Num tópico sobre o aborto, o Poindexter disse que nos postos de saúde eram distribuidos preservativos e eu contra argumentei, dizendo que era dificil encontrar preservativos nestes postos e que as adolescentes tinham vergonha de buscar. Ele disse que não, dai eu disse que iria pessoalmente num posto de saúde da minha cidade adquirir preservativos. Foi o que fiz hoje.
Fui num posto de saúde que ficava num bairro pobre de minha cidade. Lá na recepção, em volta de uma mesa onde ficava a enfermeira recepcionista, havia cinco mulheres. Eu, fiquei com um pouco de vergonha, pois as mulheres iriam ouvir meu pedido. Mas mesmo assim falei: "Por gentileza, eu gostaria de adquirir preservativos, vocês tem?". A enfermeira disse: "Não temos, está em falta. Mas, talvez o senhor encontre num outro posto de saúde que fica neste endereço".
Fui no outro posto de saúde, maior que o anterior, que ficava num outro endereço da cidade. Lá a enfermeira que me atendeu, no meio de outras pessoas , disse que não tinha preservativos lá. Que os preservativos só chegavam uma vez por mês. Mas, naquele mês não havia chegado a remessa de preservativos. Disse também que era difícil chegar.
Perguntei a ela se podia encontrar num outro posto de saúde da cidade. Ela me disse que não, pois se aquele que era o maior posto de saude não tinha, nos outros também certamente estaria faltando.
Perguntei se quando tinha quem eram as pessoas que pegavam. Ela me disse que apenas senhores adquiriam preservativos nos postos. Disse também que as adolescentes nunca pegam preservativos porque tem muita, mas muita, vergonha de fazer isto.
Ou seja, na minha cidade, Palmas-TO, que tem pouco mais de 150.000 habitantes, não há no momento preservativos disponíveis para as jovens pobres e mesmo quando há, elas tem vergonha de pegar.
Gostaria que outras pessoas fizessem o mesmo que eu fiz e verificassem se em suas cidades, de preferência nos bairros pobres, há distribuição de preservativos nos postos de saúde. Porque na minha cidade não há.
Se o que está acontecendo em Palmas, também acontece no restante do Brasil, temos um problema sério a resolver. Nossas adolescentes pobres não podem ficar privadas dos preservativos e anticoncepcionais.
Esqueci de perguntar se eles distribuiam pílulas. Mas, pílula não pode ser distribuida. Tem que ter recomentdação e receita. Mesmo que a garota se consulte e adquira a pílula, ela não poderá tomar em casa. Porque se fizer isto levará uma surra dos país.
As meninas não podem ser responsabilizadas sozinhas por sua gravidez indesejada. Como falei no outro tópico, elas não recebem educação sexual nem em casa e muito menos na escola. Escola Pública essa que em minha cidade é o mesmo que nada.
Caro Loredo,
fiquei muito feliz em saber que você dispôs parte do teu tempo para ver isso.
O que você diz realmente não me surpreende, dada a tradicional bagunça presente em nosso País, e que pode ser claramente observada em nossa cultura.
O que eu não concordo é que, através das alegações mais que verdadeiras sobre esta baderna, se procure uma solução ainda pior para "resolver" o problema, como seria o caso do aborto.
Não penso que seja dessa forma que as coisas melhorem. Com o aborto, troca-se um problema de baderna e vergonha para um problema de baderna, vergonha e assassinato!
Muitas vezes, a linha de argumentação que procura justificar o aborto trata de tradicionais deficiências nacionais como sendo algo com o quê a população, que é quem carrega essas deficiências, nada tivesse a ver .
É aquela velha estória do "político ladrão", sabe? Quem pára para perguntar quem foi que permitiu que o político se mantivesse o seu mandato, se não a própria população? Quem foi que permitiu que continuasse roubando, senão a própria população? Quem aceita vender seu voto por um par de calçados ou por uma dentadura, senão a própria população?
Desta forma, não entra na minha cabeça a idéia de que uma população possa ser "mera vítima" de um sistema acatado por ela própria!
O jovem tem vergonha? Ele é responsável por isso! Veja você mesmo, Loredo: você, que é um sujeito que não estava precisando daqueles preservativos, teve coragem para ir àquele primeiro Posto de Saúde e passar pela situação delicada de fazer o pedido. Por quê, então, um jovem que precisa não pode pedir?
Com relação ao pai que baterá na filha se souber que ela toma pílula: isso é coerção! Por quê a filha não denuncia isso?
Eu sei das razões: ela ama o pai, teme ser expulsa de casa e ser ridicularizada na vizinhança... mas, no final, ela não está, ao não denunciar, ESTABELECENDO UM CONTRATO de comida em troca de não utilizar a pílula? E o parceiro... devem ser raros os casos em que os pais do parceiro bateriam nele se o vissem com preservativos... ele não possui responsabilidade nisso?
É a mesma estória do político que compra votos: é um CONTRATO de comida e sapatos em troca do voto.
Às pessoas não basta somente exigirem do Estado os seus direitos, se não o auxiliarem a ter condições de efetivamente concedê-las! É fácil reclamar dos políticos ladrões e vender o voto! É "molinho"! O Estado não é uma entidade "de fora"... o Estado somos todos nós!
Recordo-me agora da máxima de
Kennedy, que bem retrata a filosofia dos E.U.A.: "Não pergunte o que o País pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu País"! A emblemática figura do Tio Sam também deixa isso bem claro.
Isso me lembra também do comportamento dos cidadãos dos E.U.A. contra empresas: eles vão à sede da empresa e boicotam os seus produtos... ELAS AJUDAM A CASA BRANCA, O CONGRESSO E A SUPREMA CORTE A FAZEREM OS SEUS SERVIÇOS! Elas VIGIAM O ESTADO!
É muito melhor que ficar culpando "os outros", os "políticos", ou algo externo que o valha e querendo assassinar fetos. Não é?
Veja os negros do sul dos E.U.A.: havia o
Klan, e eles apanhavam, tal qual a menina com a pílula pode, em alguns casos, apanhar... E ELES FORAM À LUTA!
Malcom X e
Martin Luther King são nomes conhecidos no mundo todo, mas não teriam sucesso sozinhos: sem as largas massas que os apoiava e financiava, teriam conseguido retirar a legislação segregacionista?
Alegam que o aborto é necessário por estarmos em uma situação de emergência, por conta de tantos milhares de mulheres que morrem em decorrência de terem violado a legislação referente ao aborto, só que, enquanto o comportamento das pessoas não mudar, sempre será emergência... o mesmo ocorre com os "bolsa-tudo": décadas atrás, era uma situação de emergência... hoje, também, e essas bolsas vão se alastrando e aumentando a carga tributária do Estado.
Precisamos procurar as soluções no lugar certo!