Autor Tópico: Karl Marx, para crianças  (Lida 65069 vezes)

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Offline Fabi

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #675 Online: 02 de Outubro de 2011, 23:39:17 »
Se a produção de diamantes se elevar, é bem provável que o preço do mesmo caia. Aumenta a oferta, isto é, diminui-se a escassez.

Mas para Marx o preço cai porque "quanto maior é a força produtiva do trabalho, menor é o tempo necessário à produção de um artigo, menor é a massa de trabalho nele cristalizada, menor é o seu valor." Ou seja, se a produtividade do trabalho aumenta menor é o seu valor. E (para ele) não tem nada a ver com diminuição da escassez, ou aumento de oferta.

A produção de diamantes é tão barata e vasta quanto o dos tijolos?
Pela teoria de Marx, o trabalho para a produção de diamantes diminui qualitativamente e seu "aspecto" produtivo aumentou, então o preço dos diamantes deveria cair muito.

Deve ser muito mais barato produzir os carros daquela época hoje em dia, e o "trabalho" despendido dos trabalhadores se elevou qualitativamente. O aumento dos salários pode se dar por culpa da maior necessidade de especialização (aumentou a escassez dos trabalhadores, ou diminui a "reserva de trabalhadores), elevação do capital humano ou aumento da produtividade marginal.
Portanto eles deveriam ganhar muito menos e os carros deveriam custar muito menos.

"quanto maior é a força produtiva do trabalho, menor é o tempo necessário à produção de um artigo, menor é a massa de trabalho nele cristalizada, menor é o seu valor."
A teoria do valor-trabalho pode muitas vezes se confundir com a escassez e produtividade marginal.
Sim, por isso a mais valia é um erro de lógica. O DDV falou sobre o caso dos artesãos ingleses e discutiu com o Cyberlizard sobre essa história de trabalho e valor do trabalho.
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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #676 Online: 02 de Outubro de 2011, 23:42:23 »
Marx diz:
Citar
Sabeis todos que, por motivos que não me cabe aqui explicar,
a produção capitalista move-se através de determinados ciclos perió-
dicos. Passa por fases de calma, de animação crescente, de prosperidade,
de superprodução, de crise e de estagnação
. Os preços das mercadorias
no mercado e a taxa de lucro no mercado seguem essas fases; ora
descendo abaixo de seu nível médio ora ultrapassando-o. Se conside-
rardes todo o ciclo, vereis que uns desvios dos preços do mercado são
compensados por outros e que, tirando a média do ciclo, os preços das
mercadorias do mercado se regulam por seus valores.

Ele fala isso mas fica 30 páginas falando que o valor da mercadoria é medido em trabalhos. :?
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Offline Liddell Heart

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #677 Online: 02 de Outubro de 2011, 23:42:42 »
E não to falando de volume e demanda, to falando de trabalho, como Marx disse no "O Capital":

"Como a grandeza de valor de uma mercadoria representa apenas a quantidade de trabalho nela contido, daí resulta que todas as mercadorias, numa certa proporção, devem ter sempre valores da mesma grandeza."

É valor-trabalho, e não preço-trabalho. O preço não é, necessariamente, o mesmo que o valor.
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Benjamin Franklin

"Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la."
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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #678 Online: 03 de Outubro de 2011, 00:01:32 »
É valor-trabalho, e não preço-trabalho. O preço não é, necessariamente, o mesmo que o valor.
Mas marx fala do preço, ou valor de troca, que hoje em dia é representando em dinheiro(bufunfa, money, $$$ ).

Citar
O produto do trabalho adquire a forma-mercadoria quando o seu valor adquire a forma de valor-de-troca, oposta à sua forma natural; quando, portanto, ele é representado como a unidade em que se funda esta contradição. Daqui resulta que a forma simples assumida pelo valor da mercadoria é também a forma elementar sob a qual o produto do trabalho se apresenta como mercadoria; e que, portanto, o desenvolvimento da forma-mercadoria coincide com o desenvolvimento da forma-valor.
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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #679 Online: 03 de Outubro de 2011, 00:11:55 »
Citar
A riqueza das sociedades em que domina o modo-de-produção capitalista apresenta-se como uma
imensa acumulação de mercadorias. A análise da mercadoria, forma elementar desta riqueza,
será, por conseguinte, o ponto de partida da nossa investigação.
(...)
Os valores-de-uso só se realizam pelo uso ou pelo consumo. Constituem o conteúdo material da riqueza, qualquer que seja a forma social dessa riqueza. Na sociedade que nos propomos examinar, são, ao  mesmo tempo, os suportes materiais do valor-de-troca.

O valor-de-troca surge, antes de tudo, como a relação quantitativa, a proporção em que valores-de-usodde espécie diferente se trocam entre si, relação que varia constantemente com o tempo e o lugar.

(...)
Tomemos agora duas mercadorias, trigo e ferro, por exemplo. Qualquer que seja a sua relação de troca, ela pode ser sempre representada por uma equação em que uma dada quantidade de trigo é considerada igual a uma quantidade qualquer de ferro (por exemplo, 1 alqueire de trigo = a quilos de ferro). Que  significa esta equação? Significa que em dois objectos diferentes, em 1 alqueire de trigo e em a quilos de ferro, existe algo de comum. Ambos os objectos são, portanto, iguais a um terceiro que, em si mesmo, não é nem um nem outro. Cada um deles deve, enquanto valor-detroca, ser redutível ao terceiro, independentemente do outro.

(...)
Ora, se abstrairmos do valor-de-uso das mercadorias, resta-lhes uma única qualidade; a de serem produto do trabalho. Então, porém, já o próprio produto do trabalho está metamorfoseado sem o sabermos. Com efeito, se abstrairmos do seu valor-de-uso, abstraímos também de todos os elementos materiais e formais que lhe conferem esse valor. Já não é, por exemplo, mesa, casa, fio, ou qualquer outro objecto útil; já não é também o produto do trabalho do marceneiro, do pedreiro, de qualquer trabalho produtivo determinado.
(...) E nesse parágrafo em particular, Marx fala sobre oferta e procura:

[Na própria relação de troca das mercadorias o seu valor-de-troca aparece-nos como algo de
completamente independente dos seus valores-de-uso. Ora, se abstrairmos efectivamente do
valor-de-uso dos produtos do trabalho, teremos o seu valor, tal como acaba de ser determinado.] O
que há de comum nas mercadorias e que se mostra na relação de troca ou no valor-de-troca é,
pois, o seu valor. [Adiante voltaremos a considerar o valor-de-troca, como necessário modo de
expressão ou forma de manifestação do valor. Para já, contudo, há que considerar o valor
independentemente dessa forma.]
*Meus comentários em vermelho.
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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #680 Online: 08 de Outubro de 2011, 14:33:52 »
Citação de: O Capital, Karl Marx
(...)
As quantidades de trabalho necessárias à produção do tecido e do fato variam  simultaneamente, no mesmo sentido e na mesma proporção. Neste caso, permanece a equação 20 metros de tecido = 1 fato, quaisquer que sejam as suas variações de valor. Descobrem-se estas   variações por comparação com uma terceira mercadoria cujo valor permaneça constante. Se os valores de todas as mercadorias aumentassem ou diminuíssem e na mesma proporção, os seus valores relativos não sofreriam qualquer variação. A sua mudança real de valor reconhecer-se-ia pelo facto de, num mesmo tempo de trabalho, se produzir em geral uma quantidade de mercadorias maior ou menor que anteriormente.
(...)
Dado que a forma-valor relativa exprime o carácter de valor de uma mercadoria, do pano por
exemplo, como qualquer coisa de completamente diferente do seu próprio corpo, e das suas
propriedades, como qualquer coisa de parecido com um fato, por exemplo, esta expressão deixa
entender que nela se esconde uma relação social.
Mais do mesmo... Marx continua falando que a única coisa que dá valor a mercadoria é o trabalho. E depois joga no texto a relação social. Parece que ele tem uma visão de mundo muito ligada a antiga nobreza, feudalismo, mercantilismo, que não é o que o capitalismo de fato é.
Citação de: O Capital, Karl Marx
As duas formas de actividade produtiva, tecelagem e confecção de vestuário, exigem um dispêndio de força de trabalho humano. Ambas possuem, portanto, a propriedade comum de serem trabalho humano, e em certos casos, como, por exemplo, quando se trata da produção de valor, só devem ser consideradas sob este ponto de vista.
(...)
As duas particularidades da forma-equivalente examinadas em último lugar tornam-se ainda mais   fáceis de compreender se nos reportarmos ao grande pensador que pela primeira vez analisou a forma-valor, bem como tantas outras formas, quer do pensamento, quer da sociedade, quer da natureza: Aristóteles.

Em primeiro lugar, Aristóteles afirma claramente que a forma-dinheiro da mercadoria é apenas o aspecto desenvolvido da forma-valor simples, ou seja, da expressão de valor de uma mercadoria numa outra mercadoria qualquer; com efeito ele diz: «5 leitos = 1 casa» «não difere» de: «5 leitos= um tanto dinheiro». 

Além disso, ele apercebe-se de que a relação de valor que contém esta expressão de valor     pressupõe, pelo seu lado, que a casa é considerada qualitativamente igual à cama, e que estes  o objectos, materialmente diferentes, não se poderiam comparar entre si como grandezas comensuráveis sem aquela igualdade de essência. «A troca - diz -não pode ter lugar sem a igualdade, nem a igualdade sem a comensurabilidade». Mas, neste ponto, ele hesita e renuncia à análise da forma-valor. «Na verdade – acrescenta - é impossível que coisas tão diferentes sejam comensuráveis entre si», isto é, qualitativamente iguais. A afirmação da sua igualdade será  necessariamente contrária à natureza das coisas; «é somente um expediente para atender às necessidades práticas».

Deste modo, é o próprio Aristóteles que nos diz qual é o obstáculo à prossecução da sua análise: a
falta de conceito de valor.

Qual é essa essência igual, isto é, a substância comum que a casa representa em face do leito, na expressão do valor deste último? Uma tal coisa, diz Aristóteles, «não pode, na verdade, existir». Porquê? A casa representa em face do leito qualquer coisa de igual, desde que represente o que existe de realmente igual em ambos. O quê, portanto? O trabalho humano.
(...)
O segredo da expressão do valor - a igualdade e a equivalência de todos os trabalhos, porque e na medida em que são trabalho humano [em geral] - só pode ser decifrado quando a ideia da igualdade humana adquiriu já a firmeza de uma convicção popular. Mas isso só tem lugar numa sociedade em que a forma mercadoria se tornou a forma geral dos produtos do trabalho, onde, por conseguinte, a relação dos homens entre si como produtores e permutadores de mercadorias é a relação social dominante.
Mas nós somos uma sociedade capitalista e não é só isso que dá valor a uma mercadoria.  :umm: Será que era tão dificil no século XIX ver que o valor de uma mercadoria não era só trabalho realizado sobre ela?

Era só olhar o aumento da mercadoria e o barateamento dos preços ao longo do tempo. E olhar o fato de tcharan! aparecer o motor a vapor que facilitou bastante o aparecimento de mercadorias, e as grandes navegações que expandiu o mundo. Eu sei que isso deu um trabalhão mas é meio evidente o boom de oferta de mercadorias, idéias e conhecimento.
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Offline Luiz Souto

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #681 Online: 14 de Janeiro de 2012, 23:57:28 »
A questão dos conceitos  de valor de uma mercadoria e do preço de uma mercadoria são tratados na primeira parte do livro I d”O Capital” ( O Processo de produção do capital), intitulada Mercadoria e Dinheiro. As relações entre valor e preço , esboçadas no livro I , serão desenvolvidas no Livro III (O processo global de produção capitalista) o qual não foi completado por Marx , sendo constituido  pelos manuscritos inacabados editados por Engels ( e fonte de grandes discussões e divergências entre marxistas e não-marxistas).

O valor de uma mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la e não é modificado posteriormente pois a quantidade de trabalho incorporado é inalterável ( se a produção mercadoria x demandou 2 horas de trabalho para a sua produção  ela continuará sendo fruto de duas horas de trabalho hoje ou daqui a um ano).
Já o preço de uma mercadoria é a expressão monetária de seu valor , ou seja , a expressão do valor da mercadoria pelo valor de um equivalente geral que tem a função de moeda. O preço da mercadoria e seu valor podem divergir ( e habitualmente divergem)em virtude das variações da oferta e da procura. O valor de uma mercadoria ( em termos monetários) poderia ser inferido pela análise das variações de preço , mantidas as condições de produção. Não li o livro III ainda , mas Raymond Aron coloca em seu resumo da posição de Marx que valor e preço se igualariam apenas se fosse atingida uma situação de igualdade entre oferta e procura.

Apresento abaixo dois trechos da primeira parte , lembrando que saltei todo o processo feito por Marx para analisar a formação do equivalente geral e a discussão sobre a gênese das moedas , além do bimetalismo , então ainda vigente. Infelizmente só capítulo I tem tradução para o português no MIA , daí o segundo trecho estar em inglês.
 Aos interessados eu sugiro ler a primeira parte do livro I , pois os conceitos ali colocados é que servirão pra embasar a concepção da mais-valia ( na parte II) , sendo interessante acompanhar o raciocínio dedutivo empregado por Marx. Senão fica difícil entender quais são e onde estão os buracos na teoria  :)

Citar
A riqueza das sociedades em que domina o modo-de-produção capitalista apresenta-se como uma "imensa acumulação de mercadorias".1 A análise da mercadoria, forma elementar desta riqueza, será, por conseguinte, o ponto de partida da nossa investigação.
A mercadoria é, antes de tudo, um objecto exterior, uma coisa que, pelas suas propriedades, satisfaz necessidades humanas de qualquer espécie. Que essas necessidades tenham a sua origem no estômago ou na fantasia, a sua natureza em nada altera a questão.2 Não se trata tão pouco aqui de saber como são satisfeitas essas necessidades: imediatamente, se o objecto é um meio de subsistência, [objecto de consumo,] indirectamente, se é um meio de produção.
Todas as coisas úteis, como o ferro, o papel, etc., podem ser consideradas sob um duplo ponto de vista: o da qualidade e o da quantidade. Cada uma delas é um conjunto de propriedades diversas, podendo, por conseguinte, ser útil sob diferentes aspectos. Descobrir esses diversos aspectos e, ao mesmo tempo, os diversos usos das coisas, isso é obra da história.3 Assim, a descoberta de medidas sociais para quantificar as coisas úteis: a diversidade destas medidas decorre, em parte, da natureza diversa dos objectos a medir, em parte, de convenção.
A utilidade de uma coisa transforma essa coisa num valor-de-uso.4 Mas esta utilidade nada tem de vago e de indeciso. Sendo determinada pelas propriedades do corpo da mercadoria, não existe sem ele. O próprio corpo da mercadoria, tal como o ferro, o trigo, o diamante, etc., é, consequentemente, um valor-de-uso, e não é o maior ou menor trabalho necessário ao homem para se apropriar das qualidades úteis que lhe confere esse carácter. Quando estão em causa valores-de-uso, subentende-se sempre uma quantidade determinada, como uma dúzia de relógios, um metro de tecido, uma tonelada de ferro, etc. Os valores-de-uso das mercadorias constituem o objecto de um saber particular: a ciência e a arte comerciais.5 Os valores-de-uso só se realizam pelo uso ou pelo consumo. Constituem o conteúdo material da riqueza, qualquer que seja a forma social dessa riqueza. Na sociedade que nos propomos examinar, são, ao mesmo tempo, os suportes materiais do valor-de-troca.
O valor-de-troca surge, antes de tudo, como a relação quantitativa, a proporção em que valores-de-uso de espécie diferente se trocam entre si,6 relação que varia constantemente com o tempo e o lugar. O valor-de-troca parece, portanto, qualquer coisa de arbitrário e de puramente relativo; um valor-de-troca intrínseco, imanente à mercadoria, parece ser, como diz a escola, uma contradictio in adjecto (*).7
Vejamos a questão mais de perto. Uma mercadoria particular (por exemplo um alqueire de trigo) troca-se por outros artigos nas mais diversas proporções. [Portanto, o trigo tem múltiplos valores-de-troca, em vez de um só]. No entanto, o seu valor-de-troca permanece imutável, independentemente da maneira por que se exprime: em x de cera, em y de seda, em z de ouro, etc. [Uma vez que cada uma dessas coisas - x cera, y seda, z ouro - é o valor-de-troca de 1 alqueire de trigo, elas têm de ser - por sua vez - valores-de-troca permutáveis entre si e iguais. Daqui resultam duas coisas: em primeiro lugar, os valores-de-troca válidos para uma mesma mercadoria exprimem uma igualdade; em segundo lugar, porém,] o valor-de-troca tem de ter um conteúdo distinto dessas diversas expressões.
Tomemos agora duas mercadorias, trigo e ferro, por exemplo. Qualquer que seja a sua relação de troca, ela pode ser sempre representada por uma equação em que uma dada quantidade de trigo é considerada igual a uma quantidade qualquer de ferro (por exemplo, 1 alqueire de trigo = a quilos de ferro). Que significa esta equação? Significa que em dois objectos diferentes, em 1 alqueire de trigo e em a quilos de ferro, existe algo de comum. Ambos os objectos são, portanto, iguais a um terceiro que, em si mesmo, não é nem um nem outro. Cada um deles deve, enquanto valor-de-troca, ser redutível ao terceiro, independentemente do outro.
Um exemplo extraído da geometria elementar ilustra isso claramente. Para medir e comparar as superfícies de qualquer figura rectilínea, decompômo-la em triângulos. Depois reduzimos o triângulo a uma expressão completamente diferente do seu aspecto visível: ao semi-produto da base pela altura. Do mesmo modo, os valores-de-troca das mercadorias devem ser reduzidos a qualquer coisa de comum, de que representam um mais ou um menos.
Este elemento comum não pode ser uma propriedade natural qualquer - geométrica, física, química, etc. - das mercadorias. As qualidades naturais destas só são tomadas em consideração, na medida em que lhes conferem uma utilidade que as torna valores-de-uso. Mas, por outro lado, é evidente que na troca se faz abstracção do valor-de-uso das mercadorias, sendo a relação de troca caracterizada precisamente por essa abstracção. Na troca, um valor-de-uso vale precisamente tanto como qualquer outro, desde que se encontre na proporção adequada. Ou, como diz o velho Barbon: "Uma espécie de mercadoria é tão boa como outra, quando o seu valor-de-troca é igual; não existe nenhuma diferença, nenhuma distinção entre coisas de igual valor-de-troca".8 Como valores-de-uso, as mercadorias são, sobretudo, de qualidade diferente; como valores-de-troca só podem ser de quantidade diferente [e não contêm, portanto, um só átomo de valor-de-uso].
Ora, se abstrairmos do valor-de-uso das mercadorias, resta-lhes uma única qualidade; a de serem produto do trabalho. Então, porém, já o próprio produto do trabalho está metamorfoseado sem o sabermos. Com efeito, se abstrairmos do seu valor-de-uso, abstraímos também de todos os elementos materiais e formais que lhe conferem esse valor. Já não é, por exemplo, mesa, casa, fio, ou qualquer outro objecto útil; já não é também o produto do trabalho do marceneiro, do pedreiro, de qualquer trabalho produtivo determinado. Juntamente com os caracteres úteis particulares dos produtos do trabalho, desaparecem o carácter útil dos trabalhos neles contidos e as diversas formas concretas que distinguem as diferentes espécies de trabalho. Apenas resta, portanto, o carácter comum desses trabalhos; todos eles são reduzidos ao mesmo trabalho humano, [trabalho humano abstracto,] a um dispêndio de força humana de trabalho, independentemente da forma particular que revestiu o dispêndio dessa força.
Consideremos agora o resíduo dos produtos do trabalho. Eles assemelham-se completamente uns aos outros. Todos eles têm uma mesma realidade fantástica, invisível. Metamorfoseados em sublimados idênticos, fracções do mesmo trabalho indistinto, todos estes objectos manifestam apenas uma coisa: que na sua produção foi dispendida uma força de trabalho humano, que neles está acumulado trabalho humano [independentemente da forma concreta do trabalho]. Enquanto cristais dessa substância social comum, são considerados valores [,valores-mercadoria].
[Na própria relação de troca das mercadorias o seu valor-de-troca aparece-nos como algo de completamente independente dos seus valores-de-uso. Ora, se abstrairmos efectivamente do valor-de-uso dos produtos do trabalho, teremos o seu valor, tal como acaba de ser determinado.] O que há de comum nas mercadorias e que se mostra na relação de troca ou no valor-de-troca é, pois, o seu valor. [Adiante voltaremos a considerar o valor-de-troca, como necessário modo de expressão ou forma de manifestação do valor. Para já, contudo, há que considerar o valor independentemente dessa forma.]
Vimos que um valor-de-uso ou um artigo qualquer só tem valor na medida em que nele está [objectivizado,] materializado trabalho humano [abstracto]. Ora, como medir a grandeza do seu valor? Pela quantidade da substância "criadora de valor" nele contida, isto é, pela quantidade de trabalho. Por sua vez, a quantidade de trabalho tem por medida a sua duração, e o tempo de trabalho mede-se em unidades de tempo, tais como a hora, o dia, etc.
Poder-se-ia imaginar que, se o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho gasto na sua produção, então quanto mais preguiçoso ou inábil for um homem mais valor terá a sua mercadoria, pois emprega mais tempo na sua produção. Contudo, o trabalho que constitui a substância do valor das mercadorias é trabalho igual e indistinto, um dispêndio da mesma força de trabalho. A totalidade da força de trabalho da sociedade, que se manifesta no conjunto dos valores, só releva, por conseguinte, como força única, embora se componha de inúmeras forças individuais. Cada força de trabalho individual é igual a qualquer outra, na medida em que possui o carácter de uma força social média e funciona como tal, isto é, emprega na produção de uma mercadoria apenas o tempo de trabalho necessário em média, ou o tempo de trabalho socialmente necessário.
O tempo socialmente necessário à produção das mercadorias é o tempo exigido pelo trabalho executado com um grau médio de habilidade e de intensidade e em condições normais, relativamente ao meio social dado. Depois da introdução do tear a vapor na Inglaterra, passou a ser necessário talvez apenas metade de trabalho que anteriormente era necessário para transformar em tecido uma certa quantidade de fio. O tecelão manual inglês, esse continuou a precisar do mesmo tempo que antes para executar essa transformação; mas, a partir desse momento, o produto da sua hora de trabalho individual passou a representar apenas metade de uma hora social, não criando mais que metade do valor anterior.
É, pois, somente a quantidade de trabalho ou o tempo de trabalho necessário numa dada sociedade para a produção de um artigo que determina a grandeza do seu valor.9 Cada mercadoria particular conta em geral como um exemplar médio da sua espécie.10 As mercadorias que contêm iguais quantidades de trabalho ou que podem ser produzidas no mesmo tempo têm, portanto, um valor igual. O valor de uma mercadoria está para o valor de qualquer outra como o tempo de trabalho necessário à produção de uma está para o tempo de trabalho necessário à produção da outra. ["Como valores, as mercadorias são apenas medidas determinadas de tempo de trabalho cristalizado" 10a]
A grandeza de valor de uma mercadoria permaneceria, evidentemente, constante se o tempo necessário à sua produção permanecesse constante. Contudo, este último varia com cada modificação da força produtiva ou produtividade do trabalho, que, por sua vez, depende de circunstâncias diversas: entre outras, da habilidade média dos trabalhadores, do desenvolvimento da ciência e do grau da sua aplicação tecnológica, das combinações sociais da produção, da extensão e eficácia dos meios de produção e de condições puramente naturais. A mesma quantidade de trabalho é representada, por exemplo, por oito alqueires de trigo se a estação é favorável e por quatro alqueires somente, no caso contrário. A mesma quantidade de trabalho extrai mais metal das minas ricas do que das minas pobres, etc. Os diamantes só raramente aparecem na camada superior da crosta terrestre; para encontrá-los, torna-se necessário, em média, um tempo considerável, de modo que representam muito trabalho num pequeno volume. É duvidoso que o ouro tenha alguma vez pago completamente o seu valor. Isto ainda é mais verdadeiro no caso dos diamantes. Segundo Eschwege, o produto total da exploração das minas de diamantes do Brasil, durante oitenta anos, não tinha ainda atingido em 1823 o preço do produto médio de um ano e meio das plantações de açúcar ou de café do mesmo país, embora representasse muito mais trabalho e, portanto, mais valor. Com minas mais ricas, a mesma quantidade de trabalho representaria uma maior quantidade de diamantes, cujo valor baixaria. Se se conseguisse transformar com pouco trabalho o carvão em diamante, o valor deste último desceria talvez abaixo do valor dos tijolos. Em geral: quanto maior é a força produtiva do trabalho, menor é o tempo necessário à produção de um artigo, menor é a massa de trabalho nele cristalizada, menor é o seu valor. Inversamente, quanto menor é a força produtiva do trabalho, maior é o tempo necessário à produção de um artigo, maior é o seu va1or. A grandeza de valor de uma mercadoria varia, pois, na razão directa da quantidade e na razão inversa da produtividade do trabalho que nela se realiza
Conhecemos agora a substância do valor: é o trabalho. Conhecemos a medida da sua grandeza: é a duração do trabalho. [Resta analisar a sua forma, que qualifica o valor precisamente como valor-de-troca. Antes disso, porém, importa precisar as definições a que já chegámos.] [10]
Uma coisa pode ser um valor-de-uso e não ser um valor: basta que seja útil ao homem sem provir do seu trabalho. Assim acontece com o ar, prados naturais, terras virgens, etc. Uma coisa pode ser útil e produto do trabalho humano e não ser mercadoria. Quem, pelo seu produto, satisfaz as suas próprias necessidades, apenas cria um valor-de-uso pessoal [,mas não uma mercadoria] .Para produzir mercadorias, tem não somente de produzir valores-de-uso, mas valores-de-uso para os outros, valores-de-uso sociais. [E não basta produzir para os outros. O camponês medieval produzia cereais para pagar o tributo ao senhor feudal e o dízimo à igreja. Mas nem o tributo nem o dízimo, embora produzidos para outrem, eram mercadorias. Para ser mercadoria é necessário que o produto seja transferido para outrem, que o utilize como valor-de-uso, por meio de troca. 10b] Finalmente, nenhum objecto pode ser um valor se não for uma coisa útil. Se é inútil, o trabalho que contém é gasto inutilmente [,não conta como trabalho] e, portanto, não cria valor.

1 Karl Marx, Zur Kritic der politischen Oekonomie, 1859, p. 3. (Contribuição para a Crítica da Economia Política, 1971, p. 35.) (retornar ao texto)
2 "O desejo implica a necessidade; é o apetite do espirito, que lhe é tão natural quanto a fome para o corpo (...) A maior parte [das coisas] retiram o seu valor do facto de satisfazerem as necessidades do espirito" (Nicholas Barbon, A Discourse on coining the new Money lighter 1696, pp. 2 e 3). (retornar ao texto)
3 "As coisas possuem uma virtude intrínseca" (virtude é a designação especifica de Barbon para o valor-de-uso) "que tem a mesma qualidade em toda a parte, tal como, por exemplo, a do íman de atrair o ferro" (l. c. p. 16). A propriedade que o íman tem de atrair o ferro apenas se tornou útil quando, por seu intermédio, se descobriu a polaridade magnética. (retornar ao texto)
4 "O que constitui o valor natural de uma coisa é a propriedade que ela tem de satisfazer as necessidades ou as conveniências de vida humana" (John Locke, Some considerations…, 1691, in Works. Londres, 1777, vol. II, p. 28). No séc. XVII encontra-se ainda muitas vezes nos autores ingleses a palavra Worth por valor-de-uso e a palavra Value por valor-de-troca, perfeitamente de acordo com o espírito de uma língua que gosta de exprimir a coisa imediata em termos germânicos e a coisa reflectida em termos românicos. (retornar ao texto)
5Na sociedade burguesa "a ignorância da lei a ninguém aproveita". Em virtude de uma fictio juris económica, qualquer comprador é considerado como possuindo um conhecimento enciclopédico das mercadorias. (retornar ao texto)
6 "O valor consiste na relação de troca entre uma certa coisa e outra, entre uma certa medida de uma produção e uma certa medida de outra" (Le Trosne, De l’intérêt social, in Physiocrates, Ed. Daire, Paris, 1846, p. 889). (retornar ao texto)
7 "Nada pode ter um valor-de-troca intrínseco" (N. Barbon, l. c., p. 6) ; ou como diz Butler:
The value of a thing
Is just as much as it will bríng*.
* O valor de uma coisa é precisamente aquilo que ela proporciona. (retornar ao texto)
8 "One sort of wares are as good as another, if the value be equal. There is no difference or distinction in things of equal value". Barbon acrescenta: "Cem libras esterlinas de chumbo ou de ferro têm tanto valor como cem libras esterlinas de prata ou de ouro" (N. Barbon, l. c., p. 53 e 7). (retornar ao texto)
9 "O valor deles [dos objectos de uso] quando se trocam uns pelos outros é determinado pela quantidade de trabalho necessariamente exigida e ordinariamente gasta na sua produção" (Some Thougnts on the Interest of money in general..., Londres, pp. 36, 37). Este notável escrito anónimo do século passado não tem qualquer data. De acordo com o seu conteúdo, é evidente que terá aparecido no tempo de Jorge II, por alturas de 1739 ou 1740. (retornar ao texto)
10 "Todas as produções de um mesmo género formam propriamente apenas uma massa, cujo preço se determina genericamente e sem atender às circunstâncias particulares" (Le Trosne, l. c., p. 893) . (retornar ao texto)
10a [Karl Marx, l. c., p. 6 e passim. (Ed. port. cit., p. 38) .] (retornar ao texto)
10b [Nota à 4.a edição. O trecho que intercalei destina-se a evitar o erro, muito frequente, de que, para Marx, seria mercadoria qualquer produto desde que consumido por alguém diferente do produtor. F. E.] (retornar ao texto)
http://marxists.org/portugues/marx/1867/ocapital-v1/vol1cap01.htm#1


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Price is the money-name of the labour realised in a commodity. Hence the expression of the equivalence of a commodity with the sum of money constituting its price, is a tautology, [14] just as in general the expression of the relative value of a commodity is a statement of the equivalence of two commodities. But although price, being the exponent of the magnitude of a commodity’s value, is the exponent of its exchange-ratio with money, it does not follow that the exponent of this exchange-ratio is necessarily the exponent of the magnitude of the commodity’s value. Suppose two equal quantities of socially necessary labour to be respectively represented by 1 quarter of wheat and £2 (nearly 1/2 oz. of gold), £2 is the expression in money of the magnitude of the value of the quarter of wheat, or is its price. If now circumstances allow of this price being raised to £3, or compel it to be reduced to £1, then although £1 and £3 may be too small or too great properly to express the magnitude of the wheat’s value; nevertheless they are its prices, for they are, in the first place, the form under which its value appears, i.e., money; and in the second place, the exponents of its exchange-ratio with money. If the conditions of production, in other words, if the productive power of labour remain constant, the same amount of social labour-time must, both before and after the change in price, be expended in the reproduction of a quarter of wheat. This circumstance depends, neither on the will of the wheat producer, nor on that of the owners of other commodities.
Magnitude of value expresses a relation of social production, it expresses the connexion that necessarily exists between a certain article and the portion of the total labour-time of society required to produce it. As soon as magnitude of value is converted into price, the above necessary relation takes the shape of a more or less accidental exchange-ratio between a single commodity and another, the money-commodity. But this exchange-ratio may express either the real magnitude of that commodity’s value, or the quantity of gold deviating from that value, for which, according to circumstances, it may be parted with. The possibility, therefore, of quantitative incongruity between price and magnitude of value, or the deviation of the former from the latter, is inherent in the price-form itself. This is no defect, but, on the contrary, admirably adapts the price-form to a mode of production whose inherent laws impose themselves only as the mean of apparently lawless irregularities that compensate one another.
The price-form, however, is not only compatible with the possibility of a quantitative incongruity between magnitude of value and price, i.e., between the former and its expression in money, but it may also conceal a qualitative inconsistency, so much so, that, although money is nothing but the value-form of commodities, price ceases altogether to express value. Objects that in themselves are no commodities, such as conscience, honour, &c., are capable of being offered for sale by their holders, and of thus acquiring, through their price, the form of commodities. Hence an object may have a price without having value. The price in that case is imaginary, like certain quantities in mathematics. On the other hand, the imaginary price-form may sometimes conceal either a direct or indirect real value-relation; for instance, the price of uncultivated land, which is without value, because no human labour has been incorporated in it.
Price, like relative value in general, expresses the value of a commodity (e.g., a ton of iron), by stating that a given quantity of the equivalent (e.g., an ounce of gold), is directly exchangeable for iron. But it by no means states the converse, that iron is directly exchangeable for gold. In order, therefore, that a commodity may in practice act effectively as exchange-value, it must quit its bodily shape, must transform itself from mere imaginary into real gold, although to the commodity such transubstantiation may be more difficult than to the Hegelian “concept,” the transition from “necessity” to “freedom,” or to a lobster the casting of his shell, or to Saint Jerome the putting off of the old Adam. [15] Though a commodity may, side by side with its actual form (iron, for instance), take in our imagination the form of gold, yet it cannot at one and the same time actually be both iron and gold. To fix its price, it suffices to equate it to gold in imagination. But to enable it to render to its owner the service of a universal equivalent, it must be actually replaced by gold. If the owner of the iron were to go to the owner of some other commodity offered for exchange, and were to refer him to the price of the iron as proof that it was already money, he would get the same answer as St. Peter gave in heaven to Dante, when the latter recited the creed —
“Assad bene e trascorsa
D’esta moneta gia la lega e’l peso,
Ma dimmi se tu l’hai nella tua borsa.” [16]
A price therefore implies both that a commodity is exchangeable for money, and also that it must be so exchanged. On the other hand, gold serves as an ideal measure of value, only because it has already, in the process of exchange, established itself as the money-commodity. Under the ideal measure of values there lurks the hard cash.

14-“Ou bien, il faut consentir à dire qu’une valeur d’un million en argent vaut plus qu’une valeur égale en marchandises.” [“Or indeed it must be admitted that a million in money is worth more than an equal value in commodities”] (Le Trosne, l.c., p. 919), which amounts to saying “qu’une valeur vaut plus qu’une valeur égale.” [“that one value is worth more than another value which is equal to it.”]

15-Jerome had to wrestle hard, not only in his youth with the bodily flesh, as is shown by his fight in the desert with the handsome women of his imagination, but also in his old age with the spiritual flesh. “I thought,” he says, “I was in the spirit before the Judge of the Universe.” “Who art thou?” asked a voice. “I am a Christian.” “Thou liest,” thundered back the great Judge, “thou art nought but a Ciceronian.”

16- “Cuidadosamente examinados
       Já estão o peso e a lei dessa moeda.
       Mas, dize-me , tens dela em tua bolsa”

http://marxists.org/archive/marx/works/1867-c1/ch03.htm#n14
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #682 Online: 15 de Janeiro de 2012, 10:41:06 »
..

O valor de uma mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la e não é modificado posteriormente pois a quantidade de trabalho incorporado é inalterável ( se a produção mercadoria x demandou 2 horas de trabalho para a sua produção  ela continuará sendo fruto de duas horas de trabalho hoje ou daqui a um ano).
Já o preço de uma mercadoria é a expressão monetária de seu valor , ou seja , a expressão do valor da mercadoria pelo valor de um equivalente geral que tem a função de moeda. O preço da mercadoria e seu valor podem divergir ( e habitualmente divergem)em virtude das variações da oferta e da procura. O valor de uma mercadoria ( em termos monetários) poderia ser inferido pela análise das variações de preço , mantidas as condições de produção. Não li o livro III ainda , mas Raymond Aron coloca em seu resumo da posição de Marx que valor e preço se igualariam apenas se fosse atingida uma situação de igualdade entre oferta e procura.

Se o preço continua sendo baseado na oferta e demanda, entendo que:
1- O lucro continua existindo e é variável
2- valor da mercadoria como "tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la" vira apenas um slogan, pois o que expressará o valor do bem é a demanda
3- Ao invés de usar valor como nome desse slogan, melhor seria relaciona-lo ao custo

Ao aceitar a demanda como definidora do preço, tudo o resto vira automaticamente slogans ideológicos apenas.





Citar
A riqueza das sociedades em que domina o modo-de-produção capitalista apresenta-se como uma "imensa acumulação de mercadorias".1

Falso, pode se expressar a riqueza da sociedade em uma dezena de maneiras bem melhores do que essa. Uma mais coerente hoje é "a capacidade de criar inovação".


A análise da mercadoria, forma elementar desta riqueza, será, por conseguinte, o ponto de partida da nossa investigação.
A mercadoria é, antes de tudo, um objecto exterior, uma coisa que, pelas suas propriedades, satisfaz necessidades humanas de qualquer espécie. Que essas necessidades tenham a sua origem no estômago ou na fantasia, a sua natureza em nada altera a questão.2 Não se trata tão pouco aqui de saber como são satisfeitas essas necessidades: imediatamente, se o objecto é um meio de subsistência, [objecto de consumo,] indirectamente, se é um meio de produção.

Quase uma tautologia.O quase fica por conta de estar incompleto.

Todas as coisas úteis, como o ferro, o papel, etc., podem ser consideradas sob um duplo ponto de vista: o da qualidade e o da quantidade. Cada uma delas é um conjunto de propriedades diversas, podendo, por conseguinte, ser útil sob diferentes aspectos. Descobrir esses diversos aspectos e, ao mesmo tempo, os diversos usos das coisas, isso é obra da história.3

Assim, a descoberta de medidas sociais para quantificar as coisas úteis: a diversidade destas medidas decorre, em parte, da natureza diversa dos objectos a medir, em parte, de convenção.

Até o negrito era meramente inutil. O negrito prenuncia um raciocínio catastrófico!!!

A utilidade de uma coisa transforma essa coisa num valor-de-uso.4 Mas esta utilidade nada tem de vago e de indeciso. Sendo determinada pelas propriedades do corpo da mercadoria, não existe sem ele. O próprio corpo da mercadoria, tal como o ferro, o trigo, o diamante, etc., é, consequentemente, um valor-de-uso, e não é o maior ou menor trabalho necessário ao homem para se apropriar das qualidades úteis que lhe confere esse carácter.

Aqui fica meio claro o caráter filosófico e não prático do Marxismo. Como assim o valor de uso não é indeciso e pode ser determinado pelas características da mercadoria?

Onde está o calculo para tudo isso?

Depois de 300 anos calculando, vão chegar a conclusão que o preço é determinado pela demanda. Ponto.


Quando estão em causa valores-de-uso, subentende-se sempre uma quantidade determinada, como uma dúzia de relógios, um metro de tecido, uma tonelada de ferro, etc. Os valores-de-uso das mercadorias constituem o objecto de um saber particular: a ciência e a arte comerciais.5 Os valores-de-uso só se realizam pelo uso ou pelo consumo.

ainda tentando entender como alguém inteligente como o Luiz pode gostar dessa tranqueira.
Trata-se de um texto que, a partir de uma falsa interpretação dos problemas da sociedade, tenta criar um modelo econômico a partir de slogans e palavras de ordem.

conceitos apresentados como precisos mas que são incalculáveis, simplificações grosseiras e um moralismo disfarçado de ciência é o que o Marxismo pode oferecer.


« Última modificação: 15 de Janeiro de 2012, 10:47:30 por Agnóstico »
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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #683 Online: 15 de Janeiro de 2012, 11:11:21 »




Alfred Marshall: "Da mesma forma que não se pode afirmar se é a lâmina inferior ou superior da tesoura que corta uma folha de papel, também não se pode discutir se o valor ou os preços são governados pela utilidade ou pelo custo de produção."

Lembrando que o custo de produção tem um papel decisivo na oferta e a utilidade tem um papel decisivo na demanda.
« Última modificação: 15 de Janeiro de 2012, 11:22:05 por -Huxley- »

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #684 Online: 15 de Janeiro de 2012, 11:23:33 »
a curva da oferta e da demanda já mostram a quantidade de consumidores que estaria disposta a pagar aquele preço. O custo e a capacidade de produção devem fazer parte do cálculo do preço, inclusive para determinar como o produto será posicionado.
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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #685 Online: 15 de Janeiro de 2012, 11:35:04 »
a curva da oferta e da demanda já mostram a quantidade de consumidores que estaria disposta a pagar aquele preço.

E isso é equivalente a dizer que a curva de oferta e demanda já mostra a quantidade de ofertantes que estaria disposta a ofertar a aquele preço.

Essa é apenas uma aplicação da ideia expressa em dois slogans de Stanley Jevons expostos em sua obra Princípios de Economia: "O grau de utilidade varia com a quantidade de um bem e diminui à medida que sua quantidade aumenta" e "O custo de produção determina a oferta, a oferta determina o grau final de utilidade, o grau final de utilidade determina o valor".

Offline Moro

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #686 Online: 15 de Janeiro de 2012, 12:35:55 »
E? Pesquisas feitas com consumidores antes de lançamento do produto dão uma visão de quanto de venda uma oferta em determinado preço pode alcançar.
Uma tv lcd de 42" a 400 reais vai vender muito..

Não foi bem esse meu ponto.
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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #687 Online: 15 de Janeiro de 2012, 12:54:29 »
E? Pesquisas feitas com consumidores antes de lançamento do produto dão uma visão de quanto de venda uma oferta em determinado preço pode alcançar.

E isso é incompatível com alguma coisa que postei aqui?  :hein: 
« Última modificação: 15 de Janeiro de 2012, 13:03:02 por -Huxley- »

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #688 Online: 15 de Janeiro de 2012, 15:13:27 »
;-)
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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #689 Online: 15 de Janeiro de 2012, 21:44:43 »
No quê?!?  :hein:

Offline Geotecton

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #690 Online: 15 de Janeiro de 2012, 21:47:43 »
 Que 'diálogo' mais estranho. :biglol:
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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #691 Online: 15 de Janeiro de 2012, 21:52:02 »
Que 'diálogo' mais estranho. :biglol:

Pelo que entendi:

 :wink: = Sim! (resposta a pergunta que fiz: "E isso é incompatível com alguma coisa que postei aqui?")

Deixemos as piadinhas para a seção Papo Furado...

« Última modificação: 15 de Janeiro de 2012, 21:56:00 por -Huxley- »

Offline Moro

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #692 Online: 15 de Janeiro de 2012, 22:03:35 »
não é incompatível, deveria ter deixado explícito nossa concordância, Sr Huxley ;-)
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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #693 Online: 15 de Janeiro de 2012, 22:04:44 »
Ok.

Offline Price

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #694 Online: 23 de Julho de 2012, 13:44:14 »
A utilidade de uma coisa transforma essa coisa num valor-de-uso.4 Mas esta utilidade nada tem de vago e de indeciso. Sendo determinada pelas propriedades do corpo da mercadoria, não existe sem ele. O próprio corpo da mercadoria, tal como o ferro, o trigo, o diamante, etc., é, consequentemente, um valor-de-uso, e não é o maior ou menor trabalho necessário ao homem para se apropriar das qualidades úteis que lhe confere esse carácter.

Aqui fica meio claro o caráter filosófico e não prático do Marxismo. Como assim o valor de uso não é indeciso e pode ser determinado pelas características da mercadoria?

Onde está o calculo para tudo isso?

Depois de 300 anos calculando, vão chegar a conclusão que o preço é determinado pela demanda. Ponto.
Valor de uso e valor de troca são completamente diferentes, não confunda-os. Uso é qualitativo e troca é quantitativa, isso foi citado anteriormente.

De qualquer modo, até hoje é impossível calcular com exatidão a utilidade de um produto.
Esse não é um problema presente somente nas obras de Marx, muitos economistas se aprofundaram no estudo sobre utilidade e nenhum deles progrediu notoriamente. Stanley Jevons, o maior estudioso nesta área, disse em sua própria obra as barreiras naturais para tal cálculo que impedia o progresso de parte de suas pesquisas.
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline DDV

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #695 Online: 23 de Julho de 2012, 13:53:51 »
A utilidade de uma coisa transforma essa coisa num valor-de-uso.4 Mas esta utilidade nada tem de vago e de indeciso. Sendo determinada pelas propriedades do corpo da mercadoria, não existe sem ele. O próprio corpo da mercadoria, tal como o ferro, o trigo, o diamante, etc., é, consequentemente, um valor-de-uso, e não é o maior ou menor trabalho necessário ao homem para se apropriar das qualidades úteis que lhe confere esse carácter.

Aqui fica meio claro o caráter filosófico e não prático do Marxismo. Como assim o valor de uso não é indeciso e pode ser determinado pelas características da mercadoria?

Onde está o calculo para tudo isso?

Depois de 300 anos calculando, vão chegar a conclusão que o preço é determinado pela demanda. Ponto.
Valor de uso e valor de troca são completamente diferentes, não confunda-os. Uso é qualitativo e troca é quantitativa, isso foi citado anteriormente.

De qualquer modo, até hoje é impossível calcular com exatidão a utilidade de um produto.
Esse não é um problema presente somente nas obras de Marx, muitos economistas se aprofundaram no estudo sobre utilidade e nenhum deles progrediu notoriamente. Stanley Jevons, o maior estudioso nesta área, disse em sua própria obra as barreiras naturais para tal cálculo que impedia o progresso de parte de suas pesquisas.

Marx fazia essa separação entre "valor de uso" (a utilidade do produto) e "valor de troca" (o ratio em que ele era trocado por
outros). Ele os considerava coisas separadas, sendo o valor de troca determinado unicamente pela quantidade de trabalho humano exigido para a produção.

Ou seja, dados os inúmeros fatores que influenciam o valor de uma mercadoria, Marx simplesmente "isolou" o trabalho, responsabilizando-o inteiramente pelo "valor de troca" e jogou todos os demais fatores dentro do conceito de "valor de uso" e os mandou para escanteio, como se não influenciassem em nada no valor de troca.

 Foi uma armadilha retórica para tentar simplificar algo complexo e principalmente para vender a idéia de que apenas o trabalho humano importa na determinação do valor das mercadorias, premissa essa imprescindível para as teorias sobre "mais-valia", exploração do trabalhador pelo empresário e a consequente necessidade (ou inevitabilidade) do socialismo para acabar com isso.

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Price

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #696 Online: 23 de Julho de 2012, 14:45:07 »
Creio que somente a definição de "valor de troca" tenha sido modificada visando algo além da atualização da mesma (ou seja, visando justificar a teoria), logo, creio que ele tenha deixado a definição de "valor de uso" nebulosa com tanta desinformação por ignorância, e não com segundas intenções, afinal, ocorreu algo parecido com o "trabalho abstrado".
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.


Offline Buckaroo Banzai

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #698 Online: 08 de Agosto de 2016, 14:45:12 »
Segundo Karl Marx, a mais-valia/lucro, a exploração do operário, não é algo injusto.

Citar

[...]

The initial argument that Marx must have thought that capitalism is unjust is based on the observation that Marx argued that all capitalist profit is ultimately derived from the exploitation of the worker. Capitalism’s dirty secret is that it is not a realm of harmony and mutual benefit but a system in which one class systematically extracts profit from another. How could this fail to be unjust? Yet it is notable that Marx never concludes this, and in Capital he goes as far as to say that such exchange is ‘by no means an injustice’.

[...]

http://plato.stanford.edu/entries/marx/#5


Citação de: Karl Marx
[...]
O valor diário da força de trabalho importava em 3 xelins, pois nela se materializa meio dia de trabalho, isto é, custam meio dia de trabalho os meios de subsistência quotidianamente necessários para produzir a força de trabalho. Mas, o trabalho pretérito que se materializa na força de trabalho e o trabalho vivo que ela pode realizar, os custos diários de sua produção e o trabalho que ela despende são duas grandezas inteiramente diversas. A primeira grandeza determina seu valor-de-troca, a segunda constitui seu valor-de-uso. Por ser necessário meio dia de trabalho para a manutenção do trabalhador durante 24 horas, não se infira que este está impedido de trabalhar uma jornada inteira. O valor da força de trabalho e o valor que ela cria no processo de trabalho são, portanto duas magnitudes distintas. O capitalista tinha em vista essa diferença de valor quando comprou a força de trabalho. A propriedade útil desta, de fazer fios ou sapatos, era apenas uma conditio sine qua non, pois o trabalho para criar valor, tem de ser despendido em forma útil. Mas, o decisivo foi o valor-de-uso específico da força de trabalho, o qual consiste em ser ela fonte de valor e de mais valor que o que tem. Este é o serviço específico que o capitalista dela espera. E ele procede no caso de acordo com as leis eternas da troca de mercadorias. Na realidade, o vendedor da força de trabalho, como o de qualquer outra mercadoria, realiza seu valor-de-troca e aliena seu valor-de-uso. Não pode receber um, sem transferir o outro. O valor-de-uso do óleo vendido não pertence ao comerciante que o vendeu, e o valor-de-uso da força de trabalho, o próprio trabalho, tampouco pertence a seu vendedor. O possuidor do dinheiro pagou o valor diário da força de trabalho; pertence-lhe, portanto, o uso dela durante o dia, o trabalho de uma jornada inteira. A manutenção quotidiana da força de trabalho custa apenas meia jornada, apesar de a força de trabalho poder operar, trabalhar uma jornada inteira, e o valor que sua utilização cria num dia é o dobro do próprio valor-de-troca. Isto é uma grande felicidade para o comprador, sem constituir injustiça contra o vendedor. [...]

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Offline Gauss

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #699 Online: 08 de Agosto de 2016, 18:40:35 »
Como tinha vermelhos no  CC antigamente. Para onde eles foram?
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

 

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