Aqueles que levantam questões sobre a hipótese de Deus e a hipótese da alma não são de modo nenhum ateus. Um ateu é alguém que tem a certeza de que Deus não existe, alguém que possui provas convincentes contra a existência de Deus. Não conheço nenhuma dessas provas convincentes. Porque Deus pode ser relegado para tempos e lugares remotos e para causas finais, teríamos de saber bastante mais do que sabemos sobre o universo para ter a certeza de que Deus não existe. Estarmos certos da existência de Deus e estarmos certos da inexistência de Deus parecem-me ser os extremos confiantes num assunto tornado tão misterioso pela dúvida e pela incerteza que inspira na verdade muito pouca confiança. Parece admissível uma larga gama de posições intermédias e, considerando as enormes energias emocionais investidas no assunto, um espírito aberto, corajoso e inquisitivo parece ser a ferramenta essencial para estreitar a gama da nossa ignorância colectiva sobre o tema da existência de Deus.
Não encontrei muita referência na internet sobre esse "O Universo Amniótico". Poderia citar uma fonte confiável?
Achei estranho o texto. O autor comete equívocos conceituais básicos, como o de associar a cogitação da hipótese da existência de alma como uma impossibilidade em ser ateu. Ora, o ateísmo em si mesmo significa apenas:
sem deus(es).Outro erro é reduzir o ateu a uma "pessoa que tem provas convincentes de que Deus não existe". Que deus ele se referia? Não ficou claro para mim se seria apenas o deus cristão ou todos os deuses. Além do mais, não preciso ter convicção e certeza total para descrer em algum deus, do mesmo modo que não preciso de provas convincentes de que dragões não existem para ficar na dúvida quanto a existência destes.
Ele não me parece agnóstico nesse texto, mesmo porque faltam as informações sobre quais divindades ele se referia e agnóstico, pelo que eu sei hoje, está relacionado a conhecer a realidade última das coisas. O termo "
Deus" utilizado por ele é muito vago. Ele me parece apenas alguém indeciso quanto ao teísmo e o ateísmo. Se for realmente um texto do Sagan, deve ter sido antigo. Em suas publicações mais maduras ele transmitia idéias bem mais lúcidas a respeito do tema.