Autor Tópico: Os acertos de Marx  (Lida 1441 vezes)

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Offline Dr. Manhattan

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Os acertos de Marx
« Online: 13 de Setembro de 2013, 17:24:27 »
Este tópico é uma tentativa de diminuir o abismo da minha ignorância acerca de economia e da obra de Marx.

Acho que só os marxistas mais fanáticos acreditam que suas ideias não precisam de reparos. Porém, sei muito do que Marx escreveu ainda é levado em consideração nas escolas de economia. Vejo muitas críticas por aqui a algumas ideias marxistas, como a da Mais Valia [1], mas gostaria de saber em que pontos existe um consenso de que ele acertou. Pessoalmente, sou simpático à sua ideia de alienação, mas ainda não pesquisei a fundo sobre isso.


[1] Por sinal, acho os argumentos em sua defesa logicamente falhos.
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Alan Watts

Offline Eu

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Re:Os acertos de Marx
« Resposta #1 Online: 21 de Setembro de 2013, 17:43:56 »
Este tópico é uma tentativa de diminuir o abismo da minha ignorância acerca de economia e da obra de Marx.

Acho que só os marxistas mais fanáticos acreditam que suas ideias não precisam de reparos. Porém, sei muito do que Marx escreveu ainda é levado em consideração nas escolas de economia. Vejo muitas críticas por aqui a algumas ideias marxistas, como a da Mais Valia [1], mas gostaria de saber em que pontos existe um consenso de que ele acertou. Pessoalmente, sou simpático à sua ideia de alienação, mas ainda não pesquisei a fundo sobre isso.


[1] Por sinal, acho os argumentos em sua defesa logicamente falhos.


Quando eu fazia faculdade de história eu li que Marx previu que o capitalismo ia se entrelaçar no planeta inteiro de tal maneira que se a economia de um país do outro lado do mundo quebrasse iria afetar todo o planeta. Inclusive ele deu até um nome para esse fenômeno: internacionalização. Ou seja, ele previu com mais de um século de antecedência o que se chama atualmente de globalização.

Offline Gigaview

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Re:Os acertos de Marx
« Resposta #2 Online: 21 de Setembro de 2013, 19:02:39 »
A queda de Constantinopla, só para citar um exemplo, fez o mundo conhecido na época cair de joelhos e sentir as dores dos espasmos econômicos. Marx só choveu no molhado.
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Offline DDV

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Re:Os acertos de Marx
« Resposta #3 Online: 21 de Setembro de 2013, 19:36:11 »
Tentei mas não consegui pensar em nenhum grande acerto de Marx. Ele estava certo em mostrar os problemas, mas errou feio em identificar as causas dos mesmos.

O grande mérito dele foi dizer o que muita gente queria e precisava ouvir. Tal como Jesus Cristo, ele foi a pessoa certa, com a mensagem certa no momento certo.

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Os acertos de Marx
« Resposta #4 Online: 22 de Setembro de 2013, 18:04:45 »
Não li tudo e/ou nem ouvi ainda:

Citar
[...]  I think he didn’t use the word ‘capitalism’ because that would have implied that capitalism was one of a number of competing possible systems – and Marx didn’t believe that. He didn’t think it was possible to move past capitalism without a fundamental overturning of the existing social, political and philosophical order.

He was right: no alternative has developed. Economics as a discipline has in effect become the study of capitalism. The two are taken as the same subject. If there were ever going to be a serious and sustained theoretical challenge to the hegemony of capitalism inside economics – a serious and sustained challenge subsequent to the one provided by what used to be called ‘actually existing socialisms’ – you’d have thought one would have come along since the near terminal meltdown of the global economic system in 2008. But all we’ve seen are suggestions for ameliorative tweaking of the existing system to make it a little less risky. We have at the moment this monstrous hybrid, state capitalism – a term which used to be a favourite of the Socialist Workers Party in describing the Soviet Union, and which only a few weeks ago was on the cover of the Economist to describe the current economic condition of most of the world. This is a parody of economic order, in which the general public bears all the risks and the financial sector takes all the rewards – an extraordinarily pure form of what used to be called ‘socialism for the rich’. But ‘socialism for the rich’ was supposed to be a joke. The truth is that it is now genuinely the way the global economy is working. [...]

http://www.lrb.co.uk/v34/n07/john-lanchester/marx-at-193

Offline Derfel

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Re:Os acertos de Marx
« Resposta #5 Online: 22 de Setembro de 2013, 19:01:37 »
A queda de Constantinopla, só para citar um exemplo, fez o mundo conhecido na época cair de joelhos e sentir as dores dos espasmos econômicos. Marx só choveu no molhado.

Ovo de Colombo

Offline Pagão

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Re:Os acertos de Marx
« Resposta #6 Online: 23 de Setembro de 2013, 06:24:41 »
Um dos problemas é que pouco de fala do "marxismo antes de Marx", ou seja muito do que atribuido a Marx foi pensado e escrito por outros antes, o mérito de Marx foi mais ter integrado muito que estava disperso...Mas, não elaborou eficazmente sobre a alternativa ao que existia e sobre o novo sistema que lhe sucederia. Uma vez conquistado o poder, não se sabia lá muito bem com proceder...
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Offline Liddell Heart

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Re:Os acertos de Marx
« Resposta #7 Online: 28 de Setembro de 2013, 16:05:28 »
Vejo dois problemas em tentar quantificar os acertos do homem Marx. Primeiro, é difícil definir seus acertos, pois passa por um processo de análise da realidade contemporânea que pode ser deveras questionável (p.ex: poder-se-ia dizer que Marx previu as crises econômicas recentes, mas há grande divergência quanto a própria natureza da crise).
Outra coisa que vejo como problemático é um vício do marxismo dentro da academia (aliás, do meio acadêmico em geral), que tem uma tendência a personificar ideias quando as mesmas não foram obras individuais, mas sim resultado de longos debates e construção coletiva. Não há muito sentido em falar de Marx sem falar dos pensadores que corroboraram com sua obra ou mesmo daqueles que, posteriormente, alimentaram e aperfeiçoaram suas ideias.
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Offline DDV

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Re:Os acertos de Marx
« Resposta #8 Online: 28 de Setembro de 2013, 16:34:42 »
A pedra fundamental do marxismo é o conceito de mais-valia, ou seja, a idéia de que apenas explorando mão-de-obra humana é possível juntar riquezas. Todo o desenvolvimento posterior da teoria, toda cadeia de raciocínio que leva à tese da necessidade ou inevitabilidade do socialismo deriva disso.

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Offline Liddell Heart

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Re:Os acertos de Marx
« Resposta #9 Online: 29 de Setembro de 2013, 17:01:47 »
A pedra fundamental do marxismo é o conceito de mais-valia, ou seja, a idéia de que apenas explorando mão-de-obra humana é possível juntar riquezas. Todo o desenvolvimento posterior da teoria, toda cadeia de raciocínio que leva à tese da necessidade ou inevitabilidade do socialismo deriva disso.

O pensamento marxista perpassa por uma série de conceitos econômicos, filosóficos e sociológicos.
A mais-valia, que é o "método da exploração burguesa industrial ou comercial" (não é toda a gênese da exploração do capital industrial, nem é o único método exploração), e só ganhou destaque no campo acadêmico pois é o centro da ~microeconomia, ou melhor, economia política marxista~. Ela não é a causa do capitalismo industrial, nem é o motivo que leva a necessidade da alternativa socialista, achar isso é negar as reais pedras angulares do pensamento marxista, o materialismo histórico e sua dialética (materialista) das contradições (contradições como retrato da realidade material e luta de classes como um derivado dessa contradição).

Qual a importância da mais-valia? Se na fase do capitalismo industrial/comercial o burguês explora o proletário/trabalhador, ele usa um "método". Esse método seria a mais-valia. Não quer dizer nem que essa seja a base do pensamento marxista (talvez do marxismo econômico), basta ler "O Manifesto", sua obra mais simples, e notar que o método da exploração burguesa-comercial/industrial sobre o proletariado é só apenas um, dentre a dezena de conceitos que mais tarde ele ousa destrinchar, todos igualmente importantes. Mais valia é um conceito da acumulação de capital, esse sim um conceito importante do afã socialista. É interessante notar que a acumulação de capital também é encontrada no pensamento anarquista contemporâneo a Marx, mas eles não se utilizam do conceito de mais-valia. Proudhon, por exemplo, prefere se centrar na acumulação de propriedade. Enfim, quero dizer que mais-valia é um importante conceito da acumulação de riquezas, mas esse processo de acumulação de riquezas não é de todo dependente da validação do conceito de mais-valia, a exemplo de outros teóricos socialistas que buscaram legitimar a luta socialista por outras vias econômicas.

Recorrendo ao capital, para uma definição mais exata de mais valia: "O processo de produção, quando unidade do processo de trabalho e do processo de produzir valor, é processo de produção de mercadorias; quando unidade do processo de trabalho e do processo de produzir mais valia, é processo capitalista de produção, forma capitalista da produção de mercadorias." Mais-valia não entra, de forma alguma, no debate de legitimação revolucionária, isso já se deu na dialética marxista (superação da contradição de classes). Além do mais, o materialismo histórico, em suma, busca encontrar o determinismo econômico através da evolução histórica, daí a importância da obra "A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado". Ela sim é a validação científica do marxismo, pois o trabalho de Lewis H. Morgan teria chegado às mesmas conclusões marxistas utilizando um método diferente, em outra parte do globo.
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Offline Rocky Joe

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Re:Os acertos de Marx
« Resposta #10 Online: 29 de Setembro de 2013, 18:51:43 »
Segue um texto na linha "Os acertos de Marx", A lição interessante do marxismo, do Paulo Ghiraldelli, tirada daqui.

Citar
Em 1989, com a Queda do Muro de Berlim, houve quem escreveu que após vinte ou trinta anos poderíamos ler Marx de um modo melhor, mais filosófico que político. Bem, o tempo realmente passou e o comunismo como política não existe mais. No entanto, o marxismo como filosofia, é alguma coisa útil hoje?

A lição filosófica de Marx não deve ser avaliada como verdadeira ou falsa. Ela não deixa de ser inteligente e criativa e, de certo modo, convincente. É difícil ser filósofo e não reconhecer esses seus dotes. Qual e essa lição?

Marx resolveu olhar para os produtos que vão para o mercado, que se transformam em mercadoria, como que deixando de ter um valor segundo o uso, e adquirindo um valor típico de mercadoria, ou seja, o valor pelo qual se pode trocá-los. Uma vez tendo valor de troca, ou seja, valor em geral, ele seria trocado não por outro produto, mas por dinheiro. Este nada seria senão um elemento de equalização para a facilitação do trânsito das mercadorias. Sendo um número, imporia sua condição de abstração a todos os produtos, a todas as mercadorias. Ora, uma vez que na sociedade tudo pode ser mercadoria, ou seja, tudo pode ser trocado por dinheiro, por uma abstração, teríamos então uma sociedade em que nada mais teria rosto próprio. Todos os rostos se igualariam uma vez igualados ao número, ao elemento abstrato. O reino da abstração daria suas ordens para tudo à medida que tudo que conhecemos pode ser posto no mercado e trocado por dinheiro. A mercadorização do mundo geraria pessoas incapazes de distinguir qualquer coisa pelos antigos valores universais platônicos, como o Belo, o Verdadeiro e o Bem. Os universais desapareceriam subsumidos por um só universal: a abstração enquanto abstração, o rosto sem qualquer formado do número que se ergue ao lado do cifrão.

Analisado isso, Marx postulou que quando a globalização da sociedade de mercado avançasse por todos os poros da sociedade mundial, teríamos o império dessa abstração comando nossas mentes e, de quebra, nossos corações. Seríamos incapazes de olhar para qualquer coisa de modo a enxerga-la sob outra marca que não a marca da abstração, ou seja, o rosto sem rosto, o rosto sem rugas, sem marcas do tempo ou espaço. O rosto sem geografia e história. Os rostos, de tudo e de todos, nada seriam senão rostos de manequins de vitrine ou, pior ainda, apenas uma massa cinzenta incapaz de promover qualquer imaginação.

Não à toa, portanto, poderíamos trocar, não só no trabalho, mas também no amor, mulheres e homens por outros homens e mulheres com facilidade. Mas isso num primeiro passo. Em um segundo passo poderíamos trocar no trabalho esses humanos por robôs, e no amor, pelas bonecas e bonecos acoplados ou não a vibradores.

Haveria uma alteração profunda na capacidade nossa de apreciar coisas e amar pessoas. Apreciamos coisas e amamos pessoas por suas características específicas. Todavia, se tudo e todos não são assim mais mostrados, mas se transformam em dinheiro e este em possibilidade de exibição, temos aí uma “sociedade do espetáculo” – tudo é feito apenas para ser mostrado para o outro. Mas para impressioná-lo não no sentido de despertar nele a velha inveja ou o carcomido ciúme, mas a submissão. Desse modo, não importa que eu tenha uma bolsa feia e inútil, o que importa é que ela seja de uma grife que me faz ser notado como alguém que transita no mercado com desenvoltura, alguém com poder de fazer e acontecer. Pois quem compra uma bolsa daquela marca tem dinheiro para comprar homens, mulheres, políticos, capangas armas e pastores. Trata-se de participar de uma sociedade do espetáculo que não gera narcisistas, como alguns teóricos afoitos vomitam por aí, mas que gera agentes intimidadores que se acham, por sua vez, também intimidados por outros mais intimidadores ainda.

Quando olhamos para o mundo que nos cerca, quando andamos nos shoppings e vemos a TV, quando notamos tudo que é o mundo contemporâneo por olhadelas rápidas na Internet, é difícil não valorizar esses brilhantes insights de Marx. Só então, podemos ver o quanto Marx é atual.

Todavia, se o marxismo realmente é atual, então também ele se torna um elemento a mais na sociedade do espetáculo nesse sentido. Deixo de usar do marxismo para entender a sociedade, e ele próprio, como teoria, passa a ser um dote que apresento no contexto intelectual em que vivo para me mostrar senhor do mercado educacional ou editorial ou mesmo midiático. Pude ter uma educação que me permite dissertar sobre Marx, e desse modo, também eu tenho lá algum poder, e capacidade intimidar e ser intimidado – é o que faço com o meu marxismo. É o que posso estar fazendo agora, neste momento, e poder confessar isso não diminui o efeito perverso, de certo modo até o amplia! Mostro-me como tendo um plus poder ao ser capaz de falar do marxismo criticamente, diferente dos que não poderiam agir assim.

Isso torna o marxismo, nesses aspectos filosóficos, algo bem plausível, pois ele se confirma no momento mesmo que perco a minha consciência crítica na posse do próprio marxismo, como ele disse que ocorreria comigo, nesse mundo em que estou entrando desde meados do século XIX.

Paulo Ghiraldelli Jr, filósofo, escritor, cartunista e professor da UFRRJ – http://ghiraldelli.pro.br Autor do recente Filosofia política para educadores (Editora Manole).

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Os acertos de Marx
« Resposta #11 Online: 23 de Outubro de 2013, 19:15:09 »
Outro dia ouvi de dois caras, não marxistas, numa entrevista sobre um livro, comentarem que foram influenciados por Marx. A frase de um deles foi algo como "ele fez todas as perguntas certas, com as respostas foi bem diferente, mas as perguntas foram certas".

Offline Luiz Souto

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Re:Os acertos de Marx
« Resposta #12 Online: 23 de Outubro de 2013, 19:44:40 »
Outro dia ouvi de dois caras, não marxistas, numa entrevista sobre um livro, comentarem que foram influenciados por Marx. A frase de um deles foi algo como "ele fez todas as perguntas certas, com as respostas foi bem diferente, mas as perguntas foram certas".

Acho que esta é uma das melhores observações sobre Marx.
Assim como Aristóteles ,  as questões que ele levantou e a forma como tentou respondê-las são muito mais importantes que as respostas a que chegou.
Em especial aquilo que Ghiraldelli acentua no texto , a questão da reificação , que é a forma como a alienação se apresenta na modernidade. E no fim das contas todo o projeto de Marx ( desde os escritos de juventude)  era para superar a alienação humana.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

Offline Dr. Manhattan

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Re:Os acertos de Marx
« Resposta #13 Online: 24 de Outubro de 2013, 19:01:27 »
Muito interessante, esse texto do Ghiraldelli! Esse insight do Marx é de fato brilhante e faz pensar.
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Alan Watts

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Os acertos de Marx
« Resposta #14 Online: 16 de Julho de 2018, 16:17:21 »
<a href="https://www.youtube.com/v/SIhIM-jge2c" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/SIhIM-jge2c</a>

O argumento de Marx até lembra em algo o de Nozick.








A pedra fundamental do marxismo é o conceito de mais-valia, ou seja, a idéia de que apenas explorando mão-de-obra humana é possível juntar riquezas. Todo o desenvolvimento posterior da teoria, toda cadeia de raciocínio que leva à tese da necessidade ou inevitabilidade do socialismo deriva disso.


Mas a mais-valia é vista como algo a ser "sanado"? Em algum momento ele também diz que ela não é injusta com o empregado:

Segundo Karl Marx, a mais-valia/lucro, a exploração do operário, não é algo injusto.

Citar

[...]

The initial argument that Marx must have thought that capitalism is unjust is based on the observation that Marx argued that all capitalist profit is ultimately derived from the exploitation of the worker. Capitalism’s dirty secret is that it is not a realm of harmony and mutual benefit but a system in which one class systematically extracts profit from another. How could this fail to be unjust? Yet it is notable that Marx never concludes this, and in Capital he goes as far as to say that such exchange is ‘by no means an injustice’.

[...]

http://plato.stanford.edu/entries/marx/#5


Citação de: Karl Marx
[...]
O valor diário da força de trabalho importava em 3 xelins, pois nela se materializa meio dia de trabalho, isto é, custam meio dia de trabalho os meios de subsistência quotidianamente necessários para produzir a força de trabalho. Mas, o trabalho pretérito que se materializa na força de trabalho e o trabalho vivo que ela pode realizar, os custos diários de sua produção e o trabalho que ela despende são duas grandezas inteiramente diversas. A primeira grandeza determina seu valor-de-troca, a segunda constitui seu valor-de-uso. Por ser necessário meio dia de trabalho para a manutenção do trabalhador durante 24 horas, não se infira que este está impedido de trabalhar uma jornada inteira. O valor da força de trabalho e o valor que ela cria no processo de trabalho são, portanto duas magnitudes distintas. O capitalista tinha em vista essa diferença de valor quando comprou a força de trabalho. A propriedade útil desta, de fazer fios ou sapatos, era apenas uma conditio sine qua non, pois o trabalho para criar valor, tem de ser despendido em forma útil. Mas, o decisivo foi o valor-de-uso específico da força de trabalho, o qual consiste em ser ela fonte de valor e de mais valor que o que tem. Este é o serviço específico que o capitalista dela espera. E ele procede no caso de acordo com as leis eternas da troca de mercadorias. Na realidade, o vendedor da força de trabalho, como o de qualquer outra mercadoria, realiza seu valor-de-troca e aliena seu valor-de-uso. Não pode receber um, sem transferir o outro. O valor-de-uso do óleo vendido não pertence ao comerciante que o vendeu, e o valor-de-uso da força de trabalho, o próprio trabalho, tampouco pertence a seu vendedor. O possuidor do dinheiro pagou o valor diário da força de trabalho; pertence-lhe, portanto, o uso dela durante o dia, o trabalho de uma jornada inteira. A manutenção quotidiana da força de trabalho custa apenas meia jornada, apesar de a força de trabalho poder operar, trabalhar uma jornada inteira, e o valor que sua utilização cria num dia é o dobro do próprio valor-de-troca. Isto é uma grande felicidade para o comprador, sem constituir injustiça contra o vendedor. [...]

https://www.marxists.org/portugues/marx/1867/ocapital-v1/vol1cap07.htm#c7s1



Citar
[...]

However, even if the labour theory of value is considered discredited, there are elements of his theory that remain of worth. The Cambridge economist Joan Robinson, in An Essay on Marxian Economics, picked out two aspects of particular note. First, Marx’s refusal to accept that capitalism involves a harmony of interests between worker and capitalist, replacing this with a class based analysis of the worker’s struggle for better wages and conditions of work, versus the capitalist’s drive for ever greater profits. Second, Marx’s denial that there is any long-run tendency to equilibrium in the market, and his descriptions of mechanisms which underlie the trade-cycle of boom and bust. Both provide a salutary corrective to aspects of orthodox economic theory.

[...]

https://plato.stanford.edu/entries/marx/#3

 

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