P. S. quando eu enviei o post, você, Skeptikos, já tinha, quase ao mesmo tempo, afirmado em novo post que o autor não tinha declarado que o Paraguai era o país mais desenvolvido.
Outro ponto que achei interessante
RH – Como o senhor vê o ensino da guerra na escola e o lapso entre as pesquisas acadêmicas e o ensino escolar?
FD – Leva alguns anos até os resultados de uma pesquisa original chegarem aos livros didáticos dos ensinos Fundamental e Médio. Muitas vezes editoras e autores de livros didáticos não querem fazer essas inclusões, por comodidade ou custo financeiro. Ademais, o professor do Fundamental e do Médio, que é um herói, pois ganha pouco e trabalha muito em condições precárias, não tem tempo e nem dinheiro para se atualizar. Além disso, dizer que o imperialismo não foi responsável pelo conflito ou que foi Solano López que iniciou o conflito, retirando-lhe o papel de vítima, faz com que se tenha de repensar outras explicações para o processo histórico de nosso país e da América Latina. Se você passou 20 anos acreditando em uma coisa, é difícil mudar de opinião. É muito mais fácil e confortável culpar o imperialismo por todos os problemas do nosso continente, embora, evidentemente, tenha existido a ação imperialista, como o demonstra a criação do Canal do Panamá.
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Neste livro supracitado por mim (Que por curiosidade é um livro de ensino médio, como já observado por você), Divalte já declara que
"em dezembro 1864, forças paraguais atacaram o Mato Grosso[...]", enquanto num outro momento ele diz que
"no primeiro momento do conflito, a ofensiva coube ao Paraguai[...]" (Divalte, 2007). Ou seja, de certa forma neste livro de ensino médio, o autor já reconhece o início da guerra com o primeiro movimento ofensivo militar iniciado pelo Paraguai de Solano López.
No entanto Divalte cita alguns episódios que teriam sido motivações para o inicio da guerra, onde o primeiro episódio esta relacionada a uma ação brasileira, antes de citar os episódios ele explica como se encontrava dividida as alianças entres os governos e partidos políticos naquela época, no caso dos países que se envolveriam na guerra, segundo ele,
"em 1864, as forças da região estavam assim distribuídas: no Uruguai o governo blanco do presidente Atanásio Cruz Aguirre era apoiado por Solano lópez, presidente do Paraguai, e pelo argentino Urquiza. Em contrapartida, os colorados uruguaios recebiam ajuda do governo brasileiro e do presidente argentino Bartolomeu Mitre.
Em novembro de 1864, uma esquadra de guerra brasileira comandada pelo almirante Joaquim Marques Lisboa, barão de Tamandaré, bloqueou Montevidéu, a pretexto de punir o governo uruguaio contra "maus tratos" a cidadãos brasileiros. Como a intervenção alterava o equilíbrio da região a favor do Brasil, em resposta o governo de Solano López aprisionou um navio brasileiro que navegava por águas do rio Paraguai e rompeu relações com o governo do Brasil.
A guerra entre os dois países era iminente. [Então] em dezembro de 1864, forças paraguaias atacaram o Mato Grosso." enquanto isso, tropas brasileiras, apoiadas por forças uruguaias coloradas invadiram o território uruguaio, tomaram a cidade de Paissandu em janeiro de 1865 e colocaram no poder o colorado Venâncio Flores. Em abril, forças paraguais reagiram e invadiram a província argentina de correntes, com o objetivo de chegar ao Uruguai e recolocar no poder o partido blanco.
[Então] em maio de 1865, representantes do governos brasileiro, argentino e uruguaio reuniram-se em Buenos Aires e firmaram o Tratado da Tríplice Aliança contra o Paraguai.[...] (Divalte,
História, Ática, São Paulo: 2007, p. 274)
Inclusive Divalte cita uma passagem de um livro de Francisco Doratioto, joão da Ega, logo imagino que Divalte já estivesse bem informado na época em que publicou seu livro, a tal passagem afirma que
"a guerra do Paraguai foi fruto das contradições Platinas tendo como razão última a consolidação dos Estados nacionais na região. Essas contradições se cristalizaram em torno da guerra civil uruguaia, iniciada com o apoio do governo argentino aos sublevados, na qual o Brasil interveio e o Paraguai também.[...]" (Divalte,
História, Ática, São Paulo: 2007, p. 276. Adaptado de: Francisco Doratioto,
Maldita Guerra, São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 96)
Reforçando ao meu ver a ideia de Divalte apresentada acima, pois ele estaria apoiado nos próprios escritos de Doratioto, nome que você vem citando aqui em nosso debate.
Abraços!