Relembre os 10 maiores genocídios da história mundialSomadas, essas atrocidades levaram ao extermínio de 29,5 milhões de pessoas
Crânios de parte dos 1 milhão de tutsis mortos durante genocídio em RuandaA palavra genocídio começou a ser usada com frequência depois do massacre de judeus na II Guerra Mundial. Mais de meio século depois, porém, sua definição continua a provocar discussões. Leis e correntes de estudiosos levam em conta, por exemplo, perseguições religiosas. Mas, segundo a própria origem da palavra, cometer genocídio significa tentar erradicar, por meio da violência, um grupo que possui os mesmos genes. Desse modo,
genocídio é o assassinato de pessoas baseado na sua herança genética, ou seja, suas características étnicas - importa menos, portanto, religião, classe social, nível educacional ou a crença política das vítimas. Além disso, uma característica dos genocídios é que os opressores não se satisfazem em matar apenas seus oponentes ativos, eles caçam e eliminam todos os homens, mulheres, crianças e bebês do grupo étnico transformado em alvo.
Povos indígenas - 15 milhões de mortos
Estima-se que 15 milhões de índios tenham morrido nas mãos dos conquistadores europeus após o descobrimento da América, em 1492. De norte a sul do continente americano, centenas de tribos - como a dos apalachees (EUA), dos araucanos (Argentina) e dos caetés (Brasil) - simplesmente desapareceram. Em quase todos os casos, as mortes começaram com a transmissão pelos brancos de doenças contra as quais os índios não tinham imunidade. A disputa pela terra, porém, em pouco tempo colocou colonizadores e nativos definitivamente em lados opostos, o que resultou em conflitos armados nos quais, na maioria dos casos, os europeus exterminaram civilizações inteiras.
Holocausto - 5,5 milhões de mortos
Em geral, a palavra genocídio remete automaticamente ao Holocausto dos judeus durante a II Guerra Mundial. Foi para descrever o massacre conduzido pelo regime nazista de Adolf Hitler que o termo foi amplamente utilizado pela primeira vez. Durante a perseguição nazista, dois terços dos judeus que viviam na Europa foram mortos, principalmente em campos de concentração, como resultado do antissemitismo e da ideologia segundo a qual os judeus eram biologicamente inferiores e representavam uma ameaça aos arianos da Alemanha nazista.
Ucranianos - 4,2 milhões de mortos
Entre 1932 e 1933, o regime comunista da União Soviética, comandado pelo ditador Joseph Stalin, promoveu uma reestruturação na agricultura, criando fazendas coletivas pouco eficientes e modificando os ciclos produtivos. As medidas tiveram consequências trágicas na Ucrânia, onde milhões de pessoas morreram de fome. Conhecido como Holodomor, o massacre foi considerado não intencional por Stalin, mas os ucranianos afirmam que resultou de um ato deliberado do ditador. Cada vez mais, países consideram a fome ucraniana um crime contra a humanidade - para 24 nações, entre elas Brasil, Estados Unidos, Espanha e Itália, o Holodomor foi um genocídio.
Bengalis - 1,5 milhão de mortos
Durante a guerra de independência de Bangladesh (na época Paquistão Oriental), o Exército do Paquistão Ocidental (atual Paquistão) cometeu, com apoio de políticos locais e milícias religiosas, o assassinato indiscriminado de civis e combatentes das forças rebeldes do leste. A guerra durou de março a dezembro de 1971 e só terminou com o apoio decisivo da Índia à oposição bengali, que conquistou a independência do Paquistão ao custo de 1,5 milhão de vidas. Até hoje, ainda são descobertas valas comuns com vítimas do massacre e, só no ano passado, os responsáveis pelo genocídio começaram a ser julgados pela Justiça de Bangladesh.
Armênios - 972.000 mortos
Os turcos não admitem que cometeram o genocídio dos armênios durante a I Guerra Mundial, quando comandavam o Império Otomano e se aliaram à Alemanha e ao Império Austro-Húngaro para combater Grã-Bretanha, França, Rússia e Estados Unidos. Na versão deles, os armênios, que eram cristãos, morreram em conflitos com os curdos ou foram vítimas normais da guerra. Contudo, países e organizações internacionais – caso do Parlamento europeu – reconhecem o episódio como genocídio cometido pelos turcos, que haviam decidido eliminar todas as minorias étnicas e religiosas do seu território.
Tutsis - 937.000 mortos
Em abril de 1994, em Ruanda, o governo extremista controlado pela etnia hutu orquestrou um dos episódios mais sangrentos da história africana ao massacrar centenas de milhares de pessoas da minoria tutsi. O genocídio foi ordenado depois de um atentado contra o avião do presidente hutu Juvenal Habyarimana. Os tutsis foram considerados culpados pelo ataque e milícias hutus invadiram casas, pilharam bens, estupraram mulheres e mataram até bebês. O massacre durou quase cem dias e foi interrompido depois que os tutsis conseguiram controlar a capital Kigali e as principais cidades ruandesas. Até agora, o Tribunal Penal Internacional criado pelo Conselho de Segurança da ONU para julgar o caso condenou 29 pessoas. Outras 11 ainda aguardam o veredicto.
Ciganos - 500.000 mortos
Cerca de meio milhão de ciganos, segundo uma média de cálculos existentes, foram mortos pela Alemanha durante a II Guerra Mundial. Os nazistas os consideravam criminosos congênitos e uma raça subumana, o que os levou a exterminá-los sistematicamente entre 1940 e 1945, em todo o território europeu dominado por Adolf Hitler. A maioria das mortes ocorreu após os ciganos terem sido deportados para campos de concentração como o de Auschwitz, no sul da Polônia. Só em 1979, a Alemanha Ocidental reconheceu que a perseguição a eles tinha motivação racial e autorizou o pagamento de indenizações aos sobreviventes.
Tibetanos - 350.000 mortos
Desde que a China reconquistou o Tibete, em 1950, o governo chinês tem tentado apagar todos os traços da cultura e da identidade dos tibetanos, o que levou o país a cometer um genocídio gradual - que se estendeu por décadas. O massacre começou ainda no governo do partido Kuomintang, retirado do poder pelos comunistas. O novo regime, por sua vez, prosseguiu com a perseguição, simbolizada até hoje pelo exílio do Dalai Lama, líder político e espiritual do Tibete que deixou o país em 1959, após a Revolução Comunista, e se mudou para a Índia. À medida em que os tibetanos eram mortos, o governo comunista povoava suas cidades com imigrantes chineses.
Sérvios - 300.000 mortos
Depois de invadir e conquistar a antiga Iugoslávia durante a II Guerra Mundial, a Alemanha nazista anexou partes do país, entregou outras aos aliados Itália e Bulgária e dividiu o que restou em protetorados. Criou ainda um estado croata fantoche, onde o poder foi entregue à organização facista Ustase, controlada pelos alemães. Além de colaborar com os nazistas na eliminação de judeus e ciganos, o governo da Croácia decidiu massacrar também os sérvios, seus inimigos históricos. O resultado foi um genocídio que deixou cerca de 300.000 mortos.
Assírios - 275.000 mortos 
O genocídio assírio, também conhecido como Sayfo ("Espada"), ocorreu em meio à I Guerra Mundial, em circunstâncias semelhantes às do massacre dos armênios pelo Império Otomano. Sob influência da Alemanha, os turcos decidiram eliminar todos os grupos étnicos minoritários do seu território e iniciaram uma série de ataques a povoados assírios, do interior da Turquia às províncias otomanas no Oriente Médio. O genocídio se intensificou durante a deportação dos assírios para campos de prisioneiros e continuou mesmo depois do fim da I Guerra, só sendo interrompido entre 1922 e 1923, com a dissolução do Império Otomano.
http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/relembre-os-10-maiores-genocidios-da-historia-mundial