É pra mim?
Desculpe se pareci agressiva, Lorentz, não foi minha intenção. O que eu quis dizer é que existe uma certa hipocrisia nesta questão: o cânhamo é usado há milhares de anos, o tabaco e o álcool também; juntamente com a papoula, são as drogas mais antigas utilizadas pelo homem, e nem por isso derrubaram civilizações ou destruíram cidades, pois quem o faz são os homens.
Na distante Alamut, dizia-se da Seita dos Assassinos suas incursões violentas após terem ingerido haxixe, e que da planta viria o nome "assassino", ou "comedor de haxixe"; a história, supostamente espalhada por Marco Polo e por cristãos, carece de confirmação, mas dispõe de negativas por parte dos conhecedores do assunto, ou seja, a Ordem, na verdade, seria "apenas" uma vertente radical da fé islâmica, e seu nome viria de Assas, "fundação".
O astuto Freud indicava cocaína para seus pacientes como fármaco ideal para as "doenças da alma", e podia-se comprar a droga milagrosa e qualquer botica em Viena nos idos de 1880.
A Heroína, tão temida e com sua variante, o "crocodilo", foi anunciada pela Bayer à época como realmente uma heroína no combate à tosse infantil, até ser descoberto que se tranformava em morfina no fígado.
Enfim, como "a diferença entre o remédio e o veneno está na dose", acho muito mais coerente da parte de qualquer governo o combate ao mal maior que é o tráfico, hoje e sempre, o maior matador, seja de negociantes, seja de usuários e demais envolvidos neste universo.
Mas, conhecedores das mazelas diárias nos estabelecimentos de saúde em nosso país, bem como o descontrole tanto na utilização dos recursos como em sua distribuição, é bem capaz que não tenhamos mais guerras do tráfico, mas talvez viciados em crises de abstinência sem a droga, da mesma maneira que vemos pessoas que tomam remédios controlados distribuídos pelo SUS em vias de morrer pela supressão da medicação.