Este filme nos mostra muitas coisas interessantes. Baseado em fatos reais, parece-me que seu principal objetivo é evidenciar que o argumento agnóstico é viável em um tribunal. O que ocorre é que a promotoria alegava que a vítima tinha apilepsia e psicose, já a defesa alegava que o Padre fez o que parecia ser certo segundo sua crença e tanto a alegação de que a possessão demoníaca existe quanto a alegação médica de que era epilepsia e psicose não passavam de alegações no campo das impressões. Não houve exames comprobatórios de epilepsia e não era possível provar que a “paciente” era psicótica porque o que havia era um diagnóstico clínico. Aliás, se não me engano, muitas doenças mentais têm apenas diagnóstico clínico. Não é possível detectá-las em exames.
Qual a novidade nisso?
Eu já disse por aí que ciência não norteia audiências judiciais. Nem um posto de segundo plano ocupa, ficando como algo próximo a adornação dispensável, embora as aparências enganem a muitos. A mim, as aparências não enganam porque sou pensador científico e vejo, claramente, que se ciência fundamentasse decisões em julgamentos, o instituto de defesa (plena, "direito do réu") seria substituído pelo 'direito à investigação (científica, claro) plena'. O que não pudesse ser definido cientificamente não poderia ser definido de forma alguma, senão por crenças, e não haveria possibilidade de processo, muito menos de sentença. O funcionamento mental a imperar ali é o filosófico, portanto religioso.
Qual a novidade?
Outra coisa interessante foi a alegação (absurda, a meu ver, para um tribunal) de uma doutora em possessões, oriunda de uma renomada universidade americana, que dizia que o medicação recomendada pelo médico atrapalhou o ritual do exorcismo, que a teria libertado.
Isso é de menos diante de coisas que se pode presenciar em tribunais.
Daí puxo meu gancho. Para a ortodoxia cristã reformada, não existe nenhuma possibilidade de influência material no crido mundo espiritual a não ser por palavras.
Aqui está o motivo de eu abordar isso. Como eu posso dizer?... Brinquemos com as 'palavras'...: existem 'exames clínicos/só clínicos/mais-que-clínicos/menos-que/monoclínicos(hahaha)/não clínicos/...' para provar que palavras não são uma "influência material" já que as mesmas são produzidas por movimentos buco-línguo-naso-pulmono-diafragmático-aéreo-seilámaisoque depois do processamento nervoso, por processos físico-químicos durante e por nada antes? Palavras são influências físicas.
Porque isso aqui me remeteu prontamente a...
Eu estava dando uma lida ontem naquele seu tópico da "equação da vida" e tudo o que se encontra lá é tão concentrado puro de absurdo que me é difícil ajudar a anular os efeitos. Até recurso ao 'demônio' (aqui fica engraçado) de Laplace foi interposto, algo totalmente descabido, realizável só por quem não alcança o conceito além de uma wEAkpedia da vida -- pouca gente entendeu a idea de Laplace, mas ela era clara até para ele mesmo à época, o que fica evidente pela maneira como a descreveu; o problema são sempre as interpretações religiosas... No que tange àqui, pode-se apontar só o pequenino detalhe inicial de que você propõe uma "equação" com "variáveis" sem qualquer quantificabilidade. "Comportamento" não pode ser matematicamente definido em palavra ultrassimbólica; tem que ser definido por movimentos geometricamente enquadrados. Você pode escrever a equação da ponta do dedo de alguém, que pode ter uma evolução incluindo domínios bem distantes do alguém, sobrando o que não seria mais "comportamento" para definir a movimentação da ponta do dedo... No final, na equação, não deverá sobrar uma parte do corpo em conjunto no mesmo senão numa pequenão região espaço-temporal. É assim que seria, para suas pretensões.
Mas isso é ao mesmo tempo tão óbvio e minuciosamente complicado de se abordar que, se alguém não vê clara e antecipadamente po si mesmo, inibe a tentativa de quem vê de tentar mostrar.
O mundo espiritual seria imaterial. Não é uma energia, não é detectável por aparelhos ou movido por objetos.
Ora, parece que aqui... continua sem novidade...
Essa é a alegação da doutrina espírita ou mesmo da católica. Objetos sagrados, águas fluidificadas, crucifixos, estátuas etc. teriam o poder de influenciar os espíritos, sendo barreiras ou impelidores de ações.
E o que mais os crentes podem alegar?
Em oposição, para a ortodoxia cristã reformada sempre haverá o contraditório. Nunca haverá provas cabais. A fé é a prova. A fé é necessária. O mundo espiritual não é detectável a não ser pela fé.
Se "a fé é a prova", como pode "sempre haver o contraditório"? Não estou conseguindo ver o sentido.