Nada demais ou nada de mais?
A segunda forma é a correta. Para não confundir, basta lembrar da forma “nada de menos” (e não demenos).
Ex.: Não nada de mais em perguntar quando estamos em dúvida.
Já tinha visto, mas continuo sem entender, ou concordar.
Existe a palavra "demais", enquanto não existe "demenos", de forma que essa "regrinha" não é de maneira alguma universal.
Demais=demasiado (além de "outros", que não vem ao caso).
A meu ver, "nada demais em", equivaleria a "nada demasiado/exagerado em". Enquanto que "nada de mais em", fica sem sentido, esse "mais" não se refere a nada. Ou "mais" sozinho teria já o sentido de "exagero"? Eu acho que nunca vi usado assim.
Para que fizesse sentido a troca de "demais" por "de mais", acho que teria que haver referência ao que de mais há (ou não há). "Não há nada de mais frustrante do que discutir esse tipo de coisa". E não "demais frustrante". Mas "não há nada frustrante demais," estaria correto, embora signifique quase o oposto.
[...] Segundo Rebelo Gonçalves, no seu Vocabulário da Língua Portuguesa, o advérbio demais tratado acima não se deve confundir com a locução adverbial de mais. Esta locução tem significado idêntico a demasiado e constitui uma locução adverbial de intensidade ou de quantificação (ex.: ficou indisposto por comer de mais; achou o trajecto longo de mais). Alguns dicionários como o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa/Verbo (2001) ou o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, do Círculo de Leitores (2002), consideram inclusivamente que o uso da forma demais neste contexto é brasileirismo, o que nos parece abusivo se fizermos uma pesquisa em textos portugueses. Celso Cunha e Lindley Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo, Ed. João Sá da Costa, Lisboa, 1998, p. 538-541), por sua vez, incluem demais na lista dos advérbios de intensidade, sem referência à locução de mais na lista de locuções adverbiais.
Por este motivo, e excluindo os dois contextos referidos inicialmente (ex.: entregou a certidão, mas os demais documentos serão enviados pelo correio; considerou o resultado insuficiente, demais nunca gostara daquele serviço), poderá ser opcional o uso de de mais ou de demais. Por outro lado, a expressão de mais pode ainda corresponder apenas à preposição de seguida do pronome indefinido mais, sem qualquer unidade sintáctica ou semântica (ex.: serviu-se de [mais] arroz; a entrada de [mais] pessoas pode criar problemas de sobrelotação; precisava de [mais] dinheiro) e nesse caso, obviamente, não poderá ser utilizada a forma demais. [...]
http://www.flip.pt/Duvidas-Linguisticas/Duvida-Linguistica.aspx?DID=1006
Curioso. Eu supunha ser incorreto "indigestão por comer de mais", mas é praticamente aquilo que eu disse nunca ter visto antes.
Se eu entendi o português do dicionário, "demais" como "exagero" talvez fosse um brasileirismo, ainda que alguns livros de gramática portugueses dêem isso como sinônimo, mas não "de mais"? (conforme o que eu tinha como correto)