A convenção de 1948 que deu origem à Convenção de Prevenção e Punição do Crime de Genocídio prevê a intervenção, mas é complicado porque até que se entenda que o que está sendo praticado é um genocídio e não um crime contra a humanidade (crime mais leve), já morreu muita gente. A partir do momento em que se constata a existência do crime de genocídio, com o indiciamento dos responsáveis pelo Tribunal Penal Internacional, fica aberta a temporada de caça a estas pessoas onde quer que elas estejam.
O caso de Ruanda foi um exemplo de como as coisas podem dar errado. O Conselho da ONU (ainda não existia o Tribunal Penal Internacional) ficou enrolando, enrolando e acoisa acabou se "resolvendo" por conta própria, mas quando terminou, os tutsis (então caçados pelos hutus) passaram a massacrar ou ameaçar a maioria hutu, que fugiu em massa pros países vizinhos. Então fica a questão: Se houvesse envolvimento internacional, ele seria obrigatoriamente a favor dos tutsis (que pelo lado deles fizeram o possível pra dar início à situação) e os hutus, maioria no país, seriam os alvos da coalização ONU e tutsis e provavelmente, uma vez que fossem enfraquecidos, a coisa terminaria da mesma maneira.
Por isso a ONU costuma se limitar a enviar "observadores" para garantir o funcionamento da estrutura básica de atendimento aos civis que são pegos no fogo cruzado entre guerrilheiros/milícias e forças oficiais. Entrar a favor de um dos dois lados pode acabar piorando, já que guerras civis onde costumam ocorrer, são fundamentadas em anos de rancores étnicos/políticos/religiosos que não desaparecem da noite pro dia.