Autor Tópico: A necessidade da fé.  (Lida 2270 vezes)

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Re:A necessidade da fé.
« Resposta #25 Online: 16 de Junho de 2014, 11:49:37 »
A necessidade da fé.

Devemos tomar algumas premissas como certas
Princípio anti-cético detectado. Sistema ceticista-antitético-ataráxico-da'epoche'dagréciaantiga-suspendedor-de-juízo interrompe andamento do programa de verificação de verdadeiro ceticismo.
O tópico não esta a descrever a doutrina cética, por este motivo a sua zombaria não me parece fazer sentido algum.
Corrijamos, então, as rotinas a partir da fonte algoritmico-heurística skpetiniana do verdadeiro ceticismo:
Para mim quando me parecer sensato e conveniente.

Em quais casos não se deve aplicar a "doutrina cética" além de quando não se está a descrevê-la? Há critério? Pragmatismo?
Quando não o acho conveniente e sensato, eu não o aplico.

Necessidade de fé é pragmática ou não faz sentido?
A fé é pragmática em muitos contextos e circunstâncias, como demonstrado no texto acima.


Abraços!



:offtopic:

Quantas vezes eu devo repetir que me sinto apenas influenciado pela doutrina cética mas que não me considero um cético em tempo integral?
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Johnny Cash

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Re:A necessidade da fé.
« Resposta #26 Online: 16 de Junho de 2014, 12:51:50 »
Já disse isso em discussões passadas aqui, mas um dos problemas em se debater a fé é que se costuma jogar no mesmo saco três conceitos distintos: (1) fé religiosa, que é uma crença na qual se persiste a despeito de evidência em contrário, (2) crenças baseadas em evidências, algo a que se atribui uma probabilidade razoável de ocorrer com base em experiências passadas e (3) Esperança, uma atitude mental que consiste em concentrar sua mente num resultado favorável, sem esquecer que o resultado desfavorável ainda pode ocorrer.

Um exemplo do caso (2) é quando empresto dinheiro a um amigo, sabendo que a probabilidade de receber meu dinheiro de volta é maior que 50%. O caso (3) é quando se afirma que se tem "fé" que seu time vai ganhar a partida. Ambos os tipos de "fé" podem ser positivos e até necessários para o bem estar mental e da sociedade.

Um exemplo do caso (1) é acreditar que um sujeito possa transformar vinho em sangue ao pronunciar certas palavras mágicas. Esse tipo de fé geralmente, penso eu, é inútil.

E não, não tive paciência de ler o texto original.

Vejamos!

No caso (2), partindo do seu exemplo, você sabe que nas vezes passadas que emprestou dinheiro a seu amigo você recebeu de volta em mais da metadade das vezes, portanto, se sabe que historicamente é provavel que ele lhe pague numa próxima vez, mas não se pode ter certeza. Não vejo motivo ou utilidade para fé aqui.

  No caso (3), me parece que fé é colocada como sinônimo de diversos outros termos como Esperança, Otimismo, Pensamento positivo e etecétera e me parece que dessa forma pode ser útil de acordo com o cenário e já até foi demonstrado por alguns estudos (que se for acaso posso ir atrás) que é de ajuda no alcance de algum definido objetivo, nem que seja dando a motivação necessária para que se façam os arranjos que de fato garantirão o sucesso seja qual for.

No caso (1), não há sempre evidência do contrário, podendo haver falta de evidência que suporte grande parte dos mitos. Esse caso (1), acaba não sendo muito diferente do caso (3), especialmente para o exemplo dado para a vitória do time de futebol, caso qual muitos torcedores continuam tendo fé absoluta na glória do time, apesar de péssimo resultado histórico.
Em ambos os exemplos não existem evidências suficientes para garantir antecipadamente o conhecimento do resultado que se dará caso você opte por agir. Por tanto a sua decisão de agir com base naquilo que se espera conseguir depende de uma grande parcela de fé. Segundo James, em todos os casos onde o fato depende da nossa vontade e ação, é onde entra a fé, pois nestes casos a fé num fato pode ajudar a criar o fato.

Abraços!

Complicado isso.

Como garantir que a decisão depende de fé? E pior, de uma grande parcela de fé? Como saber qual o tamanho da parcela de fé?
Não há necessidade de definir o tamanho da fé, em essência, se as evidências forem insuficientes para garantir antecipadamente a certeza absoluta do resultado, então estará havendo fé. William James citou no texto acima milhares de exemplos onde a fé é necessária pelo simples fato das evidências disponíveis serem insuficientes para justificarem a crença, e nestes contextos e circunstâncias, se faz presente a necessidade da fé.
1)   Você não respondeu minhas perguntas, que partiram essencialmente da sua resposta. Pode responder?
2)   Você quem disse que a decisão depende de uma grande parcela de fé. Não sabemos até agora o que é grande parcela de fé, nem pq a decisão depende dela. William James trata de alguns casos nos quais a fé pode ter papel muito importante, e quando arrisca mostrar alguma obrigatoriedade como nos casos de ação coletiva, não diz o pq da fé ser vinculante à ação com relação de dependência. Se for só pq ele disse que é, eu digo que não é e entramos num impasse.
3)   Se as evidências forem insuficientes para garantir a certeza absoluta do resultado, não é necessária a existência da fé, mas pode ser que haja e que se houver ela venha a contribuir com a obtenção do fim. Pode ser, mas não é explícito o vínculo ou relação de dependência. Nós mesmos podemos dar exemplos de situações aqui em que se pode agir sem ter certeza do resultado e sem que haja necessariamente fé.


Para a frase final, eu também disse que a fé num fato pode ajudar a criar o fato. Não entendi seu ponto então.
Se você concorda comigo neste ponto, deve concordar também que a fé é necessária. Pois se boa parte de nossas conquistas foram alcançadas a partir de ações impulsionadas pela vontade de que daria certo, apesar das evidências serem insuficientes para garantir isso, eis ai a necessidade da fé.

Abraços!
Não concordo que a fé seja necessária.
O que eu defendo e é já demonstrado é que em alguns casos a fé pode ser útil para que as ações que irão garantir os arranjos que darão no resultado se coloquem no lugar. Pode ser que o mesmo resultado seja alcançado sem fé.

Offline Skeptikós

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Re:A necessidade da fé.
« Resposta #27 Online: 16 de Junho de 2014, 13:17:11 »
1)   Você não respondeu minhas perguntas, que partiram essencialmente da sua resposta. Pode responder?
2)   Você quem disse que a decisão depende de uma grande parcela de fé. Não sabemos até agora o que é grande parcela de fé,
Se não podemos quantificar o significado de "grande", entenda-o em sentido essencial: "grande" significa necessário. algo é necessário quando esta diretamente ligado ao resultado final, onde a sua ausência impossibilita a obtenção do resultado desejado.

nem pq a decisão depende dela.
a decisão de agir depende da fé porque é a crença de que é possível alcançar determinado objetivo que te impulsiona a agir. No entanto a crença neste caso é chamada "fé" pelo fato de você ter a sua disposição evidências insuficientes para justificar a sua crença, no sentido de uma crença verdadeira e justificada como exposto acima.


William James trata de alguns casos nos quais a fé pode ter papel muito importante, e quando arrisca mostrar alguma obrigatoriedade como nos casos de ação coletiva, não diz o pq da fé ser vinculante à ação com relação de dependência.
A ação coletiva depende da fé pelo fato de cada individuo fazer a sua parte contando com a esperança de que o outro fara a dele. Esta ação é uma ação de fé pelo fato de não se ter evidências seguras de que todos farão a sua parte. Mas acreditar que assim será é o que impulsiona cada parte a agir, e o resultado esperado depende de que as coisas aconteçam desta forma. Ai esta um exemplo onde o fato depende da fé.


3)   Se as evidências forem insuficientes para garantir a certeza absoluta do resultado, não é necessária a existência da fé, mas pode ser que haja e que se houver ela venha a contribuir com a obtenção do fim. Pode ser, mas não é explícito o vínculo ou relação de dependência.
Como dito, nos casos dos fatos que dependem da nossa vontade, a fé é necessária, porque é ela que nos impulsiona a agir, apesar das evidências insuficientes. Como demonstrado por James, somente nas ditas "verdades do observador" é que segundo ele a fé não interfere no fato.

Nós mesmos podemos dar exemplos de situações aqui em que se pode agir sem ter certeza do resultado e sem que haja necessariamente fé.
A não ser que você mude o significado de fé apresentado no tópico, eu não consigo imaginar esta possibilidade.



Para a frase final, eu também disse que a fé num fato pode ajudar a criar o fato. Não entendi seu ponto então.
Se você concorda comigo neste ponto, deve concordar também que a fé é necessária. Pois se boa parte de nossas conquistas foram alcançadas a partir de ações impulsionadas pela vontade de que daria certo, apesar das evidências serem insuficientes para garantir isso, eis ai a necessidade da fé.

Abraços!
Não concordo que a fé seja necessária.
O que eu defendo e é já demonstrado é que em alguns casos a fé pode ser útil para que as ações que irão garantir os arranjos que darão no resultado se coloquem no lugar. Pode ser que o mesmo resultado seja alcançado sem fé.
Não me aprece que isso seja possível nos casos onde o fato depende da nossa vontade. Mas se você desejar apresentar os tais exemplos que você disse ser capaz de apresentar, eu ficaria grato.

Abraços!
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Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Johnny Cash

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Re:A necessidade da fé.
« Resposta #28 Online: 16 de Junho de 2014, 13:56:19 »
1)   Você não respondeu minhas perguntas, que partiram essencialmente da sua resposta. Pode responder?
2)   Você quem disse que a decisão depende de uma grande parcela de fé. Não sabemos até agora o que é grande parcela de fé,
Se não podemos quantificar o significado de "grande", entenda-o em sentido essencial: "grande" significa necessário. algo é necessário quando esta diretamente ligado ao resultado final, onde a sua ausência impossibilita a obtenção do resultado desejado.
De onde você tirou isso de que se não pode “quantificar o significado”, deve entender no “sentido essencial”?
Se é só uma recomendação, digo que não acato.
 
 


nem pq a decisão depende dela.
a decisão de agir depende da fé porque é a crença de que é possível alcançar determinado objetivo que te impulsiona a agir. .

De novo, como se demonstra isso?? Como é que a gente pode verificar se é a crença no alcance de um objetivo o que impulsiona o indivíduo ou coletivo a agir?
Veja, eu estou num barco afundando e tenho  bolas de ferro amarradas a meus pés, eu tenho crença de que nadar não será possível para me salvar e mesmo assim pulo no mar e nado.
O exemplo acima é possível. Tinha crença de que não seria possível  alcançar o objetivo e tinha intenção de nadar, portanto nadei.

Outro: darei um soco na parede de ferro com intenção de atravessá-la, embora seja expert em materiais e tenha crença de que não conseguirei, e dou o soco e termino com a mão quebrada.

Novamente, não tinha crença no alcance do objetivo, e agi.

No entanto a crença neste caso é chamada "fé" pelo fato de você ter a sua disposição evidências insuficientes para justificar a sua crença, no sentido de uma crença verdadeira e justificada como exposto acima.

Isso é claro.

William James trata de alguns casos nos quais a fé pode ter papel muito importante, e quando arrisca mostrar alguma obrigatoriedade como nos casos de ação coletiva, não diz o pq da fé ser vinculante à ação com relação de dependência.
A ação coletiva depende da fé pelo fato de cada individuo fazer a sua parte contando com a esperança de que o outro fara a dele. .
De novo, como você demonstra isso? Cada um pode fazer sua parte sem esperar que o outro faça.
Não vejo qualquer impossibilidade para que isso aconteça. Isso que você disse é wishful thinking, se foi outra pessoa que disse sem trazer dados que suportem, esse outro também disse apenas wishful thinking.

Nós mesmos podemos dar exemplos de situações aqui em que se pode agir sem ter certeza do resultado e sem que haja necessariamente fé.
A não ser que você mude o significado de fé apresentado no tópico, eu não consigo imaginar esta possibilidade.

Apresentei acima.

 

Para a frase final, eu também disse que a fé num fato pode ajudar a criar o fato. Não entendi seu ponto então.
Se você concorda comigo neste ponto, deve concordar também que a fé é necessária. Pois se boa parte de nossas conquistas foram alcançadas a partir de ações impulsionadas pela vontade de que daria certo, apesar das evidências serem insuficientes para garantir isso, eis ai a necessidade da fé.

Abraços!
Não concordo que a fé seja necessária.
O que eu defendo e é já demonstrado é que em alguns casos a fé pode ser útil para que as ações que irão garantir os arranjos que darão no resultado se coloquem no lugar. Pode ser que o mesmo resultado seja alcançado sem fé.
[/quote]Não me aprece que isso seja possível nos casos onde o fato depende da nossa vontade. Mas se você desejar apresentar os tais exemplos que você disse ser capaz de apresentar, eu ficaria grato.

Abraços!
[/quote]

Apresentei acima.

Me parece que reduzir a possibilidade da ação do indivíduo a fé, crença ou certeza no alcance do objetivo é simplificar demais.
« Última modificação: 16 de Junho de 2014, 13:59:12 por Johnny Cash »

Offline Skeptikós

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Re:A necessidade da fé.
« Resposta #29 Online: 16 de Junho de 2014, 15:44:28 »
1)   Você não respondeu minhas perguntas, que partiram essencialmente da sua resposta. Pode responder?
2)   Você quem disse que a decisão depende de uma grande parcela de fé. Não sabemos até agora o que é grande parcela de fé,
Se não podemos quantificar o significado de "grande", entenda-o em sentido essencial: "grande" significa necessário. algo é necessário quando esta diretamente ligado ao resultado final, onde a sua ausência impossibilita a obtenção do resultado desejado.
De onde você tirou isso de que se não pode “quantificar o significado”, deve entender no “sentido essencial”?
Se é só uma recomendação, digo que não acato.
:ok: façamos o seguinte então, entenda o meu uso de "grande parcela" como incorreto, e passamos a usar o conceito de "necessidade" como exposto posteriormente.
 



nem pq a decisão depende dela.
a decisão de agir depende da fé porque é a crença de que é possível alcançar determinado objetivo que te impulsiona a agir. .

De novo, como se demonstra isso?? Como é que a gente pode verificar se é a crença no alcance de um objetivo o que impulsiona o indivíduo ou coletivo a agir?
A resposta ao porque dele ter agido. Ou seja, o motivo que o impulsionou a ação.

Veja, eu estou num barco afundando e tenho  bolas de ferro amarradas a meus pés, eu tenho crença de que nadar não será possível para me salvar e mesmo assim pulo no mar e nado.
Primeiramente, porque você pulou do barco se você tinha certeza que não poderia se salvar?

Depois, se você acreditou que nadar não o salvaria, por que é que você tentou nadar?

Uma explicação é a de que neste momento você passou a acreditar que era possível afinal, mesmo que difícil, era necessário ter fé e tentar para testar esta possibilidade ou impossibilidade afinal.

O exemplo acima é possível. Tinha crença de que não seria possível  alcançar o objetivo e tinha intenção de nadar, portanto nadei.
Segundo o Houaiss V. 3.0,  intenção é aquilo que se procura alcançar, e crença sendo aquilo em que se crê; o objeto ou alvo de uma crença. Neste seu exemplo, a sua intenção é nada mais nada menos que o alvo de sua crença.

Outro: darei um soco na parede de ferro com intenção de atravessá-la,
A mesma explicação de cima, a sua intenção é nada mais nada menos que o alvo de sua crença.

embora seja expert em materiais e tenha crença de que não conseguirei, e dou o soco e termino com a mão quebrada.
Existe um conflito ai, se você sabe que não vai conseguir algo, e ainda sim o faz, a sua intenção neste caso então não é de atravessar a parede, e sim a de quebrar a mão e provar para si mesmo que você afinal não era capaz de atravessar a parede de ferro com um soco.

Novamente, não tinha crença no alcance do objetivo, e agi.
Como mostrado acima, o fato de achar algo impossível é também uma crença.

A unica exposição errônea ai foi a da intenção, que na verdade não era a de atravessar a parede, e sim a de quebrar a mão e confirmar a crença de que afinal era impossível atravessar a parede de ferro com um simples soco.

A não ser que começamos a considerar a sua exposição acima como uma forma de duplipensar, neste caso você teria duas crenças conflitantes operando ao mesmo tempo. Isso no entanto não muda o fato de que a sua ação fora motivada por crenças.


No entanto a crença neste caso é chamada "fé" pelo fato de você ter a sua disposição evidências insuficientes para justificar a sua crença, no sentido de uma crença verdadeira e justificada como exposto acima.

Isso é claro.
:ok:


William James trata de alguns casos nos quais a fé pode ter papel muito importante, e quando arrisca mostrar alguma obrigatoriedade como nos casos de ação coletiva, não diz o pq da fé ser vinculante à ação com relação de dependência.
A ação coletiva depende da fé pelo fato de cada individuo fazer a sua parte contando com a esperança de que o outro fara a dele. .
De novo, como você demonstra isso? Cada um pode fazer sua parte sem esperar que o outro faça.
Qual o objetivo de um grupo de remadores quando estes estão em um barco viking o movendo-o em linha reta a um lugar especifico? O objetivo mais evidente me parece ser o de chegarem a este lugar. Para isso ser possível cada remador deve fazer o seu movimento contando com a esperança de que o seu par faça um movimento compensatório em uníssono, e que todos os demais remadores sigam esta mesma "dança" sincronizada de movimentos.


Não vejo qualquer impossibilidade para que isso aconteça. Isso que você disse é wishful thinking, se foi outra pessoa que disse sem trazer dados que suportem, esse outro também disse apenas wishful thinking.
Acima foi explicado o motivo da cooperação coletiva envolver fé.  Agora, se o seu exemplo ilustra algo onde cada um faz o que faz não esperando que o outro faça algo de volta, então não esta havendo cooperação coletiva, este caso pode ser um exemplo de cada um por si, mas não um exemplo de coletividade. E se não há um contexto de cooperação coletiva, então não há porque debater a existência da fé em comportamentos envolvendo cooperação coletiva num contexto onde tal cooperação coletiva não existe.


Nós mesmos podemos dar exemplos de situações aqui em que se pode agir sem ter certeza do resultado e sem que haja necessariamente fé.
A não ser que você mude o significado de fé apresentado no tópico, eu não consigo imaginar esta possibilidade.

Apresentei acima.
E eu apresentei as minhas réplicas.


Abraços!
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Johnny Cash

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Re:A necessidade da fé.
« Resposta #30 Online: 16 de Junho de 2014, 16:19:42 »
1)   Você não respondeu minhas perguntas, que partiram essencialmente da sua resposta. Pode responder?
2)   Você quem disse que a decisão depende de uma grande parcela de fé. Não sabemos até agora o que é grande parcela de fé,
Se não podemos quantificar o significado de "grande", entenda-o em sentido essencial: "grande" significa necessário. algo é necessário quando esta diretamente ligado ao resultado final, onde a sua ausência impossibilita a obtenção do resultado desejado.
De onde você tirou isso de que se não pode “quantificar o significado”, deve entender no “sentido essencial”?
Se é só uma recomendação, digo que não acato.
:ok: façamos o seguinte então, entenda o meu uso de "grande parcela" como incorreto, e passamos a usar o conceito de "necessidade" como exposto posteriormente. 

Ta bom. Mas aí o problema é outro, sua frase fica estranha: “A decisão depende de necessidade na fé”.

? Não entendi.
 
nem pq a decisão depende dela.
a decisão de agir depende da fé porque é a crença de que é possível alcançar determinado objetivo que te impulsiona a agir. .

De novo, como se demonstra isso?? Como é que a gente pode verificar se é a crença no alcance de um objetivo o que impulsiona o indivíduo ou coletivo a agir?
A resposta ao porque dele ter agido. Ou seja, o motivo que o impulsionou a ação.
Mas qual é a resposta dele? Dele quem?
Como é que demonstramos sistematicamente que é a crença no alcance de um objetivo o que impulsion o coletivo a agir?
Que pode ser em alguns casos, a gente já sabe, mas o vínculo e obrigatoriedade ainda não estão demonstrados.

 
Veja, eu estou num barco afundando e tenho  bolas de ferro amarradas a meus pés, eu tenho crença de que nadar não será possível para me salvar e mesmo assim pulo no mar e nado.
Primeiramente, porque você pulou do barco se você tinha certeza que não poderia se salvar?

Depois, se você acreditou que nadar não o salvaria, por que é que você tentou nadar?


Poderia ter nadado inclusive por instinto, que é algo em tese inato. Se não nos exigimos muito e aceitamos definição de dicionário e Wikipédia segue: Instinto designa em psicologia, etologia, biologia e outras ciências afins predisposições inatas para a realização de determinadas sequências de ações (comportamentos) caracterizadas sobretudo por uma realização estereotipada, padronizada, pré-definida. Devido a essas características supõe-se uma forte base genética para os instintos . Por isso digo que essa redução proposta aqui aos motivos de ações de indivíduos ou sociedade não são válidas e não pode ser demonstrada.

William James trata de alguns casos nos quais a fé pode ter papel muito importante, e quando arrisca mostrar alguma obrigatoriedade como nos casos de ação coletiva, não diz o pq da fé ser vinculante à ação com relação de dependência.
A ação coletiva depende da fé pelo fato de cada individuo fazer a sua parte contando com a esperança de que o outro fara a dele. .
De novo, como você demonstra isso? Cada um pode fazer sua parte sem esperar que o outro faça.
Qual o objetivo de um grupo de remadores quando estes estão em um barco viking o movendo-o em linha reta a um lugar especifico? O objetivo mais evidente me parece ser o de chegarem a este lugar. Para isso ser possível cada remador deve fazer o seu movimento contando com a esperança de que o seu par faça um movimento compensatório em uníssono, e que todos os demais remadores sigam esta mesma "dança" sincronizada de movimentos.
Você teria que perguntar aos Vikings.
Os motivos para ação em sociedade/coletivamente podem ser diversos, inclusive novamente instintivos. O motivo da crença faz sentido, mas ainda não foi limitado a isso muito menos demonstrado do pq seria.

Não vejo qualquer impossibilidade para que isso aconteça. Isso que você disse é wishful thinking, se foi outra pessoa que disse sem trazer dados que suportem, esse outro também disse apenas wishful thinking.
Acima foi explicado o motivo da cooperação coletiva envolver fé.  Agora, se o seu exemplo ilustra algo onde cada um faz o que faz não esperando que o outro faça algo de volta, então não esta havendo cooperação coletiva, este caso pode ser um exemplo de cada um por si, mas não um exemplo de coletividade. E se não há um contexto de cooperação coletiva, então não há porque debater a existência da fé em comportamentos envolvendo cooperação coletiva num contexto onde tal cooperação coletiva não existe.

A cooperação coletiva pode sim envolver fé, quando se espera que o outro faça algo e não se tem como assegurar, claro. O problema aqui é que não foi demonstrado ainda o pq é que os indivíduos só agiriam motivados por fé ou crença, tampouco como só agiram dessa forma.

Nós mesmos podemos dar exemplos de situações aqui em que se pode agir sem ter certeza do resultado e sem que haja necessariamente fé.
A não ser que você mude o significado de fé apresentado no tópico, eu não consigo imaginar esta possibilidade.

Apresentei acima.
E eu apresentei as minhas réplicas.


Abraços!

Show de bola!

Conforme tenho dito, para mim não é possível e ainda não foi demonstrado como sistematicamente os indivíduos só agem de acordo com o texto postado originalmente. Faltam dados que demonstrem que isso ocorre.
« Última modificação: 16 de Junho de 2014, 16:23:49 por Johnny Cash »

Offline Pagão

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Re:A necessidade da fé.
« Resposta #31 Online: 16 de Junho de 2014, 16:49:54 »
Já disse isso em discussões passadas aqui, mas um dos problemas em se debater a fé é que se costuma jogar no mesmo saco três conceitos distintos: (1) fé religiosa, que é uma crença na qual se persiste a despeito de evidência em contrário, (2) crenças baseadas em evidências, algo a que se atribui uma probabilidade razoável de ocorrer com base em experiências passadas e (3) Esperança, uma atitude mental que consiste em concentrar sua mente num resultado favorável, sem esquecer que o resultado desfavorável ainda pode ocorrer.

Só o 1 é Fé; 2 será Acreditar (algo mais forte do que Admitir que) ; 3 é Esperança...
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

Offline Skeptikós

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Re:A necessidade da fé.
« Resposta #32 Online: 16 de Junho de 2014, 17:36:54 »
1)   Você não respondeu minhas perguntas, que partiram essencialmente da sua resposta. Pode responder?
2)   Você quem disse que a decisão depende de uma grande parcela de fé. Não sabemos até agora o que é grande parcela de fé,
Se não podemos quantificar o significado de "grande", entenda-o em sentido essencial: "grande" significa necessário. algo é necessário quando esta diretamente ligado ao resultado final, onde a sua ausência impossibilita a obtenção do resultado desejado.
De onde você tirou isso de que se não pode “quantificar o significado”, deve entender no “sentido essencial”?
Se é só uma recomendação, digo que não acato.
:ok: façamos o seguinte então, entenda o meu uso de "grande parcela" como incorreto, e passamos a usar o conceito de "necessidade" como exposto posteriormente. 

Ta bom. Mas aí o problema é outro, sua frase fica estranha: “A decisão depende de necessidade na fé”.
"A decisão necessita da fé."


nem pq a decisão depende dela.
a decisão de agir depende da fé porque é a crença de que é possível alcançar determinado objetivo que te impulsiona a agir. .

De novo, como se demonstra isso?? Como é que a gente pode verificar se é a crença no alcance de um objetivo o que impulsiona o indivíduo ou coletivo a agir?
A resposta ao porque dele ter agido. Ou seja, o motivo que o impulsionou a ação.
Dele quem?
Do individuo que agiu, agirá, ou esta a agir.

Mas qual é a resposta dele?
Se ele age esperando alcançar algo em troca (esta é sua crença), e se ele não tem evidencia suficiente para antecipadamente confirmar a sua esperança, a sua esperança é uma crença de fé.


Como é que demonstramos sistematicamente que é a crença no alcance de um objetivo o que impulsion o coletivo a agir?
Nos exemplos que dependem da cooperação, isso foi demonstrado no exemplo dos remadores de um barco viking.


Que pode ser em alguns casosa gente já sabe, mas o vínculo e obrigatoriedade ainda não estão demonstrados.
O vinculo é o seguinte, uma ação e ou um fato especifico se torna possível graças a vontade humana. Como você mesmo disse, nos já sabemos que existem alguns casos assim.

Já sobre a obrigatoriedade desta vontade, ela se refere a todos aqueles fatos que para poderem existirem dependem desta vontade humana, pois se eles só poderão existirem graças a vontade humana, então para eles existirem a vontade humana se torna obrigatória.

Mas evidentemente alguns fatos não dependem da vontade humana, logo estes não precisarão dela para poderem existire, é por isso que James identifica "dois tipos de verdade na vida: aquelas cuja validade não tem nada que ver com as nossas ações e aquelas cuja realidade depende do que nós fazemos. Verdades do primeiro tipo – verdades do observador – incluem fatos sobre o comportamento do mundo físico: como os átomos formam as moléculas, como as estrelas explodem." Estas verdades do observador acontecem independente das nossas ações, e por este motivo independem da nossa vontade. Mas já o outro tipo de verdade, as "verdades do segundo tipo – verdades que dependem da vontade – incluem habilidades, relacionamentos, projetos empresariais, qualquer coisa que requeira seu esforço para fazer com que seja real." E nestes casos onde a fé num fato pode ajudar a criar o fato, a fé é necessária.

Agora, "Com verdades do observador, é melhor permanecer cético até que uma evidência razoável surja. [já] com verdades que dependem da vontade, no entanto, a verdade não acontece sem a sua fé e quase sempre diante de chances não muito promissoras. Se você não acreditar que a democracia funcionará no seu país, ela não vai funcionar. Se você não acreditar que vale a pena se tornar um pianista ou que você tem as qualidades de um pianista, nada acontecerá. As verdades que dependem da vontade são as mais relevantes dentro da nossa busca da verdadeira felicidade."

E então ele finaliza: "nos casos em que a fé num fato pode ajudar a criar o fato, seria uma lógica insana dizer que a fé que vem antes da evidência científica é "o nível mais baixo de imoralidade" a que um ser pensante pode descer. [...] Em verdades dependentes de nossa ação pessoal, portanto, a fé baseada na vontade é, certamente, algo lícito e possivelmente indispensável."


Veja, eu estou num barco afundando e tenho  bolas de ferro amarradas a meus pés, eu tenho crença de que nadar não será possível para me salvar e mesmo assim pulo no mar e nado.
Primeiramente, porque você pulou do barco se você tinha certeza que não poderia se salvar?

Depois, se você acreditou que nadar não o salvaria, por que é que você tentou nadar?


Poderia ter nadado inclusive por instinto, que é algo em tese inato. Se não nos exigimos muito e aceitamos definição de dicionário e Wikipédia segue: Instinto designa em psicologia, etologia, biologia e outras ciências afins predisposições inatas para a realização de determinadas sequências de ações (comportamentos) caracterizadas sobretudo por uma realização estereotipada, padronizada, pré-definida. Devido a essas características supõe-se uma forte base genética para os instintos . Por isso digo que essa redução proposta aqui aos motivos de ações de indivíduos ou sociedade não são válidas e não pode ser demonstrada.
Ok, neste caso se considerarmos que a ação em nenhum momento foi motivada pelo raciocínio ou por uma decisão consciente, que fora tudo impulsionado instintivamente, então talvez este seja um exemplo onde a crença de fato não foi necessária para produzir a ação e os resultados que se seguiram.

Este no entanto é diferente de todos os exemplos apresentados por James no tópico em questão, pois na democracia, no trabalho e nos demais exemplos que ele nos mostrou, as nossas ações não eram simplesmente atos instintivamente motivados e inconscientemente executados sem interferência racional alguma. Eram evidentemente atos motivados por uma vontade consciente de conseguir algo também conscientemente esperado.


William James trata de alguns casos nos quais a fé pode ter papel muito importante, e quando arrisca mostrar alguma obrigatoriedade como nos casos de ação coletiva, não diz o pq da fé ser vinculante à ação com relação de dependência.
A ação coletiva depende da fé pelo fato de cada individuo fazer a sua parte contando com a esperança de que o outro fara a dele. .
De novo, como você demonstra isso? Cada um pode fazer sua parte sem esperar que o outro faça.
Qual o objetivo de um grupo de remadores quando estes estão em um barco viking o movendo-o em linha reta a um lugar especifico? O objetivo mais evidente me parece ser o de chegarem a este lugar. Para isso ser possível cada remador deve fazer o seu movimento contando com a esperança de que o seu par faça um movimento compensatório em uníssono, e que todos os demais remadores sigam esta mesma "dança" sincronizada de movimentos.
Você teria que perguntar aos Vikings.
Os motivos para ação em sociedade/coletivamente podem ser diversos, inclusive novamente instintivos. O motivo da crença faz sentido, mas ainda não foi limitado a isso muito menos demonstrado do pq seria.
A fome pode ser instintiva, mas a crença de que um grupo de pessoas trabalhando juntos num processo de agricultura, com cada qual fazendo a sua parte, para assim alcançarem um objetivo comum, não me parece instintivo. Logo a fome é instintiva, mas é a crença na ideia da agriculta que a tornou possível, e não a fome por si só. Por isso a crença foi neste caso, necessária para tornar o fato da agricultura real.


Não vejo qualquer impossibilidade para que isso aconteça. Isso que você disse é wishful thinking, se foi outra pessoa que disse sem trazer dados que suportem, esse outro também disse apenas wishful thinking.
Acima foi explicado o motivo da cooperação coletiva envolver fé.  Agora, se o seu exemplo ilustra algo onde cada um faz o que faz não esperando que o outro faça algo de volta, então não esta havendo cooperação coletiva, este caso pode ser um exemplo de cada um por si, mas não um exemplo de coletividade. E se não há um contexto de cooperação coletiva, então não há porque debater a existência da fé em comportamentos envolvendo cooperação coletiva num contexto onde tal cooperação coletiva não existe.

A cooperação coletiva pode sim envolver fé, quando se espera que o outro faça algo e não se tem como assegurar, claro. O problema aqui é que não foi demonstrado ainda o pq é que os indivíduos só agiriam motivados por fé ou crença, tampouco como só agiram dessa forma.
Isso diz respeito apenas as ações coletivas mantidas por um sistema de cooperação. Em casos assim o resultado desejado é assegurado graças a cada qual estar a fazer a sua parte na esperança de que o outro também faça a dele, pois caso se pensasse o contrário, não haveria motivos para eu fazer a minha parte caso o outro não fizesse a dele, pois desta forma, apesar dos meus esforços individuais, o grupo não alcançaria o resultado desejado.



Nós mesmos podemos dar exemplos de situações aqui em que se pode agir sem ter certeza do resultado e sem que haja necessariamente fé.
A não ser que você mude o significado de fé apresentado no tópico, eu não consigo imaginar esta possibilidade.

Apresentei acima.
E eu apresentei as minhas réplicas.


Abraços!

Show de bola!
:ok:
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Skeptikós

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Re:A necessidade da fé.
« Resposta #33 Online: 16 de Junho de 2014, 17:42:32 »
Já disse isso em discussões passadas aqui, mas um dos problemas em se debater a fé é que se costuma jogar no mesmo saco três conceitos distintos: (1) fé religiosa, que é uma crença na qual se persiste a despeito de evidência em contrário, (2) crenças baseadas em evidências, algo a que se atribui uma probabilidade razoável de ocorrer com base em experiências passadas e (3) Esperança, uma atitude mental que consiste em concentrar sua mente num resultado favorável, sem esquecer que o resultado desfavorável ainda pode ocorrer.

Só o 1 é Fé; 2 será Acreditar (algo mais forte do que Admitir que) ; 3 é Esperança...
1,2 e 3 serão todos exemplos de crença e fé segundo a definição fixada por mim sobre o que é "crença" e o que é "fé". Crença sendo toda e qualquer adesão a uma opinião, como esta sendo verdadeira, e fé, em sentido mais estrito, como sendo  toda adesão a uma opinião apesar de evidências insuficientes para confirma-la antecipadamente. E tanto o exemplo 1, quanto o 2 e o 3 apresentados pelo Dr. Manhattan se encaixam nestas definições.

Abraços!
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

 

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