1) Você não respondeu minhas perguntas, que partiram essencialmente da sua resposta. Pode responder?
2) Você quem disse que a decisão depende de uma grande parcela de fé. Não sabemos até agora o que é grande parcela de fé,
Se não podemos quantificar o significado de "grande", entenda-o em sentido essencial: "grande" significa necessário. algo é necessário quando esta diretamente ligado ao resultado final, onde a sua ausência impossibilita a obtenção do resultado desejado.
De onde você tirou isso de que se não pode “quantificar o significado”, deve entender no “sentido essencial”?
Se é só uma recomendação, digo que não acato.
façamos o seguinte então, entenda o meu uso de "grande parcela" como incorreto, e passamos a usar o conceito de "necessidade" como exposto posteriormente.
Ta bom. Mas aí o problema é outro, sua frase fica estranha: “A decisão depende de necessidade na fé”.
"A decisão necessita da fé."
nem pq a decisão depende dela.
a decisão de agir depende da fé porque é a crença de que é possível alcançar determinado objetivo que te impulsiona a agir. .
De novo, como se demonstra isso?? Como é que a gente pode verificar se é a crença no alcance de um objetivo o que impulsiona o indivíduo ou coletivo a agir?
A resposta ao porque dele ter agido. Ou seja, o motivo que o impulsionou a ação.
Dele quem?
Do individuo que agiu, agirá, ou esta a agir.
Mas qual é a resposta dele?
Se ele age esperando alcançar algo em troca (esta é sua crença), e se ele não tem evidencia suficiente para antecipadamente confirmar a sua esperança, a sua esperança é uma crença de fé.
Como é que demonstramos sistematicamente que é a crença no alcance de um objetivo o que impulsion o coletivo a agir?
Nos exemplos que dependem da cooperação, isso foi demonstrado no exemplo dos remadores de um barco viking.
Que pode ser em alguns casosa gente já sabe, mas o vínculo e obrigatoriedade ainda não estão demonstrados.
O vinculo é o seguinte, uma ação e ou um fato especifico se torna possível graças a vontade humana. Como você mesmo disse, nos já sabemos que existem alguns casos assim.
Já sobre a obrigatoriedade desta vontade, ela se refere a todos aqueles fatos que para poderem existirem dependem desta vontade humana, pois se eles só poderão existirem graças a vontade humana, então para eles existirem a vontade humana se torna obrigatória.
Mas evidentemente alguns fatos não dependem da vontade humana, logo estes não precisarão dela para poderem existire, é por isso que James identifica
"dois tipos de verdade na vida: aquelas cuja validade não tem nada que ver com as nossas ações e aquelas cuja realidade depende do que nós fazemos. Verdades do primeiro tipo – verdades do observador – incluem fatos sobre o comportamento do mundo físico: como os átomos formam as moléculas, como as estrelas explodem." Estas verdades do observador acontecem independente das nossas ações, e por este motivo independem da nossa vontade. Mas já o outro tipo de verdade, as
"verdades do segundo tipo – verdades que dependem da vontade – incluem habilidades, relacionamentos, projetos empresariais, qualquer coisa que requeira seu esforço para fazer com que seja real." E nestes casos onde a fé num fato pode ajudar a criar o fato, a fé é necessária.
Agora,
"Com verdades do observador, é melhor permanecer cético até que uma evidência razoável surja. [já] com verdades que dependem da vontade, no entanto, a verdade não acontece sem a sua fé e quase sempre diante de chances não muito promissoras. Se você não acreditar que a democracia funcionará no seu país, ela não vai funcionar. Se você não acreditar que vale a pena se tornar um pianista ou que você tem as qualidades de um pianista, nada acontecerá. As verdades que dependem da vontade são as mais relevantes dentro da nossa busca da verdadeira felicidade."E então ele finaliza:
"nos casos em que a fé num fato pode ajudar a criar o fato, seria uma lógica insana dizer que a fé que vem antes da evidência científica é "o nível mais baixo de imoralidade" a que um ser pensante pode descer. [...] Em verdades dependentes de nossa ação pessoal, portanto, a fé baseada na vontade é, certamente, algo lícito e possivelmente indispensável."Veja, eu estou num barco afundando e tenho bolas de ferro amarradas a meus pés, eu tenho crença de que nadar não será possível para me salvar e mesmo assim pulo no mar e nado.
Primeiramente, porque você pulou do barco se você tinha certeza que não poderia se salvar?
Depois, se você acreditou que nadar não o salvaria, por que é que você tentou nadar?
Poderia ter nadado inclusive por instinto, que é algo em tese inato. Se não nos exigimos muito e aceitamos definição de dicionário e Wikipédia segue: Instinto designa em psicologia, etologia, biologia e outras ciências afins predisposições inatas para a realização de determinadas sequências de ações (comportamentos) caracterizadas sobretudo por uma realização estereotipada, padronizada, pré-definida. Devido a essas características supõe-se uma forte base genética para os instintos . Por isso digo que essa redução proposta aqui aos motivos de ações de indivíduos ou sociedade não são válidas e não pode ser demonstrada.
Ok, neste caso se considerarmos que a ação em nenhum momento foi motivada pelo raciocínio ou por uma decisão consciente, que fora tudo impulsionado instintivamente, então talvez este seja um exemplo onde a crença de fato não foi necessária para produzir a ação e os resultados que se seguiram.
Este no entanto é diferente de todos os exemplos apresentados por James no tópico em questão, pois na democracia, no trabalho e nos demais exemplos que ele nos mostrou, as nossas ações não eram simplesmente atos instintivamente motivados e inconscientemente executados sem interferência racional alguma. Eram evidentemente atos motivados por uma vontade consciente de conseguir algo também conscientemente esperado.
William James trata de alguns casos nos quais a fé pode ter papel muito importante, e quando arrisca mostrar alguma obrigatoriedade como nos casos de ação coletiva, não diz o pq da fé ser vinculante à ação com relação de dependência.
A ação coletiva depende da fé pelo fato de cada individuo fazer a sua parte contando com a esperança de que o outro fara a dele. .
De novo, como você demonstra isso? Cada um pode fazer sua parte sem esperar que o outro faça.
Qual o objetivo de um grupo de remadores quando estes estão em um barco viking o movendo-o em linha reta a um lugar especifico? O objetivo mais evidente me parece ser o de chegarem a este lugar. Para isso ser possível cada remador deve fazer o seu movimento contando com a esperança de que o seu par faça um movimento compensatório em uníssono, e que todos os demais remadores sigam esta mesma "dança" sincronizada de movimentos.
Você teria que perguntar aos Vikings.
Os motivos para ação em sociedade/coletivamente podem ser diversos, inclusive novamente instintivos. O motivo da crença faz sentido, mas ainda não foi limitado a isso muito menos demonstrado do pq seria.
A fome pode ser instintiva, mas a crença de que um grupo de pessoas trabalhando juntos num processo de agricultura, com cada qual fazendo a sua parte, para assim alcançarem um objetivo comum, não me parece instintivo. Logo a fome é instintiva, mas é a crença na ideia da agriculta que a tornou possível, e não a fome por si só. Por isso a crença foi neste caso, necessária para tornar o fato da agricultura real.
Não vejo qualquer impossibilidade para que isso aconteça. Isso que você disse é wishful thinking, se foi outra pessoa que disse sem trazer dados que suportem, esse outro também disse apenas wishful thinking.
Acima foi explicado o motivo da cooperação coletiva envolver fé. Agora, se o seu exemplo ilustra algo onde cada um faz o que faz não esperando que o outro faça algo de volta, então não esta havendo cooperação coletiva, este caso pode ser um exemplo de cada um por si, mas não um exemplo de coletividade. E se não há um contexto de cooperação coletiva, então não há porque debater a existência da fé em comportamentos envolvendo cooperação coletiva num contexto onde tal cooperação coletiva não existe.
A cooperação coletiva pode sim envolver fé, quando se espera que o outro faça algo e não se tem como assegurar, claro. O problema aqui é que não foi demonstrado ainda o pq é que os indivíduos só agiriam motivados por fé ou crença, tampouco como só agiram dessa forma.
Isso diz respeito apenas as ações coletivas mantidas por um sistema de cooperação. Em casos assim o resultado desejado é assegurado graças a cada qual estar a fazer a sua parte na esperança de que o outro também faça a dele, pois caso se pensasse o contrário, não haveria motivos para eu fazer a minha parte caso o outro não fizesse a dele, pois desta forma, apesar dos meus esforços individuais, o grupo não alcançaria o resultado desejado.
Nós mesmos podemos dar exemplos de situações aqui em que se pode agir sem ter certeza do resultado e sem que haja necessariamente fé.
A não ser que você mude o significado de fé apresentado no tópico, eu não consigo imaginar esta possibilidade.
Apresentei acima.
E eu apresentei as minhas réplicas.
Abraços!
Show de bola!
