. Alguém discorda de que devemos ser autênticos, ainda que isso nos custe o convívio social?