Tópico: Fé e crença são a mesma coisa?

[Vento Sul]

Eu acredito que esta discussão não vai levar a nada, mas tem gente que tem fé, que vai convencer os desavisados, deve ter prometido isto junto com as 20 ave marias, e os 10 pai nossos... 

[Buckaroo Banzai]

Eu SEI que isso não vai dar em nada, o que é diferente de "acreditar". A crença se dá na ausência de evidências, mas o tópico já as forneceu satisfatoriamente.

Podem argumentar que eu apenas "acredito saber" disso e outros então contestarem que isso é um oxímoro, pois "acreditar saber" implica em não saber de fato. E então considerar-se-á a hipótese da pessoa que julga saber, que julga estar ciente de um fato, poder estar errada em seu julgamento, e, então, sob sua persepctiva, ter certeza de algo, que é na verdade incerto. Outros contestarão esse fraseamento.

E isso será apenas comprovação do que eu estou dizendo. 

[Skeptikós]

se falar eu acho alguma coisa é sinal de crença. Minha impressão é que crença seria dizer eu sei,  mas sem evidências.

Se você considera uma proposição verdadeira com base em evidências isso também é uma crença. Crença aqui não é o método que se usa para se chegar na verdade (empírico, positivista, racionalista ou tanto faz), mas o estado mental que se manifesta no momento em que aceitamos uma proposição como verdadeira ou falsa independente do critério que utilizamos para validar a proposição.

Se o "estado mental" é cético ainda temos uma crença? Se temos evidência, é uma crença? Uau, é uma maneira bem ampla de se utilizar a palavra e um bom jeito de igualar crentes e céticos. Mas, só que não.

O estado mental de um cético sobre uma questão ou uma proposição que pretende chegar a resolução de como as coisas são em si mesmas é a suspensão do juízo, neste caso não há assentimento, mas ausência de julgamento.

Mas para evitar uma filosofia de inação, após suspender o juízo sobre as proposições que pretendem dizer como as coisas são em si mesmas, o cético opta por uma vida comum e prática guiada por aquilo que lhe parece segundo suas impressões verificadas pela experiência.

Como um exemplo, mediante a experiência, parece a ele que, um corpo em repouso tende a permanecer em repouso caso as forças que atuam sobre este corpo sejam nulas, e um corpo em movimento tende a permanecer em movimento caso as forças que atuam sobre este corpo sejam nulas.

Diferentemente de um empirista, que consideraria esta proposição uma verdade em si mesma, factual e final após testa-la e constata-la empiricamente, o cético, após investiga-la e verifica-la, e perceber sua utilidade prática, a consideraria aparente e útil, mas não uma verdade em si mesma, factual e final como o empirista.

Aqueles que afirmam verdades, mesmo que com bases empíricas e positivistas, podem no máximo serem chamados de empíricos ou positivistas, mas não céticos. E esta informação pode ser constatada em qualquer obra que realize uma analise comparada entre ceticismo e empirismo.

[Moro]

e no que raios isso confirma sua afirmação que ter conhecimento é uma crença?

[Skeptikós]

Eu não disse isso, disse que aceitar ou rejeitar uma proposição como verdadeira é um estado (mental) de crença, independente dos meios que você usou para validar ou rejeitar esta proposição como verdadeira.

Um cientista empirista quando valida uma proposição como verdadeira após verificação e testes empíricos, o estado mental de considera-la verdadeira é o que chamamos de crença. E isso poder ser confirmado em qualquer livro de psicologia.

Conhecimento é considerado por alguns filósofos como crença verdadeira justificada, isso quando evidência e razão dão suporte a proposição em questão aceita como verdadeira.

O cético ao contrário examina, investiga, verifica e no entanto não afirma nada sobre a verdade, permanece na dúvida, suspende o juízo e somente age quando for preciso, visando utilidade prática, sempre de acordo com aquilo que lhe parece, nunca presumindo estar de posse da verdade.

[Barata Tenno]

Não existem evidências da não-existência de praticamente nada. Dragão na Garagem. Isso é ceticismo 101.

E qual a posição científica sobre o Dragão na garagem? Você pode afirmar cientificamente que ele não existe ou só pode afirmar que não existem evidencias de sua existência?

[NandoR]

Na minha opinião pessoal, penso que a crença e a fé não são conceitos assim tão diferentes um do outro, nem devem ser tão lineares. Penso que cada pessoa, de acordo com a sua experiência pessoal e vivências durante o percurso da sua vida, acredita ou quer acreditar em algo para a ajudar a superar os obstáculos que encontra nessa caminhada. Nesse caso a religião apenas classificou e direcionou o conceito de fé e crença para algo que ela defende.

[Skeptikós]

Na minha opinião pessoal, penso que a crença e a fé não são conceitos assim tão diferentes um do outro, nem devem ser tão lineares. Penso que cada pessoa, de acordo com a sua experiência pessoal e vivências durante o percurso da sua vida, acredita ou quer acreditar em algo para a ajudar a superar os obstáculos que encontra nessa caminhada. Nesse caso a religião apenas classificou e direcionou o conceito de fé e crença para algo que ela defende.

Sim, ela fez isso chamando suas crenças de fé. O significado de "fé" é acreditar mesmo sem evidência ou razão que justifique a sua crença. E é isso que a fé religiosa exige, principalmente no que diz respeito a existência de Deus por exemplo, não há nada além de escrituras e testemunhos de fé de outras pessoas que sustentam a sua existência.

Por isso fé é um conceito mais estrito, é crença no sentido religiosos da palavra, logo toda fé é crença, mas como o conceito crença é mais abrangente, nem toda crença sera fé.

A crença cientifica e filosófica por exemplo, sustentada por evidência ou lógica ainda assim é crença, pelo fato de "crença" significa o estado mental na qual toda e qualquer opinião é acompanhada por uma convicção a aceitar algo como falso ou verdadeiro. Seja este algo uma proposição cientifica, filosófica, ou mesmo confissões religiosas.

A única diferença fundamental entre a crença no sentido religioso (fé) que despensa razão e evidência e se sustenta na tradição e autoridade dos escritos sagrados e nos testemunhos de fé de outras pessoas,  a crença cientifica ou filosófica que a exigi evidência ou lógica para ser validada sendo assim classificada de acordo com Platão como "crença verdadeira justificada".

O que esta lógica nos leva a concluir é que, não importa o meio pelo qual validamos uma informação, o nome a que se dá esta validação intima é "crença".